Can we whisper? escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 16
Capítulo 15 — Perda total.


Notas iniciais do capítulo

Mais um novo capítulo e é isso ai. Espero que gostem s3 ♥ srsly. Esse capítulo é dedicado para a Jéssica A que sempre
escreve comentários enormes e para a Apolinne que completou 50 reviews em CWW ♥ Aproveitem esse capítulo, por favor, o próximo é o 16 e ): vocês vão ver...



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Eu não explodira de raiva, eu não fizera nada a não ser lhe olhar fixamente com ódio o bastante para pegar uma garrafa e quebrar em sua cabeça. Mas eu não o fizera, por Esme e Carlisle. Pegando uma grande lufada de ar, olhei para o outro lado onde ele estava; fitando a piscina que parecia grande e funda demais para mim.

Se não fosse por Alice ter me ensinado a ser taciturna, seu irmão estaria provavelmente com a cabeça jorrando sangue. Percebendo que meus pensamentos não eram normais para pessoas que tivessem faculdades mentais habituais, parei de pensar em como assassinar Edward de um modo que doesse bastante e me concentrei em perceber o quanto meu novo anel brilhava no escuro.

— Não vai falar nada? — Ele perguntou.

— Se você consegue agir como se nada tivesse acontecido, eu não consigo. — Balancei meus ombros e mordi meus lábios com força, recusando-me a lhe olhar. — Você me agrediu, Edward! Você acha que isso é normal por acaso?

— Você me irritou primeiro, e eu não ando muito calmo nesses últimos meses.

— Isso não justifica nada.

Assim que o barman decidiu dar o ar de sua graça, peguei os dois copos de neon e me retirei sem dizer tchau e sendo mal-educada mesmo. Afinal, de todas as pessoas que eu odiava, Edward era a que menos merecia minha educação.

Griff chegara e estava conversando com Riley a respeito de alguma coisa que eu não captei do começo. Alice não havia aparecido por alguns minutos até que eu percebi ela saindo de um lugar que poderia ser facilmente um beco escuro com Jasper, seu namorado de longa data o qual nunca aparecia quando eu estava.

Ela andou até onde eu estava, sorrindo de maneira larga e empolgada, disparando os olhos várias vezes para o anel que tinha na minha mão direita. Claro que eu podia ter o comprado em qualquer momento da minha vida, mas ela preferia acreditar que Riley tinha me pedido em casamento sendo que não era nada desse tipo.

Nem iria ser até um bom tempo.

— Vamos dançar? — Indagou Riley sorrindo maliciosamente para mim.

Eu não era a melhor pessoa para dançar, eu não sabia nem dar um passo sem que tivesse um tornozelo quebrado. Eu era, enfim, um desastre completo. Mas por incrível que pareça, eu não caí ou escorreguei nos primeiros momentos em que estava dançando com Riley porque ele sabia guiar e também sabia me segurar quando as minhas pernas ficavam trêmulas de repente.

Ele ergueu um de meus braços e me girou habilmente, fazendo o meu vestido rodar de modo gracioso e que eu nunca imaginava que faria.

— Você está tão linda essa noite. Mais do que já era antes. — Ele sussurrou em meu ouvido, deixando-me ainda de costas para ele.

Eu sorri, com as bochechas em chamas.

— E você está com o intuito de me fazer corar. — O acusei.

Ele riu, beijando meu ombro e minha bochecha. Seu hálito quente em minha pele remotamente gelada me fez estremecer enquanto virava-me de novo para ele, com os olhos cravados em seus lábios. Não foi tão difícil o beijar dessa vez já que meu salto era alto o bastante para que eu ficasse quase do mesmo nível que ele.

Riley apertou minha cintura e eu no mesmo momento apertei seu braço por cima do casaco que ele estava vestindo. Estávamos colados de uma forma que poderia parecer grosseiro se não tivesse tantas outras pessoas fazendo o mesmo por todo lado e umas até estavam mais indiscretas do que estávamos.

Não que estivéssemos tão indiscretos, somente nos beijávamos, mas eu sabia que como as pessoas estavam desacostumadas com essa explosão de sentimentos e desejo, elas com certeza falariam depois.

— Você está me provocando, Isabella. — Riley arfou quando eu passei minhas unhas por sua nuca.

