Amor À Prova escrita por Bell Amamiya


Capítulo 12
Alto Risco


Notas iniciais do capítulo

Nota: Os personagens do Kaleido Star não me pertencem, mas queria que o Leon e o Yuri me pertencessem ;D
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Tenham uma boa leitura
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E gostaria de agradecer a todos os meus leitores por estarem acompanhando a minha fic e por todo o carinho. E especialmente a Crystal Di Angelo por ter recomendado a minha fic. Amo vocês! :D



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I.

Quando terminou a reunião com Karlos, Sora saiu as pressas da sala do chefe e foi em busca do rapaz de madeixas prateadas. Ela não entendia o porquê dele ter ser saído daquela maneira, ainda mais não se lembrando de muita coisa. A única solução era procurá-lo antes que ele fizesse uma besteira.

“Por onde eu começo?”, pensou a japonesa. Estava perdida. Não tinha um ponto de partida, então o jeito era procurar cegamente por todo o circo e perguntar as pessoas se o viram em algum lugar específico.

Sora andou por quase todos os corredores do grande circo, fora na sala de treinos, na arena das apresentações, e inclusive nos camarins. “Leon, cadê você?”. Enquanto andava apreensiva pelos corredores, a menina trombou com alguém que vinha na direção contrária.

– Ai! Desculpe-me! – a voz disse enquanto seu dono levantava aos poucos do chão. – Ah Sora? Você está bem? Eu te machuquei?

Abriu um pequeno sorriso ao perceber que era Ken à sua frente, porém voltou ao normal ao perceber que ainda não tinha encontrado Leon. Como um cara daquele tamanho poderia sumir dentro de um lugar daqueles? Tudo bem que o Kaleido Star era bem grande, mas mesmo assim como era possível que ela não tivesse trombado com ele pelos corredores?

– Ah... Eu estou sim! Desculpe-me. – enquanto falava a japonesa olhou por trás do amigo para ter a visão do fim do corredor.

– Está procurando alguém?

– Estou sim. Estou procurando o Leon. Você o viu?

– Deixe-me lembrar. Ah sim... Eu o vi no refeitório.

No refeitório. O único lugar no mundo que não esperava encontrar o rapaz. Era ele que sempre dizia que aqueles que têm status e dinheiro não comem em refeitórios públicos com a possibilidade de qualquer pessoa poder sentar na mesma mesa que você sem ser convidado. Mas porque ele iria para lá?

– Obrigada Ken, você ajudou muito! – saiu às pressas atrás do rapaz. Estava cansada e queria poder deitar e descansar. Mas isso só seria possível depois que encontrasse com Leon e voltassem para casa.

A jovem japonesa não tinha certeza se ainda encontraria Leon no refeitório, mas precisava tentar. Não conseguia organizar seus pensamentos, principalmente pelo que vivenciara na sala de Karlos. Seria possível que Leon tivesse recobrado a memória? Se a resposta fosse positiva, o maior temor da acrobata é desde quando ele voltou a lembrar?

Precisava se apegar ao fio de esperança que ainda possuía. O seu maior desejo era que Leon recobrasse logo a memória, mas ao mesmo tempo tinha muito medo de ele se lembrar de tudo e perguntar sobre sua gravidez. A garota já sofrera demais com os acontecimentos passados e não sabia se poderia aguentar mais.

Andou mais apressadamente pelos corredores. Como pensara antes o refeitório não era o lugar preferido para Leon, e possivelmente se ela demorasse poderia ser que ele já tivesse ido embora. Se isso acontecesse, a japonesa não sabia o que faria.

Conseguiu chegar o mais rápido que pode no refeitório, para uma mulher em seu estado. Para a sua surpresa, o rapaz não se encontrava no local. Sentiu muita vontade de chorar naquela hora. Estava com medo de que o jovem ainda estivesse preso no esquecimento e que algo pudesse acontecer a Leon, e também temia que o rapaz houvesse recobrado a memória e estava agora querendo ficar longe da japonesa.

Sora não sabia qual pensamento doía mais. Fechou os olhos e respirou fundo. “Quando eu abrir os olhos tudo será um sonho e Leon estará aqui”, pensou a jovem. O que veio a seguir, porém, não alegrou seus olhos. Nada daquilo era um sonho. A jovem observou cada mesa que se encontrava ali no refeitório até que encontrou a mesa onde estava sentada Mia e Anna. Dirigiu-se até a mesa, talvez elas pudessem saber onde Leon estava.

