Amor À Prova escrita por Bell Amamiya


Capítulo 11
O amor fala mais alto


Notas iniciais do capítulo

Nota: Os personagens do Kaleido Star não me pertencem, mas queria que o Leon e o Yuri me pertencessem 
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Tenham uma boa leitura
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I.

A manhã na cidade de Cape Mary estava muito agradável. Eram aproximadamente 08 horas quando a acrobata de cabelos rosadas terminou de se arrumar e saiu do apartamento. Iria fazer compras ainda de manhã, mas primeiro iria dar uma passada no dormitório do Kaleido Stage. Precisava dividir com uma pessoa em especial o que estava sentindo.

Ao chegar em frente aos dormitórios, Sora pegou seu celular e começou a discar um número. Não queria arriscar de subir até o quarto desejado e se deparar com alguma das meninas, pois elas com certeza iriam perguntar como foi à primeira noite da amiga no apartamento de seu amado.

- Alô! Bom dia Sora!

- Bom dia May! Eu já estou aqui embaixo esperando.

- Ok! Eu já estou descendo.

Alguns minutos depois, a chinesa desceu e foi ao encontro de Sora. As duas haviam combinado de sentarem no parque e conversarem um pouco e depois fazerem compras juntas. Havia muitas coisas que ambas precisavam falar.

Foram caminhando até o parque em silêncio. As meninas queriam começar a conversar em um local que saberiam que as pessoas envolvidas não estariam por perto o suficiente para ouvirem. Ao chegarem ao parque, escolheram o banco mais escondido pelas árvores para se sentarem.

- Eu não sei o que vou fazer. May, não sei se consigo estar debaixo do mesmo teto que o homem que eu amo e que não é o pai do meu bebê. – desabafou a japonesa.

- Mas aconteceu alguma coisa? Ou é só difícil mesmo?

- Por estar na mesma casa que ele, eu às vezes preciso de um espaço para respirar melhor. Sabe, às vezes parece que quando estou com ele me falta o ar. – a japonesa deu um suspiro, virou o rosto e voltou sua atenção para um pai e uma criança, por volta dos dois anos, brincando no parquinho.

- Sora! Ele por acaso te reconheceu alguma vez?

- Não! Bom, não que eu saiba. Mas ontem eu fui à cozinha para preparar algo para jantarmos. Quando eu estava lá, senti alguma coisa dentro de mim dizendo para que eu contasse toda a verdade para ele assim que ele voltasse a se lembrar de tudo. – deu uma pausa para depois prosseguir. – e foi nessa hora que senti o bebê chutar.

- Hum... E?

- Eu comecei a acariciar a minha barriga e conversar com o bebê. E... Foi nessa hora que o Leon entrou na cozinha.

- Sério? E qual foi a reação dele?

- Não sei ao certo. Estou com muito medo. Ele apenas perguntou o sexo do bebê e me elogiou dizendo que o bebê terá muita sorte por me ter como mãe.

- Meu Deus... É só isso que eu consigo dizer.

A chinesa ficou um tempo em silêncio. Precisava digerir aquilo que Sora estava lhe contando. Será que Leon estava recobrando a Memória? Será que ele imaginava que aquela criança seria dele? Ou será que foi só a reação que qualquer pessoa comum teria?

Pairava medo e incerteza no ar.

Sora cruzou os braços em cima da perna e ficou cabisbaixa. Todas aquelas perguntas da noite anterior deixaram-na ainda mais preocupada. Se Leon recobrasse totalmente a memória como ele reagiria ao ver a jovem naquele estado? Será que a memória dele só voltaria depois do bebê ter nascido?

- Eu estou com muito medo. Medo de voltar para aquele apartamento e reconhecer aquele Leon de antes do acidente. Não há mais como esconder a minha barriga.

- Sora, não fique assim. Nós encontraremos um jeito. Pode ter certeza.

A japonesa não estava muito confiante no que a acrobata de madeixas negras estava falando. Como elas poderiam encontrar um jeito? Se Sora estive em um local diferente de Leon, assim talvez, poderiam dar um jeito, mas até ele melhorar ela o veria todos os dias.

- E a Srta Layla? Me corta o coração saber que eu estou omitindo a verdade dela. Como ela vai ficar ao saber que eu e Yuri tivemos um relacionamento e dele proveio um bebê?

- Calma tudo ao seu tempo. Como já falei, vamos arrumar um jeito.