Eu não neguei que o estava fazendo, apenas sorri para ele e beijei-lhe os lábios mais uma vez levemente. Dançamos por tanto tempo quanto pudemos e depois nos sentamos com Griff que parecia estar de olho em uma garota da festa. Mas ela tinha um namorado o qual não parecia muito feliz pelos olhares desejosos que estava percebendo.

E foi assim comigo e com Riley também. Apesar de eu não querer admitir, Edward não parava de olhar em minha direção de um modo insondável. Amber não estava feliz, eu não estava obviamente, Riley não estava; então eu achava melhor que ele parasse com aquilo antes que eu me irritasse de novo e tivesse vontade de matá-lo.

Percebendo agora de longe, meus pensamentos não eram mesmo normais.

A festa foi boa. Alice parecia radiante com seu vestido na cor prata na altura de dois palmos acima do joelho e seu cabelo estava preso de um modo que deixava seu rosto mais fino e detalhado. Ela pedia desculpas pelo que seu irmão fizera várias vezes, sem parar, com o rosto aflito e a voz implorativa.

Não era ela a culpada afinal.

A festa acabou quando já eram duas horas da manhã e assim que tive permissão de ir embora, o fiz, puxando Riley pela mão e saindo de lá o mais rápido possível. Quando entrei no carro de Riley, percebi o quanto ele estava estranho, com as linhas dos lábios prensadas firmemente e o olhar vago, sem me olhar.

Fora estranho, mas eu tivera vontade de chorar quando percebi que talvez ele estivesse… de alguma forma, magoado. O que eu havia feito? Que eu me lembre, não fizera nada que o ofendesse ou algo assim.

Assim que entrei no apartamento de meu pai, joguei minha bolsa no sofá e segui até o quarto de Riley, percebendo a porta aberta com a intenção que eu entrasse.

— O que houve? — Perguntei e ousei sentar em seu colo, passando um braço por seu pescoço.

Ele me olhou por alguns segundos e depois beijou meu ombro, fazendo-me relaxar por saber que estava tudo bem, ele não estava com raiva de mim por algum motivo o qual me fazia tremer de antecipação.

— Eu tenho medo de te perder. — Ele admitiu. — E eu percebo que… isso pode acontecer com tanta facilidade… sem mais nem menos…

— Você sabe o que eu sinto por você, Riley. — O falei, mexendo em seus cabelos.

— Sei? — Ele ergueu as duas sobrancelhas e me olhou sorrindo.

— Sabe, sim. — Concordei.

— Então o que é?

— Amor. E não tem nada a ver com amor fraternal. — Respondi sem hesitar ou corar porque, afinal, era verdade… uma verdade a qual eu não podia abstrair com tanta facilidade. Eu não podia correr dela.

Sorrisos enormes nasceram em nossos rostos e eu o abracei com mais força, encostando minha cabeça em seu ombro, inclinando-me para encostar meus lábios em seu pescoço. Riley estremeceu, fazendo outro sorriso escapar de meus lábios.

— Ah é? Não é amor fraternal? — Perguntou ele deitando-me na cama e encaixando-se em minhas pernas. Seu rosto no mesmo nível do meu, estava mais feliz do que estivera quando eu entrei no quarto e suas mãos mais aventureiras que o normal, deslizando por minhas coxas. — Eu sinto o mesmo por você, sabia?

— Sente o quê? — Fiz o mesmo jogo que ele, erguendo minhas sobrancelhas.

— Amor. Você sabe mais do que ninguém que eu te amo, Isabella. E não tem nada a ver com amor fraternal. — Ele repetiu o que eu falara.

Só ele falava meu nome de uma forma que não me parecia bravo, por isso a invés de fazer uma carranca, somente sorri para ele, enterrando minha mão em seu cabelo e abaixando seu rosto para que nossos lábios estivessem juntos. Sempre me surpreendia ao notar que tudo que eu queria era não parar de beijá-lo por um longo período de tempo e ficar decepcionada quando ele se separava porque achava que estava indo longe demais.

Sendo que não estava. E tudo que eu queria era que realmente fossemos longe demais.

