Destino escrita por Fe Neac


Capítulo 44
Capítulo 44 - O Amor de Isshin


Notas iniciais do capítulo

Yo minna-san!! Quero primeiramente agradecer a todos os lindos que me deixaram review, e dar boas vindas aos novos leitores! Estou postando o capítulo sem betagem, mas assim que a Lara-chan betar, eu faço as correções. Não queria deixar vocês esperando ^.^ Então, perdoem meus erros de português.

Como o titulo do capítulo já diz, voltaremos no tempo para entender como alguns laços se formaram. Espero que gostem.

Sem mais, vejo vocês nas notas finais!!!



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O rapaz de cabelos negros cavalgava a toda velocidade, com o vento ricocheteando em sua face, agitando e embaraçando ainda mais seu cabelo. Não que fossem espetados e rebeldes, mas o excesso de fios fazia com que tivessem muito volume, dando-lhe uma aparência “nada apropriada para um príncipe”, como sua mãe costumava dizer desde quando ainda era pequeno.

Tinha uma personalidade extrovertida, sempre animado e brincalhão, o que fazia com que seu pai freqüentemente o questionasse sobre quando começaria a “agir como um homem”. Não se importava com o fato do pai reprovar seu comportamento, tinha plena consciência de quem era, e não planejava mudar. Não podia enxergar o que o desabonava diante do rei: era correto, corajoso, educado e tinha um bom coração. Parecia que seu pai confundia “ser maduro” com “ser infeliz”, coisa que jurara a si mesmo jamais ser.

Diminuiu o ritmo gradativamente, por fim descendo do cavalo e sentando debaixo de uma frondosa árvore. Sentia-se especialmente agitado quando pensava no que o esperava naquele dia.

Há alguns meses, o rei decidira que o casamento faria bem ao seu filho. O rapaz já tinha 23 anos, e aos olhos do rei não mostrava sinal algum de maturidade. Decidido, começara a buscar uma princesa de algum reino importante, de forma a fazer do casamento uma aliança vantajosa para seu reino.

Resistente à ideia no inicio, o jovem príncipe teve que se conformar, já que seu pai não estava disposto a ceder. Após meses de negociação sobre alianças e dotes, os reinos entraram num acordo. Hoje, iria conhecer sua futura noiva e, dali a um mês, o casamento se realizaria.

Estava tão mergulhado em seus pensamentos que sequer percebeu a aproximação de seu melhor amigo.

– Bom dia, Ishin-sama!

– Bom dia, Kisuke! – disse amigavelmente. – Quantas vezes já lhe disse que não precisa me chamar com o “sama” quando estamos a sós?

– Força do hábito – respondeu, encolhendo os ombros.

Sentou-se ao lado de Ishin e um silêncio nada usual, porém agradável, predominou entre os dois amigos até que Kisuke o quebrou.

– Você está quieto hoje... Isso é raro – olhou com o canto dos olhos para o amigo, que nada disse. – Sempre tem algum acontecimento pra contar, ou algo pra reclamar...

– Ah! Só estou um pouco pensativo hoje... – respondeu, pegando uma pedra do chão, e então a atirando longe. – Hoje é um dia muito importante – disse repentinamente.

– O que há de tão importante hoje?

– Hoje é o dia que conhecerei a mulher com quem irei passar o resto de minha vida...

– Então é por isso que está tão calado? Ainda não quer se casar? – perguntou. – Ou será que o corajoso Ishin tem medo de mulher? – zombou, jogando a cabeça para trás e rindo.

– Ah, cala a boca! Qual é o problema de eu estar com um pouco de medo? Afinal, eu nem mesmo imagino como ela é! E se ela for feia? E se ela for insuportável? E se ela for má? – perguntou, exaltado. – Ser príncipe é uma droga! – desabafou.

– Tem pessoas que fariam de tudo para estar em seu lugar... Kira Seyki, por exemplo.

– Não imagino porque alguém iria querer ser da família real. São apenas responsabilidades, responsabilidades e mais responsabilidades! Quase nunca posso fazer o que quero, e sempre tenho que pensar nos outros antes de pensar em mim. Eu queria ser mais capaz de controlar meu próprio destino – suspirou. – Às vezes, me pego pensando se não teria sido melhor que os Kira tivessem herdado o reino.