A jovem de madeixas rosadas começou a chorar freneticamente. Não queria perder uma amizade tão valiosa por um erro imbecil que cometera. Na verdade, não perderia apenas uma amizade, mas perderia uma grande amiga e o amor de sua vida. Era demais para se suportar.

- Porque eu não abortei essa criança? Teria resolvido todos os meus problemas.

- Você que pensa! Isso só te deixaria com sentimento de culpa e te assombraria pelo resto de sua vida.

A chinesa abraçou a amiga querendo confortá-la. Não estava na pele dela, mas estava presenciando desde o início todo o sofrimento dela. Realmente o destino é sádico. Quando a japonesa acalmou-se as duas foram em direção ao supermercado fazerem as compras.

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A leonina de madeixas loiras estava andando pelo corredor com Yuri ao seu lado. Queria conversar com Karlos. O Kaleido Star não poderia ficar mais tempo sem fazer peças. Já fazia meses que não havia apresentações. Precisavam de uma solução.

Não havia muitas coisas para se fazer. A estrela principal estava grávida e não poderia subir ao palco por alguns meses, a co-estrela sofreu um acidente e está se recuperando do estado de pós-coma. Precisariam fazer as peças com os demais acrobatas.

Adentrou na sala de Karlos. O dono do estabelecimento estava sentado em sua cadeira atrás da grande mesa de sua sala. Já aguardava a presença dos dois. Levantou-se e foi recebê-los.

- Bom dia Layla, Yuri! Sentem-se. – apontou para as poltronas que havia em frente de sua mesa.

- Precisamos reabrir as portas. Meu pai não está muito satisfeito em saber que o Kaleido Star não está funcionando e o dinheiro por ele investido está indo embora. – a loira começou a reunião.

- Além disso, o Sr. Kennedy me procurou e disse que se o Kaleido Star não abrir as portas ele vai deixar de investir. O investimento desses dois é muito importante para o andamento do circo. – Yuri completou.

- Bom... Precisamos ter artistas de renome na peça, se não muitos espectadores não vão vir assistir. Na verdade, eles estão pedindo pela Sora e o Leon.

- Não sei como os repórteres ainda não conseguiram encurralar Sora.

- Meu amor, basta que eles saibam que Sora está no apartamento cuidando de Leon que o local vai estar cercado. – o jovem pisciano apenas falou a lógica. Porém, por dentro ele pedia todos os dias que isso não acontecesse, assim seria mais fácil de vazar na mídia que o pai do filho de Sora era ele.

- Verdade. Mas voltemos ao ponto. Como ficará?

- Eu tenho uma proposta para vocês dois. Não quero que vocês a recusem de imediato e sim amadureçam a ideia. Eu proponho que vocês dois subam no palco mais uma vez. – Karlos fora direto ao ponto que queria chegar. Enquanto a proposta era digerida pelos dois ex-acrobatas, o dono do circo pensava em uma maneira de evitar que eles negassem.

Layla e Yuri trocaram olhares. Já deviam imaginar que Karlos faria essa proposta. Ao voltarem a sua atenção para o dono, puderam constatar que não haveria muitas formas de escaparem.

- Acredito que é uma ideia a se pensar. Só que não tenho usado o trapézio há um bom tempo e irei precisar de tempo para voltar. Porém, isso não é uma resposta, ainda.

- Pense bem. Vocês dois são a única solução imediata que eu vejo. Pelo menos para a reabertura do circo. Se eu colocar a Rosetta e a Anna, não dará expectadores como na primeira vez que a Sora atuou sem você no palco.

A loira respirou fundo. Tinha que admitir que o público é muito exigente quanto aos acrobatas que estariam atuando. Mas não se sentia pronta para voltar aos palcos, e principalmente substituir a Sora. Seria uma responsabilidade muito grande.

- Por quanto tempo? – Yuri perguntou. Não se imaginava contracenando com Layla por muito tempo. Não que não gostasse, mas agora era um homem ocupado.

- Pelo laudo que recebemos de Leon, é possível que seja por uns três meses. Isso se ele não melhorar rapidamente.

- Três meses? – a loira estava assustada. Seu casamento estava marcado para daqui a três meses. Como conciliaria os preparativos do casamento e o trabalho, que era quase por período integral?