Charlie de certo estava dormindo à uma hora dessas, cansado do dia exaustivo de trabalho, mas ao contrário dele, eu estava acordada até demais, concentrada em beijar Riley e perceber que ele não estava tentando me afastar ou algo que era bem comum esses dias. Ele estava retribuindo, até demais para falar a verdade, talvez, para a minha sorte, mais empolgado do que eu que sempre seria a impulsiva.

Eu quase sorri de extrema felicidade quando, em vez de estar parada em minha cintura, a mão dele foi para dentro de meu vestido, tocando a parte de minha cintura sem o pano para atrapalhar. Tinha finalmente chegado à hora em sua visão cautelosa? Pra mim, já havia chegado fazia um bom tempo.

Quando o ar nos faltou, ele me olhou com os olhos castanhos tão impetuosos que eu sequer sabia que ele tinha aquele olhar. Era tão diferente do que eu estava acostumada de Riley, o olhar dele sempre era cauteloso em minha direção, parecia que estava falando com uma pessoa assustada, como se eu pudesse correr dele ao mesmo tempo.

Era estranho o quanto eu sentia que queria aquilo e que era mesmo a hora. Não estávamos fazendo por impulso, por mero desejo, por… alguma coisa que não envolvesse carinho e por mais que eu relutasse e tivesse medo em dizer, amor. O que estávamos fazendo era amor, envolvia tudo que eu sentia que ele sentia, e ao mesmo tempo sentia também.

Foi amor. É amor.                      

Lembro-me de que ele sorrira para mim ao perceber que eu correspondia à altura de seu desejo, ele murmurara algo que eu não entendera e depois repetira de novo ao entender meus olhos vagos e confusos.

— Você não está sendo impulsiva agora. — Foi o que ele me dissera, sorrindo.

E de fato, eu não estava mesmo. Eu sequer imaginava que aquilo aconteceria daquela forma, naquele momento e ainda mais no intenso escuro que engolia o quarto, detendo-me de ver claramente o seu rosto que apostava que estava malicioso com o sorriso de lado e os olhos bem abertos.

Mas eu podia ver os detalhes. Ainda bem porque senão eu iria acender a luz só para isso. A luz não estava ligada quando eu entrei no quarto? Riley não houvera se mexido um centímetro sequer, ele continuava por cima de mim, apoiando todo peso em seus braços enquanto me olhava.

Deve ter acontecido alguma coisa com a luz logo na hora em que estávamos de olhos fechados. Não importava naquele momento, afinal, talvez até melhorasse um pouco o mínimo desconforto que eu sabia que possuiria por estar tão exposta.

Os lábios de Riley novamente cobriram os meus e eu mexi meus quadris com a intenção que ele se levantasse e me deixasse sentada em seu colo. Era melhor para ver seu rosto, para beijá-lo e para entrelaçar meus braços em seu pescoço, puxando-o para mais perto de mim e praticamente espremendo-me contra ele.

Meu coração deu um pulo de antecipação com seu toque em minha coxa, apertando-a de forma cautelosa como se pudesse me despedaçar somente com aquilo. Ao contrário, aquilo não me despedaçava, nem mesmo me causava dor. Havia, porém, outras sensações as quais eu não podia conter ou tentar deter para não me mostrar fraca.

Porque aqui, agora, não havia fraqueza, perdedores ou de gênero parecido. Havia vencedores. Eu e Riley.

— Isso é incesto, Isabella. — Ele me restringiu com a voz fingidamente séria. Seus atos lhe contradisseram ao deslizar o zíper de meu vestido abaixo, deixando uma parte pequena de largura, mas grande de comprimento de minhas costas expostas. Elas eram meu ponto fraco e ele desde sempre sabia disso, deslizando seus dedos por minha espinha.

Lutei para que minha voz saísse uniforme e normal em vez de somente arfar.

— Que seja. — Murmurei.

Ele riu do meu tom de voz mal-humorado e eu acabei abrindo os olhos para rir com ele também, tocando sua nuca para aquecer minhas mãos geladas. Seus olhos estavam baixos, não mais nos meus, estavam observando os detalhes que meu vestido agora folgado deixava à amostra sem pudor algum.

Meu sutiã azul escuro parecia causar algum tipo de fixação em Riley porque ele passou algum tempo olhando para ele e depois disparou seus olhos para mim, percebendo atentamente cada minúcia de meu rosto.