– Não diga isto nem de brincadeira, Ishin. Você conhece muito bem a família Kira. São todos ambiciosos e sedentos de poder. Não se importa nem um pouco com seu povo? – Urahara repreendeu o amigo.

– Foi só um desabafo, Urahara.

A conversa foi interrompida quando ambos avistaram, ao longe, a carruagem que trazia a futura esposa de Ishin.

– Parece que é hora de voltar para o castelo – disse o príncipe enquanto se levantava.

– Boa sorte! – disse Urahara.

– Boa sorte coisa nenhuma, você vem comigo! Se ela for um dragão, vou precisar do meu futuro comandante para me proteger! – zombou.

Urahara, entretanto, não estava prestando atenção em mais nada do que o outro falava.

– Não creio que precisará de qualquer proteção, Ishin... – balbuciou atordoado, olhando na direção da carruagem que passava.

Ishin se virou para ver o que o amigo olhava com tanta atenção. Por um instante, ficou sem palavras. Pela janela da carruagem podiam ver duas jovens. Era difícil escolher qual delas era mais bonita.

– Bem, pela aparência, eu ficaria feliz em casar com qualquer uma das duas! – exclamou. – Resta conhecer suas personalidades.

– Você é um maldito de sorte, isso sim – Urahara disse, rindo. – Então vá até lá, meu amigo, e descubra qual delas é sua mulher.

Sem esperar outro comando, Ishin correu ate seu cavalo, montando-o e seguindo às pressas para o castelo.

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Ishin conseguiu chegar ao castelo apenas alguns minutos antes das visitantes. Assim que entrou, sua mãe veio apressadamente ao seu encontro.

– Onde esteve? Sua noiva já chegou! – ralhou. – Aii! Olha como está o seu cabelo! Tinha que ter ficado no castelo, esperando-a, e não sair por aí a cavalo!

– Meu cabelo fica ruim de qualquer jeito, minha mãe! – respondeu, encolhendo os ombros.

A rainha chegou a abrir a boca para retrucar, porém desistiu quando avistou o rei que se aproximava.

– Ao menos, se comporte – sussurrou para o filho, que não pode conter um sorriso.

– Os convidados já chegaram? – perguntou à esposa, e então reparou no filho. – Por Kami, Ishin, não podia ter se vestido mais adequadamente? Afinal, a primeira impressão é muito importante! Lembre-se de que conhecerá sua noiva!

– Estou ciente disto, meu pai! Mas não acha que é bom que ela já vá se acostumando com quem eu sou? Melhor do que criar uma imagem perfeita que será lentamente destruída nos anos de casamento...

– Chega! Os dois! – sibilou a rainha. – Nossos convidados estão chegando.

Encaminharam-se para as escadarias na intenção de receber a princesa assim que a mesma descesse da carruagem. Após ver as duas donzelas, Ishin ficara extremamente ansioso. O cocheiro rapidamente desceu e foi abrir a porta da carruagem, dando a mão à uma das jovens, que sem demora desembarcou. Tudo nela o agradou: a pele morena, os olhos felinos num claríssimo tom castanho, o corpo esbelto e proporcional, e a coloração incomum dos cabelos.

– Seja bem vinda, Shihouin-sama! – exclamou o rei, tomando a mão da morena na sua. – Gostaria de apresentar minha rainha, Kurosaki Rey, e meu filho, Kurosaki Ishin.

– É uma honra conhecê-los majestades. Obrigada por me receberem tão cordialmente – disse, fazendo uma reverência. – Em nome de meu pai, apresento sinceras desculpas. Compromissos urgentes o retiveram em nosso reino. Ele espera estar aqui para o casamento.

– Veio sozinha, então?

– Não, minha dama veio comigo – voltou-se para a carruagem. – Venha Masaki, não seja tímida.

A jovem dama saiu com a cabeça abaixada, o rubor tomando sua face. Ao contrário de Yoruichi, Masaki era extremamente tímida. Tinha cabelos ruivos compridos, belos olhos castanhos escuros, pele alva e o corpo tão bem feito quanto o da princesa.

– É uma honra conhecê-los, majestades – disse timidamente, enquanto se curvava.

Sabendo o quão desconfortável sua dama ficava na presença de estranhos, Yoruichi resolveu dispensa-la das entediantes formalidades que viriam pela frente.