– Ei meninas! – abriu um sorriso largo. Não podia mostrar que estava preocupada, pois não queria deixar as amigas ficarem preocupadas com si, já que a jovem já dera trabalho demais para elas.

– Ei Sora! Quanto tempo que eu não vejo você feliz desse jeito. Vejo que cuidar do Leon te fez muito bem. – Anna abriu um sorriso malicioso e piscou para a amiga.

– Deixa de ser intrometida Anna. A Sora pode estar feliz por muitos motivos, inclusive, que o bebê em breve estará entre nós. – Mia sorriu ao pensar no bebê que Sora teria.

– Eu estou muito bem Anna. Obrigada por se preocupar. E não se preocupe Mia, eu já conheço a Anna e isso não me atinge. – Deu uma risada divertida. – Mas eu gostaria de saber se vocês viram o Leon por aí?

– Já perdeu o seu príncipe de vista? – Anna não conseguia perder a piada.

– Anna! Deixa de ser inconveniente. – a roteirista chamou atenção da amiga. – Sobre o Leon, nós o vimos agora a pouco aqui no refeitório. Ele aproximou-se da nossa mesa e disse para a May que precisava conversar com ela, e depois os dois saíram.

Aquilo era estranho demais. O que Leon precisava conversar com May? “Meu deus! Era o que eu mais temia”, disse Sora mentalmente. Como seria possível que Leon não podia se lembrar dela, mas podia se lembrar de May? O medo da jovem aumentou muito mais.

– Obrigada pela informação meninas, mas agora eu preciso ir. – acenou para as meninas e saiu às pressas do refeitório. Não adiantava continuar procurando por Leon, se ele estava com May ele se lembrava de bastante coisa e conseguiria sozinho chegar a seu apartamento. Precisava chegar ao apartamento antes de Leon e ir embora o mais rápido que pudesse. Não aguentaria encarar o rapaz.

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Ao terminar de falar com Leon sobre a peça Lago dos Cisnes, o rapaz ficou um tanto agitado. Dizia o tempo todo que precisava conversar com Sora. Depois que May esclarecera a ele alguns pontos que estavam soltos, ele precisava se esclarecer com a japonesa.

O rapaz agradeceu a May por ter lhe contado tudo que precisava, entregou a ela uma nota de cinquenta dólares e dissera que aquilo seria suficiente para pagar o que gastaram e mais um pouco e que ela poderia ficar com o troco.

Leon saiu apressado para fora da cafeteria. A chinesa estava preocupada com o que aconteceria a seguir. Sabia que Leon não estava no mesmo estado que no dia infeliz que ocorreu o acidente, mas temia que ele procurasse Sora e acabasse ocorrendo o que a amiga mais temia.

May tirou seu telefone do bolso e discou uns números no teclado numérico do aparelho. Estava querendo o bem estar de Sora, mas não sabia o que poderia fazer. Será que ela falara demais? Era muito comum que coisas assim acontecessem com ela.

O telefone nem chegou a chamar, caiu direto na secretária eletrônica. May tentou mais quatro vezes, mas o resultado fora o mesmo. Ou o celular de Sora estava desligado por algum motivo ou havia acabado a bateria. A chinesa estava apreensiva, precisava conversar com Sora antes de Leon.

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O rapaz de madeixas prateadas saiu apressadamente da cafeteria. Poucas coisas faziam sentido para ele, mas uma coisa ele tinha certeza: Sora fora algo a mais para ele. Leon decidira ir até o Kaleido Star, precisava de algumas respostas sobre a peça Lago dos Cisnes e acreditava que lá ele obteria as respostas.

Não sabia ao certo o que encontraria, mas precisava procurar. Leon bem sabia que não seria saudável que ele perguntasse diretamente a Sora. Já imaginava que ela poderia mentir, pois se até aquele dia ela não havia lhe contado nada a respeito dos dois porque contaria agora?

Alguns minutos mais tarde, Leon chegou ao grande circo. Porém, havia um problema em que o rapaz não pensara antes. Quem lhe passaria as informações de que precisava? Poderia procurar o dono do Kaleido Stage, mas será que ele teria as informações? Ou melhor, será que ele passaria para Leon?

Não tinha como saber antes de tentar.