— Sabia que você é a garota mais bonita que um dia já vi em minha vida? — Ele perguntou sério, sem nenhum resquício de brincadeira em sua voz suave.

Eu não era nada disso do que me falavam, eu tinha certeza. Eles estavam mentindo para mim ao murmurar isso.

— Você não se enxerga com tanta atenção. — Ele colocou um dedo em meus lábios para me impedir de falar alguma coisa que o acusasse de injúria. — Os seus olhos, Bella, eles são sedutores e misteriosos ao mesmo tempo, aposto que você nunca percebeu isso. — Ele beijou minhas pálpebras, fazendo-me rir porque aquele ato me lembrava duma criança. — E aí vem à boca que… você já percebeu como você as morde? Acho que não. Tem o nariz também, reto e empinado que te dá uma impressão de metida para quem não te conhece. Tem as bochechas que eu me lembro de que quando eu era menor gostava de apertá-las porque eram fofas e agora estão… perfeitas, na quantidade perfeita.

— Riley… — Eu ri de sua bobagem.

— Deixe-me terminar. — Ele disse. — Quer que eu fale sobre seu corpo agora?

— Podemos certamente pular essa parte por que…

— Senão você explode de corar, eu tenho certeza.

Eu sorri e assenti para ele, beijando-o nos lábios levemente para em seguida aprofundar o beijo, arrastando-me para mais perto dele tanto quanto era possível para mim. Ele sorriu com a minha tentativa de afastar do assunto que me deixava com o sentimento súbito de acanhamento, mas não me afastou. Ao contrário, na verdade, ele delineou de novo minha espinha com seu dedo indicador, estremecendo-me.

Os beijos foram presentes em todas as horas, até que eu passei para outro nível ao desabotoar sua camisa social e inclinar meu rosto para beijar seu pescoço, passando o nariz naquele local e aspirando seu cheiro. Ele gostava; assim eu percebi ao ver sua pele arrepiada e o modo como ele apertava minha coxa esquerda, acariciando-a quando pensava que sua mão estava apertada demais.

Não estava e eu mal notava aquele mero detalhe. Eu notava apenas o quanto gostava de escutá-lo arfar porque era eu que estava fazendo aquilo, ninguém mais. Ele estava arfando por causa de mim, porque eu o estava beijando, eu o estava fazendo perder o resto da consciência, segundo ele. E eu nunca tinha me sentido tão orgulhosa quanto estava me sentindo naquele momento, mesmo sendo uma coisa boba.

Deslizei a camisa por seus braços, tirando-a e deixando-o com o peitoral aparecendo. Não me era estranho, eu já o vira várias vezes sem camisa, mas não desse jeito como estávamos agora, eu não estava o fitando desejosamente como estava fazendo agora. Ele não estava tão entregue a mim como estava nesse momento. E vice versa, é claro.

Ele estremeceu quando eu subi meu rosto para o seu ouvido, respirando lenta perto dele.

— Eu amo você. — Eu inacreditavelmente soltei.

Aquilo foi de verdade uma coisa do momento porque eu não planejava mesmo o falar aquilo de novo sendo que eu já o tinha falado naquela noite tudo que eu sentia. Era verdade, verdade mesmo porque eu nunca tinha sentido meu coração surtar tão facilmente somente por um olhar e um toque na bochecha.

— Eu sempre soube. — Ele disse, rindo.

Eu fiz uma careta e belisquei de leve seu braço. Riley riu e enquanto puxava meus cabelos de leve para trás para expor meu pescoço para que ele pudesse beijar aquela parte com facilidade, assim como eu havia feito. Ele sussurrou que me amava também e apostava que tinha um sorriso… seu sorriso inexplicável em seu rosto divino.

Era tão bom escutar aquilo vindo dele porque de alguma forma aquilo fez meu desejo aumentar a ponto de um pequeno gemido sair de meus lábios enquanto seus lábios estavam nos meus, sua língua entrelaçada com a minha e as mãos em meus ombros, prontas para tirar as alças de meu vestido.

