Sempre Comigo escrita por AFisT


Capítulo 1
Capítulo 1 - O que eu realmente sou


Notas iniciais do capítulo

É a primeira vez que faço uma coisa deste género, quero a vossa opinião no fim ♥



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Ao longo dos meus dezoito anos aprendi que desilusões são meras aprendizagens da vida, sem elas não crescíamos e os arrependimentos passariam de frequentes a inexistentes. Vivo num mundo só meu, uma bolha onde me isolo dos meus medos, de sentimentos indesejados e onde sonho sem limites, desde do dia em que me encontrei com a minha primeira deceção. Tinha seis anos, o frio lá fora era arrepiante e contrastante com o interior do meu quarto, a neve caia lentamente sem pressas e os meus olhos acompanhavam com muita atenção os movimentos dos flocos pelo ar gélido, no meu pensamento corria a vontade de ser um deles ou todos eles para flutuar sem preocupações e não estar sozinha como me sentia naquele momento. Pulei do banco de madeira que se encontrava encostado a janela, inspirei aquele aroma tão familiar, dirigi-me para a escrivaninha rigidamente polida e envernizada, onde passava a maior parte do dia, peguei numa folha de papel e numa pequena caneta e comecei a desenhar, a lua, as estrelas e a minha família. Passava horas e horas a fio naquela mesa de madeira a fantasiar, quando chegou a hora de ir para a cama o aroma do chocolate quente pairou no ar, a porta do quarto abriu-se suavemente como uma pena a cair no soalho, nem precisei de me virar, conseguia sentir o sorriso da minha mãe atrás de mim, corri ofegante para a pequena cama delicadamente preparada para me receber de braços abertos e me aconchegar e como sempre, após sentir o doce sabor do chocolate quente na minha boca a minha mãe sentou-se ao pé de mim e amorosamente contou-me histórias e falou-me dos seus sonhos. Mas aquela noite não foi como as outras, dormi atormentada, agitada virava-me vezes e vezes sem conta lembro-me nitidamente de ver a tua cara no meu sono, o aperto no meu peito aumentou e eu chorei, como se parte de mim fosse desaparecer. De manhã acordei com o choro do meu pai, era criança mas percebi que algo estava errado, nunca o tinha visto assim muito menos numa véspera de natal, a razão daquelas lágrimas eras tu e eu também chorei pois tinha acabado de perder o meu segundo pai.

Hoje, lembro-me do que me disseste um dia, com a tua voz grave mas doce, quando me viste sentada a olhar para o mar com o olhar vago e cheio de vontades, “Tu és uma sonhadora minha pequena, mas uma sonhadora que vai saber aprender com os erros”. Eras um sábio na minha vida, embora eu ainda não soubesse disso, admirava-te e ainda te admiro todos os dias nos meus sonhos e nos meus pensamentos. Lembro-me do teu sorriso rasgado de alegria e de expectativas da vida, eras um sonhador tal como eu mas a melhor pessoa que eu conheci até hoje.

Sinto várias vezes que o mundo vai desabar aos meus pés, sinto que voltei a ser a menina pequena que te viu morrer, escondo-me atrás do meu sorriso e choro silenciosamente por dentro, mas quando a imagem do teu olhar vagueia pelo meu pensamento e julgo sentir um beijo teu depositado na minha testa, ai ergo a cabeça e ultrapasso a barreira que me foi imposta, pois tu ensinaste-me a conviver com as desilusões da vida e a lutar por mim e por todos que me pertencem.

Ok ok, sei que comecei a divagar, mas ultimamente tenho andado meio perdida, como a maior parte dos meus amigos dizem “parece que te para o cérebro Filipa”, sim eu sou estranha, mas não somos todos um pouco? Aparentemente Filipa é o meu nome, tenho cabelos compridos ondulados castanhos-escuros e claros nas pontas, não, não é a minha cor natural, é o efeito do sol e a falta de um bom corte. Os meus olhos são de um comum castanho claro que na presença de poucos raios sol se transformam num verde até bonito de se ver, estranhos mas é uma das poucas coisas que gosto em mim. Ah! E posso agradecer ao maldito aparelho que usei a partir dos meus dez anos de idade sem ele provavelmente hoje seria uma renegada e futura devota e freira, dramática? Nada disso!

A minha família nunca mais foi a mesma desde da morte do meu avo, eramos tão unidos mas como dizem são necessários pilares para uma casa se manter de pé, o pilar caiu e a casa não aguentou muito mais tempo. Sinto falta dos momentos genuínos de alegria, mas não se pode ter tudo, o que me vale é que eu herdei a personalidade forte, alegre e sonhadora do meu avô. Bom! Acabei agora o liceu, por isso, a próxima paragem é a universidade, mesmo não sabendo o que eu quero seguir, cá estou eu em pleno mês de agosto com um calor abrasador lá fora, em frente ao computador a inscrever-me no ensino superior, ridículo! Como é que é possível eu saber qual o curso que quero tirar, se ainda quero experimentar tanta coisa? Afinal hoje de manhã nem sabia que roupa haveria de vestir! Mas bom lá fiz as minhas seis opções, com a pressão constante da Maria, a minha melhor amiga e do meu irmão.

Após um belo dia de praia e de uns bons mergulhos, cai literalmente exausta na minha linda cama, uma das melhores companhias de um ser humano. As malas já estavam prontas, sim eu ia viajar, imaginem! Londres! Sim, eu amo aquela cidade e já não é a primeira vez que vou para lá visto que o meu irmão vive no mundo da diversidade. Não ia de todo sozinha, a Maria ia comigo, quatro e lindas semanas na companhia de uma morena de cabelo liso, mais nova e mais teimosa do que eu, mas que me percebia melhor que ninguém, é daquele tipo de amizade por telepatia se alguém já teve uma assim vai perceber o que isso é, que ainda não teve um dia terá. “Oh gaja! Vai dormir amanhã acordas as seis da manhã!”-sim as mensagens da maria eram mesmo queridas- “Também te amo! Já vou e tu vai também . xx”. Apos ter enviado aquela mensagem atirei o telemóvel no chão e adormeci, fui invadida por uma paz enorme e pela presença de um desconhecido, de olhos verdes ou azuis não sei e com o sorriso mais encantador que conheci até hoje, no meu sonho. Queria ver-lhe a cara na totalidade, mas o meu sonho não era nítido. Senti a fragrância fresca do seu perfume e assim como apareceu, despareceu, acordei assustada e perturbada como este facto. Por isso decidi esquece-lo com bom banho fresco matinal.

– Filha promete-me que vais fazer tudo o que o teu irmão mandar, prometes?- Sim a minha mãe estava quase a chorar, é o que faz eu mimá-la demais.

– Sim mãe! Eu sou uma boa menina sabes bem, agora tenho que ir – Sou tão convincente quando quero. Após despedir-me dos meus pais, abracei a Maria e fomos em direção ao destino incerto.



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Notas finais do capítulo

Ok Ok , no próximo capitulo provavelmente aparece o Harry, mas quero saber o que pensam primeiro, beijooos!



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