Destino escrita por Fe Neac


Capítulo 47
Capítulo 47 - Despertar


Notas iniciais do capítulo

Yo minna!! Quero agradecer a todos vocês, leitores mais lindos de todo o Nyah, por todos os reviews que recebi. Acreditam que já passamos dos 600 reviews? Eu fico muito feliz por tantas pessoas comentarem e gostarem da história, e também por IchiRuki ser tão popular! Simplesmente amo esses dois! E amo vocês também ^.^
Agora, vou parar de tagarelar, e deixar vocês lerem o capítulo em paz. Muchas Gracias à Lara-chan por betar o capítulo para mim!
Merry Christmas!! Ou, na fonética japonesa, Merii Kurisumasu! ^.^



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Ao ver que a morena sucumbira à inconsciência, o príncipe se desesperou. Apoiando um dos joelhos na cama, segurou-a pelos ombros e a balançou suavemente.

– Ei! Rukia! Eu disse que você tinha que ficar acordada! Oe! – gritou, e sua voz tremia diante da possibilidade de perdê-la.

Vendo que ela não esboçou qualquer reação, puxou-a de encontro ao seu peito e a abraçou. Encostou a testa à dela, fechando os olhos numa vã tentativa de se controlar e, em seguida, levou uma das mãos ao cabelo macio, acariciando-o enquanto sussurrava:

– Você... Não pode dormir. Por favor... Acorde!

O coração do rei se contraiu dolorosamente diante do sofrimento contido na voz do filho. Desde aquele primeiro momento na sala do trono, quando Rukia chegara ao castelo, fora capaz de adivinhar que não era a primeira vez que se encontravam. Observara-os atentamente durante todas as suas interações, e percebera o forte sentimento que havia entre os dois. Mas, apesar de tudo o que constatara, não imaginava que seu filho amava aquela moça tão profundamente.

De repente, a porta foi aberta, revelando a pequena figura de Hanatarou, que trazia uma maleta contendo suprimentos médicos. Sem fôlego pela corrida, o rapaz se assustou ao olhar a morena, que sangrava nos braços do ruivo, tendo a pele ainda mais pálida do que o usual.

– Rukia-san! – aproximou-se rapidamente da cama. – Ichigo-sama, deite-a para que eu possa examiná-la!

Irracionalmente, ao invés de soltá-la, Ichigo estreitou o abraço. Tinha medo de que, se a soltasse, nunca mais pudesse tomá-la nos braços novamente. O jovem médico olhou para o rei em busca de ajuda e este, compreendendo o pedido silencioso, foi até o príncipe, tentando fazer com que voltasse à razão.

– Filho, Hanatarou-san precisa examiná-la agora. Deite a Kia-chan novamente na cama, sim? – disse, colocando a mão em seu ombro, apertando-o.

Ichigo despertou de seu transe, olhando primeiramente para o pai, e então para Hanatarou. Assentiu e se afastou da morena por um segundo, fitando intensamente o rosto adormecido, em seguida repousou o pequeno corpo na cama.

Pegando uma tesoura, Hanatarou sem demora cortou o tecido próximo ao ferimento. Enquanto examinava atentamente o machucado, a porta foi novamente aberta, e Yoruichi entrou intempestivamente no quarto.

– Onde está minha fi... – começou a dizer, detendo-se ao ver a filha deitada. – Por Kami! – exclamou, levando as mãos à boca, aterrorizada.

Ishin se postou ao lado da amiga, envolvendo-lhe os ombros carinhosamente.

– Acalme-se, Hanatarou-san já está cuidando dela. Vai ficar tudo bem.

– Como isso aconteceu? Ichigo, quem foi o bastardo que fez isto com ela? Ele já está morto? Porque se não estiver, vou matá-lo com minhas próprias mãos!

– Eu... Não sei – sussurrou em resposta, desviando o olhar.

Sentia-se culpado por não ter chegado a tempo de evitar que sua amada sofresse tão graves ferimentos. Só de pensar na dor e desespero que ela devia ter sentido, sentia vontade de invadir aquele acampamento e matar todos aqueles malditos com suas mãos.

– Aqui estão vocês! Como ela está? – Urahara adentrou o quarto, juntamente com Masaki e Ishida.

– Ela está ferida, Kisuke! Eles a machucaram! – Yoruichi foi até o marido, abraçando-o e escondendo a cabeça em seu peito.

