A Grande Busca escrita por Rebeca Bembem


Capítulo 8
Visitas completamente inesperadas.


Notas iniciais do capítulo

oooooooooooooooooooooooooie. Omg, esse cap. ficou enorme '-' mas eu não queria dividir ele em dois pra não deixar a vida de vcs mais difícil e ter que fazer alguns esperarem um seculo até que eu escrevesse o próximo. Então, vai assim mesmo. Espero que gostem =D



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Pedro estava fraco demais pra se levantar da grama, então Raquel ficou com ele enquanto corri à cozinha buscar uma jarra de água - sabia que um copo não seria suficiente, depois de todos nós termos quase morrido de susto, e, no caso específico de Pedro, um corte enorme no pescoço. Minhas mãos ainda tremiam meu coração ainda batia forte e eu ainda estava muito assustada, mesmo que já tivesse me acalmado bastante. Enquanto subia os degraus de entrada da minha casa, e seguia à cozinha, nos fundos, sentia uma inquietação profunda. O quê tinha feito aquilo no pescoço de Pedro? Por quê? E como uma simples pedra preciosa de um colar emitira uma luz e um poder tão fortes que curaram aquele monstruoso corte?

E mais. Hugo também tinha um colar. Parecia que todos que eu andava conhecendo até aquele momento tinham um colar. Não podia ser coincidência. E aquele bilhete, assinado com o nome de Bianca, jogado na grama lá fora, o que dizia?Burra, eu disse a mim mesma.Idiota, não leu o bilhete antes de tentar adivinhar quem era a menina por quê? Não que ter descoberto quem lhe deixara um bilhete justo na caixa onde seu colar desaparecido estava não fosse importante. Era. Muito. E se tratando da suposta filha da mulher que supostamente está por trás de tudo era ainda mais. E o pior, havia muitas suposições. E nenhuma delas me levara até minha irmã ainda. Tinha que haver uma explicação para tudo. E eu precisava dela. Urgentemente. Mas antes... Pedro.

Abri a porta da geladeira, pegando a jarra cheia de água geladinha, tendo dificuldade para segurá-la sem derramar nada por causa das minhas mãos trêmulas. Peguei alguns copos no armário, assim como umas bolachas e chips - não é saudável, eu sei, mas tinha que alimentar o menino antes que morresse de fraqueza e não tinha tempo de fazer um sanduíche natural - e segui para a porta de entrada. Hugo estava sentado nos degraus da escada. Seus cabelos pretos sacudiam pela fúria do vento, assim como os meus também começaram. Olhei para o céu que continuava nublado, mas que tinha escurecido anda mais.Ele deveria ter clareado pelo menos um pouco, eu pensei.Pedro está vivo e bem, e isso é motivo de grande alívio. Voltei a olhar para Hugo e ver o que estava fazendo antes de prosseguir. Tinha a cabeça baixa, e eu conseguia ver, de um ponto mais alto às suas costas onde eu parei, que ele segurava seu colar. Obrigada, eu murmurei secretamente ao colar que salvara a vida de meu melhor amigo. Era feito de uma corrente prata que não brilhava como a do meu colar e do de Manoela. Essa prata era um tanto quanto enferrujada, mais velha, ao que parecia, e seu pingente era menor. Uma pequena pedra cinza, do tamanho de uma moeda de um real, mais ou menos. Ele passava as mãos por ela, pela corrente, como se não entendesse direito o que acontecera. Bem, finalmente entende como me sinto, seu bobão?

Desci os degraus ao lado dele e nem parei nem virei a cabeça. Queria pensar que teríamos bastante tempo pra conversar depois. Segui para o arbusto e a macieira, e encontrei Raquel e Pedro abraçados e encostados na árvore. Recolhi o bilhete que estava no mesmo lugar onde eu o havia deixado e o guardei no bolso.

– Hey senhor-quase-nos-matou-de-susto. Trouxe água e lanche pra vocês - eu disse enquanto me sentava em frente à eles, e Pedro me dava um sorrisinho fraco.

– Obrigada, Alice. Só fique sabendo que não foi minha intenção quase matar nenhum de vocês - disse ele com uma voz fraca e rouca, enquanto se virava pra frente e pegava um copo de água que eu servira pra ele.

