October escrita por xDropDeadx


Capítulo 19
The girl of Liverpool I


Notas iniciais do capítulo

Hey everybody - demorou, mas saiu. (:
Capitulo hoje dedicado a AllyJordison13...
Espero que goste linda, :B
- Façam uma boa leitura todas vocês. C:



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#19

Parte I – Fuck! I’m lost

Apertei o casaco contra meu corpo, sentindo a brisa gelada estremecer-me em pontos estratégicos. Eu estava acostumada com o frio, entretanto ele parecia mais rigoroso em Londres. Ainda não tive tempo de me acostumar com o ar londrino, devo confessar.

Fazia apenas três horas que havíamos chegado, mas para mim era como se tivéssemos naquele quarto de hotel já há um dia ou meses. Eu estava extremamente impaciente, talvez até mais do que o normal. A cidade de Londres estava a todo vapor lá fora, e a cada momento que eu pensava nos ponteiros apressados, mais minha respiração saia pesada. Eu estava perdendo tempo ali dentro.

Fechei a porta da sacada, jogando-me na cama; comecei a quicar nela, encarando aquele teto cor de gelo sobre mim como se ele fosse cair a qualquer momento. Minha mãe tagarelava alguma coisa sobre eu arrumar minhas roupas, e meu pai já havia saído para tratar alguns assuntos do show de amanhã junto a Shawn e Corey.

– October, me ajuda. – minha mãe pediu ofegante, arrastando sua mala enorme com dificuldade.

– Porque tirar as roupas da mala sendo que iremos ter que colocar todas elas de novo amanhã? – perguntei com tédio, sentando-me sem coragem.

– Não precisa tirar todas, apenas as que iremos usar. Ou prefere usar as suas blusas como se tivessem acabado de sair do bucho da vaca? – rebateu, sem prestar atenção em minha face entediada.

– Não quero arrumar nada até eu sair desse confinamento no hotel. – respondi exasperada, me jogando novamente ao colchão macio de molas.

– Dedrick Gray! – escutei aquela voz me chamar, ou se preferir gritar, do quarto ao lado, já reconhecendo ser Craig. Droga não são nem cinco metros de distancia entre os nossos cômodos.

– Quê? – gritei de volta, vendo minha mãe xingar-me logo após.

– Vocês estão num hotel de sete estrelas, não em qualquer esquina.

– Meu travesseiro é duro, o seu também é?

– Ah vejam só... Ele quer saber se meu travesseiro é melhor que o dele. – resmunguei, escutando alguns risinhos da minha mãe. Rastejei-me até mais a frente da enorme cama, experimentando os dois travesseiros que ali tinham. Eles não eram duros, talvez fossem até mesmo de penas. Ótimo... pra mim.

– É duro pra caralho, Craig! – menti, fazendo sinal para que ela não me descarasse.

Que droga! Vou ir comprar outro, se não a situação vai ficar feia pro meu lado amanhã.

– Me espera, eu vou com você! – gritei, pulando da cama no mesmo instante. Não dei ouvidos pro quê quer que minha mãe tenha dito, talvez fosse para eu pegar outro casaco. Ah qual é, eu já estava parecendo uma balofa com aquela quantidade de roupas, talvez essa fosse à parte ruim da Inglaterra. Bati a porta do quarto enfim, e no mesmo instante Craig abriu a sua, sorrindo.

– Tenho a leve impressão de que estou salvando a sua vida. – disse, enfiando as mãos no bolso da blusa de moletom preto.

– Estava quase pulando da janela pra ver se era legal. – respondi ao mesmo tom de tédio, escutando-o rir.

– Alguém disse pular da janela pra ver se é legal? – escutamos no instante seguinte a voz de Sid, em nosso encalço. – Preciso de um travesseiro bom.

Segurei meu risinho culpado, ao ver então Craig assentir para ele, concordando. Azarados do cassete.

– Que tal uma volta por Londres? – insinuei, fazendo a minha melhor cara de pidona. Isso costumava funcionar... Quando eu tinha sete anos.