– O ferimento é grave? Como ela se feriu? – Urahara perguntou.

– Eu devia ter prestado mais atenção, não ter permitido que ela fugisse! – Ishida se lamentou.

– Não! A culpa é minha, Ishida-kun. Jamais deveria ter deixado que aquele sujeito ficasse sozinho aqui com ela! – Masaki disse com tristeza. – E devia ter acreditado na capacidade de julgamento do meu marido.

– Masaki, não se culpe! – o rei falou.

– CHEGA! – Hanatarou gritou repentinamente, assustando a todos. – Me desculpem, mas tenho uma emergência médica aqui, e não é hora de ficar discutindo de quem é a culpa. Sei que estão preocupados, mas terei que pedir a todos que se retirem!

– Eu não saio do lado dela! – Ichigo protestou. – E eu estava quieto!

– Eu também não vou deixá-la sozinha! – Yoruichi exclamou.

– OK. Vocês dois ficam, mas me deem espaço para trabalhar! Os demais, por gentileza, se retirem – disse com autoridade. – Masaki-sama, por favor, peça a um dos criados que me traga uma bacia com água quente. E toalhas limpas. Ah, e também mande alguém pegar lá em meu consultório um vidro com essência de alecrim. Preciso desinfetar o ferimento, e o alecrim também vai auxiliar a cicatrização.

O jovem médico falava com tanto conhecimento, que ninguém ousou questionar. A rainha saiu apressadamente em busca do que o pequeno lhe pediu, enquanto os demais se retiraram do quarto rapidamente, deixando Rukia aos cuidados de Hanatarou, Ichigo e Yoruichi.

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– Por sorte, nenhum órgão vital foi atingido. Entretanto, o ferimento foi profundo, e Rukia-san perdeu muito sangue.

Com exceção da princesa e sua dama, todos estavam reunidos na biblioteca, inclusive Ichigo e Yoruichi, que Hanatarou conseguira tirar do quarto a muito custo. Ouviam atentamente o jovem médico, a espera de um prognóstico.

– Limpei o ferimento, o suturei e consegui parar o sangramento. Havia ainda muitas escoriações e arranhões, especialmente em suas pernas. Estes ferimentos também já foram tratados. Ela ainda tem um pouco de febre, e é nisto que estou focando agora. Febre é sinal de infecção, e nunca é bom quando aparece após um ferimento tão grave.

– Ela está fora de perigo? Ela vai ficar bem? – Yoruichi perguntou, aflita.

– Infelizmente, não posso dizer que Rukia-san já não corre mais perigo. Fiz tudo o que era possível, agora... Depende de Rukia-san.

– O que exatamente quer dizer com “depende de Rukia-san”? – o príncipe perguntou bruscamente.

– Significa que eu já fiz tudo o que podia ser feito – respondeu.

Subitamente, Ichigo se levantou e foi até Hanatarou, segurando-o com força pela camisa.

– Que tipo de droga de aprendiz de médico é você? Como pode dizer que já fez tudo o que podia? Ela está lá, desacordada! – os olhos castanhos brilhavam, tomados pela ira. – Tem que ter algo mais que você possa fazer! Você tem que salvá-la! Tem que fazer com que ela acorde.

– Ichigo-san – o jovem disse, sem se abalar diante do rude tratamento. – Eu não parei de tratá-la. Estou prevenindo infecções, cuidando para que a febre abaixe. Mas ela se encontra na mesma situação em que um dia você esteve. A medicina só pode ir até um ponto. A partir daí, depende de como o paciente reage ao tratamento.

– Então, o que você está dizendo é que... – Ichigo afrouxou o aperto, por fim soltando o rapaz.

– Só nos resta esperar – concluiu o médico.

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Após a pequena reunião, Ichigo foi até o quarto da amada. Não saía de seu lado em nenhum momento e recusava deixar o aposento, ainda que fosse por pouco tempo. Passou a noite inteira numa cadeira posta ao lado da cama, segurando a mãozinha fria, tentando aquecê-la com o seu próprio calor. Em alguns momentos, chamava por ela, e pedia que acordasse, enquanto acariciava os cabelos macios. E assim seguiu até a madrugada quando, incapaz de manter os olhos abertos, apoiou-se na cama e ali adormeceu.

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Na manhã seguinte, o rei pediu que a princesa Inoue fosse até a sala do trono.

– Inoue-san, como estão os preparativos para a sua viagem?