Assim que ele tirou meu vestido, seus lábios praticamente correram para meus ombros, deixando a textura suave dele e o calor de seus beijos delicados. Ele beijou todo meu rosto, todo meu colo e em seguida, tirou meu sutiã apenas com uma mão, jogando-o em qualquer lugar, sem se importar com um lugar certo. Eu mesma não estava me importando com esses detalhes desimportantes, afinal, Riley estava ali, comigo, eu estava com ele, entregue, prestes a consumar tudo que eu vinha querendo esses meses. Não era uma pouca coisa para mim.

E também, minha mente estava distraída demais com meus seios em suas mãos para me importar com qualquer outra coisa ao meu redor.

Quando eu finalmente me concentrei em algo que não fosse tudo que eu sentia naquele momento, percebi que meus olhos estavam prensados com força e meus lábios estavam juntos com os dele. Suas mãos exploravam minha cintura, minhas costas e minhas coxas e seus lábios nunca deixavam os meus, beijando-me e quando o ar faltava somente deslizando-os por meus ombros, meu colo.

Minhas mãos eram mais quietas que as dele. Elas se paravam em suas costas, seus braços, seu rosto e o motivo não era vergonha porque eu não a possuía nesse momento… era simplesmente o fato de meus pensamentos estarem centrados em seus beijos que me esquecia de tudo ao meu redor.  

Passara-se tão rápido que em um momento eu estava somente apreciando o quanto Riley parecia ainda mais estonteante sorrindo para mim brincalhonamente e em seguida estava beijando-me com toda a seriedade que ele tinha dentro de si. Era um oscilar muito grande, entretanto bom. Muito bom, para falar a verdade.

Querendo ou não, eu ainda tinha medo que eu não fosse mais que sexo para ele, e Riley fez questão de acabar com todas as minhas dúvidas, agindo e me mostrando que realmente não era um sentimento ausente. Era muito mais que isso, era… necessidade de estar perto, não só no sentido carnal.

E não bastaram dez segundos para que eu realmente estivesse convencida daquilo. Não porque eu me iludia fácil, era porque aquilo não era ilusão, eu sabia. Eu percebia. Ele não me iludiria porque não tinha motivos para isso, ele não me iludiria porque gostava mesmo de mim, ele me amava. E apesar de amantes, éramos também amigos, em todas as horas.

Eu estava entretida demais para perceber quantas vezes eu e Riley tínhamos atingido o clímax juntos, quantos sorrisos saíram de nossos rostos, quantas carinhos tínhamos trocado ou quantas vezes ele explicitara que me amava. Eu não contei nada disso, apenas aproveitei cada pequena minudência.

Era perfeito demais para me parecer real, por isso de vez em quando eu me pegava tocando o rosto dele para ver se era real. Poderia parecer bobo, mas era isso mesmo que houvera feito, sem me importar com nada.

— Você é tão mais linda sem nenhuma roupa. — Ele murmurou.

Era inevitável que eu não risse enquanto minhas bochechas explodiam de tanto corar por essa declaração.

— Você também. — Eu disse ainda sorrindo.

Tirei minha mão debaixo do lençol para tirar os cabelos que colavam em sua testa por causa do calor e ele imitou meu gesto, fazendo o mesmo comigo. Sorri de novo e olhei para algum lugar que não fosse seus olhos. Às vezes eu me sentia envergonhada mesmo não tendo nenhum motivo para fazer isso, e isso era uma atitude bem injustificada depois de tudo que aconteceu hoje.

Eu lhe olhei de novo, vendo que os olhos dele pareciam mais claros que o normal na luz esbranquiçada da madrugada. Um castanho quase cor de mel. Estava lindo.

— Vamos tomar banho. — Ele decretou depois de passar alguns minutos tentando desvendar o que eu tanto queria lhe falar com aqueles olhares.

Eu fiquei no quarto dele sem me importar com o que Charlie pensaria se fosse ao meu quarto e visse que eu não estava no mesmo, deduzindo imediatamente que eu estava no quarto de Riley. Mas afinal, aquilo não lhe importava tanto quanto deveria antes.

Riley me deu uma camisa longa e enorme sua para que eu vestisse porque eu estava com preguiça de ir até o meu quarto e pegar uma roupa decente para vestir, e apesar de eu estar ridícula com aquilo, ele pareceu aprovar, dizendo que queria me ver mais vezes vestida daquela forma. Eu apenas sorri e assenti.