– Está muito frio. Traga um travesseiro pra mim Craig, já que vai comprar um pra você também. – pediu, dando tapinhas em seu ombro - É, carinha de gatinho abandonado não funciona mais, Tober. – dirigiu-se a mim, piscando e distanciando-se novamente, claro que com a imagem do meu dedo mal educado em sua memória.

– Então só restamos nós dois. – fingi doce, entrelaçando a mão de Craig contra a minha.

– Sai de mim capeta. – exasperou, apertando meus dedos.

– AIIIII CRAIG, ISSO MACHUCA!


ººº

– October, me espera! – Escutei Craig gritar enquanto tentava me alcançar. Olhei para trás, ele andava apressado. Estrangeiro é uma coisa constrangedora, não importa onde você esteja, vai ver que é por isto a semelhança entre os nomes.

Alcançando o ônibus de cor reluzente, pulei em sua traseira, me segurando no poste para justo propósito. Acenei freneticamente para que ele também pulasse, rindo junto com um grupo de londrinos, vendo graça nas tentativas frustradas de Craig.

– Como você é lerdo! – debochei assim que finalmente o vi perto de mim, ofegante.

– Não tenho culpa se você é um grilo, Tober. – rebateu, colocando a mão no peito, recuperando o ar. – E essa merda de ônibus poderia parar, não ia matar ninguém, muito pelo contrário. – praguejou, estirando-se em um dos bancos vagos. - Mas foi divertido. – cedeu enfim.

– Você é um homem das cavernas na época do sedentarismo. – resmunguei, revirando os olhos enquanto sentava ao seu lado.

Já fazia horas que estávamos andando pelo centro de Londres. A noite já havia chegado, e o frio piorado, mas não conseguimos parar um minuto sequer. Londres era aconchegante, e a maioria dos britânicos era gente bonita, bem que Stacy disse. No entanto, não era isso que me cativava nesta cidade que simplesmente fazia parte dos meus sonhos. Agora, na escuridão da noite é ainda mais fácil entender o que realmente me fez apaixonar por ela... São as luzes. Talvez fuja de minha compreensão a tamanha admiração por luzes, mas essas londrinas em si, são espetaculares. Meu pai me disse que as de Paris são ainda melhores, mas ainda estou descrente. Londres era agitada, e as luzes davam a sensação justa disso. Amarelas misturadas as coloridas dos pubs ferventes.

Já havíamos passado pelo Palácio Westminster; Ele é mais bonito do que nos filmes, fiquem sabendo. Mas confesso que o que mais me rendeu olhares perdidos, perdidos em meio a detalhes azuis florescentes, e movimentos de carros com o lado motorista à esquerda... Foi a Tower Bridge, ou se preferir “A ponte da torre”. Eu não sabia se era a sua estrutura medieval, ou se eu ainda estava impressionada demais para discernir tal sentimento enquanto aquilo... Só sei que tive os dedos espremidos novamente por Craig, em sua tentativa por pouco nula de me despertar do transe involuntário.

– Olha uma Starbucks! – gritei empolgada, puxando-o para fora do ônibus.

– Meu deus October, você quer me matar?! – gritou repreensivo, cambaleando junto a mim para fora do ônibus.

– Ah eu quero muffins!

– Estou começando achar que o torcicolo iria ter sido melhor do que ter saído com você, pelo amor da santa Maria, October.

– Não seja dramático, Craig... Ainda nem fomos à London Eye.

E nem iremos. – respondeu ríspido, fazendo-me jogar sua mão pro alto, já estressada.

– Como assim?

– Primeiro: Eu não estou sentindo meus pés. Segundo: Nem meus braços. Estou morrendo de frio. Terceiro: Você nem me deixou ir comprar a porcaria do meu travesseiro! – explodiu, gesticulando com as mãos exageradamente, enquanto arrancava algumas das atenções à frente da Starbucks, generosamente freqüentada naquele momento.