– Masaki, poderia levar nossos pertences aos nossos aposentos? – a mesma assentiu, e já se retirava quando Yoruichi a chamou. – Aproveite para se refrescar e descansar. Logo me juntarei a você! – disse, com um sorriso.

– Mas que distração, a minha! – exclamou a rainha. – Este calor todo, e nós a mantendo aqui fora... Venha, minha cara, vou ordenar que um de nossos servos lhe sirvam um refresco. Filho, acompanhe nossa convidada até a sala de estar.

O príncipe, que até então estivera analisando a dama que se retirava, virou-se para a princesa com um sorriso no rosto.

– Será um prazer! Por aqui, Shihouin-sama! – ofereceu-lhe o braço, que Yoruichi aceitou educadamente.

– Pode me chamar de Yoruichi. Afinal, seremos marido e mulher dentro de um mês – disse sem emoção, enquanto entravam na sala.

– E você pode me chamar de Ishin – respondeu. – Por favor, fique à vontade – completou, indicando uma poltrona para a princesa e se sentando a sua frente.

– Então, você é o meu noivo... – disse repentinamente, depois de passar alguns minutos o analisando. – Sabendo que sua futura esposa chegaria hoje, não pensou em estar um pouco mais apresentável?

Ishin pensou em retrucar, mas não soube o que dizer. Ela estava certa. Que tipo de homem, sabendo que conheceria a mulher com quem passaria o resto de sua vida, se apresentaria como ele estava? Usava uma de suas roupas de montaria mais surradas, sendo que a mesma tinha manchas de terra e até mesmo suor.

A princesa começou a rir, deixando-o confuso.

– Sua expressão de preocupação agora foi impagável! Não se preocupe quanto ao modo como me recebeu. Gostei disso – ela disse, surpreendendo-o. – Um de meus maiores medos era que o meu marido fosse algum tipo de “almofadinha”, que acha que tudo tem que ser perfeito o tempo todo.

– Quanto a isso, não precisa se preocupar, Yoruichi-san! Se tudo o que precisa é que seu marido não seja perfeito, creio que posso fazê-la muito feliz! – gracejou, fazendo-a rir.

– Você é engraçado... Outro ponto ao seu favor – disse, em seguida perguntando: - E eu? Quantos pontos já tenho a meu favor?

– Deixe-me ver... Você me acha engraçado. Você não quer que eu seja perfeito... – disse, contando nos dedos e em seguida sorrindo. – Isso são pontos a seu favor. Mas a sua aparência é um problema para mim, devo admitir.

– Por quê? – perguntou, levemente surpresa.

– Só de pensar na quantia de marmanjos que ficarão a sua volta tentando conquistá-la... Sua beleza é suficiente para gerar guerras, Yoruichi-san. – concluiu galanteador, tendo o prazer tirá-la dos eixos, deixando-a ruborizada. – Quem é que está com uma expressão impagável agora?

Yoruichi não teve oportunidade de responder, já que a rainha chegou à sala e a partir daí a conversa se tornou mais formal.

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Na semana seguinte, Yoruichi e Ishin ficaram cada vez mais próximos. Estavam cientes de que o casamento era inevitável, e tentavam ao máximo se conhecer melhor. Para sua alegria, descobriram que tinham muito em comum, e ambos achavam a companhia do outro muito agradável. O príncipe aprendeu mais sobre o reino Shihouin e sua história, ficando impressionado ao saber que todos, sem exceção, passavam por treinamento militar, isso incluindo sua futura esposa.

– Mas não há opção? É obrigatório para todos aprender a lutar? – perguntou curioso, enquanto cavalgavam.

– Sim. Meu pai acha que, se tem condição de segurar uma espada, deve aprender a lutar. A proteção da soberania de nosso reino é a única coisa com que o rei se importa – disse, pensativa. – Mas é até bom, sabe? Gosto de lutar. Sou muito forte e muito ágil, uma das melhores guerreiras de meu reino, pode perguntar à minha dama...

– Até poderia, mas ela não é muito de falar, não? – comentou. – Todas as vezes que ela me vê, arruma um jeito de não falar comigo e praticamente sai correndo.

– Masaki é muito sensível. Sua família era de um reino vizinho ao nosso. Seus pais haviam morrido e ela estava só. Certo dia, eu e minha mãe voltávamos de uma visita ao reino vizinho, quando a vimos cercada por um bando de homens. Nossa escolta a salvou, e após ouvir sua história, minha mãe a tomou sob sua proteção.