O rapaz estava andando pelos corredores à procura da sala de Karlos. Ainda não estava claro em sua mente onde ficava cada sala dentro do circo. E ao mesmo tempo que não sabia ao certo onde ficava cada sala, também não sabia a quem procurar. Estava em uma situção difícil, mas precisava recorrer a alguém.

Tentava a qualquer momento forçar a mente para que pudesse lembrar das informações mais importantes da sua vida. Mas sentia-se frustrado a cada vez que tentava e nada vinha. Como ele poderia esquecer uma pessoa que foi tão importante em sua vida? Não havia sentido em esquecer a pessoa a quem amou. Ou haveria?

Leon lembrava de muitas pessoas ali dentro, e aqueles que ele não lembrava antes, agora os nomes, ou os rostos vinham a sua memória e ele lembrava de momentos de sua vida onde aquelas pessoas estiveram presentes. Mas a respeito de Sora, sua mente era uma escuridão total. E aquilo era muito desconfortável e constrangedor. Principalmente porque a japonesa estava cuidando dele e ele nem se lembrava dela para poder retribuir da maneira correta.

Após andar por um bom tempo pelo Kaleido Stage e nada de encontrar alguém a quem conversar, Leon decidira que voltaria para o apartamento e lá decidiria o que faria a seguir. A solução que teria no momento seria tentar conversar com Sora e ver no que daria. Apesar de não ter esperança quase nenhuma de que conseguiria as respostas que desejava.

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Sora fora para seu apartamento, desde que havia se mudado, temporariamente, para a casa de Leon, o apartamento mantivera-se fechado. Ali era o único lugar que poderia se sentir segura. Ficara com medo de voltar para o apartamento do acrobata e poder encontrar ele lá, e ao mesmo tempo não queria falar com a May. Sentia medo do que a chinesa poderia ter falado com o rapaz. Mesmo que fossem amigas, tinha seus medos acerca de May falar demais.

Sabia que uma hora ou outra teria que encarar Leon. Não havia como simplesmente fugir e abandonar tudo, apesar de já ter pensado muito nessa possibilidade. Será que ao invés de fugir ela não deveria contar toda a verdade para ele e esperar pelas consequencias como toda mulher adulta faria?

Estava perdida em pensamentos. Seria um alívio reconfortante se ela contasse toda a verdade para Leon. Sentiria-se mais leve e teria alguém para ajudá-lo nesse momento tão difícil. Contudo, não havia como prever a reação e o comportamento do acrobata com a notícia, que de agrável não tinha nada. Sora bem sabia que Leon e Yuri nunca se gostaram e possuiam uma rixa desde a morte de Sophie. Portanto, seria completamente aceitável, que no momento que Sora contasse que estava grávida de Yuri, por um deslize de ambos, Leon sentiria vontade de acabar com a vida do pintor.

Mas o problema não morava em Leon querer tirar satisfação com Yuri, mas sim no que aconteceria depois. A jovem não podia ser tão imatura a ponto de pensar que poderia ter um final feliz com Leon, com ele assumindo a criança de outra pessoa, e não só uma pessoa, mas sim o homem que ele mais odeia na vida.

Era bem sabido que o destino é bem sádico quando quer. Era plenamente possível que a criança fosse parecida com Yuri, e isso seria demais para que Leon pudesse suportar. Pois todos os dias olharia para aquela criança e saberia que não era dele, e que não pode dar aquilo que mais queria para a mulher da sua vida. Aquela criança assombraria a vida dos dois para sempre.

Por mais que amasse Leon, não poderia fazê-lo sofrer tanto assim. Não seria justo com ele e nem mesmo com a criança. Mas e se desse certo? E se a criança nascesse mais parecida com ela. E se o amor de Leon falasse mais alto e eles pudessem criar aquela criança como se fosse deles? Havia essa remota possibilidade, mas era isso que era mesmo, uma remota possibilidade. E será que valeria a pena contar e poder ganhar o amor ou perder tudo? Ela só saberia se contasse.

Sora decidiu-se que preferia arriscar do que morrer angustiada pela dúvida. Já era demais sofrer por não estar grávida do homem que amava, e não aguentaria conviver com a dor de não poder saber se daria certo ou não. Com a decisão tomada, Sora saiu de seu apartamento tomando o cuidado necessário para que ninguém visse ela por lá. Não queria ter que dar satisfação e nem conversar com ninguém, antes de conversar com Leon. Ainda tinha medo de desisitir.