Encarei-o por uns instantes. O ar que lhe saia da boca já havia tomado sua forma de fumaça, e suas mãos, apesar de estarem comprimidas dentro do bolso, haviam se tornado pedras de gelo. Tá bom, eu estava com dó. Mas, de fato, se eu deixasse para amanhã, talvez não me restasse tempo... E eu havia prometido a mim mesma que se não visitasse todos os pontos turísticos de Londres, pelo menos, eu não iria me sentir feliz. Já era de se contar que, infelizmente, ou melhor: tragicamente, não irei até Liverpool, àquela pequena cidade litorânea do Reino Unido.

– Fazemos assim... Irei comer meus muffins deliciosos, enquanto você vai comprar seu travesseiro. O que acha? – perguntei, encarando-o seriamente. Craig observou minha face ainda por uns instantes, analisando cada traço meu com suas desconfianças, com certeza. Ele coçou o cenho, estalando a boca.

– Tudo bem... Mas não saia daqui até que eu volte, ok? – instruiu autoritário, fazendo-me rir. – Estou falando sério. – apontou o dedo para mim.

– Desde quando isso? – mal tive tempo de rir novamente, e apenas senti aquele soco, que pra ele era nomeado leve, sobre um de meus braços.

– OW. – soltei um gritinho, massageando o lugar enquanto ele olhava os lados, preocupado. Não evitei e ri logo após, acertando-lhe um tapa, com a ajuda das pontas de meus pés, na nuca. – Pode ficar tranqüilo, eu vou te esperar. – pisquei enfim, caminhando afobada até a fachada daquele lugar que cheirava á café, chocolate e mel. Talvez não fosse mel, mas seja o que for, é bom.

Era movimentado, quase todas as mesas eram ocupadas, e a fila, talvez, fosse até maior do que a do Mc Donalds. Taí uma coisa que não se vê todos os dias... Ao não ser: “É que você nunca foi num banco.”, essa frase de Paul Gray. “Tudo bem, prefiro a do MC Donalds por enquanto.”

– O que a senhorita vai querer? – a moça de cabelos loiros presos num coque perguntou-me, esforçando-se em sua gentileza. Dava para ver de longe sua feição cansada.

– Um Muffin de chocolate e Frapuccino de caramelo. – respondi empolgada, batucando o balcão com minhas unhas. A mulher sorriu, se ausentando por uns minutos, mas logo aparecendo novamente, já com os meus pedidos.

Sentei-me em uma das mesas distantes do tumulto do caixa,  encarando o movimento pelo vidro, que cercava a frente do estabelecimento. Enxerguei abaixo dos reflexos alaranjados do poste, alguns respingos de sereno caírem. Talvez a temperatura estivesse expirando totalmente. Ótimo, eu ainda nem havia visita London Eye.


...

Meus dedos já estavam ficando com câimbra por se ocuparem sobre a mesa de mármore congelada. Olhava para fora e para o relógio pregado a cima da porta de entrada constantemente. Maldita hora em que eu fui deixar meu celular descarregar. Maldito Craig, pra falar a verdade.

Ignorando os olhares lançados a mim daquela mesma mulher que me atendera mais cedo, levantei-me finalmente dali, apertando bruscamente aquele casaco em volta de meu corpo arrepiado de frio. Se eu morrer de pneumonia, é culpa do Jones.

Caminhei para fora da Starbucks sentindo que nada de muito bom estava prestes a acontecer. Na verdade eu tinha certeza disso, e uma delas era o fato de que o Craig poderia estar perdido... E outro que colaborava firmemente com este é que, eu também não fazia a mínima idéia donde estava, ou sequer, onde ficava aquela desgraça de hotel. Nerd hackeador, chifrudo, gordo, fedido, filho duma senhora mal educada, e tudo que há de ruim, da porra.

Senti o ar passar por minha garganta vagarosamente. Andei lentamente pela extensão da calçada. A sensação de desamparo é ainda pior quando você observa o seu redor e repara que as pessoas estão sempre acompanhadas, rindo e conversando entre si.