Haviam parado ao lado de um lago, deixando que os cavalos descansarem. Sentaram-se no chão, e o príncipe ouvia atentamente a história.

– Ela tinha apenas dez anos e eu tinha seis... Minha mãe morreu dois anos depois de encontrarmos Masaki. Meu pai ficou devastado, e se afastou de mim. Mesmo sendo quase tão criança como eu, Masaki cuidou de mim. Ela é minha dama, minha melhor amiga e eu a considero mesmo como uma irmã.

– É uma história triste. A dela, e a sua também, se me permite dizer, Yoruichi.

– Sim. Mas sempre tivemos uma à outra.

Um trovão ressoou, e ao longe ambos viram que uma tempestade se formava.

– É melhor que voltemos ao castelo – disse Ishin, levantando-se e estendendo a mão para a morena.

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A noite caíra e, conforme o tempo antes prometera, uma chuva forte caiu sobre o reino. Inquieto, Ishin não conseguia de maneira alguma conciliar o sono. Desistindo por fim de tentar dormir, levantou-se, pensando em ir à biblioteca e ler algo até que o sono viesse. Desceu as escadas e, ao entrar na biblioteca, surpreendeu-se ao ver Yoruichi em pé ao lado da janela, com o olhar perdido na escuridão.

– Yoruichi? Tudo bem?

– Ishin! – ela disse, assustando-se. – Sim, sim, está tudo bem... Só estava um pouco inquieta esta noite. Não consegui dormir de maneira alguma.

– Eu também não... – observando quão pensativa a morena parecia, perguntou: - Algo a preocupa, Yoruichi?

– Não, só estive pensando... Daqui a três semanas, estaremos casados...

– E? – Ishin a estimulou a prosseguir.

– E... – suspirou, em seguida voltando-se para o rapaz. - Ishin-san... Você ama alguém?

Ele a estudou por um instante, por fim decidindo responder honestamente.

– Não.

– Obrigada por sua sinceridade. Detestaria que fingisse um sentimento inexistente apenas para me agradar.

– E você, Yoruichi? Já há alguém em seu coração?

– Não – balbuciou a princesa, virando-se novamente para a janela. – Não nos é dado este direito, Ishin-san. Não temos o luxo de poder nos apaixonar... Todo o rei deseja um filho homem, que assuma seu trono quando ele se for. Mas meu pai teve apenas a mim. Princesas não são úteis, a não ser que sejam utilizadas como objetos para barganhas e alianças entre reinos... Eu mesma, se não casar, serei apenas um fardo para meu pai.

– Não diga isso! Estou certo de que seu pai a ama muito.

– Meu pai não enxerga utilidade nenhuma em mim, Ishin – disse ainda olhando pela janela. – A não ser a possibilidade de uma boa aliança com algum reino.

– Entendo bem do que está falando – suspirou. – Não é muito diferente com os homens, acredite. Por diversas vezes, me senti um fardo para os meus pais.

– Não sei se fico feliz ou triste com isso – admitiu com um risinho, virando-se e o olhando nos olhos. – Ishin-san... – hesitou.

– Sim?

– Já que tenho que casar de qualquer maneira, fico feliz que seja com você.

Num impulso, Ishin foi ao encontro da princesa e a envolveu em seus braços carinhosamente. Yoruichi apenas de aconchegou em seu peito, e Ishin percebeu o quanto ela precisava daquele abraço.

– Também fico feliz que meu pai a tenha escolhido para ser minha esposa.Você sempre poderá contar comigo, Yoruichi-san.

Após isso, sentaram-se nas poltronas e a conversa se tornou mais leve e divertida, até que o sono finalmente chegou, e ambos decidiram que era hora de ir dormir.

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No dia seguinte, o rei teve uma importante reunião com o comandante de seu exército e os administradores das províncias do reino. Decidindo que era hora de Ishin assumir maiores responsabilidades, o obrigou a participar das reuniões. Já era tempo de o rapaz começar a aprender sobre como administrar o reino.

Inquieta, Yoruichi não conseguia ficar parada no castelo. Todas as opções de distração que a rainha lhe apresentava a deixavam entediada. E Masaki queria ou ficar no quarto com suas costuras e bordados, ou ir à biblioteca para praticar no belo piano que a rainha permitira que ela usasse.