Até a cama dele parecia mais confortável que a minha, porém eu sabia que era tudo quase igual, a diferença entre a minha e a dele era que ele não vinha incluindo. Eram isso que tornava tudo mais confortável, seus braços a minha volta, o calor corporal que ele possuía e seus beijos em minha bochecha, meu ombro esquerdo e meu pescoço. Se aquele fosse um modo de me colocar para dormir, ele estava conseguindo, fazendo meus olhos pesarem.

— Eu tenho uma coisa para te perguntar. — Disse antes que eu dormisse.

Ele me olhou, esperando que eu fizesse a pergunta.

— Por que nós não… ficamos juntos antes? Eu sei que é… idiota de minha parte perguntar isso logo agora, e eu não… não quero estragar nada porque isso que está acontecendo agora é tão perfeito… e podia acontecer…

Percebendo que eu me embolava com as palavras que me eram tão simples, Riley pôs um dedo sobre meus lábios, calando-me enquanto permanecia com o rosto impassível, calmo e carinhoso como estivera por toda a noite.

— Porque eu era idiota o bastante para te ver como ainda uma criança. E tinha vezes que… você mostrava que não era uma criança, que… que… não era mais aquela garotinha com quem eu passei a infância toda correndo e brincando. E era nesses momentos que eu caia em mim e te beijava como se estivesse acostumado a sempre fazer isso, não me dando conta da confusão que eu estava fazendo na sua cabeça por sequer explicar.

— Você estava mesmo. — Sorri após ter falado isso, juntando-me ainda mais a ele, não parando de fitá-lo nos olhos.

— É… e causei ainda mais quando apareci no aeroporto com uma namorada. Eu não pensei no que estava fazendo naquele momento, não tentei nem prestar atenção na sua expressão, se ela entregava alguma coisa. E depois eu notei o quanto estava sendo idiota com você, falando tudo aquilo, aceitando tudo que Agnes me propunha e perdendo você pouco a pouco. Depois veio o ciúme de Edward que eu não mostrava tanto porque ainda me negava a pensar aquilo…

Ele hesitou e se aproximou de mim para beijar-me levemente nos lábios, mantendo seu rosto perto do meu quando terminou de fazê-lo.

— Sabe… eu estava mesmo perdendo você e era assim tão… simples. Parecia que estava sendo simples para você ficar longe de mim por tanto tempo, mesmo não sendo tão simples para mim. E então eu percebi que… — Ele hesitou e com os olhos ansiosos, o incentivei a continuar. —estava apaixonado por você, desde sempre. Eu nem preciso falar que foi um alívio para mim quando Edward foi embora, mas também não foi tão legal assim porque você estava mal e não tinha nada que eu pudesse fazer para consertar isso.

— Você não tinha que consertar nada porque não tinha feito nada. — Sussurrei.

— Eu sei… Bella, mas eu não podia simplesmente te deixar sofrendo e ficar observando como se fosse… normal. — Ele acariciou minha bochecha, perto de minha nuca e suspirou, continuando a falar. — E então eu me vi pensando em como seria se tivéssemos algo, se fossemos algo mais que amigos e, claro, se você aceitaria. Aquele beijo na cozinha foi minha primeira tentativa de saber se podia mesmo acontecer o que eu estava pensando há semanas. O incrível e impressionante foi que você aceitou…

— Por que não aceitaria? — Perguntei franzindo meu cenho.

— Na verdade, eu não sei.

Eu sorri para ele. Eu nunca tinha percebido essa parte insegura de Riley, talvez por ele nunca me mostrá-la ou saber fingir muito bem que não a possuía. Éramos pelo menos parecidos nessa parte da insegurança porque, apesar de parecer que eu já não a possuía, eu a possuía bem dentro de mim, e eu a guardava com medo que isso pudesse ofender alguém.

— Eu queria ter sido o primeiro a te levar para a cama. — Ele sussurrou em meu ouvido. — Queria ter sido especial.

— Mas você é especial. — O respondi, puxando seu rosto para que ele me olhasse nos olhos e visse a verdade nos mesmos. — Não importa se foi o primeiro em algo, isso não importa para mim.

Ele sorriu para mim e aproximou-se para beijar-me os lábios de novo.