Conseguiu sair da ala de dormitórios sem ser vista e rumou em direção ao apartamento de Leon. A sorte era que o apartamento não era tão longe do Kaleido Stage e em poucos minutos ela chegaria lá.

Ao chegar no apartamento, tocou o interfone e após alguns minutos ouviu a voz de Leon do outro lado do interfone perguntanto quem era. Sora hesitou um pouco antes de responder que era ela. Leon já tinha chegado em casa. Por mais que era possível que ele realmente estivesse em casa antes dela chegar, ela desejaria que fosse diferente. Se ele não tivesse em casa antes, ela poderia relaxar um pouco e se preparar para encará-lo.

Durante todo o tempo que estava subindo as escadas, não subiu o elevador pois sempre se sentia enjoada quando estava dentro dele, respirava fundo para tentar se tranquilizar e não deixar que a desistência tomasse conta da sua mente. Ela já estava ali, e não adiantava mais voltar e corrrer para bem longe dali. E nem faria sentido.

Entrou no apartamento e viu Leon sentado no sofá, e ao que parecia ele estava esperando por ela. Será que ele havia recobrado a memória? Ou será que May contou algo demais para ele? Quantas dúvidas.

Leon levantou-se do sofá e veio ao seu encontro. Algo nele estava diferente de hoje de manhã. Realmente a conversa entre ele e May havia surtido algum efeito, mas para bem ou para mal ela iria descobrir em breve.

– Eu estava procurando por você, mas não encontrei no Kaleido Star. Então como ainda não me sinto seguro andando sozinho por aí, eu decidi que deveria voltar para casa e aguardar o seu retorno. – Leon estava um pouco nervoso. Dava para perceber que algo o estava incomodando.

– Eu dei uma passada no meu apartamento. Queria ver como estava lá, tem alguns dias que não vou lá. E... eu também estava procurando você.

– Então, vamos nos sentar no sofá. Você precisa se preocupar com a sua condição. Já me falaram que a sua gravidez é um pouco complicada, devido a todoo estresse que você passou durante o meu...coma. – Leon e Sora sentaram-se no sofá. E o tempo todo Leon ficava olhando para a japonesa e inclusive mexia em seu cabelo algumas vezes.

Sora estava sem palavras. A jovem estava grávida quando Leon acordara e ele não havia demonstrado tanta preocupação assim com ela. E de repente tudo estava mudado. Alguém havia contado para ele sobre o seu quadro clínico. Teria sido May? Ou ele estaria blefando para retirar alguma coisa dela? Não, não teria o porque ele blefar sobre algo que realmente estava acontecendo.

– Eu gostaria de me desculpar por tudo que eu fiz você passar. Eu sei que eu não ajudei diretamente, pois o que aconteceu comigofoi um acidente. Mas eu queria poder ter ficado do seu lado durante todos os momentos difíceis que você passou. – Sora sentiu a aproximação do rapaz. Ele estava com a voz suave e carregada de emoção. Aproximou-se da jovem e acariciou-lhe o rosto com as costas da mão.

– Não foi culpa sua. – foi a única coisa que a jovem conseguiu dizer. Ela estava se sentindo esquisita por aquela aproximação e aquela mudança repentina de atitude. Parecia que o Leon de antes do acidente estava ali de novo. E ela bem sabia que tudo poderia ser maravilhoso se não fosse o fato dela estar grávida de outro cara.

Leon aproximou seus lábios dos lábios da japonesa e numa vontade sofrega, beijou-lhe os lábios com amor e carinho. Naquele momento ali, com seus corpos próximos e seus lábios unidos sentiu que sempre fora ali que quis estar. Lembrou de quando a viu pela primeira vez e a havia achado linda e espetacular, mas que não podia dar na cara, pois ainda não sabia se valia a pena ou não. E se tinha algo que Leon era, era realista.

O beijo demorou-se por alguns minutos. Minutos que pareceram horas para ambos. Aquele beijo era ansiado pelos dois há muito tempo. E poderia significar coisas diferentes para os dois. Para ele era a certeza do amor que sentia por Sora e o marco do início de uma vida incrível ao lado da mulher que ocupava seus pensamentos. E para ela, era a resposta que talvez estava procurando. Poderia ser a certeza que de assim que ela contasse, eles ficariam bem e suportariam juntos todas as turbulências.