Vestindo um traje de montaria, decidiu sair um pouco. A despeito da chuva forte da noite anterior, o sol brilhava forte no céu. Montando o cavalo, seguiu para um dos lados que ainda não havia explorado junto ao príncipe, mas sem sair da propriedade.

Já estava cavalgando há um bom tempo, quando avistou um jovem rapaz que treinava movimentos que Yoruichi logo reconheceu. Era perita naquela luta. Descendo do cavalo, observou-o por um tempo, até que não pode mais ficar quieta.

– Seus joelhos não estão flexionados o suficiente. E tem que separar mais as pernas, senão seu adversário o derrubará facilmente.

O rapaz se assustou ao ouvir a voz feminina, mas logo se recompôs:

– Desculpe, senhorita, mas sei exatamente o que estou fazendo – respondeu, olhando-a com curiosidade.

Sentia que já a tinha visto em algum lugar, mas não lembrava onde. Como poderia se esquecer de onde conhecia aquela mulher tão bonita?

– Está fazendo errado – ela disse, recostando-se em uma das árvores.

– Não, não estou. Minha família inteira é de guerreiros, e meu pai é comandante do esquadrão Shinigami. Então, repito: sei o que estou fazendo! – disse com firmeza, mas Yoruichi não se abalou.

– Você ser filho do comandante não muda o fato de que está fazendo isso errado – disse, olhando para as próprias unhas e então levantou a cabeça, encarando-o. – Eu o derrotaria em poucos segundos.

– Então prove! – disse, adotando uma atitude arrogante, o que a irritou. – Eu não tenho nenhum escrúpulo quanto a enfrentar uma mulher. Mas prometo que serei bonzinho com você.

A princesa foi até ele e se posicionou. Conforme prometido, em menos de dez segundos, o rapaz se encontrava de cara no chão, com a moça sobre seu corpo e torcendo o seu braço.

– Eu te disse que te derrotaria em poucos segundos... – disse, torcendo-lhe mais um pouco o braço. – Preciso ainda mostrar que, ao contrário de você, eu sei o que estou fazendo, “filho do comandante”?

– Não – disse com um gemido, e ela o soltou. – E meu nome não é “filho do comandante”, é Urahara Kisuke – levantou-se desajeitadamente.

– Yoruichi – disse simplesmente.

Repentinamente, Urahara se lembrou de onde a tinha visto: ela era uma das duas moças que estavam na carruagem da noiva de Ishin.

– Espere um momento! Você é a princesa? – disse surpreso, em seguida se curvando. – Me perdoe pela maneira como agi, majestade.

Aquilo a incomodou. Não queria que ele a tratasse como um servo. Apesar da arrogância, tinha simpatizado com o rapaz. Queria que ele a tratasse como igual.

– Não, sou a acompanhante – ouviu-se dizer.

– Ah! – o rapaz se levantou. – Ainda bem. Mas de qualquer maneira, me desculpe por subestimá-la. Mas como sabia que eu estava fazendo o movimento errado? Sua reação foi muito rápida!

– Em nosso reino, é comum que todos aprendam a lutar desde pequenos – respondeu sorrindo. – O rei acha que forma melhores soldados...

– Bem, Yoruichi, conseguiu me impressionar. Poderia me mostrar como fazer aquele movimento corretamente? – pediu com humildade, surpreendendo-a.

– Claro!

Passaram assim uma tarde agradável, até que o crepúsculo os surpreendeu, e cada um seguiu seu caminho, com a promessa de se encontrarem no dia seguinte.

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Após passar boa parte da tarde em exaustivas reuniões, tudo o que Ishin desejava era descansar. Sua mãe dissera, num tom reprovador, que a princesa saíra sozinha a cavalo. Ishin achava aquilo bom. Já que ela viveria ali, ficava feliz que ela se sentisse a vontade para andar sozinha pela propriedade. Seus pais haviam se recolhido para descansar antes do jantar e Ishin pensava em fazer o mesmo, mas um som vindo da biblioteca o fez parar.

Entrou no aposento, a fim de descobrir quem era o responsável por aquela música tão maravilhosa. Surpreendeu-se quando descobriu que era a dama de Yoruichi. Tocava com os olhos fechados, apreciando a melodia e era a primeira vez que ele a via assim, tão à vontade. Recostou-se na porta, apreciando o som e a cena, até que ela abriu os olhos e, vendo-o ali a encarando, assustou-se, levantando e fechando o piano.