Quando eu me acordei no outro dia, Riley ainda estava do meu lado, a mão em minha cintura por debaixo do lençol e o rosto brevemente consciente avisando que em breve se acordaria. O sol fraco por debaixo das janelas avisava que não era mais manhã e sim tarde, e que Charlie desconfiaria disso.

Afinal, por qual motivo iríamos acordar os dois atrasados?

O bom era que ele já tinha saído para trabalhar e não teria tanto motivo para desconfiar disso, mas meu pai não era o verdadeiro problema e sim Sue que não trabalharia por hoje. E ela também não parecia tão flexível quando se tratava sobre isso que eu e Riley tínhamos, como ela se referia, evitando a palavra namoro.

Eu sabia que ela depois, mais tarde quando não estivéssemos escutando, falaria para Charlie a respeito do que vinha acontecendo. De qualquer jeito, deixei os problemas para o lado e afundei minha mão que estava livre nos cabelos de Riley o acordando de uma vez por todas quando comecei a mexê-la.

Ele estava com mais sono do que vontade de acordar, e era tão adorável quando ele oscilava na direção da inconsciência que tudo que eu fiz foi observá-lo com um provável sorriso idiota em meu rosto. Eu nunca tinha acordado ao lado dele a não ser nas maratonas de filmes ou quando eu estava chorando e nessas ocasiões era sempre ele que acordava primeiro, por isso nunca tinha tido a oportunidade de apreciar o quão adorável isso era.

Normalmente eu não era tão… sensível como estava sendo hoje, agora, mas deixei isso pra lá quando ele abriu os olhos, fitando-me com uma animosidade maior que o habitual para quem acabara de acordar. Seus olhos passaram pelo lençol em que nós estávamos cobertos, abraçados ao máximo por causa do frio e ele os voltou para mim, insondável.

— Não posso dizer que teve um dia em minha vida que dormir melhor do que isso. — Ele murmurou por fim em um tom sério o qual eu sabia que era brincadeira.

Eu sorri e deslizei minha mão para sua nuca.

— Eu também.

Não fizemos quase nada de útil naquele dia porque quando acordamos descobrimos que já eram quatro horas da tarde. A única coisa que fizemos foi ir ao supermercado e assistir qualquer merda que estivesse passando na televisão já que de minha parte não tinha nenhuma disposição para ir à casa de Alice ou sair para algum lugar como ele havia sugerido.

De noite, eu não consegui por um simples motivo e não tão comum. Não era por sentir saudades de Riley porque eu conseguia dormir sem ele e sempre conseguiria, afinal. Mas sim porque tudo da noite anterior passava-se por minha cabeça como se eu estivesse observando por fora.

Eu suspirei e vir-me-ei para o outro lado da cama, fechando meus olhos e forçando-me a parar de pensar aquilo. Eu tinha que ir dormir. Não podia me atrasar mais uma vez para fazer o almoço já que Sue não o faria e estaria na casa de sua mãe com Charlie e Riley era rabugento quando estava com fome.

Deixem que eles fiquem sozinhos para que quando nós chegarmos flagrarmos alguma coisa Apostava que Charlie e Sue pensavam assim em suas mentes engenhosas.

Eu só esperava que um dia eu conseguisse lidar com isso de uma forma que não tivesse que trincar o maxilar por isso. Por que tudo não tinha que ser tão simples quanto era antes? Era melhor quando Sue não estava aqui, fazendo e modelando ao seu gosto a mente que antes era perfeita de meu pai.

Foi pensando na raiva que eu estava no momento que eu finalmente tive concentração o bastante para deixar que minha mente se esvaziasse e só ficassem as minhas memórias com Riley. Era bom adormecer pensando esse tipo de coisa, eu acordara tranquila no outro dia, não agitada como sempre acontecia quando eu ficava com raiva de meu pai até dormir.

— Quero te mostrar um lugar. — Eu disse assim que entrei na cozinha e lá estava Riley com uma xícara de chá na mão.

Seus cabelos estavam bagunçados e ele ainda vestia a roupa de dormir, mesmo estando sentado à mesa. Em dias normais isso jamais ocorreria porque Sue era muito rígida e exigia que enquanto estivéssemos morando no mesmo teto que ela, nós só tomássemos café assim que estivéssemos limpos, ou seja, café-da-manhã era só depois de tomar banho.