Pararam de se beijar e ficaram olhando um para o outro. Entrelaçaram as suas mãos uma na outra. Tudo estava perfeito demais. Perfeito demais para ser verdade. Mas nenhum deles queria no momento pensar que algo poderia dar errado. Se já estava dando certo, para quê pensar nos erros que poderiam surgir ao longo do tempo?

– Nós seremos muito felizes. Nós três! – o acrobata sorriu para a japonesa. – Não vejo a hora de ver o rostinho do nosso filho e saber quais são os traços que ele herdará de nós?

Traços que ele herdará? De nós? Será que ela estava mesmo ouvindo aquilo? Leon estava realmente acreditando que aquela criança no ventre de Sora era dele? Isso não podia estar acontecendo. De todas as coisas possíveis de acontecer, Sora não se preparou para a parte que ele podia acreditar que o filho seria dele.

Mas não seria mais fácil? Já que Leon estava crente que a criança era dele, não seria mais fácil alimentar a mentira e deixar as coisas como estavam? A felicidade que ela tanto queria que chegasse estava batendo à sua porta, e mais uma vez sua mente a estava impedindo de deixar acontecer. Não aguentaria o sentimento de culpa por nunca contar a Leon sobre a criança e deixar ele acreditar que é dele. Seria dolorido demais. E estava na hora dela se livrar de todas as dores que já estavam fazendo morada em seu interior.

– Leon, eu preciso te contar uma coisa. – começou a falar de forma apreensiva. Ainda não sabia se realmente era o certo a se fazer, mas como começou, agora teria que ir até o fim.

– Diga minha princesa!

Princesa? Porque aquilo que deveria ser maravilhoso estava a corroendo por dentro? Não era aquilo que sempre quis? Ele agora estava a tratando do jeito que sempre quis ser tratada. Mas não, aquilo não a estava agradando. Não do jeito que estava. E se ele continuasse a tratá-la daquele jeito, ela iria acabar desistindo de contar a verdade para simplesmente resguardar e manter aquele carinho por mais tempo.

Sentiu a sala girar. Estava tonta, mas aquilo não a assustava tanto assim. Já acostumara-se a ficar com tonturas devido a gravidez. Juntamente com a tontura veio uma sensação esquisita, e a visão começou a ficar turva. A única coisa que sentiu antes de tudo apagar foi um líquido quente escorrer pelas suas pernas. Ai tudo ficou preto.

II.

Pessoas passavam para lá e para cá de branco, entrando e saindo da porta que dava acesso para a ala da enfermaria. Kate estava lá dentro com o obstetra analisando o que ocorrera com Sora. Ainda não havia saido para trazer a notícia sobre o estado em que ela se encontrava.

Leon estava em pé na varanda olhando para o nada. Estavam conversando bem na sala de sua casa, e de repente a jovem japonesa queria lhe contar algo e simplesmente desmaiou. De inicío, Leon ficou um pouco preocupado, mas deitou a jovem no sofá, e ficou ao lado dela, sem saber exatamente o que fazer. Até que viu o sangue. Sangue escorria na coxa da jovem. E aquilo realmente era para se assustar. Não sabia o que um sangramento podia ocasionar a uma mulher grávida, mas sabia que boa coisa não era. Ligara para Layla e em menos de 10 minutos, já estava com Sora no hospital e Layla chegava logo depois.

Já havia se passado aproximadamente meia hora desde que os enfermeiros colocaram Sora na maca e levaram-na corredor a fora. E todo aquele tempo sem receber notícias de Sora o estava agonizando. Aquilo era terrível.

Então, da porta da ala por onde lavaram Sora, saiu Kate juntamente com outro medico. Eles aproximaram-se do sofá da sala de espera onde estavam Yuri, Anna, Mia e May. Leon e Layla aproximaram-se também para saber como Sora estava.

– Como ela está? – foi Mia quem perguntou. Todos já sabiam que o estresse podia causar problemas na gravidez da amiga, mas eles estavam esperançosos, pois até no momento ela não tinha passado muito mal e estava aguentando até bem.

– A situação da Sora está complicada. A gravidez dela é de risco. Ela vai receber alta, mas precisa de cuidados médicos frequentes. Pois qualquer esforço pode agravar ainda mais o estado dela e do bebê.

– E quanto ao sangramento? O que pode ter acontecido? – Leon estava preocupado.