Raquel permaneceu quieta, sem falar absolutamente nada. Não deu um sorriso, nem um aceno de cabeça, nada que mostrasse que me vira ali, na sua frente. Olhava para o arbusto atrás de mim com as sobrancelhas franzidas, e os braços ao redor dos joelhos. Pedro comia animadamente um enorme pacote de Doritos, enquanto eu tomava água e olhava para Raquel, decidindo deixar que ela falasse quando quisesse. O que quer que tenha feito aquilo nele - pensei, olhando para Pedro - foi bastante traumatizante. De repente, ela olhou pra mim com seus profundos olhos castanhos que mostravam intensa preocupação e receio.

– Não estou ficando louca. Juro, Alice, por tudo que quiser. Eu vi. Foi um animal que passou as garras pelo pescoço dele - sua voz era falha, como se tivesse ficado tempo demais quieta, pensando, e não se lembrasse mais como usá-la.

– Que animal? Por quê? Como? - parei por aí, achando que talvez tivesse perguntado demais e rápido demais, e pudesse tê-la assustado.

Abri um pacote de Ruffles e já devorara metade do pacote quando Raquel falou. Pedro, pelo jeito, estava ocupado demais com o Doritos, provavelmente tentando ficar mais forte antes de falar alguma coisa.

– Uma águia - quase cuspi uma Ruffles fora quando ela disse esse nome, e meus olhos se arregalaram enquanto eu me arrepiava -. Uma águia? Aqui, na cidade? - era possível ter uma águia voando pelo Rio de Janeiro?

– Tenho certeza, Alice, juro. Um pássaro enorme, com penas azuis e brancas, um enorme bico e garras gigantes. Maior do que qualquer pássaro que já vi na vida - Raquel tinha começado a empalidecer, e seus olhos demonstravam mais inquietação que nunca - Eu e Pedro estávamos aqui, andando normalmente pelo jardim quando eu ouvi um som, um som alto e estridente vindo do alto, e me assustei. Olhamos pra cima e eu vi... Um gigante pássaro azul e branco voando em nossa direção. Vinha de bem alto, então deu tempo de Pedro me empurrar pra debaixo da árvore depois de a gente ter corrido um pouco. Nem consegui gritar, só arregalei os olhos mais do que já fiz na vida quando vi as garras daquela... Coisa indo em direção ao pescoço dele. Ela, a águia, passou as garras de baixo pra cima depois de parar na descida que fazia, e depois subiu. Queria atacar ele. Eu vi. Pode parecer loucura, mas quando Pedro caiu de costas nos meus braços eu vi a águia... Sorrindo. Não com a boca, porque ela tem um bico, mas vi um brilho feroz nos olhos pretos dela enquanto ela batia as asas, parada no mesmo lugar antes de levantar voo de novo. E vi um brilho verde nas garras dela. Acho que sei porque aquela coisa atacou ele.

Eu fiquei quieta durante todo o discurso perturbador de Raquel. Seus olhos e seus brilhantes cachos ruivos eram impossíveis de parar de olhar. E minha surpresa e admiração por tudo que ela falara e descrevera era enorme. Pedro finalmente parara de comer e se encostara na árvore, de olhos fechados e sobrancelhas franzidas, uma expressão que ficava no meio termo de relaxado e traumatizado. Não é de se espantar que esteja quieto. Uma águia gigante no meio da cidade. Atacou Pedro com as garras de baixo pra cima, no pescoço. Um brilho feroz nos olhos, um brilho verde nas garras... Tentava juntar as peças do quebra cabeça. ''E vi um brilho verde nas garras dela. Acho que sei por que aquela coisa o atacou''. Aquele bicho só podia estar querendo uma coisa, e quando mais relacionava a palavra pescoço com brilho mais uma ideia crescia em minha cabeça, até que quis ter certeza.

– A águia queria o colar de Pedro. É isso?

Raquel deu um profundo suspiro, triste, e Pedro finalmente abriu os olhos e tomou a fala, com um sorrisinho fraco.

– Sim, querida amiga. Você não é a única que tem um lindo colar mágico, tá bom?

– Tudo bem. Já me acostumei a não ser exclusiva - tentava demonstrar tranquilidade e não bombardeá-los com perguntas, já que eles sabiam sobre os colares. Tinha muitas perguntas a fazer, e queria começar, já! Mas tinha que ir com calma, afinal, eles não estavam muito bem.

Respirei fundo e fiz a primeira pergunta que me incomodava:

– Podem me dizer o que esses colares têm de mágicos? Só uma resposta simples, sei que estão cansados e tudo o mais, mas acho que mereço só saber porque todos parecem ter um colar 'mágico' e porque eles são tão importantes. Por favor, se souberem algo da minha irmã, seria ótimo se pudessem me falar, estou ficando louca de preocupação. - minhas tentativas de parecer calma podiam não estar funcionando, mas eu não me importava realmente. Só queria respostas, e por mais que parecesse que eu só estava me importando com colares, bilhetes e outras coisas, a verdade é que fazia tudo aquilo por Manoela. Sabia que não a encontraria enquanto não resolvesse todas essas dúvidas e que não iria a lugar nenhum sem saber o que estava acontecendo.

