Os meus nervos estavam ao rubro, sempre detestei andar de avião, provavelmente herdei este facto da minha mãe, mas mesmo sabendo disso a Maria fez questão de realçar que se o avião caísse eu provavelmente morreria feliz porque estava com ela, a partir dai comecei a suar frio e imagens de aviões a cair invadiram os meus pensamentos, boa! Passados uns bons minutos, consegui distrair-me com algumas das revistas que estavam no assento da frente, eram todas iguais mas era muito melhor isso do que imaginar a minha morte e ouvir a Maria a ressonar baixinho ao meu lado, sim, ela tinha simplesmente adormecido sem se preocupar com os meus dramas, sempre foi assim e sempre será.

Mal senti terra firme, cai de joelhos no chão beijando-o de seguida, atraindo muitos olhares curiosos para mim.

– Ai meu deus! Estou inteira e viva! E sou toda tua LONDRES! – Sim eu estava a fazer o maior escândalo, viver numa terrinha trazia vários dissabores visto que todos os domingos, no mercado, eu conseguia aprender a berrar como as peixeiras e as feirantes, não estou de todo a desdenhar delas pois quem me dera ter o poder de voz delas e orgulho-me das minhas origens.

– Filipa! És capaz de não fazer escândalo? Daqui a pouco contundente com uma louca e vais direta para o manicómio!

– Cala-te e grita comigo! Não estas feliz?

– Estou, estou. Cala-te lá e vamos embora!

Depois do meu pequeno momento humilhante, decidimos apanhar o comboio até Victória station, era perto de 30minutos de viagem, por isso aproveitei para dormir um pouco. O rapaz de olhos verdes tomou novamente os meus sonhos, estávamos ambos sentados de costas voltadas e ele sussurrava para o vento palavras soltas que ecoavam dentro de mim, “só queria que soubesses a agonia que sinto quando imagino os teus olhos a olharem-me com um brilho diferente, os teus lábios nos meus, o conforto do teu abraço num dia frio de inverno, o “amo-te” sussurrado que voa para o meu inconsciente transmitindo-me a alegria que queria sentir. Filipa descobre-me e não me deixes, por favor.”.