– O que ocorreu é que houve um descolamento da placenta. Mas esse deslocamento foi leve. Esse sangramento veio no momento oportuno, pois nem sempre que ocorre descolamento de placenta há o sangramento vaginal. Quando não sangra, a gente pode não saber o que está acontecendo, até ser um pouco mais tarde. – o médico informou. – Mas, podem ficar despreocupados. Como o deslocamento foi leve, ela pode receber alta como eu disse. Mas ela vai precisar de repouso e de cuidados com ela. Ela deve ter uma alimentação equilibrada, deve ter repouso absoluto e tomar os remédios que serão prescritos para ela.

Após terminar de falar, o obstetra despediu e retirou-se do local, deixando todos ali com Kate. A médica explicou para eles que só faltava esperar alguns resultados de exames que Sora havia feito e ela já estaria liberada para ir para casa, mas ela precisaria ir para uma casa mais tranquila, e que não estivesse muito sujeita a estresse intenso. Ela deveria relaxar.

Layla levantou a possibilidade de Sora ficar na casa dela. Lá ela teria atenção na medida do necessário e a leonina poderia acompanhar a recuperação de Sora, além de ter a Penelope para ajudá-la a cuidar da sagitariana.

Mas Leon mostrou-se impassível sobre a decisão de levá-la para seu apartamento. Usou o argumento de que já não estava ao lado dela durante o início da gravidez e não seria agora que ele a abandonaria. Ele precisava estar ao lado dela nesse momento.

Após o tempo de espera. A jovem japonesa foi liberada para voltar para casa. Conforme decisão unânime, levaram a jovem para o apartamento de Leon, mas Layla acrescentou que Penelope ficaria com eles até o nascimento do bebê. Ficar esses meses sem a Penelope não lhe faria mal, aliás, a Sora precisava mais dela do que Layla.

Assim que Sora chegou ao apartamento, Leon começou a fazer as mudanças dentro de casa. Levou a televisão da sala para o quarto e ajeitou diversas outras coisas para trazer mais conforto para Sora. A partir daquele dia, a japonesa dormiria no quarto dele e ele dormiria na sala, pois o quarto de empregada estaria ocupado por Penelope.

Nos primeiros 10 dias, a jovem japonesa passou a maior parte do tempo dormindo, pois os remédios davam sonolência e estava sentindo-se esgotada. Leon sempre ficava ao lado dela, e em algumas noites em que a jovem sentia muitas cólicas, ele dormia na cadeira ao lado da cama segurando a mão dela. Não queria perder nenhum minuto. Precisava estar ali com ela.

No 11º dia, a japonesa acordou um pouco mais cedo que o de costume e viu que Leon estava segurando sua mão enquanto dormia na cadeira. Provavelmente estava muito cansado e era muito provável que teria passado a noite em claro, a observando e cuidando. A jovem apenas abriu um sorriso feliz e voltou a fechar os olhos.

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Dois meses depois...

Cape Mary, Califórnia.

Sora estava sentada na cama, assitindo a um talk show. Estava sentindo se bem. E como não se sentiria? Estava sendo muito bem cuidado tanto por Leon, quanto por Penelope e todos os outros amigos que vinham visitá-las de tempos em tempos.

Contudo, mesmo que estivesse se sentindo bem, ainda não havia tido um momento sozinha com Leon para conversarem. Ainda não tinha contado para ele sobre a gravidez e o encontro com Yuri, mas naqueles dois meses estava se sentindo tão feliz que começava a sentir que podia suportar essa mentira para sempre.

Mas mesmo assim ainda sentia medo do futuro. Ainda que estava se sentindo bem e amada, tinha o medo da criança nascer parecida com o verdadeiro pai, e o destino estava gostando muito de lhe pregar peças e brincar com os seus sentimentos.

Então mesmo que estivesse bem com Leon, ela devia a ele a verdade. Ele merecia saber que estava se esforçando ao máximo para criar uma criança que não era dele e nem jamais seria. Pelo menos não consanguineamente. Pensar aquelas coisas deu-lhe uma pontada de tristeza por tudo aquilo que vivia.

Porque a vida não poderia ser mais fácil. Ou que ela estivesse em um sonho, e que assim que acordasse descobrisse que nada daquilo era real e poderia ser imensamente feliz com o homem da sua vida. Mas já tentara diversas vezes se apegar a essa ideia, mas infelizmente era real.

Leon entrou no quarto naquele instante e abriu um sorriso lindo e apaixonado ao olhar para a jovem japonesa. Sentou-se na beirada da cama e deu-lhe um beijo na testa. Depositou sua mão suave e carinhosamente por sobre a barriga de Sora.

