Por volta das sete da noite Sam chegou ao estúdio e tentou aparentar a maior frieza possível. Ela estava confusa e um pouco triste, mas conseguiu disfarçar e parecer com um ar normal. Freddie teve ímpetos de interrogá-la sobre o encontro com Brad assim que ela entrou, mas conteve-se.

–Oi - Disse Sam olhando pra Freddie que desviou o olhar pro computador permanecendo calado

–Oi – Disse Carly levantando da cadeira onde escrevia idéias para o programa- E ai como foi com o Brad?

–Não quero falar sobre isso agora por que não ensaiamos logo?

–E por que não fala de uma vez o que ele queria? – Disse Freddie cortando o silencio em tom de impaciência

–E por que deveria te contar? Não é problema seu!

–É claro que é problema meu! – Freddie disse isso quase gritando e percebendo o que disse tentou consertar- Quero dizer... É problema de todos nós, afinal se ele quer voltar a trabalhar aqui, todos nós temos que saber desta reunião.

–Sabe Freddie, você deveria saber que eu sou mais do que o Icarly. – Sam disse isso demonstrando frieza, mas estava a ponto de acertar um soco em Freddie.

Um silencio constrangedor tomou o estúdio. Freddie se desestabilizou, Carly não sabia o que dizer e Sam já se virava para descer quando Gibby indagou:

–Desde quando?

–Quieto Gibby! –Gritou Carly

–Eu vou comer alguma coisa e volto. - Falou Sam para tentar quebrar o clima que criou, e desceu pra cozinha.

Quando ela saiu, Carly falou com Freddie:

–Desce e pede desculpas pra ela.

–Mas por quê?

–Por que você a diminuiu.

–Aaahh! Custava ela dizer de uma vez o que ele queria? Era só o que eu queria saber! – Freddie agora parecia mais triste do que bravo.

Carly percebeu qual era o problema e aliviou:

– Tudo bem, depois você explica pra ela então. Vamos esperar ela subir.

Durante o ensaio ninguém tocou mais no assunto, mas quando Freddie e Gibby foram embora, Carly voltou a perguntar a Sam o que Brad queria com ela, embora a essa altura apenas Gibby ainda não sabia.

–Ele disse que queria sair comigo.

–Nossa! E você aceitou?

–Não. Ou melhor, ainda não. Ele me deu um tempo pra pensar e é e isso que eu estou fazendo.

–E você quer sair com ele?

–Não. Quer dizer não sei. Tem um cara ai que eu não consigo tirar da cabeça, mas ele não quer nada comigo. Então por que não da uma chance ao Brad, não é?

–Que cara?- Carly perguntou, mas já sabia quem era.

–Um cara que mora perto la de casa... Mas ele tem namorada... – Sam disse isso desviando os olhos, o que a entregava quando estava mentindo para Carly.

–Sei. Mas você tem certeza que ele não gosta de você?

–Ouviu o que eu disse? Ele tem namorada.

–Não tem não.

–Você nem sabe quem é.

Carly ficou sem jeito. Não queria desmascarar a amiga assim, preferia que ela mesmo contasse o que sentia, e consertou o que disse:

–Ah, é. Eu não sei quem ele é.

–Sabe que ele passou a gostar de mim depois daquela brincadeira idiota sua e do Freddie?

–Sério? Me conta o que mais ele disse.

Sam contou quase tudo do encontro, incluindo a parte do que Brad disse sobre Freddie omitindo a parte que envolvia Carly, e esta discordou completamente e se indignou com a atitude de Brad:

–Não Sam, ele esta tentando te manipular, de alguma forma ele se sente ameaçado pelo Freddie. E talvez tenha razão pra isso, não é?

–Ameaçado? Por que o Freddie representaria uma ameaça pra ele? Você não esta falando coisa com coisa. –Ela disse isso nervosa e foi se levantando- Já são nove horas eu vou indo.

–Olha Sam, se quer um conselho, não usa o Brad nem ninguém pra tentar fugir do que sente pelo “cara que mora perto da sua casa”. Se não consegue superar o que sente, tenta lutar por ele.

–Quantas vezes vou ter que dizer que o cara que mora perto da minha casa não quer nada comigo? Ele ama outra! – Sam estava irritada e seu ódio parecia se voltar todo contra Carly quando ela disse o “outra”.

–Ta bem. Estou vendo que esse encontro te deixou em um ótimo estado de espírito. –Retrucou Carly.- Mas tenho absoluta certeza que ele não ama “outra” nenhuma. –Carly sempre fora sensível e conseguira captar da conversa de Sam e Brad até mesmo o que ela não contou.

–Desculpe. Eu vou pra casa, estou cansada, foi um dia longo hoje.

Sam deu um abraço em Carly e foi saindo, quando Carly falou:

–Pensa no que eu te disse, ta?

–Eu vou pensar sim, mas também vou pensar se quero passar a vida dando murros em ponta de faca. Thau.