– Não fique tão assustada! – ele disse, entrando na biblioteca. – Às vezes, eu sinto que você pensa que eu quero lhe fazer algum mal.

– De maneira alguma, alteza! – ela exclamou, ruborizada. – Apenas me sinto um pouco intimidada na presença de estranhos.

– Muito prazer, Kurosaki Ishin! – disse, pegando a mão dela e depositando um beijo, fazendo seu rosto ficar ainda mais vermelho. – Pronto. Agora que me apresentei e a cumprimentei, não somos mais estranhos!

Masaki primeiro ficou desconcertada, depois não pode evitar rir. Como Yoruichi dissera, ele era realmente uma pessoa simpática e agradável.

– Você toca divinamente – ele disse, olhando para o piano. – Eu confesso que amo a música, mas jamais consegui tirar uma nota harmoniosa deste piano, por mais que tenha me esforçado e levado alguns tutores à loucura.

– Mas é tão fácil! – ela exclamou. – Eu nunca tive professores, a música veio até mim naturalmente... Se quiser, posso ensiná-lo – disse, em seguida dando-se conta do que dissera. – Quero dizer...

– Eu adoraria!

– Bem, já que é assim... Sente-se, por favor – postou-se ao lado dele, apontando para as teclas do piano. – Bem, esta nota se chama “Dó”, esta se chama “Ré”... – prosseguiu explicando, mas o mau aluno estava mais atento à professora do que à lição. – Kurosaki-sama, está prestando atenção?

– Claro que estou! – exclamou, fingindo-se de ofendido.

E assim a tarde passou agradavelmente, até que foram surpreendidos pelo entardecer. Ambos foram para seus quartos preparar-se para o jantar, não antes de Ishin conseguir a promessa de outra aula na tarde seguinte.

______________________________

Nas duas semanas seguintes, a amizade entre Yoruichi e Ishin se fortaleceu. Passavam as manhãs juntos, e a tarde Yoruichi saia para treinar com Urahara, enquanto Ishin continuava suas lições com Masaki.

Nesta tarde, a rainha demorara um pouco mais para ir ao quarto repousar, o que deixou a princesa e o príncipe extremamente ansiosos. Assim que a rainha finalmente foi se deitar, Yoruichi deu uma desculpa qualquer e saiu, enquanto Ishin foi rapidamente para a biblioteca.

– Eu pensei que você não vinha hoje – disse sua “mestra”, sentada ao piano.

– Eu jamais perderia uma de suas lições! Principalmente agora que evolui tanto! – respondeu, sentando-se ao lado da ruiva.

Praticaram por algum tempo em silêncio. Percebendo que ela parecia incomodada, perguntou:

– Algo a incomoda, Masaki?

– Ishin... – ele pedira que ela o chamasse assim, após as primeiras aulas. – Por que está aqui comigo, ao invés de estar com sua noiva? Está claro para mim que você não tem pretensão nenhuma de aprender a tocar piano. Apesar de todas minhas lições, toca tão mal quanto da primeira vez.

– Eu gosto de sua companhia, apenas isso – respondeu, mas sentiu que dizia uma mentira.

O que aquela mulher significava para ele? Por que ficava tão ansioso pelos momentos que compartilhavam naquela biblioteca? Estar ao lado dela era tão bom... Era reconfortante, era como se sentisse que finalmente encontrara seu lugar no mundo. Repentinamente, compreendeu: apaixonara-se por Masaki.

– Por quê? – ela perguntou. – Falta apenas uma semana para o seu casamento com Yoruichi-sama, e estar aqui com você me faz sentir... Culpada.

A lembrança da proximidade de seu casamento o atormentou. Por mais que gostasse da companhia de Yoruichi, era doloroso demais pensar que nunca mais poderia partilhar daqueles momentos ao lado da jovem dama.

– Eu acho... Que estou apaixonado por você! – disse, aproximando-se e a beijando.

Masaki correspondeu ao beijo com intensidade, mas repentinamente o afastou e se levantou, os olhos se enchendo de lágrimas enquanto levava a mão à boca.