Yuri percebeu a exaltação da noiva. Assim como ela, ele também fizera as contas e sabia que poderia atrapalhar a cerimônia do casamento. Se aceitassem a proposta o jeito seria adiar o casamento. Porém, algo dentro de si não queria que isso ocorresse. Queria estar casado com Layla quando a notícia de seu filho com Sora viesse à tona. Talvez até lá eles também estivessem esperando uma criança e Layla fosse racional em não largá-lo de imediato. Apesar de que tudo isso não passava de mera imaginação.

II.

Sora estava voltando para o apartamento. Carregava cinco sacolas na mão direita e seis na mão esquerda. Havia comprado algumas coisas que estavam faltando, mas não imaginava que daria tanta coisa.

Ao chegar à porta do apartamento, a japonesa colocou as sacolas no chão para poder pegar a chave dentro de sua bolsa. Nesse momento, a jovem tomou um susto. A porta do apartamento se abriu e do outro lado havia um Leon olhando-a.

- Posso ajudar? – se prontificou.

- Não precisa se preocupar, eu levo. – a jovem abriu um sorriso depois de se recompor.

Na hora que Sora pegou algumas sacolas, o jovem de madeixas prateadas também se abaixou para pegar. A estrela do circo enrubesceu dos pés a cabeça ao sentir a mão do rapaz encostar-se à sua.

Os dois ficaram se olhando por alguns minutos. Não sabiam o que dizer um ao outro. Ao mesmo tempo em que eram parceiros de palco, a jovem era uma completa desconhecida para Leon.

- Obrigada! – ao terminar de agradecer, a jovem de madeixas rosadas adentrou no apartamento com algumas sacolas em mãos. Queria acabar logo com aquela cena um tanto quanto constrangedora.

Leon pegou as demais sacolas e rumou em direção à cozinha. Algo dentro de si não estava normal. Não conseguia lembrar ao certo quem era aquela moça que se prontificou a cuidar dele e lhe tratava com tanto receio. Era como se ele fosse a machucar a qualquer momento. Seria porque estava grávida? O rapaz não se lembrava de muitas coisas, mas das poucas que lembrava é que as mulheres conseguiam ser complicadas.

- As outras sacolas. – colocou o restante das sacolas em cima da mesa de jantar. – o rapaz excitou um pouco, mas decidiu que era certo dizer. – Olha só, eu posso até não ser a melhor pessoa do mundo, mas eu não mordo.

Quando Sora ouviu tais palavras, sentiu vontade de chorar. Ela não sabia bem porque, mas talvez fosse que naquelas palavras ficava bem claro que ele ainda não a conhecia. E maior do que o medo de ele saber sobre ela e Yuri, era nunca mais lembrar-se dela.

- Eu sei! – foi a única coisa que a jovem conseguiu responder.

- É porque eu andei percebendo que quando eu entro no mesmo cômodo que você, algo lhe incomoda. Eu já fiz mal para você alguma vez? Porque eu imagino que para você aceitar cuidar de mim eu devo te conhecer.

Aquelas palavras vieram como navalha. “Eu devo conhecer você”. Realmente ele não fazia ideia de quem ela era. Aquilo doía mais do que poderia se imaginar.

- Você realmente não se lembra de mim?

- Qual o seu nome? Assim, de aparência, não consigo lembrar.

- Sora Naegino.

O rapaz sentou-se na cadeira que estava ao seu lado e ficou pensativo. Aquele nome lhe era familiar, mas onde ouvira ele? Tentava buscar no fundo para achar a resposta. “Sora?”, pensou. De repente, um fio de memória lhe ocorreu.

- Você é a acrobata daquele circo de Cape Mary.

- É... Sim. – a moça engoliu em seco. Ele estava começando a se lembrar.

- Lembro que nos jornais anunciaram que você seria a acrobata inexperiente que assumiria o lugar de Layla Hamilton.

- Sim! – acenou com a cabeça. Então era assim que Leon a via antes de entrar no Kaleido Star e conhecê-la. Por isso era tão arrogante. Não queria ter que ser parceiro de uma acrobata de baixo nível. Pensando assim era até repugnante.

- O nome de Layla me enoja. – virou-se em direção a porta e saiu. Precisava beber um gole de uísque. Entrou no cômodo pequeno que se encontrava ao lado da cozinha, onde era sua adega particular. Pegou um litro do melhor uísque já fabricado e despejou o líquido, cor de âmbar, no copo.