No dia seguinte, quando chegou na escola e viu Carly e Freddie sentados conversando, Sam se sentiu culpada de ter se deixado se influenciar por Brad contra seus dois melhores amigos. Ela chegou sorridente pra tentar fazer as coisas voltarem ao normal e disse:

–Ooi! Adivinhem só tive uma nova idéia pro Icarly!

Mas infelizmente Freddie associou seu bom humor ao encontro com Brad e não deixou passar:

–O que? Finalmente resolveu aparecer no horário combinado?

–Não Freddie, vou continuar chegando atrasada. A boa idéia que eu tive é um quadro no qual testamos a reação das pessoas em diferentes situações.

–Tipo pegadinhas de rua? – Perguntou Carly.

–Mais ou menos, mas um pouco mais personalizado! Com pessoas que já são conhecidas no Icarly! Tipo o Spencer, o Gibby, o Lewbert... O que acham?

–É meio batido, não acha? –Freddie falou isso certo de que provocaria raiva em Sam, ele estava disposto a qualquer coisa pra chamar sua atenção, mas ela apenas respondeu:

–É eu sei, ando meio sem idéia, mas vocês podem me ajudar a incrementar, você usa a tecnologia e a Carly inventa mais algumas coisas e pode ficar legal.

Freddie agora tinha certeza que Sam estava feliz por que ela e Brad estavam saindo, mas como ela não correspondia a provocação apenas murmurou:

–Tanto faz... Eu vou pra aula agora, até mais meninas.

–Aposto que ele odiou minha idéia, odeia tudo o que eu faço!- Resmungou Sam chateada.

Carly agora já estava entediada. Ela já havia passado cinco anos assistindo as brigas e até o namoro deles, mas aquilo já estava tomando outras proporções.

–Talvez devesse pega-lo pelos ombros e lhe dar um beijo nele como fez no dia do viradão.

–Como é? –Sam parecia sem jeito.-Carly que conversa é essa, heim? Não existe mais nada entre o Freddie e eu.

–Eu sei. Qualquer um percebe isso. –Carly falava de maneira sonolenta. –Mas agora quem precisa ir sou eu, até mais.

–Thau.

Sam estava sozinha pensando quando Brad apareceu.

–Oi Sam!

–Oi, como vai?

–Ah eu to bem, você não me ligou resolvi passar aqui pra te ver. Você pareceu ter ficado mal depois do nosso papo ontem. Espero não ter estragado nossa amizade.

–Não, só não quero que volte a falar do Freddie ou da Carly. Antes de tudo eles são meus amigos, e me sinto mal com certos tipos de comentários.

–É eu também acho que falei demais. Me desculpe, as vezes entre a sinceridade e o bom senso temos que ficar com o segundo, não é?

–Exatamente.

–Então pensou no que eu te falei?

–Pensei sim, e acho que não vai dar.

–Tudo bem. Quer me dizer o porquê? Sou tão desprezível assim?

–Não, não é você. É que... Eu não me sinto pronta pra sair com ninguém, entende?

–Não entendo não. Não estou te pedindo em namoro só queria passar mais tempo com você acho você tão inteligente e divertida...

–Obrigada Brad, mas tenho medo de te magoar, de me magoar, agente sente quando não esta pronta... Ai, por que você não desiste de uma vez?

–(risos) É isso que você quer? Que pena. Olha eu vou ficar te esperando hoje na porta do cinema por volta das 18:00 se tiver afim de ir, me manda um torpedo.

–Tudo bem. Eu vou indo agora que a aula já vai começar.

–Até mais Samantha- Disse Brad em tom galante.

Sam nem mesmo olhou pra trás acenou com a mão e seguiu em frente. Ela gostava de Brad, do jeito simples dele, divertido e dos docinhos, claro. Mas não conseguia sentir mais do que amizade por ele, nem por ninguém e no fundo sabia por que.

A tarde, Carly estava sentada no quarto quando Sam entrou comendo almôndegas.

–Oi. E o Freddie e o Gibby?- Perguntou Carly

–Eu sei la achei que estavam aqui. –Respondeu Sam enquanto mastigava.

Pouco depois Freddie e Gibby entraram com risinhos forçados.

–Oi qual é a boa? –Perguntou Sam.

–O Freddie arrumou uma namorada. – disse Gibby orgulhoso por ser o primeiro a anunciar

–Ela não é minha namorada. –E completou olhando pra Sam- Ainda não.

Sam teve ímpetos de arremessar suas almôndegas naqueles dois. Mas conteve-se e perguntou:

–Andaram visitando hospícios?

–Não, mas poderíamos, já que a última namorada ele arrumou em um – Disse Gibby com anormal seriedade.

Sam arremessou uma almôndega na cabeça de Gibby. Freddie ficou sem graça e perguntou:

–Gibby você tem certeza de que esta me defendendo?

–Ta legal, que história é essa de namorada? – Perguntou Carly rindo da situação.