– Por Kami! O que fizemos? Isso é errado, muito errado. Eu traí Yoruichi! – exclamou, exasperada.

– Acalme-se! – Ishin se levantou e foi até ela, mas a dama o repeliu.

– Não! É melhor que eu me afaste... Após o casamento, vou pedir a Shihouin-sama que me leve de volta... Não posso ficar aqui.

– Masaki...

– As aulas acabaram – disse, saindo apressada da biblioteca, deixando para trás um príncipe desolado.

______________________________

Quando Yoruichi chegou à planície onde treinavam, o jovem correu ao seu encontro. Desceu do cavalo, sendo ajudada pelo ansioso rapaz.

– Pensei que você não vinha hoje!

– Eu jamais faltaria, principalmente agora que você está começando a lutar decentemente! – disse com um sorriso.

Sentia-se feliz. Todos os dias, esperava ansiosamente pelo momento em que iria treinar com Urahara.

– Você é muito má ao dizer que estou lutando “decentemente”. A verdade é que eu já estou te superando!

– Não me faça rir, Urahara! Você não poderia me vencer nem daqui a mil anos!

– Isso é uma afronta! – exclamou o rapaz. – Muito bem: eu exijo uma revanche! Mostrarei que já não sou o mesmo homem de duas semanas atrás!

– Há! Eu aceito! – posicionou-se diante de Urahara, que sorriu.

Surpreendentemente, em poucos segundos a morena estava no chão, perfeitamente presa pelo loiro.

– Viu só? Eu disse que o discípulo superou o mestre! – exclamou.

Em um movimento, Yoruichi conseguiu inverter a situação, segurando o rapaz com seu próprio corpo e mantendo as pulsos dele seguro em suas mãos.

– Sinto muito, mas estou muito a sua frente, meu caro! – disse sorrindo. – Brincadeira, você está muito melhor. O seu problema é que você tem medo de me tocar. Do que tem medo, Urahara?

– De não me controlar – ele respondeu, olhando-a profundamente nos olhos.

Na posição em que estavam – ela sentada sobre sua barriga, inclinada para manter as mãos dele seguras sobre a cabeça – seus rostos estavam muito próximos. Sempre o olhando nos belos olhos azul-escuro, aproximou-se lentamente do rapaz, beijando-o suavemente. Soltou-lhe os pulsos e ele rapidamente levou uma das mãos à nuca da morena, aprofundando o beijo. Ficaram assim por alguns segundos, até que ela repentinamente se afastou.

– Não! O que eu fiz? Me desculpe, Urahara! – levantou-se, cobrindo os lábios com as mãos e andando para trás.

– O que foi, Yoruichi? Fique calma, por favor! – disse.

– Eu... Eu fiz uma coisa horrível! – os olhos castanhos estavam tomados por lágrimas. – Eu... Eu menti para você! – exclamou, escondendo o rosto nas mãos.

– Mentiu? Sobre o que mentiu, Yoruichi? – ele caminhou até ela, segurando-a pelos ombros. – Me diga!

– Eu... Eu sou a princesa! Eu sou a noiva de Kurosaki Ishin!

– Você é... Por que mentiu? – perguntou, os olhos endurecendo.

– Primeiro, eu não queria que você me tratasse como uma princesa. Queria que me visse como igual... E depois... Eu acho que me apaixonei por você... E não consegui lhe contar a verdade! – escondeu o rosto mais uma vez. – Por que isso foi acontecer comigo?

Urahara nada disse. A verdade é que não sabia o que dizer. O fato de ela ter mentido em si não o magoava, foi capaz de entender seus motivos. O problema era o que a mentira gerara: Apaixonara-se pela noiva de seu melhor amigo e soberano.

Diante do silêncio dele, Yoruichi se afastou, indo em direção ao cavalo e montando:

– Me perdoe Urahara... Acho que isto é um adeus... – murmurou, em seguida incitando o cavalo e partindo para o castelo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido o capítulo!!

Estarei no aguardo de seus lindos, amados, vitaminados e maravilhosos reviews! Quero muito saber o que acharam do princípio da história de Ishin/Urahara/Yoruichi/Masaki. Então, façam esta autora mais-que-baka feliz!! Deixem review!

Agora que estou com mais tempo, prometo tentar responder todos os reviews esta semana, beleza?

Bjokas lindos, vejo vocês nos próximos capítulos.