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Adentrou pelo corredor que dava aos quartos portando nas mãos o copo com o líquido âmbar. Precisava refletir. Nada parecia se encaixar. A sucessora de Layla estava em seu apartamento cuidando dele. O que aquilo poderia significar? O que ela fora para ele um dia? Leon precisava se lembrar.

Entrou em seu quarto e fechou a porta. Não tinha certeza de quase nada na vida, mas alguma coisa dizia que aquela moça que estava naquele exato momento em sua cozinha fora parte do seu passado esquecido. Quando as mãos de ambos tocarem-se minutos atrás, não sabia explicar o porquê, mas sentiu um choque percorrer sua espinha. O cheiro do perfume amadeirado chegou a suas narinas e lhe enfeitiçou. “Aquela menina é familiar e aquele cheiro.” Pensou.

Colocou o copo em cima do criado mudo. Precisava forçar sua mente a se lembrar de alguma coisa. O que acontecera logo depois que decidira que iria para os Estados Unidos a convite de Karlos? Teria ele entrado no Kaleido Stage? Seria ali que conhecera aquele anjo que agora cuidava de si? Mas porque ela tinha tanto medo de si? Sabia que fora um homem muito ruim, principalmente após a morte de sua irmã Sophie, mas seria isso que a deixava com tanto medo?

A mente do jovem acrobata estava encoberta de pensamentos. Deveria deixar a jovem garota a par de todas as suas dúvidas e incertezas? “Não! Isso a afastaria ainda mais de mim.” Pensou. Mas, além de todos os pensamentos que lhe atormentavam, algo crucial lhe deixava intrigado: Todo o tempo em que foi acrobata sentia que algo faltava dentro de si, que não estava completo. Mas naquele momento ali no quarto, sentia que já havia encontrado a parte que faltava em sua vida e sentia-se de uma maneira que jamais havia sentido. Sentia seu coração partido e a falta de alguém.

Ainda no quarto, Leon retirou suas roupas e foi em direção ao banheiro. Precisava esfriar sua cabeça e pensar com clareza no que faria para saber o papel que aquela menina tem e tinha em sua vida. Abriu a torneira e deixou que um jato d’água caísse por todo seu corpo. O que faria? Para quem iria recorrer? Poderia Layla o ajudar? “Não! Não quero depender daquela mulher mesquinha!” pensou.

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Já era noite na cidade de Cape Mary, mas alguém não conseguia ficar em paz. Depois da conversa de mais cedo e de ter visto o estado que a japonesa ficou não podia dormir sem saber se ela ficaria bem. May trocou de roupa, pois estava com seu pijama, ajeitou o cabelo em frente ao espelho e decidiu que iria ver como Sora estava.

No caminho pensou em mil maneiras de conversar com a amiga sem que Leon as escutasse. Já era demais tudo o que ele estava passando e descobrir algo daquela natureza antes mesmo de melhorar seria um choque insuportável de engolir.

Desceu as escadas dos dormitórios, abriu a porta que dava para a rua e saiu porta a fora. De acordo com o que ia andando pelas ruas, observava como tudo estava tranquilo, quase como se problemas não existissem. Entrou na rua principal da cidade e continuou reto. O apartamento de Leon ficava a duas quadras do grande circo. A chinesa olhou para trás, não dava mais para ver o Kaleido Stage. Aquilo significava que não tinha volta, precisava continuar até o seu destino.

Chegou em frente ao prédio onde morava Leon. Antes de entrar, hesitou um pouco. Será que o rapaz estaria dormindo? Ou até mesmo Sora? Respirou fundo e decidiu que subiria até o apartamento. Apresentou-se ao porteiro indicando que era amiga de Sora e Leon, e após um telefonema May foi autorizada a subir.

Ao entrar no saguão principal, avistou o elevador. Esperou alguns segundos até que o elevador chegasse ao andar principal, então entrou e apertou o botão que dava para o último andar. Durante todo o trajeto até o apartamento, a chinesa foi ensaiando no espelho o que falaria se fosse Leon a abrir a porta.

O elevador parou e as portas abriram, significava que já estava no último andar. Andou em direção a porta e bateu. Passaram-se alguns minutos e nada aconteceu. Pensou consigo mesma que já era tarde demais e nenhum deles deveria estar acordado. De repente, ouviu movimentos com chaves do outro lado da porta e num instante depois a porta se abriu.