– Já está tudo em ordem, Majestade. Apenas aguardo a escolta, conforme suas ordens.

– Bem, então você poderá partir hoje mesmo. Conversei com Yoruichi e Urahara, e decidimos destacar uma das equipes que vieram para ajudar na busca da Kia-chan para fazer a sua escolta.

– Se Vossa Majestade não se importa, eu gostaria de partir imediatamente. Já fizemos o desjejum, e os seus servos já prepararam alimentos para a nossa viagem.

– Excelente. Mandarei agora que alguém a ajude com suas bagagens.

– Obrigada. Com sua licença, Majestade – disse, em seguida se curvando e saindo do aposento.

Assim que abriu as portas, encontrou-se com os líderes do esquadrão Shinigami, que aguardavam uma entrevista com o rei. Iriam discutir a carta de Kenpachi, além de outros assuntos.

Ao se deparar com a princesa, Yoruichi lhe lançou um olhar mortal. Então era aquela a mulher que, juntamente com Renji, envenenara Masaki e colocara a vida de sua filha em risco. Sentia vontade de esbofeteá-la, e precisou de todo o seu autocontrole para não o fazer.

Inoue se sentiu intimidada diante do olhar que ela lhe lançava e se encolheu toda. Fez uma leve mesura frente aos dois e deixou o lugar com passos apressados.

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– A carta de Zaraki traz informações valiosas – o rei disse aos velhos amigos. – Informa o local onde as tropas inimigas pretendem se reunir para o ataque, bem como quais estratégias pretendem adotar. O reino Schiffer tem guerreiros formidáveis, mas o rei Ulquiorra decidiu não colocar seu maior trunfo em risco. Está mandando primeiramente, em sua maioria, homens do reino Kuchiki.

– Por que ele não está vindo com tudo? Por que usar homens do reino Kuchiki, que pelo que sei não tem uma cega lealdade ao rei? – questionou Urahara.

– Surgiram rumores de que um levante estava sendo preparado por parte do povo do antigo reino Kuchiki – o rei respondeu. – Ao que parece, eles estão fartos da maneira como o reino é conduzido. Embora tenha domínio sobre o território, Ulquiorra não deixou suas habitações no castelo dos Schiffer. Colocou como governador daquelas terras um tal de Noitra Jiga, um sádico que gosta de mandar sequestrar as jovens que acha mais aprazíveis, e as torna suas concubinas. Aquele reino, onde as pessoas eram felizes e tinham uma vida confortável, está miserável.

– Entendo. Ele planeja que os Kuchiki e os Kurosaki destruam-se mutuamente – disse o comandante do esquadrão Shinigami. – Assim, ele acaba com os homens fortes do reino Kuchiki e suprime a rebelião, além de nos causar danos sem sacrificar todos os seus preciosos guerreiros.

– Exatamente. E, quando estivermos fragilizados, ele vem com seus soldados mais poderosos e nos domina facilmente.

– É um belo estrategista, este Ulquiorra – disse Yoruichi, pensativa. – Quanto tempo temos para traçar nossas estratégias?

– Três meses. Em três meses, eles se reunirão e virão em marcha até o castelo. Mas quero interceptá-los antes disto. Há mais um fato interessante – disse Ishin.: – ainda que seus maiores guerreiros não venham, o rei Ulquiorra planeja vir, para o caso de os soldados Kuchiki serem o suficiente para ganhar a guerra. É um velho hábito da família real Schiffer: arriscam o pescoço do seu povo enquanto se escondem. E então, quando a batalha está praticamente ganha, o rei aparece para dar o golpe de misericórdia, e levar o crédito pela conquista. Não seria bom se algum general fosse mais adorado do que o rei.

– Bem... Matar o rei é sempre um forte golpe para as tropas. Elas perdem grande parte de sua motivação – Urahara pontuou, pensativo.

– É verdade. Bem, ainda nos resta algum tempo antes da batalha. E não me agrada a ideia de voltar ao esquadrão antes que Rukia acorde... – Yoruichi comentou. – O que me leva ao outro assunto que desejo discutir com vocês.

– Que assunto?

– Eu creio que chegou o momento... De dizer a Rukia quem ela realmente é.

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Após supervisionar o transporte de sua bagagem, Inoue decidiu que era chegada a hora de partir. Apressou-se a ir até a sala do trono, verificar se a reunião do rei já havia acabado, e avisá-lo de que tudo estava preparado para sua viagem. Parou do lado de fora e se preparou para bater na porta, anunciando sua presença, mas a voz alterada da rainha fez com que se detivesse.