– Eu estou procurando um apartamento novo. Precisamos de mais espaço agora que está se aproximando o dia que esse bebê tão esperado vai vir ao nosso mundo. Além de que faria muito para você começar a arrumar o quarto de nossa menina.

Menina. Em um dos dias em que precisava ir ao hospital fazer o pré-natal, Sora fez a ultrassom querendo saber qual seria o sexo do seu bebê, e juntos Leon e Sora descobriram que estava vindo uma linda menininha. Aquele havia sido o dia mais feliz da vida de Leon, pois desde que começara a pensar no sexo do bebê, imaginava-se segurando uma linda menina com a cor dos seus olhos em um quarto cheio de bichos de pelúcia.

Quando contara a Sora de sua felicidade e de seus pensamentos. A jovem sentiu-se muito mal. Estava piorando cada vez mais. Foi chegando um momento que não queria mais que Leon entrasse no quarto e ficava perto dela. Ela alegava que não era digna da presença dele e aquilo o confundia. Mas os médicos informaram que isso poderia ser proveniente de todo o estresse que ela passou durante a gravidez e por isso deveriam deixar ela mais sozinha e tranquila.

Depois daquele dia, Leon passou a entrar no quarto e ficar perto dela com menos frequência. Não queria que ela piorasse ainda mais o quadro clínico. E a recuperação estava indo tão bem, que imaginar Sora voltando ao estágio inicial apertava-lhe o coração.

– Um apartamento novo? – assustou-se um pouco com a notícia. Era bem sabido que aquele apartamento não muito pequeno para a família que agora eles formavam, mas isso a assustava muito. Ainda não tinha contado para Leon a verdade, e aquilo poderia mudar tudo. E comprar um apartamento era dá um passo grande.

– É sim. Este não tem dois quartos. E o neném vai precisar de um quarto só para ele. Não acha?

– Ah, claro! Mas porque agora? Vamos esperar mais um pouco. – Sora queria adiar a compra do apartamento até ter certeza de que a vida dos dois daria realmente certo. – Quero dizer... porque não esperamos mais uns dias até eu estar mais recuperada e poder sair para olhar com você? Eu gostaria de poder escolher como será o quarto da nossa filha! – sorriu para Leon.

“Nossa filha”. Só Deus sabia o quanto Sora amaria poder estar dizendo isso sem culpa e nem peso na consciência. Tudo seria muito mais fácil se tivesse se deitado com Leon pelo menos uma vez. Talvez, a dúvida não a machucasse tanto. E provavelmente o destin

o ficaria do seu lado, ou talvez não.

– Combinado então!

III.

Cape Mary, Califórnia

Apartamento do Yuri Killian

Andava tendo insônia já fazia alguns meses. Não conseguia se concentrar em nada e não retornara para a França. Havia trabalhos que precisavam ser terminados, mas de nada adiantaria ir embora se não conseguiria prestar atenção em nada que faria.

Desde que Sora passara mal e foi recomendada a repousar e ficar sob cuidados o tempo inteiro, Yuri passou a ficar mais apreensivo. Desde aquele dia não tivera mais como entregar o dinheiro que vinha lhe dando a algum tempo. Aquilo como ele bem sabia não era para ela ficar calada e não contar para ninguém, pois ele conhecia bem Sora e sabia que a jovem estava sofrendo demais com toda aquela situação. Seria um tipo de redenção?

Já tivera dias que sentira vontade de ir até Layla e contar toda a verdade a ela. Com toda a certeza a verdade iria doer, mas talvez, bem talvez, ela compreendesse o que ele estava passando e ajudasse ele e a Sora a passarem por aquilo.

Mas o que mais o assustava não era nem de longe a Layla, mas sim Leon. Sabia que eles não tinham uma relação muito boa desde a morte de Sophie. E com certeza, o escorpiano não entenderia o que ocorreu entre ele e Sora. Mas porque haveria de entender? Ele simplesmente cometeu o maior erro de sua vida levando Sora Naegino para a sua cama. Sem nem ao menos se previnir. Ele merecia todo o ódio que o mundo teria para lhe oferecer. Até mesmo se Layla não o quisesse mais ele entenderia. Com toda a certeza ele sofreria demais com a ausência dela, mas merecia cada palavra dita.