A chinesa suspirou aliviada quando viu que era Sora à porta. Pelo jeito o rapaz de madeixas prateadas já estava dormindo. Sorriu para a amiga e lhe deu um abraço carinhoso e depois entrou no local. Foi levada por Sora para a cozinha, onde ambas conversaram sobre tudo que estava acontecendo. Expuseram suas dúvidas e certezas, riram de muitas coisas que aconteceram ao longo daqueles meses e choraram juntas. As duas pareciam se entender muito bem.

- Se você precisar de ajuda pode me chamar. – A chinesa estava preocupada com o estado de saúde físico e mental da amiga. – Eu sei que daqui uns meses você não vai aguentar fazer muitos esforços.

- Eu chamo sim! – a estrela do circo retribuiu com um sorriso alegre.

- Bom, então eu já vou indo. – May aproximou-se de Sora e deu-lhe um beijo na bochecha e um abraço carinhoso.

May saiu da cozinha deixando com que Sora pudesse cozinhar em paz. Ao chegar a porta da frente, sentiu uma mão segurar-lhe o ombro. Olhou para trás e deparou-se com Leon.

- Eu gostaria de conversar com você! Eu percebi que você e Sora são muito amigas.

A taurina sentiu uma sensação estranha ao ouvir sair da boca do jovem o nome da japonesa. Seria essa a sensação que a amiga sentia? E o que Leon iria querer com ela? Estaria ele se lembrando mais de alguma coisa e querendo saber sobre a gravidez?

- Agora?

Leon olhou para os lados para constatar que Sora não os estava ouvindo. Não queria que a jovem ouvisse o que ele queria perguntar a May antes de ter respostas concretas.

- Pode ser amanhã! Eu gostaria de saber algumas coisas a mais. – ao terminar de falar, o escorpiano retornou para seu quarto. Deixando uma May confusa e interessada pelo que viria a seguir.

III.

No dia seguinte, eram quase 16 horas da tarde, Sora havia sido chamada no Kaleido Stage e a pedido de Karlos levou Leon consigo. Segundo Karlos eles precisavam conversar sobre a reabertura do circo para o público e era essencial a presença deles. “Será que eles querem que eu apareça para a imprensa nesse estado?” pensou.

Alguns minutos após a ligação de Karlos, Yuri estacionou o carro em frente ao prédio onde Leon morava. Iria levar Layla e Sora para a reunião no Kaleido Stage, Porém não imaginava que Leon também os acompanharia. Alguns segundos depois, os dois desceram até a portaria e aproximaram-se do carro do jovem pintor.

- Yuri? Layla? – Um lampejo de memória retornou na mente de Leon ao o casal de loiros. – Nós iremos ao Kaleido Star com eles?

A japonesa ficou sem reação. No dia anterior soubera que Leon lembrava-se de Layla, mas presenciar tal lembrança era ainda mais dolorido. Porque razão o rapaz não se lembrava dela? Ou será que ele não queria lembrar?

- Fique calmo Leon, nós só estamos aqui para levá-lo até o circo. Não queremos brigas. – rebateu o pisciano.

Sora respirou fundo, segurou no braço de Leon e os dois adentraram no banco de trás do carro. Leon ficou em silêncio o trajeto inteiro.

- O que ele gostaria de conversar comigo? – Sora voltou sua atenção para a loira que estava sentada no banco da frente. – Eu não posso fazer peças até... você sabe.

- É justamente isso! Ele quer conversar sobre quem ira substituir você e Leon nas próximas peças. – Yuri quem respondeu.

- Ah sim!

O resto do trajeto, os quatro permaneceram em silêncio. Yuri e Sora estavam evitando trocarem olhares e palavras. Não queria que ninguém suspeitasse de seu envolvimento. Layla apenas estava quieta, analisando a escolha que havia feito. Porém, o rapaz de madeixas prateadas notou um clima estranho no ar, parecia que algo muito ruim havia acontecido entre Sora e Yuri.

Ao chegarem ao circo, Yuri estacionou o carro. Logo após todos adentraram no recinto. Não estava tão calmo como pensaram que estaria. Pelos corredores podiam ouvir os gritos e murmúrios de cansaço dos demais acrobatas treinando. Certamente a ideia de reabrir as portas era certa.

Karlos estava os esperando do lado de fora de sua sala. Todos entraram e sentaram-se nas cadeiras em torno da mesa do dono do circo. Layla estava apreensiva com sua decisão. Yuri estava tranquilo e Sora estava ansiosa para saber o que queriam dela.