– Então, na verdade Rukia é... A herdeira legítima do trono Kuchiki? – Masaki, que se juntara ao grupo, dizia surpresa.

– Sim... Há 14 anos, eu e Kisuke a encontramos. A ela e a Renji, na verdade. Duas crianças, sozinhas na floresta. Quando os vi... Não pude mais deixá-los para trás. Aquela menininha pequena, branquinha, com cabelos incrivelmente negros e olhos incrivelmente azuis. Aquele jovenzinho corajoso, que assim que nos viu se pôs à frente da pequena, a fim de protegê-la. Nós os levamos para casa conosco e, depois de algum tempo, Renji finalmente nos disse a verdade, mostrando este colar como prova. E então, devido ao que aconteceu ao reino, tivemos medo de que, se os Schiffer soubessem que ela estava viva, tentassem matá-la, e assim extinguir a família real. Então, guardamos este segredo, e os criamos como se fossem nossos filhos.

– É... Uma história e tanto – Masaki disse, aturdida. – Mas... Se Renji-san era o protetor da jovem princesa, como pôde fazer tudo o que fez?

– Infelizmente, a devoção de Renji pela sua princesa acabou por se transformar em amor. Um amor possessivo e por vezes egoísta, mas, ainda assim, amor. E, devido à maneira como o destino os uniu, quando descobriu que estava apaixonado por Rukia, ele teve certeza de que o universo os queria juntos. Que era tudo um plano de Kami para que se casassem. Afinal, se o reino não tivesse sido destruído, se ele e Rukia não tivessem ficado sozinhos, ele jamais se aproximaria dela como aconteceu. Ela seria inatingível.

– Até pouco tempo atrás, esta obsessão estava sob controle. Entretanto, depois que Rukia conheceu Ichigo-san, o lado possessivo e perigoso de Renji veio à tona.

– Masaki – Yoruichi chamou. – Isso resolve o seu problema, não? Não precisara quebrar sua promessa com a rainha. Rukia não é uma plebeia.

– Yoruichi... Eu jamais impediria Ichigo de se casar com sua filha por ser uma plebeia! Eu apenas usei este argumento porque seu outro filho pediu que eu não confrontasse Rukia com a verdade. Disse-me que ela me prenderia em sua teia de mentiras, faria com que eu acreditasse nela. Então, eu disse que usaria este motivo, contra o qual não havia argumento.

Após ouvir esta parte da conversa, Inoue andou lentamente para trás, sem poder acreditar no que escutara. Então, Rukia não era uma plebeia? Era uma princesa, a herdeira perdida de um dos maiores reinos que já existiu. Como isso era possível? Desnorteada, afastou-se rapidamente da sala do trono, subindo então as escadas, e quando deu por si, estava diante do quarto da morena. Uma grande curiosidade a atingiu. Rukia devia ter algum sinal, não? Algo que denunciasse sua origem nobre.

Abriu lentamente a porta do quarto, parando na entrada do mesmo. Rukia ainda estava desacordada, e Ichigo permanecia ao seu lado. Segurava uma das mãos delicadas junto aos lábios, sua outra mão acariciava os cabelos sedosos.

– Quando é que você vai acordar, hein? – sussurrava, sem desviar os olhos dela. – Que droga, Rukia! Nós... Já ficamos ontem o dia inteiro separados, e agora você fica aí, dormindo! Eu... Estou com saudades de conversar com você, ouvir sua voz. Fale comigo, meu amor. Eu sei o quanto você é forte, você tem que acordar logo!

Até mesmo Inoue ficou tocada diante da perceptível tristeza na voz do príncipe. Se ela soubesse... Quem Rukia realmente era, jamais teria... Não. O importante não era quem Rukia era. Ao saber que o príncipe já amava alguém, ela deveria ter desistido, ao invés de tomar parte em um plano tão inconsequente como àquele de Renji. Mas como imaginaria que tudo ia acabar desta forma?

“Se algo acontecer a Rukia-san, o sangue dela estará em nossas mãos” – Inoue relembrou as palavras da rainha. O sentimento de culpa se apossou da princesa, que levou as mãos aos lábios, tentando se controlar.

