Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 17
Capítulo 16 — Nunca casar.


Notas iniciais do capítulo

Okay, o nome do capítulo fala por si só. Esse capítulo é dedicado a primeira pessoa que me mandou uma recomendação ♥ ♥ ♥ obrigada, mesmo! Não se sintam acanhados para mandar recomendações! Sempre faz bem, não é mesmo? Enfim, espero que gostem, mesmo! ♥ Ah e esse capítulo é dedicado também a Annelise por me mandar fotos do Xavier S para me acompanhar nessa tristeza sem fim.



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The scientist Coldplay

— Bella! — Minha mãe exclamou feliz assim que me atendeu na porta, com Riley ao lado. — Que surpresa boa você por aqui!

— Não é nada demais. — Murmurei, mas tentei ser educada. Os antidepressivos às vezes deixavam Renée um pouco mais elétrica que o normal e era melhor que ela fosse assim a estar chorando pelos cantos.

Era melhor para tantas pessoas e principalmente para ela mesma. Esme havia quebrado sua timidez ao vir aqui sempre que voltava do trabalho conversar com Renée um pouco como as velhas amigas que elas costumavam a ser antigamente antes de toda essa reviravolta na vida das mesmas.

— Sabe que é sim! Inclusive com Riley! — Ela sorriu largamente.

Rose estava na clínica agora por isso a casa estava silenciosa e misteriosa de uma forma que ela não era quando eu estava aqui. As cortinas estavam abertas, as janelas fechadas por causa da chuva de vento e algumas lâmpadas estavam acessas para clarear a sala, no entanto nada disso era o suficiente para deixar o espaço menos misterioso.

Riley se sentou no sofá e ingressou em uma conversa com Renée sobre como Glastonbury tinha tantas vagas de empregos que o interessavam, e assim como nos tempos antigos, ela começou a lhe dizer qual ele deveria se interessar de verdade e se empenhar em consegui-lo. Eu fui para o “meu” quarto e sorri ao ver que ele continuava como eu o deixara. Ninguém tocou nele a não ser para limpar.

As cortinas continuavam da mesma cor, sem nenhum resquício de poeira na mesma, as persianas estavam limpas e assim que eu percebi de quem era o quarto do outro lado, eu tratei de fechar as cortinas para não surtar de raiva ou ter pensamentos que poderiam ser considerados anormais.

Meu guarda-roupa só tinha roupas as quais eu nunca vestira e não gostava. Todas as outras estavam no apartamento de Charlie e eu estava considerando passar alguns meses — anos — com Renée, mas isso atrapalharia o tratamento de Rose e eu não podia sequer mencionar isso na frente de uma das duas.

Era uma coisa muito ruim e eu tinha que me contentar com o único positivo que tinha em morar com Charlie: Riley. Todo que eu tinha antigamente se fora com a chegada da ditadura que Sue me impunha e impunha a cada pessoa que morava naquele apartamento que não era dela. Meu pai não percebia aquilo?

Tudo bem, eu sabia que talvez ele amasse-a, mas ele não podia ficar tão lerdo como ele estava esses meses, ele não podia negligenciar o que eu lhe falava. E eu ainda tinha que falar porque ele não percebia, nem se interessava em saber, nem perguntava se eu estava bem ou como fora minha escola.

Fugindo de um problema, eu arranjava outro maior. Não tinha jeito, era um ciclo.

— Para onde é que vamos hoje, Bella? — Perguntou Riley franzindo a sobrancelha quando já estávamos sentados à mesa, com duas caixas de pizza a nossa frente.

— Ah é… é um lugar perto de um dos castelos que eu quero te mostrar. Você tem que ver o quanto lá é lindo e encantador e… — Eu me interrompi, sorrindo.

Talvez meu ato de levar Riley para o castelo que Edward me levara meses atrás fosse considerado estranho, mas não para mim que tinha consciência o bastante que aquilo não era nada que me levasse de volta para o passado, não significava nada para mim. Eu só gostei demais do lugar, o achei bonito demais para excluí-lo de minha memória.

O dia clareara um pouco porque a chuva dera uma trégua e deixara as ruas molhadas e mais cheirosas do que estavam quando cheguei à casa de Renée. Quase ninguém estava nas ruas porque era dia de domingo e agora provavelmente estavam todos almoçando com suas respectivas famílias.

Isso era bom, ótimo na verdade já que ninguém teria a oportunidade de nos lançar olhares antipáticos como estavam acostumados a fazer.

— Aposto que você chega depois de mim. — Ele disse e disparou a correr feito uma criança.