– São mágicos porque não são daqui, Alice - disse Pedro, parecendo me enxergar de verdade pela primeira vez -. Sempre suspeitei que vocês não sabiam de nada, que seus avós, seus pais e companhia limitada não tinham contado nada. Queria ter tido essa sorte. Não saber que tinha uma fonte de magia muito poderosa guardada em casa - ele parecia triste, mas determinado ao mesmo tempo, como se já tivesse superado o que quer que fosse e estivesse pronto pra outra.

– Fala dos colares, certo? - o encorajei a continuar.

– Sim, claro. São sete colares ao todo, Alice. Sete. Guarde esse número, vai ser bem importante quando descobrir umas coisas. E esses sete colares juntos podem formar, bem, um portal.

– Portal pra onde? - nunca teria pensado que isso era possível.

Como assim um portal? Pra onde? Havia outro 'lado'? Estava completamente confusa, mas assim que percebi que havia outro 'lado' as palavras de Pedro fizeram sentido... ''São mágicos porque não são daqui, Alice''. É claro! Então, se havia outro lado, esses colares vinham de lá. E ele também havia dito: 'fonte de magia muito poderosa'. Era isso... Magia. Minha cabeça girava com toda essa informação, com tudo que eu tentava absorver bem rápido pra poder entender mais. Queria saber mais. E quando Pedro continuou a falar quase fiquei sem respirar de curiosidade.

– Existe outro lado. Mesmo que pareça impossível, mesmo que pareça ridículo. Não sei muito sobre ele, nem sobre as pessoas que viviam/vivem lá. Mas sei que esses colares carregam a... Magia não é exatamente a palavra certa... - Pedro parecia estar pensando bastante, estava profundamente concentrado, quando Raquel interveio, quase me matando de susto.

Esquecera completamente de sua presença ali.Também, ela ficou tão quieta, nem ficou surpresa com tudo isso... A não ser que...ela sabe, sussurrou uma voz dentro da minha cabeça.Você é a única desinformada aqui, garota, acostume-se.

– Energia - disse Raquel, com uma expressão solene, determinada -. Essa é a palavra certa. Esses colares concentram a energia desse lugar. É isso que sabemos isso que podemos lhe dizer, Alice.

E já é bastante. Já me dava milhares de ideias sobre porque Cersei queria os colares. Pra abrir o portal, é claro. E precisava dos sete. Mas até aquele momento, não tinha contado sete pessoas com os colares. Eu, Manoela, Hugo, Pedro, Bianca... Cinco. Ainda faltavam dois. Quem seriam? Será que ela já tinha esses dois em seu poder? Ao que tudo indicava, ela tinha o de Manoela, e talvez o meu - mesmo que Pedro dissesse que o meu não estava com alguém ruim -. E o de Pedro, se aquela águia trabalhasse pra ela. Deus! Essa mulher tem até águias gigantes em seu controle. O quê mais seria capaz de fazer? E o que eu, Hugo e o casal mais fofo do mundo sentado à minha frente poderíamos fazer pra impedir ela de abrir esse portal? Porque agora eu entendia um pouco mais. Por isso Raquel, Pedro e Lúcio falaram no perigo de confiar no 'plano' de Cersei. Significava que abrir o portal era perigoso. E eu sabia por que Hugo era o único que era a favor de me levar até essa mulher. Sabia por que ele queria que ela tivesse meu colar, porque ficara decepcionado quando viu que eu não estava com ele, sabia porque ele queria que o plano desse certo, mesmo que todos falassem contra ele. E, finalmente, achava que sabia por que tiraram Manoela de mim. Porque ela entrou no caminho. E porque sem ela presa e sob ameaça de morte e tortura, eu nunca entregaria meu colar de graça.

Fechei meus punhos, com raiva dessa mulher, Cersei. Ela queria abrir um portal quando todos diziam: NÃO! Não sabia por que queria isso tão desesperadamente, mas estava colocando vidas em risco demais pra isso. Manoela, Pedro... Todos nós, em geral. Quem sabe quantos mais ela estaria machucando pra conseguir o que queria? Os outros dois... Não podia deixar que isso acontecesse. Pela primeira vez, eu achava que tinha um plano.