Isso era um passo para trás considerando que quando ela ainda não morava aqui, eu fazia meu desjejum como eu bem entendia sem ninguém para julgar o que eu deixava ou não de fazer.

— Agora? — Ele fez uma careta, explicitando que estava com preguiça de sair de casa nesse momento. — De tarde, não é?

Eu assenti sorrindo para ele enquanto me sentava à sua frente, olhando para minhas unhas que estavam com um esmalte preto que eu havia forçado Alice a deixar que eu usasse. Ela dizia que não combinava com a minha roupa delicada sendo que eu tinha certeza que a cor preta combinava com tudo.

— Você faz o almoço hoje. — Murmurei de repente.

— Tem certeza que você quer se aventurar? — Indagou erguendo as sobrancelhas quando voltei meus olhos para os seus. — Aposto que você não quer e que se lembra do que aconteceu da última vez que eu tentei cozinhar.

Eu lembrava, sim, infelizmente e quem levara a culpa fora eu por Riley ter queimado três panelas de minha mãe de uma vez só. Eu que ficara três meses sem receber nenhum dinheiro, nem sair ou qualquer coisa, mesmo que ele às vezes me sequestrasse e me levasse para algum lugar.

— Talvez seja melhor que almocemos na casa da minha mãe. — Eu lhe sorri sarcasticamente e ele fez uma careta por minha aversão a sua comida. Mas falando sério, até o próprio Riley tinha aversão a sua comida porque esta não era a melhor de toda, e sim a pior de todas. Não tinha nenhuma comida que fosse pior que a dele e mesmo que lhe ensinassem, continuava a gororoba terrível de sempre.

Ele assentiu por fim.

Estava frio por isso em vez de somente um casaco, eu vesti dois percebendo que era necessário se eu não quisesse me tremer de frio. Eu não podia dizer que amava o frio o qual fazia em Glastonbury, mas também não podia dizer que odiava porque certamente era melhor que em alguns lugares da Inglaterra em que pessoas vestiam mais de três casacos diariamente.

— Sabe Bella, eu estava pensando em parar com essa vida cômoda que eu levo. — Riley disse entrando em meu quarto de novo sem ter a decência de bater e avisar a sua entrada. Claro que… eu não deveria ter vergonha dele tendo em vista que ele já tinha visto tudo que as roupas escondiam, mas eu ainda me sentia envergonhada.

— Parar? — Perguntei abotoando os botões de minha camisa vermelha.

Eu já tinha abotoado três botões quando ele pigarreou e passou a mão pelos cabelos, fazendo minha atenção se voltar para ele. Riley não podia me culpar estar o provocando sendo que fora ele mesmo que decidira entrar em meu quarto sem bater e ser educado. Ele também não deveria me fitar daquela forma, tão… indiscreta.

— Trabalhar, só para não ter o que minha mãe falar de mim.

— Não. — Choraminguei.

Isso significava que ele ficaria menos tempo comigo e eu não gostava disso. Eu era egoísta e sempre seria quando se tratasse de ficar com alguém que eu gostava muito e realmente me sentisse bem.

— Não vai afetar em nada. Vai ser só meio expediente, ou seja, eu estarei na porta do seu colégio como sempre. — Ele sorriu.

Eu ainda não gostava da ideia. Eu, porém, não via nenhum problema que ele levasse a vida cômoda que ele sempre levou. Charlie nunca reclamara porque o problema era sempre Sue, ela era sempre quem reclamava e se incomodava com as pequenas coisas que aconteciam ao nosso redor — não só do dela.

Bufei e foi preciso que Riley se aproximasse de mim para que eu descruzasse meus braços e desfizesse minha expressão de birra. Ele beijou meus lábios pela primeira vez no dia e colocou a minha franja atrás de minha orelha, aproveitando e acariciando meu rosto, meu pescoço e tomando espaço entre o casaco que eu vestia.


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Notas finais do capítulo

ai que linds o Riley e a Bella socorr. Geeeeente o próximo capítulo é o 16! 16! Ele é... ele acaba com o meu coração, estraçalha ele em mil pedaços... não gosto de pensar sobre isso. Enfimmmm comentem, volto a postar em breve e amem o Riley, pfvr ♥ beeeeeeeeijos ♥