Eu fiquei algum tempo parada sem entender nada do que se passava e suspirei ao perceber que ele queria me desafiar ao impossível, correndo feito um maluco, naquela ladeira que me deixava cansada só de olhá-la. Eu andei calmamente, sem querer correr e ficar suada no final de tudo, mas já ele já estava no topo quando eu ainda estava no começo.

Eu gostava do quanto Riley assumia aquela postura infantil e fazia aquele tipo de coisa, entretanto a preguiça era presente dentro de mim naquela hora e eu sequer sentia vontade de dar um passo. De longe, eu podia vê-lo sorrindo divertido para mim enquanto eu admitia o quanto eu era fraca e ele era mais forte.

Depois de muita insistência com as minhas pernas que tremulavam, cheguei e desabei ao seu lado sem me importar se iria melar minha calça e meu casaco. Ele se sentou ao meu lado e me olhou por alguns segundos até eu retribuir ao seu olhar animado como o de um garotinho de oito anos.

— Eu falei que chegaria mais rápido que você. — Ele zombou.

Eu assenti e retribuí ao seu sorriso, levantando-me quando ele estendeu sua mão.

O castelo ficava ao lado e continuava do mesmo jeito que estivera quando eu visitei aqui pela última vez. Tinham poucos turistas hoje e o quarto que eu gostava continuava desocupado porque ninguém via nada demais nele, somente eu que achava bonita a vista.

Riley não fez nenhuma pergunta sobre como eu achei aquele castelo ou o porquê de eu gostar tanto dele, apesar de eu planejar ser sincera com ele ao responder tudo isso. Ele conversou comigo, me beijou quando eu não estava esperando e comprou comida que a maioria foi ele que comeu.

Era muita coisa para pouco estômago.

Charlie só chegou de nove horas da noite e quando chegou, estávamos sentados no sofá, remotamente próximos e somente assistindo a uma série qualquer que passava na televisão. Nem ele nem Sue comentaram nada, mas Charlie quis vir conversar comigo e perguntar como eu estava mais tarde, fingindo ser o que era antes.

Eu, claramente não lhe falei como me sentia em relação a Sue quando ele perguntou, apenas falei que não sentia nada. Quando ele saiu, escapei para o quarto de Riley e dormi abraçada com ele, sem me importar se havia chegado de surpresa ou não, ele não reclamara a respeito disso e eu sabia que nunca reclamaria.

Não era querendo me gabar, porém Riley era como eu. Ele não se importava em ficar perto de mim.

Alice vinha na minha casa para que eu não tivesse que ir à dela e ela se surpreendia que eu falasse mesmo sério que nunca mais iria a sua casa apenas por causa de seu irmão com descontrole mental. Riley saia com os amigos porque eu queria que ele não se prendesse somente a mim e no final da semana foi ao médico.

— E o Jasper, hã, Alice? — Perguntei. Fazia tempo que ela não falava sobre ele.

Ela encolheu seus pequenos ombros e suspirou, olhando para baixo.

— Ah… deve estar na casa dele agora. — A voz dela me soou fraca.

Mais tarde eu soube que Jasper havia feito a maior besteira de sua vida ao reclamar com Alice somente porque ela não queria… ceder ao desejo de ambos naquele momento porque estavam em um lugar inapropriado para aquilo. Eu nunca fora com a cara dele mesmo, então não me era difícil sentir ódio por ele.

E se eu era frágil, Alice com certeza era mais do que eu. Poderia ser até que não fosse, mas sua pequena estatura me fazia pensar que ela era.

Alice foi embora quando estava na hora do jantar e dez segundos depois Riley chegou e me assaltou com seus braços apertados em minha volta enquanto me abraçava com força, um sorriso cintilando seu rosto. Sem querer, eu acabei sorrindo também, fechando minha mão em seus cabelos e inclinando meu rosto para tocar seus lábios nos meus com aquela doçura que eu costumava assumir quando ele estava por perto.

Eu não estava habituada a ser tão… doce com alguém.

— Como foi no médico? — Perguntei sorrindo.

— Eu tenho que ir para ele a semana toda. — Ele fez uma careta e pela sua expressão despreocupada, ele não esperava que eu ficasse tão preocupada como estava.

Franzi meu cenho.

— Não sei o que é que está acontecendo, só sei que você não deve se preocupar porque no final você vai ver que não é nada demais. — Ele disse e beijou minha bochecha quando entrelacei minhas pernas em sua cintura para não ter que desgrudar dele.

Aquilo não me convenceu e eu fiquei cismada até Riley começar a tentar me entreter e realmente conseguir quando me beijou de verdade, com entusiasmo e desejo. Eu retribuí com a mesma intensidade, entretanto quando acabou e eu estava deitada perto dele, abraçada com força, remoí o porquê de ele ter que ir a semana toda ao médico.