Nem percebi que Raquel e Pedro tinham se levantado. Nem notei que o céu escurecera, a lua cheia saíra de trás das nuvens e que eu estava sozinha, sentada na grama fria, com o vento furioso batendo em meu rosto enquanto eu esmagava tufos de grama nas mãos fechadas. Fiquei de pé, sequei uma lágrima de raiva do olho, recolhi o resto das embalagens de chips e comida - eles já haviam levado a água e os copos -. Andei pelo jardim e subi os degraus da frente, agora vazios. Encontrei Hugo sentado no sofá da sala, e resolvi sentar com ele. Deixei as coisas na mesinha de centro e me joguei no sofá, exausta. Agora que parava pra pensar, tudo acontecera no mesmo dia.

Acordei na casa de Hugo, tomei banho lá, discuti com ele e seu pai, saímos correndo, pulamos o portão da minha casa, não achamos meu colar, encontramos com Raquel e Pedro, Pedro foi atacado por uma águia gigante, eu recebi um bilhete que não lera ainda, e descobri umas coisas a respeito da minha situação atual. Nossa. Há tempos que eu não tenho uma semana tão agitada. Mereço um descanso, e como.

Quando já tirava o bilhete do bolso, à fim de ler em voz alta para que eu e Hugo pudéssemos saber o que Bianca queria conosco, uma voz conhecida chamou dos fundos da casa.

– Alice! Hugo! Venham aqui agora, acho que temos visitas! Rápido! - era Pedro, gritando, agitado.

Levantei-me, assustada, me perguntando por que o universo conspirava para que eu não lesse a porcaria do bilhete. E ainda mais, que tipo de visitas eu receberia àquela hora? E pelos fundos da casa? Ou seja, pelo bosque? Mas se Pedro nos chamava até lá, era porque eram amigos. Mesmo que não me restassem muitos. Puxei Hugo pelo braço, ansiosa e com medo ao mesmo tempo, indo até o quintal de fora, onde Pedro e Raquel estavam.

A luz do luar banhava toda a extensão de grama aparada até o bosque, refletindo na água da chuva que ensopara o quintal. As nuvens ainda cobriam o céu, por isso não eram visíveis as estrelas. O vento fustigava nossas faces com suas garras geladas, enquanto tremíamos e tentávamos enxergar o que eram aquelas três figuras magras e esguias que se aproximavam vindas do bosque. Eram apenas sombras, altas, que caminhavam com destreza e delicadeza. Eram um tanto assustadoras, caminhando calmamente na noite escura com o vento a distorcer nossa visão. Cutuquei o braço de Pedro e sussurrei:

– Tem certeza que são amigos?

– Tenho - ele abriu um largo sorriso, e quando olhei para Raquel, vi que ela também parecia feliz, com um brilho no olhar e uma expressão de alívio e alegria no rosto.

Virei-me para olhar novamente as três figuras, que chegavam cada vez mais perto, e vi que eram garotas. Pelo andar, pelas formas que conseguia distinguir, eram claramente três garotas adolescentes. Quando se aproximaram mais, pude ver que carregavam algo. A primeira, mais alta que as outras, parecia carregar um bastão, ou algo tão comprido quanto. A segunda, à direita da mais alta, tinha estatura mediana e carregava algo que parecia um arco. E por fim, pude ver a última, à esquerda da mais alta, a mais baixinha do grupo. Não parecia carregar nada, mas via que suas mãos estavam fechadas e pareciam maiores que as das demais.

As nuvens encobriram a lua mais uma vez e eu não pude enxergar mais nada. Tateei ao meu redor, procurando Hugo, até que encontrei sua mão e a segurei, tentando me sentir mais forte e preparada. Até que a lua voltou a brilhar e iluminar tudo ao redor. Mas havia uma coisa de diferente. O que eu via, paradas a pelo menos três metros de nós não eram garotas adolescentes com armas estranhas iluminadas pela luz do luar. Eram... Lobas. Quando pude ver aquelas formas gigantescas que com certeza não eram do tamanho de um lobo normal, ofeguei, apertei ainda mais a mão de Hugo e estremeci, sentindo o coração bater muito mais rápido.