Eu-quero-o-meu-pai-agora!

Olhei o relógio de pulso que eu houvera ganhado de Angie, marcando quase oito horas da noite. Ok, agora eu estava ficando com medo... E se eu começar a entrar em desespero, apenas uma coisa: FODEU.

– Oi, o senhor pode-me dizer onde fica o telefone público? – perguntei a primeira pessoa que passou por minha percepção naquele momento, agarrando seu braço para que me desse atenção.

– Não. – o senhor de meia idade respondeu rude, voltando a caminhar com sua maleta pendurada.

– Ah valeu... cuzão. – terminei baixo, é claro.

Segurei firmes meus cabelos, sentindo que meu coração se comprimia cada vez mais dentro do peito. Nunca fui lá ter esse tipo de sentimento, mas o fato de que eu estava em um país onde eu sequer sabia como as pessoas se comportavam, fazia-me mudar rapidamente de idéia. October, October... Além de ficar perdida, ainda nem vai visitar a London Eye. Tudo por causa dessa porcaria de roda-gigante gigante.

– Oi... Precisa de ajuda? – escutei uma voz atrás de mim. Virei-me ao mesmo instante, esperando achar meu refugio. Era uma garota, aparentemente de idade próxima a minha, com o rosto coberto parcialmente pelo capuz da blusa reforçada que vestia.

– Eu acho que estou perdida... – respondi sem jeito, encarando o chão. – Meu amigo foi comprar travesseiro e não voltou. – terminei simplesmente, escutando-a rir logo após. – Que foi?

– A filha de Paul Gray perdida pelas ruas de Londres porque um amigo sumiu pra comprar travesseiro, sinceramente, não é uma coisa que vejo sempre.

– Ótimo, você sabe quem eu sou. Não vai querer roubar minha calcinha pra vender no ebay, e mostrar para as amigas né, ou vai?

– Imagina... O que me interessa é a cueca do Joey Jordison. – rebateu ágil, fazendo-me rir.

– Se eu fosse você desistiria dessa idéia, e nem queira saber por quê.

– Não quero mesmo... Perder o encanto. – completou rindo. – Sou Ally. – cumprimentou-me então, entendendo suas mãos enquanto tirava seu capuz.

– October, ou Tober, ou Dedrick, ou capeta, se preferir. Você quem decide.

– Se quiser, posso te levar até o hotel onde vocês estão.

– Sério?

– Sim... Acho que meu pai não se importaria de eu chegar atrasada alguns minutos.

– Ingleses não costumam ser pontuais? – perguntei, já caminhando com a garota estranha ao meu lado. Qual é, agora eu estava com mais esperanças de dormir numa cama quentinha.

– Sim, mas adolescentes ingleses nem tanto...

– Entendo.

– O que estava fazendo lá, tirando o fato de estar esperando seu amigo do travesseiro...

– A gente ia até a London Eye... Mas acho que o Craig também se perdeu.

Ops.

– Craig Jones? – assenti - Quer dizer que ele é sociável?

– Insuportavelmente. Mas não conta pra ninguém, acho que ele não irá gostar muito de perder a segunda mascara.

Ai minha cabeça rolando pelo chão do apartamento londrino mais tarde.

– Tudo bem. – respondeu rindo pra si. – Podemos dar uma passadinha pela London Eye, se quiser.

Senti meus batimentos cardíacos aumentarem sua intensidade rapidamente, como se houvessem despertado aquela mesma empolgação de mais cedo novamente, tão intensa quanto havia surgido. A encarei surpresa, descrente, de todos os modos possíveis, não havia conseguido me controlar.

– Vem, vamos... Não está tão longe assim! – disse então, puxando-me pelos braços.

Por um minuto acho que consegui me esquecer de que eram oito horas da noite, de que eu estava perdida, de que Craig estava perdido.

London Eye, lá vamos nós!



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