Eu só queria que nada de mal estivesse acontecendo com ele porque eu não me imaginava sem o mesmo.

Tentei fechar os olhos e dormir, mas Riley estava me mantendo acordada com seus dedos que deslizavam por minhas costas e deixavam minha pele arrepiada por onde passavam. Antigamente isso teria acelerado o processo, no entanto agora eu estava mais acordada do que nunca, com os olhos baixos e presos a algum pensamento que eu não conseguia distinguir.

— Você não está escondendo nada de mim, está? — Perguntei.

Isso não era a primeira vez que acontecia e minhas desconfianças não eram desmotivadas visto que ele já havia feito isso, ele já havia escondido coisas vitais de mim com o intuito de me proteger. Proteger, sim, pois ele sabia que eu ficaria arrasada com a notícia.

— Você sabe que não.

— Espero que saiba mesmo. — Minha voz foi grave, quase agourenta.

E logo em seguida meus olhos marejaram e eu me agarrei com mais força a ele, subindo meu corpo para que meu rosto estivesse perto de seu pescoço e seu cheiro estivesse em meu nariz. Riley beijou o alto de minha cabeça delicadamente e também apertou seus braços ao meu redor de um modo que nunca fizera antes. Tinha algo a mais que eu não conseguia discernir.

Ele dormiu antes de mim e incoerentemente passei a deslizar meus dedos por suas costas, acariciando de maneira calma como se ele estivesse acordado. O sono ainda não dera sinal que chegaria a mim e abstrairia aqueles pensamentos agonizantes de minha cabeça, eu estava mais acordada que nunca.

Eu poderia tomar algum remédio para dormir, algum antialérgico pesado, mas ao invés disso, depois de um tempo acariciando as costas de Riley, levantei-me da cama e tomei um banho quente antes de sair do quarto com um short inapropriado para o clima e a camisa dele que estava no chão, depois de claro, vestir um sutiã limpo.

O apartamento estava todo escuro, sem nenhuma luz acessa e era melhor assim porque eu não queria conversar com ninguém no momento. Principalmente com Charlie ou com Sue os quais só fariam me censurar e me olhar daquele modo que me fazia ter raiva extrema. E algo me dizia que hoje, agora, não era um dia para que eu fosse taciturna como Alice mandara que eu fosse.

Infelizmente, assim que eu estava no topo da escada, vi que a luz da cozinha estava acessa. Já eram onze horas da noite! Ninguém deveria estar acordado essa hora e amanhã era uma segunda-feira, eles não estavam de férias como eu sortudamente estava. Não voltei para o quarto, somente hesitei alguns segundos antes de descer as escadas tomando cuidado para não cair por causa do escuro.

Charlie estava sentado à mesa com a roupa que ele usava para dormir e uma xícara que estava quente o bastante para que o vapor subisse e o cheiro de café impregnasse a cozinha. Seu cabelo estava bagunçado e embaixo de seus olhos tinham olheiras grandes as quais eu nunca o tinha visto.

Antigamente ele não tinha isso. Antes de Sue ele não tinha isso.

— Bella. — Ele me cumprimentou, sem olhar-me ou inclinar o rosto em minha direção.

Sem me importar com as roupas que eu vestia, caminhei até estar de frente a ele e me sentei na cadeira que ficava em sua direção. Eu estava silenciosa como nunca ousei estar perto de meu pai, mesmo nesses meses que não éramos as pessoas mais próximas do mundo como éramos antigamente.

Ele me analisou por alguns segundos, sem se mostrar surpreso pela camisa que eu vestia e suspirou, preparando-se para falar.

— Como vai você?

— Bem. — Respondi de modo automático. — Mas pela cara que você está, aposto que não pode dizer o mesmo.

— São apenas algumas coisas não confirmadas.

— Que coisas? — Perguntei e franzi meu cenho.

— Nada que você precise saber agora.

Eu deixei essa passar, sabendo que se Charlie fosse falar ele já iria ter falado e que não adiantaria pedir para que ele falasse porque quando ele dizia não, era um não definitivo. Lembro-me que quando eu era pequena odiava com todas minhas forças isso que ele tinha, mas depois de levar uma reclamação de Renée, parara de resmungar.

Ele bebericou um pouco de seu café e tornou a me olhar.

— Como anda você e Riley?

Eu sorri amargamente. Eu odiava, odiava mesmo uma pessoa que era displicente por um longo período de tempo e depois fingia que se preocupava ou queria reparar o estrago que fizera. Meu pai se encaixava nessa posição de modo perfeito e ele sabia disso, ele me conhecia bem o bastante para saber com o que estava lidando.

— Bem também. — Respondi evasiva.