Amaldiçoara-se no dia que descobrira da gravidez da japonesa e que vira o quanto a estava fazendo sofrer. Era óbvio que não estava sofrendo apenas por Leon está em uma cama de hospital sem expectativa de acordar logo, mas também pelo fato de estar grávida do noivo de sua melhor amiga.

Não pensara nas consequências. Não imaginara a proporção que uma simples noite de prazer poderia tomar. Naquele momento a felicidade de sua noiva e de sua amiga e ex parceira estavam em suas mãos. No momento que descobrissem a verdade, ele seria o causador de todo o estrago. Layla e Sora deixariam de ser amigas por sua culpa. Perderia sua noiva por uma droga de desejo carnal.

Porque não controlou seus desejos mundanos naquele dia? O que ele precisava provar para si mesmo levando Sora Naegino para a cama? Queria poder ter vantagem sobre Leon? Ou era apenas uma diversão passageira?

Estragara a amizade que possuia com Sora, além de estragar a vida dela por inteiro. E porque ele não foi homem o suficiente para assumir a merda que fez e ajudá-la no momento que mais precisou? Não... ele foi o covarde que sempre foi. Agiu da mesma maneira que no dia da morte de Sophie.

Sophie pediu para ver ele. Ela queria ele ali com ela naquele último minuto. Porque? Porque ela iria querer a presença de um ser tão desprezível quanto ele? Talvez para perdoá-lo pelo que ele fez a ela? Com certeza seria isso. Esse era o jeito incrível de Sophie. Mas a covardia de Yuri fez com que negasse o pedido de Sophie e deixasse ela morrer sem poder ao menos dizer adeus.

Porque ele era assim? Porque se tornara tão covarde? Enchera-se de coragem para tomar o Kaleido Star de Karlos e se vingar da morte do pai, que nem foi culpa de ninguém, a não ser do próprio Aaron. Mas ele queria provar para o pai que ele se importava. Que ele ia fazer todos aqueles que não se importavam pagarem. Mas para que? E como saberia que eles não se importavam?

E novamente estragou tudo. Novamente era o causador de dor. O causador de intrigas e ódio. Tudo por culpa de sua covardia. Ele nem era digno de se chamar de ser humano. Não conseguia se ver como um ser humano, mas sim como um monstro. Um monstro covarde que por medo estragava a vida de todos a sua volta.

Por mais que tentasse não conseguia dormir. Aquilo era impossível. Seu coração estava a mil. Precisava contar a alguém a merda que ele havia feito, ele precisava consertar o estrago que havia feito. Mas já era tarde demais.

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22 horas. Cape Mary

Layla estava sentada em sua cama, já de camisola lendo um livro. Seu dia havia sido incrivelmente normal e nada de novo havia acontecido. Já estava acostumada a vida estável que levava. Não havia muitas loucuras em sua vida.

O celular da leonina tocou e ao ver na tela quem era pode ver o nome de Yuri. O que ele poderia querer uma hora daquelas? Atendeu o telefone e esperou a voz do outro lado confirmar que estava ali.

Layla? Você está em casa? Eu preciso muito conversar com você. Eu sinto que se eu não fizer isso eu vou explodir. – A voz de Yuri estava urgente e desesperada. Layla logo percebeu que ele não estava bem, talvez possivelmente estivesse bêbado.

– Eu estou sim. Mas o que é de tão importante que não pode esperar até amanhã de manhã?

Eu estou aqui no seu portão. Poderia abrir para mim? Eu preciso conversar com você pessoalmente, olhando no seus olhos.

– Tudo bem, já vou descer.

Aquela ligação de Yuri a deixara intrigada. O que ele teria de falar com ela tão urgente? Será que ele fizera uma besteira assim como fez com a morte de Sophie? Desceu as escadas e dirigiu-se para a porta da frente da casa e apertou o botão que havia ao lado da porta e ouviu-se o portão da frente se abrir.

Abriu a porta para que Yuri pudesse entrar e este parecia desolado.

– Layla, precisamos conversar. E por favor, sente-se. Será uma conversa longa.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Olá Galerinha!
Estou de volta depois de 1 ano e 4 meses. Mas desta vez voltei para ficar, e agora teremos o restante da fic.
Então... Aqui está mais um capítulo para vocês. Espero que gostem!
Obrigada por todos os reviews. Amo demais todos vocês e amo demais escrever essa fic.
Beijinhos e até breve!



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