Um Desconhecido escrita por Daijo


Capítulo 20
Capítulo 20




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20769/chapter/20

 

Thomas estava ofegante sob mim. Meu coração pulsava forte. Tinha ido longe demais.

- Eu quero Thomas. – Senti sua mão apertar fortemente minha coxa e eu soltei um gemido.

Ele percorria suas mãos ansiosamente pelo meu corpo, enquanto eu acariciava, fortemente, seu cabelo.

- Me diga Thomas, que vingança era aquela de que falava? – indaguei em meio a gemidos; ele percorria meu pescoço com beijos quentes.

- Não é o momento certo para eu contar. – disse, quando se afastou sua cabeça de meu colo. – E acho que não é necessário que você saiba.

Antes que ele voltasse a me acariciar, eu o empurrei com toda força, que consegui reunir, e ele acabou caindo, com um baque, no chão.

Eu estava frustrada, meu plano não havia funcionado como imaginara.

- Ai! Você é louca? – indagou ele, massageando a cabeça. – Por que fez isso?

Eu soltei uma gargalhada; mas no fundo meu coração ainda estava acelerado. Por pouco eu não caira na tentação.

- Você achou mesmo que eu ia fazer com você? – Eu ajeitei o vestido, cobrindo minhas coxas. – Me poupe Thomas, o louco é você!

- Como você ousa? – Ele se levantou abruptamente, espumando de raiva. – Você me provoca desse jeito, depois desiste? Não!

Ele me puxou, erguendo-me a força do sofá.

- Me largue Thomas! Não quero ter nada com você! – gritei, incomodada com sua respiração ofegante.

- Você não me engana, sei perfeitamente que estava gostando. – disse, roubando um beijo ávido.

Eu mordi seu lábio com força e ele soltou um urro. Mas não pareceu se irritar com minha ação. Apenas passou a língua limpando um pouco de sangue que escorria dos lábios, que eu cortara com meu ataque.

Ele investiu em mim novamente, mais bruto que nunca. Comecei a ofendê-lo, mas o som de minha voz era abafada pelos seus lábios lascivos. Estava começando a me assustar.

Talvez não devesse ter me arriscado daquele jeito; pensando melhor, meu plano era bem arriscado. Havia tentado seduzi-lo para tirar-lhe informações.

Pensando bem, naquele momento, o plano parecia realmente idiota.

Algumas lágrimas escorriam, enquanto Thomas pressionava seu corpo ao meu. Ele deitou-me novamente no sofá; eu já começava a soluçar desesperadamente. Com um só movimento ele retirou meu vestido, deixando-me apenas em roupas íntimas. Afastou-se de mim para admirar-me. Tentei me cobrir com os braços, mas não adiantou muito.

Thomas agarrou minha cintura e levantou-me, grudando nossos corpos novamente. Senti que seria naquele momento. Thomas iria me violentar.

- Não... Por favor. – supliquei com a voz embargada. Eu não sentia tentada de nenhuma maneira, apenas sentia terror.

Inesperadamente, ele ficou imóvel. Meus soluços ecoavam por todo o casebre.

Thomas largou-me, brutamente, sobre o sofá. Eu cai praticamente quicando, devido a força com a qual ele me impelira.  Sem dizer mais nada sumiu da sala, e eu escutei a porta do quarto batendo.

Rapidamente, recolhi minhas roupas, sem ao menos parar para pensar por que ele me largara. Sentei no sofá, limpando as lágrimas. Se não tivesse tão abalada e desesperada para sair dali, tomaria um banho para tirar do corpo aquele cheiro nojento do motorista.

Esperei alguns minutos, que pareceram eternidade, para sumir daquele inferno. Pelos meus cálculos, àquela hora Thomas já devia ter dormido. Eu corri para porta, lembrando que ele, na fúria que tivera mais cedo, esquecera de trancá-la.

Abri-a cuidadosamente, e fechei-a com o mesmo cuidado. Passei por aquele matagal, apressada. Arranhei-me um pouco, mas valeria à pena quando eu estivesse fora da propriedade e perto de Henrique.

Eu só conseguia pensar em meu marido aquele momento, e no perigo que ele correria também, caso Thomas chegasse a ele.

Depois de algum tempo andando sem rumo, toda suada, cheguei até uma estrada de terra. Eu não tinha a menor idéia onde estava, só sabia que, pelo menos, estava longe daquele maldito.

Olhei para os lados, naquela escuridão, tentando decidir um caminho para escolher. Naquela escuridão eu não conseguiria ir a lugar algum. Voltei, então, para um ponto que tinha um capim um pouco mais baixo, e ali me ajeitei. Dormiria sob o céu estrelado; sentia que estaria mais salva ali do que naquela casa com Thomas.

 


Eu acordei com os raios de sol invadindo minhas pálpebras fechadas. Espreguicei-me e levantei para continuar meu caminho. Thomas já devia ter acordado e logo andaria atrás de mim.

O sol da manhã era realmente agradável, ao toque da pele. Estava começando a suar e ficar ofegante, devido à caminhada. Detive-me ao escutar uma voz embargada, uivar para o nada. Surpreendi-me ao ver um homem oscilando em minha direção.

- La, la... La... – cantarolava ele; pareceu-me que estava bêbado, afinal trazia, em uma das mãos, uma garrafa com um líquido límpido.

Era um velho, os cabelos grisalhos, a barba malfeita. Depois de um tempo, seus olhos negros me fitaram.

- O que uma garotinha como você faz por aqui sozinha? – indagou ele, em meio a soluços.

Estava mesmo embriagado. Garotinha?

- Eu estou perdida. O senhor poderia me informar o caminho da cidade? – indaguei esperançosa.

- Mas é claro. – respondeu ele, e eu sorri. – Fica por ali... Não espere, é por ali. Ou será que é... – A cada segundo ele mudava a direção.

“Maldita bebida!”

Após alguns instantes de lamentações do velho, acabamos, por fim, sentando a beira da estrada à espera que algum automóvel passasse por ali. Poderia ser até o de Thomas, já não me importava. Só queria sair daquele sol, que estava começando a ficar forte.

- Quer um pouco? – indagou Alfred, mostrando-me a garrafa. Sim, Alfred era o nome do bêbado.

- E por que não? – disse, agarrando a garrafa da mão dele.

Virei o líquido de uma só vez, em um gole exagerado. Nenhuma gota de álcool havia tocado minha boca até aquele momento. O líquido desceu rasgando pela minha garganta. Fiquei zonza por um instante e Alfred riu um bocado.

- Vê se não toma tudo! – exclamou, pegando de volta a garrafa. Eu apenas ri.

Ficamos rindo e cantarolando por um bom tempo. Até que eu comecei a sentir minha vista turva. Uma sonolência começou a tomar conta de mim.

- O que está fazendo aqui? – escutei uma voz distante indagar.

Nem ao menos pode reconhecer a voz, pois logo depois meus olhos se cerraram.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até que o Alfred era gente boa... rsrsr



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Desconhecido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.