Finalmente, Ichigo percebeu que não estava mais sozinho. Desviou os olhos da morena por um instante, e se surpreendeu ao encontrar Inoue ali parada. A surpresa rapidamente foi substituída por ira, e depois por indiferença. Ichigo voltou a olhar para a amada, tornando a acariciar seus cabelos.

– O que você quer? – perguntou friamente, raiva contida transparecendo em sua voz. – Você não é bem vinda aqui.

– Eu... Só vim me despedir, Kurosaki-kun... Vamos partir agora mesmo, e é provável que nunca mais nos vejamos. Então...

– Ótimo! – ele a cortou. – Faça muito boa viagem. Agora faça o favor de se retirar, sim?

– Ah, sim... Eu... Só queria dizer que jamais pensei que tudo terminaria assim. Eu não queria machucar a Ku... Urahara-san – Inoue se impediu a tempo de chamá-la de Kuchiki. – Se eu pudesse voltar atrás, não faria nada do que fiz. Mas acontece que eu não posso. Tudo o que posso fazer é dizer o quanto estou arrependida, e que espero que a Urahara-san melhore logo... E que desejo que vocês sejam muito felizes. Sei que não posso pedir o seu perdão. Muito menos o dela. Mas eu precisava, ao menos, pedir desculpas.

Respirou profundamente. Não queria chorar na sua frente. Levantou a cabeça e viu que ele a olhava, sem demonstrar qualquer sentimento. Diante do silêncio dele, prosseguiu:

– Bem... É isso. Adeus – despediu-se, e então se foi.

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– Obrigada pela acolhida, Kurosaki-sama, e por nos receber com tamanha cortesia. Peço desculpas pelos transtornos que porventura eu possa ter lhes causado – a princesa disse polidamente, enquanto se curvava.

– Foi um prazer – Ishin assegurou, cordialmente. – Mande nossos sinceros cumprimentos e respeitos à Sora-sama.

– Certamente, Majestade.

– Ishida-kun, muito obrigado por tudo – disse o rei, apertando com força a sua mão. – Jamais poderemos ser gratos o suficiente por toda sua ajuda e lealdade, quando não tinha nenhuma obrigação conosco.

– O que é isto, Majestade! Fiz apenas o que minha consciência e meu coração mandaram.

– O que torna suas atitudes ainda mais especiais, Ishida-kun – Masaki disse, surpreendendo-o com um terno abraço. – Obrigada por ajudar meu filho, e por se colocar a nossa disposição desta maneira.

Vermelho diante do abraço da rainha, Ishida apenas assentiu. Voltou-se para a carruagem, quando sentiu alguém tocar o seu ombro. Ao virar, deparou-se com o rei Ishin.

– Tem certeza de que não quer repensar minha proposta? Nossa escolta é mais que suficiente para proteger Inoue-san. Nos sentiríamos honrado se passasse a viver em nosso reino.

– Eu agradeço profundamente, Majestade. Mas o reino Inoue é o meu lar, e não me imagino vivendo em outro lugar. E também... Agora eu encontrei algo importante, que não posso abandonar – completou, voltando-se para Tatsuki, que corava.

Auxiliou as duas senhoritas a entrarem na carruagem, e se sentou na direção da mesma. Após uma última reverência, e um aceno amistoso, Ishida incitou os cavalos, partindo do reino Kurosaki.

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A morena caminhava tranquilamente pela planície verdejante, com o sol aquecendo sua pele de maneira agradável, enquanto a brisa fazia seu cabelo balançar suavemente. Nunca estivera num lugar tão bonito, e toda angústia que sentiu quando foi capturada pelos Schiffer foi substituída por uma inefável sensação de paz. Desejosa de admirar mais atentamente aquela paisagem, Rukia sentou à sombra de uma árvore, enquanto olhava atentamente ao seu redor. A grama, que parecia veludo, estava repleta de pequenas flores nas mais diversas cores. O céu exibia um azul perfeito, e nenhuma nuvem podia ser encontrada. Logo abaixo, mais à frente de onde a pequena se encontrava, havia um pequeno rio de águas cristalinas, que corriam mansamente.

Somente uma palavra poderia descrever o que a morena sentia agora: êxtase. Ela conhecia este sentimento muito bem: era o que sentia cada vez que Ichigo a tocava, beijava, amava... Ou quando simplesmente a olhava. Uma sensação de que a vida não poderia ser melhor.