A loba da frente, assim como a garota que ocupara seu lugar, era a maior do grupo. Com pelo menos um metro e setenta de altura ela se apoiava nas quatro patas, nos encarando com belos e grandes olhos castanhos que cintilavam. Tinha espessos e grandes pelos castanhos, e uma faixa de pelos louros ia da parte de trás do seu pescoço até a cauda. À sua direita via uma loba alguns centímetros menor, mas com certeza não menos grandiosa. Seus lindos pelos prata brilhavam à luz do luar como joias. E ela também tinha uma faixa que ia do pescoço à cauda, cortando seu magnífico mar de prata com um caminho branco como neve. E à esquerda da loba maior, vinha a menor e mais forte. Essa tinha pelos ainda mais brancos que a neve, tão brancos, que combinados à luz do luar, quase me cegaram. E assim como as outras, tinha uma faixa de pelo cinza escuro que ia até a cauda.

Quando pensei que não podia ficar mais fascinada e horrorizada, a coisa mais magnífica que já vira na vida aconteceu. Uma rajada de vento ainda mais forte quase nos derrubou no chão. E quando olhei para frente, vi as lobas voltando novamente à forma humana. O ar ao redor delas parecia tremular enquanto as caudas sumiam os brilhantes pelos entravam na pele, o nariz pontudo se achatava e elas se erguiam, graciosas, como belas adolescentes normais. Eu estava tão estupefata, surpresa e maravilhada que não pude falar nada, apenas admirar as garotas à minha frente enquanto a mais alta dava um passo à frente com uma expressão determinada no rosto.

– Olá, Alice. Pedro, Raquel, Hugo. Boa noite. Espero que não estejamos tão atrasadas. Perdoe-nos pelo atraso, Alice, tivemos uns probleminhas no caminho. Nada com o que se preocupar. Meu nome é Lyanna - Lyanna tinha longos cabelos castanhos que faziam cachos nas pontas que lhe chegavam à cintura. Seus olhos eram grandes e castanhos, e tinham um brilho de carinho e compaixão que não transparecia em sua voz firme, como se fosse uma grande alegria pra ela nos encontrar vivos e salvos. Finalmente percebi que o que carregava não era um bastão. Era uma espada. Longa e fina, tinha o luar na lâmina, que combinava com uma armadura simples com algumas peças de couro que usava.

A segunda garota saiu das sombras.Que linda, eu pensei. Era mais baixa, mas não deixava de ser magra alta e esguia, e andava graciosamente, quase sem relar os pés no chão, como se flutuasse. Tinha longos e lisos cabelos pretos como breu que se confundiam com as sombras às suas costas. Seus olhos eram de um verde bem claro e um tanto puxadinhos, mas não muito. Tinha o rosto fino e marcante, e um brilho de atrevimento e travessura brilhava em seus olhos e mexia com seu sorriso, como se se exibir virando loba e humana novamente fosse uma grande diversão. Trazia um arco na mão direita e uma aljava de flechas estava atada às suas costas, e ela também vestia a mesma armadura de poucas peças de aço e roupas de couro.

– Está a salvo agora, felizmente. Nada de ruim vai te acontecer, enquanto pudermos evitar, prometo. Chamo-me Nymeria.

Enfim, a terceira garota deu um passo à frente. Era baixinha e parecia ser a mais forte, com braços não tão magros e ainda tinha os punhos cerrados. Longos e lisos cabelos castanhos claros, quase loiros lhe caiam nas costas. Tinha bochechas rosadas e uma pele tão clara que eu pensei que fosse uma boneca de rostinho redondo. Tinha belos olhos castanhos claros, que mostravam que nada lhe agradaria mais do que socar alguém, o que os 'socos ingleses' que trazia em ambos os punhos provavam claramente. Usava algumas peças de aço em sua armadura e vestia couro, assim como as outras.

– Pena que não cheguei antes pra dar uns soquinhos. Peninha mesmo. Mas tudo bem. Vai sobrar bastante para o final, aposto. Enfim, sou Katy, irmã dessa bonitona de cabelo preto aí.

Balancei a cabeça, concordando, maravilhada demais pra falar. Felizmente, Lyanna me poupou do esforço de abrir a boca.

– Sinto muito ter que ser inconveniente Alice, mas viemos de longe pra te manter a salvo, e podemos ser lobas, mas sentimos frio quando estamos na forma humana. Será que podemos entrar e sentar em alguma coisa macia que não deixe minha bunda quadrada?

– Ah, claro.

E com isso, eu as conduzi porta adentro, enquanto elas cumprimentavam Raquel e Pedro como se fossem velho amigos, e Hugo as olhava, tão maravilhado quanto eu com aquelas estranhas lobas que chegaram na calada da noite pra me manter a salvo. Devo ser muito importante, me lembro de ter pensado.



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Notas finais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeey! Gostaram???? Reviews, é uma ordem, hunf! kkkk



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