- Eu chamei você aqui Sora, pois como já adiantei ao telefone, nós estamos precisando reabrir as portas do circo. Sr Kennedy e Sr Hamilton estão ameaçando cortar o investimento.

- E o que isso tem a ver comigo? Você tem outras acrobatas como a May, a Anna, a Marion, a Rosetta.

- Justamente. Porém, ontem fizemos uma pequena reunião e destacamos que os expectadores são muito exigentes quanto aos artistas que farão as peças.

- Então, o que você quer dizer é?

- Eu fiz uma proposta para Layla e Yuri de substituírem você e Leon. Mas ambos ficaram de me dar a resposta daí uma semana, porém, decidimos que antes precisávamos comunicar a vocês e ouvir as suas opiniões.

- Se for aceito a proposta, nós atuaremos por um período de mais ou menos uns três meses até o Leon recuperar-se do pós-coma e poder voltar ao palco. – Yuri pronunciou-se.

A leonina olhou hesitante para a amiga de madeixas rosadas. Sentia que precisava da aprovação dela para substituí-la. Em momento algum gostaria de provar que era melhor que ela e que poderia tomar atitudes que dizia respeito a ela sozinha.

- Eu mais que aprovo. Acredito que é o melhor para o Kaleido Star. Os dois são excelentes acrobatas e já fizeram inúmeras peças juntos. – a japonesa voltou sua atenção para o casal. - Sou muito fã do trabalho de vocês. E acredito que o público vai ficar mais que satisfeito em saber que são vocês que farão as peças.

Karlos voltou sua atenção para Leon. Sabia bem que Leon e Yuri tinham suas diferenças, mas haviam resolvido há um tempo. Mas poderia ele, no estado que se encontrava, lembrar de tal coisa?

- E o que você me diz Leon?

O escorpiano voltou seus olhares para a moça de madeixas rosadas e soltou um suspiro. Alguma parte do seu passado estava faltando e poderia todos daquela sala fazerem parte dele? Era uma possibilidade. Não poderia arriscar ir contra a proposta sem saber ao certo a convivência de todos, mesmo sabendo que não confiava nada em Yuri.

- Por mim tudo bem. Já não é a primeira vez que me descartam.

Todos da sala voltaram sua atenção para o rapaz. Será que sua memória havia voltado? Estaria ele se lembrando que há alguns anos atrás sofrera um acidente e ficara acamado e Yuri o substituíra? O casal de noivos poderia substituir as estrelas por menos tempo do que esperavam.

Ao terminar de dizer tais palavras, Leon retirou-se da sala porta a fora. Não sabia ao certo o caminho a seguir, mas uma coisa tinha certeza: precisava encontrar May e conversar com ela.

Após a saída de Leon, todos voltaram a atenção para o assunto da reunião ali marcada. Apenas Sora estava um tanto preocupada com a saída repentina de Leon. Se ele ainda não se lembrasse bem das coisas ele poderia se perder?

- Srta Layla, aceite a proposta. Eu fico muito feliz em saber que estou deixando o meu trabalho nas mãos de uma pessoa tão competente e fabulosa. – a jovem oriental sorria. Tamanha era sua felicidade que não conseguia não sorrir, apesar da preocupação.

- Ok! Eu aceito.

Todos olharam para o jovem pintor. Esperavam a resposta dele. Seria possível que Layla concordasse e ele recusasse? Não! Não conseguiam pensar nisso.

- Aceito.

- Muito bem! Então, faremos o possível para reabrirmos as portas daqui a mês. Vou conversar com a Mia para que providencie o roteiro.

o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o

Leon começou a vagar sem rumo por entre os corredores do circo. Precisava encontrar May. Não agüentava nem mais um minuto sem saber o que se passara com ele antes do acidente que lhe ocorrera. Adentrou em um corredor onde ouvia muitas vozes ao longe. Imaginara que deveria estar perto do seu destino, seguiu adiante no corredor até o final onde havia uma grande porta.

Ao abri-la percebeu que deveria estar numa espécie de refeitório. Possivelmente era ali que os empregados faziam suas refeições. Enquanto o acrobata andava por entre as mesmas procurando pela chinesa, todos a sua volta observavam-no espantados. Ninguém imaginava ver o Leon, naquele dia, ali. E logo ali.

Em uma mesa no canto esquerdo do refeitório avistou uma mesa onde estavam sentadas outras meninas e May. Aproximou-se, cumprimentou cordialmente cada uma das garotas que pareciam estar muito espantadas com a presença do rapaz.