— Fico feliz por isso. Você parece mais… viva com ele. Com mais cor no rosto, como Rose dizia… você lembra? — Ele sorriu e eu não pude evitar um sorriso verdadeiro escapar de meu rosto. — Faz tempo que eu não a vejo. Renée diz que isso talvez possa atrapalhar no tratamento dela.

— Talvez — Comecei e me surpreendi pelo modo fácil que eu perdoava uma pessoa, principalmente essa pessoa sendo Charlie. — Talvez não. Talvez seja ao contrário, talvez faça bem a ela… ver você.

Ele sorriu e assentiu.

Seria tão bom se tudo voltasse a ser como era antes. Meu pai com minha mãe, com aquelas imperfeições e aquelas brigas trimestral. Estaria de bom tamanho para mim se Charlie e Renée voltassem a ficar juntos porque, apesar de tudo, de todas essas coisas que se passaram, eles combinavam juntos e eram consideravelmente melhores juntos.

E eu sabia que estava agindo como uma garota de 12 anos que queria os pais juntos, mas não dava para evitar pensar isso. Era a verdade apenas, e isso não eram minhas implicâncias com Sue ou o fato óbvio de eu não gostar dela com meu pai tendo em vista que ela era amiga de minha mãe.

— Por que não está conseguindo dormir? — Prosseguiu ele.

— Por que Riley tem que ir toda a semana para o médico? — Rebati e ergui as sobrancelhas.

Ele sorriu, balançando o rosto.

— Eu não sei mais do que Sue me falou, Bella, me dê uma trégua.

— É… alguma doença grave? — Perguntei e baixei meus olhos para minhas mãos, escondendo o quanto eu tinha pavor de pensar aquilo.

— Não se tem certeza ainda.

Eu assenti e fui impassível na frente de Charlie porque quando eu subi para o quarto de Riley de novo, fiquei o mais próximo que pude dele e chorei baixinho como eu nunca mais havia feito. Eu odiava ter que pensar em certezas sendo que essas nunca estavam ao meu favor e eu também nunca, em nenhuma hipótese, me imaginava vivendo sem Riley.

Iria ficar tudo bem — eu mesma me consolei pateticamente.

Eu dormi depois de um tempo, quando ele se remexeu na cama e talvez inconscientemente procurasse por mim, achando minha cintura para se agarrar. Ele me abraçou como se estivesse acordado e depois de alguns segundos eu esvaziei minha mente de toda e qualquer angustia e o abracei também.

No outro dia eu me acordei e ele não estava. Já no médico sendo que eram ainda nove horas da manhã e isso não era hora para uma pessoa que estava de folga da escola se acordar. Eu admitia que talvez fosse estranho, mas tudo que me conformava era o fato de Sue ter ido com ele. Ele não iria estar sozinho, afinal e eu sabia que se eu me oferecesse a ir, Riley seria orgulhoso o bastante para não me deixar ir.

Alice veio aqui como sempre, tentou me animar e desistiu quando percebeu que minha atenção estava somente nas horas que se passavam e ele ainda não chegava. Uma consulta não demorava tanto, eu tinha certeza. E para me desesperar mais, quando eu liguei para o seu celular, estava desligado.

— Isso é coisa de sua cabeça, você vai ver. — Alice disse, confortando-me.

Não funcionou e só serviu para fazer meu estômago se revirar de ansiedade.

Sete horas da noite! Sete! Eu estava sozinha no apartamento, Alice tivera de ir para casa por algum motivo o qual eu não sabia ou estava concentrada para procurar saber. Eu não comera nada, eu sequer ousei sair de minha posição deitada molenga no sofá quando as chaves se mexeram na porta e eu me levantei ansiosa.

Charlie foi o primeiro a entrar e seu rosto estava perturbado assim como o de Sue. Riley veio logo atrás deles, com o rosto demonstrando normalidade, exceto para mim que sabia sua façanha de esconder os sentimentos reais quando lhe era adequado.

Mordi meus lábios e esperei que eles me falassem algo, me informassem de algo que servisse para me acalmar ou para me estressar ainda mais.

— E então? — Perguntei. — Está tudo bem com você? Já sabem que o que você tem não é nada? — Disparei, mas algo me dizia ao contrário.

Riley olhou para baixo por alguns minutos e suspirou, com as mãos dentro dos bolsos dianteiros de sua calça.

— Podemos conversar no quarto? — A voz dele não se passou de um sussurro falho.


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Notas finais do capítulo

É, podemos conversar no quarto não é uma resposta positiva a pergunta de Bella. psé, psé. Vocês acham que é o quê? Espero que tenham gostado, pessoal. Comentem! Sempre adoro ver o que vocês tem a dizer, srsly. Não tenho nada a dizer a mais.