A garota entrou no bar majestosamente, coberta por sua linda capa, que dava o efeito de que ela flutuava ao invés de andar, e isso, somado a sua pose superior e sua aura perversa fazia com que qualquer um temesse chegar perto dela. Ela caminhou decidida até a parte mais afastada do bar, facilmente identificando aquele que procurava.

- Então os boatos são verdadeiros? – ela disse sentando-se ao lado do homem encoberto pelas vestes negras – O grande Lord das Trevas finalmente retorno? Eu cheguei a cogitar que não voltaria mais. 

- Como ousa falar assim, com tamanha petulância com o Lord das Trevas, aquele que pode t... – a outra pessoa de capuz falava indignada antes de receber um sinal de seu mestre para se calar – ela riu friamente, fitando-o de modo analista.

- Quem é você garota? Como me achou aqui? – a voz fria do homem parecia um claro aviso para correr, mas a garota não tinha medo.

- Ora, como não sentir sua presença? Sua aura emana imenso poder, só os tolos não perceberiam quem, de fato, é o senhor – a garota sorriu friamente, deixando o seu capuz cair, revelando seus lindos cabelos negros e seus congelantes olhos azuis – Quem sou? Sou aquela que nunca ninguém soube a existência, que foi mantida em segredo desde que nasceu,  escondida pelos pais que temiam que o senhor descobrisse de minha existência e me matasse – ela bufou irritada – Sou filha daquele que o traiu por amor, o amor que me gerou. Não é lindo? Não fui para Hogwarts com 11 anos como qualquer bruxo iria pois meus pais sabiam de sua volta e o temiam, aprendi tudo que sei em casa e, aos 14, quando já sabia o suficiente para manter-me sozinha e irritada com os pais que achavam que éramos iguais a trouxas e que o amor vencia qualquer coisa, sendo que ele sequer existe, os matei. Depois disso, o esperei, para que, quando o senhor voltasse, pudesse ajuda-lo a limpar de nosso mundo todos os impuros, aqueles que não deveriam ao menos existir – ela terminou seu discurso, sua voz fria coberta de veneno – Me chame de Cassady se preferir, o sobrenome, bom, acho que o senhor já descobriu, certo?

Então, em um ato surpreendente, o homem de capuz sorriu, um sorriso perigoso e horripilante, mas que fez com que a garota sorrisse junto, seus olhos com um brilho diferente, olhos com um brilho vermelho, exatamente como era o de seu futuro mestre antes de ele se transformar naquele ser metade homem e metade cobra e ter os olhos completamente dessa cor.

- Era você que procurava – ele murmurou, deixando seu capuz cair também, revelando suas feições ofídicas, que fariam qualquer um se afastar assustado, bom, qualquer um com exceção da garota, ela não o temia, o admirava.

 Cassady saiu dos seus devaneios sorrindo assombrosamente, aquele fora o inicio de tudo, o primeiro contado com ele, seu mestre. 

-*-

A garota de longos cabelos negros e frios olhos azuis andava majestosamente pelos corredores da escola deserta, pois já havia se passado do toque de recolher.  Não tinha medo, se alguém a encontrasse ou não sairia vivo para contar para outras pessoas, ou simplesmente não iria se lembrar de nada. Ela confiava em suas habilidades, havia feito coisas bem mais difíceis que um simples feitiço de memoria ou uma simples maldição, apesar dela preferir outros métodos, uns mais... dolorosos.

Caminhava pelos corredores frios do sétimo andar, os quadros não ousavam reclamar da luz provinda da varinha da menina, todos percebiam que era melhor não mexer com ela, que emanava tanto poder das trevas.

Seus passos silenciosos e sua audição apurada possibilitavam que ela ouvisse qualquer mínimo ruído, ao longe, corujas entravam e saiam do corujal, fazendo grande algazarra, mas isso não era problema, havia aprendido a bloquear alguns sons e se centrar apenas nos mais importantes, e no momento eram os que acontecia dentro do castelo, naquele mesmo andar para ser mais preciso.

- Olhe por onde anda Ronald! – um sibilar baixo foi ouvido, vindo em direção da garota, que se escondeu atrás de uma armadura para observar mais de perto – Não deveríamos vir aqui sem o mapa! Não acredito que você o perdeu Harry!

- Eu não perdi! – uma outra voz se defendeu, dessa vez era masculina – Eu apenas não sei onde eu o coloquei.

- E depois eu que...

- Shiiiu! – a primeira voz interrompeu a terceira, que também era masculina – Não estão sentindo isso?

- Eu não estou sentind...

- Shiiiu! – a garota repreendeu novamente, sua voz estava cada vez mais próxima, porém Cassady não conseguia ver ninguém. Capa de invisibilidade pensou. A garota sabia de boatos que o garoto Potter tinha uma, só não sabia se era mesmo verdade, bom, acabara de descobrir – É mau...

- Acho que você está delirando Hermion... HARRY!

Então, subitamente, os três apareceram.  O moreno estava ajoelhado com uma das mãos na testa, o ruivo estava ao seu lado, ainda em pé, o olhando apreensivo e a garota estava agachada perto do moreno, murmurando coisas baixas demais para serem ouvidas, tentando acalmar o moreno que gemia de dor.

- Minha... Cicatriz – Harry conseguiu murmurar, se curvando de dor, deixando a garota, Hermione, cada vez mais desesperada, sempre que o amigo sentia dores na cicatriz era porque ele estava por perto e ela ainda sentia aquela sensação ruim, de algo mau por perto, aquilo a arrepiava.

- Precisamos entra logo – ela murmurou para o ruivo, que ainda estava olhando o amigo com medo, também sabia o que significava aquilo.

- Certo – ele murmurou, enquanto andava de um lado para o outro na frente do amigo.

Cassady, que ainda se mantinha escondida, passou a mão distraidamente sobre seu ombro direito, que formigava, enquanto observava a cena atentamente, tentando entender o que o garoto fazia.

 Ronald olhou atentamente para uma das paredes, parando de andar, como se esperasse algo. Hermione suspirou aliviada, tentando ajudar ao outro amigo a se levantar para entrar na porta que o ruivo abria, a porta que havia surgido do nada.

Minutos depois, Hermione lembrara onde havia sentido aquilo, além de quando teve um encontro com o próprio Voldemort, ocorrera dias atrás, quando a garota nova chegara, Cassady.