Notando um movimento na outra margem do rio, observou com atenção o lugar, surpreendendo-se ao constatar que não estava mais sozinha: um casal a observava serenamente. O homem tinha longos cabelos negros, era alto, possuía o porte altivo característico à realeza, e seus olhos eram cinza. Era um homem muito belo. Olhou para a mulher que estava com ele e não pode evitar uma exclamação: a mulher era sua cópia. Ou seria ela uma cópia da mulher? Não sabia dizer, mas se sentiu extremamente atraída pelas figuras peculiares, um sentimento de nostalgia surgindo em seu peito. Sentia que conhecia aquelas pessoas.

Levantando-se, andou calmamente até o rio. Os dois não se movimentaram, apenas continuaram a encará-la carinhosamente. Olhando seus rostos, uma imagem surgiu em sua mente: estavam os três num quarto bonito, o casal sentado na cama, sendo que o homem a mantinha sobre a sua perna, balançando-a enquanto ela gargalhava.

“Nii-sama! Cavalinho!” – uma voz infantil, que deduziu ser sua, gritava em sua mente.

“O nii-sama está cansado, minha pequena!” – ouviu a voz profunda do homem ressoar em sua cabeça, e viu sua própria imagem, estirando os lábios em desapontamento.

“Oh! Querido, brinque com ela mais um pouco! Você sabe como Rukia gosta de ter você por perto! Não é, nee-chan?” – a moça disse a olhando com carinho, rindo quando a pequena assentiu e “Nii-sama” voltou a balançá-la.

Parou na margem do rio, observando o casal atentamente, e então seus olhos brilharam em reconhecimento:

– Nii-sama! Nee-san!

Os dois lhe sorriram abertamente, e Rukia tentou atravessar a água para chegar até os seus irmãos, entretanto, uma espécie de barreira a impedia de passar.

– Por que não consigo ir até vocês?

– Porque ainda não é a hora, Nee-chan! – sua irmã respondeu suavemente.

– Sim. Você tem que voltar, Rukia! Seu destino ainda não foi cumprido – o homem completou.

– Meu destino? - Rukia disse, e então, ouviu uma voz lhe chamar com urgência.

“Rukia! Acorde, Rukia, por favor! Acorde e fale comigo, meu amor!”.

– Ichigo... – virou-se para o local de onde a voz do ruivo parecia vir, e em seguida olhou novamente para o casal. – Eu tenho que ir! Ichigo... Está me chamando!

– Sim, nós sabemos... Cumpra seu destino, Rukia! Honre o nome de nossa família! – ouviu a voz profunda dizer, e a imagem dos dois começou a esmaecer.

– Nii-sama! Nee-san! – gritou, esticando as mãos e em vão tentando tocá-los.

–Seja feliz! E não esqueça mais de nós, nee-chan - a mulher lhe disse.

E então, subitamente, a bela paisagem foi substituída pelo rosto cansado de Ichigo, que tinha os olhos fechados e a testa encostada à sua.

– I... Chi – ela o chamou fracamente.

Imediatamente o rapaz levantou a cabeça, olhando-a atentamente, uma sensação de alívio invadindo seu peito e iluminando seus olhos.

– Rukia! Você acordou, meu amor! – segurou seu rosto entre as mãos e tomou seus lábios com desespero, beijando-a apaixonadamente. – Você voltou pra mim! – sussurrou, olhando profundamente em seus olhos, e então sorriu, passando a encher o rosto delicado de beijos.

Rukia não pode evitar rir levemente. Não poderia haver melhor recepção. Finalmente, todo aquele inferno estava acabado.

– Claro que eu voltei – falou docemente. – Eu ouvi você me chamar. Jamais te deixaria esperando.

Após dizer estas palavras, o sonho voltou com força em sua cabeça, as imagens mais nítidas a cada momento. O que significava aquilo? Ela os chamara de irmãos... Mas o único irmão que tinha era Renji, não era? Quem eram aquelas pessoas?

Todas aquelas perguntas sem resposta a deixaram atordoada. E, pela primeira vez em sua vida, Rukia sentiu curiosidade acerca de suas origens.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido o capítulo! Particularmente, eu me apaixonei mais pelo Ichigo... Tão Kawaii a devoção dele pela Kia-chan... *olhos brilhando*
Como sempre, estarei aguardando seus lindos, amados e vitaminados reviews. Façam os olhinhos desta autora mais-que-baka brilharem, comentem, onegai! XD
Espero vocês no próximo capítulo!