–Não tem namorada, só uma garota que ficou me paquerando no Vitamina da hora e antes de sair, me deu seu telefone. E ela era linda. – Freddie olhava para os três, mas demorava o olhar em Sam que não deixou por menos:

–É o cupido anda trabalhando muito por aqui, não?

–Como assim, Sam? – Perguntou Carly cautelosamente.

–Deixa pra la, mas por que não vamos ensaiar logo, tenho um compromisso mais tarde.

–Que compromisso? – Indagou Freddie.

–Vou ao cinema com o Brad daqui a pouco.

Novamente o silencio incomum, mais uma vez cortado por Gibby:

–Uau, o cupido anda mesmo trabalhando por aqui, heim?

–Que isso Gibby, ele nem é meu namorado. – ela disse em tom irônico, e olhando pra Freddie acrescentou:- Ainda.

–Ok, vamos ensaiar então? –Perguntou Carly nervosa.

–Escuta Sam você já se atrasou ontem, não vamos deixar você sair mais cedo hoje, portanto trate de esquecer seu encontro com o Brad. – Começou Freddie tentando aparentar calma.

–Então tente me impedir.

–Se você não tem responsabilidade suficiente, eu digo que não vou deixar você afundar o Icarly por causa de seu namorinho.

Aquilo pra Sam foi a gota d’água. Ela jogou o prato de almôndegas no chão, e começou a gritar:

–Quer saber? Pois eu to indo agora, Benson, primeiro por que você não manda em mim e depois, se você não tem outra coisa pra falar alem do Icarly, se sua única preocupação é o Icarly, se o único motivo pelo qual me suporta é o Icarly, faça a droga do seu ensaio sozinho!,

–Perai, ta saindo do programa? – Perguntou Carly aflita

–Não só não vou ensaiar hoje, por que eu vou sair com o Brad. –Ela deu ênfase na ultima parte.

–Por quê? Nem se quer gosta dele? –Perguntou Freddie, que alem de querer provocar realmente queria saber o motivo.

Sam olhou nos olhos de Freddie, e disse com calma:

–Por que ele gosta de mim.

Ela se virou e foi embora. Carly se virou para Freddie e disse:

–Vai atrás dela, Freddie, não deixa ela sair com o Brad.

–Por que eu faria isso?

–Por que vocês se amam.

–Ela me ama tanto que esta se encontrando com Brad sabe la a quanto tempo.

–Ah! Então não nega que gosta dela!

–Mas ela acha que não!

–Então faça ela ver que você gosta!

–Eu não disse que gosto dela. -Retrucou Freddie esquecendo que havia acabado de se entregar.

Carly agora se sentia cansada. Como podiam existir duas pessoas tão teimosas?

–Olha, eu não vou me meter mais no assunto faz como você achar melhor. Mas eu disse a ela e agora vou dizer a você: Se gosta dela, corra atrás, faça algo. Antes que seja tarde demais. Eu quero que você seja feliz. Que vocês dois sejam.

–Vai atrás, Freddie, corre, corre – Gibby começou a gritar como uma líder de torcida

Quando Freddie saiu, Carly olhou pra Gibby e perguntou:

–É mentira não é? A garota que deu o telefone pro Freddie?

–Não. Mas ele nem deu atenção, deixou o telefone dela em cima da mesa, ficou o tempo todo falando da Sam e acabou esquecendo. Sinistro. Essas brigas todas, sabe? Se não os conhecesse diria que estão apaixonados.

Foi quando Spencer entrou e disse:

–Fiz sanduiche de atum, vocês vão querer?

–Vamos. – Disse Carly em tom exausto.

–Por que a Sam desceu chorando e o Freddie saiu correndo atrás? – Perguntou Spencer

–Tão ensaiando um novo quadro do Icarly. Se chama: “Vamos ver qual de nós dois é o mais idiota”-Carly falou isso cortando o assunto e descendo.

Spencer olhou interrogativo pra Gibby que respondeu?

–To boiando!

Freddie foi atrás de Sam correndo, mas ela já tinha ido embora em um taxi, segundo Lewbert. Ele resolveu então ir ao cinema atrás dela, mas chegando la viu ela e Brad conversando, rindo na praça de alimentação e hesitou sentiu que havia levado um golpe muito forte só conseguia lembrar do dia em que trancara os dois naquela sala. Voltou pra casa, se jogou na cama e ficou pensando, até pegar no sono.

Sam chegou em casa, refletiu sobre o que havia acontecido e começou a chorar copiosamente. Ela não conviveu com o pai, mas naquele momento sentiu como que tivesse ficado esperando o pai a buscar na escola, e ao invés disso quem tivesse aparecido fosse um seqüestrador, um usurpador que tentou se passar pelo seu pai e ela o tivesse aceitado, como se realmente o fosse. Ela havia beijado Brad na esperança de esquecer Freddie de uma vez, mas ao contrario se sentia terrível. Então ela chorou. Chorou até adormecer.

Continua...