- Podemos conversar? – dirigiu-se a May.

May levantou-se rapidamente da cadeira em que estava sentada, pediu desculpas as meninas e saiu refeitório a fora com Leon, deixando as meninas sem saber o que realmente ocorrera ali.

Os dois foram para uma cafeteria que estava localizada nas proximidades do grande circo. A garota chinesa reconheceu ser aquele estabelecimento o último em que conversara com Leon antes do acidente. Poderia toda a história repetir-se novamente? Precisava dar as informações ao rapaz de forma graduada.

- O que você gostaria de saber?

- Há muitas coisas que quero saber e outras confirmar. – soltou um suspiro. Precisava ir com calma para não deixar a garota com medo, evitando assim que ela lhe contasse o que queria saber. – Eu trabalhei no Kaleido Star?

“Uma pergunta fácil de responder”, pensou May, “Se ele continuar com perguntas assim eu posso driblar a situação.”

- Sim, faz mais ou menos 3 anos desde que você ingressou no Kaleido Star.

- E porque razão eu ainda permaneço lá? – ajeitou-se na cadeira. Não era do feitio de Leon ficar tanto tempo em um circo, principalmente quando era apenas um convite como ele bem lembrava que o dono havia o feito. – Quero dizer, eu nunca fiquei mais do que 7 meses em nenhum local em que fui convidado a me apresentar. Houve um motivo para que eu ficasse?

- Essa pergunta é difícil de responder. Como eu posso saber se houve um motivo? – a chinesa tremeu um pouquinho a voz ao falar. Estava começando as perguntas a respeito de Sora e isso seria um pouco complicado responder.

- Sério? Parece que você sabe, mas não quer me dizer.

O rapaz de madeixas prateadas era dono de um talento em reconhecer quando as pessoas estavam escondendo alguma coisa de si. Ninguém guardava segredos de Leon Oswald.

- Eu realmente não sei.

- Tudo bem! Então, você pode me falar um pouco de Sora Naegino?

Chegara a parte que ela tanto temia. Ele fora rápido para abordar tal assunto. Respirou fundo e decidiu começar a contar do início do ingresso de Leon no circo, assim ficava mais fácil de cansar ele e poder desviar o assunto.

- Bom... no início não éramos muito amigas. No mesmo dia em que você entrou no circo, eu também entrei. Eu invejava Sora por ser a sucessora de Layla, pois eu é quem deveria ter sido e não uma amadora.

- Hum... E vocês começaram uma briga por lugar?

- Não. Sora não gosta de competições. Isso era o que mais me irritava nela. Eu queria poder competir contra ela e mostrar que eu tinha muito mais facilidade do que ela. Muitas vezes cheguei a pensar que ela não brigava comigo porque sabia que iria perder.

- Ela não gostava de competições? – Leon voltou-se no seu íntimo. Sua irmã Sophie também não gostava de competir. E o rapaz se lembrava muito bem que o que ele mais procurava em suas parceiras era ter características que lhe lembravam de sua irmã.

- Mas com o tempo pude perceber que era algo muito maior do que eu pensava. O talento e a força de vontade de Sora superavam qualquer barreira imposta contra ela. Tudo que eu fazia para derrubá-la não tinha sucesso e ela sempre conseguia me mostrar que eu estava sendo patética.

- Ela parecia manter uma ligação com o palco, uma vez ela chegou a dizer que o palco tinha sentimentos e não nós não deveríamos derramar sangue nele.

No momento que May disse tais palavras um fio de memória voltou a mente de Leon. “Lago dos Cisnes”, pensou Leon. “Mas o que isso quer dizer?”. Ficou um tempo em silêncio tentando se recordar de mais alguma coisa. Seria uma peça em que atuou?

- Por muito tempo eu fui sua parceira nos palcos. Até que um dia, você a escolheu. E nesse dia a peça que vocês atuaram foi Lago dos Cisnes.

- Lago dos Cisnes? Eu fui parceiro dela nessa peça?

- Sim. E daquele dia em diante a vida de vocês mudou.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Olá Galerinha!

Espero que gostem de mais esse capítulo! Me perdoem por demorar para postar, a minha vida tá uma loucura. Estou na reta final da faculdade e a monografia já está ai >.

Mas eu não abandonarei essa fic podem ficar tranquilos.

Bjinhos e até breve!



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