POV David

Ever estava no andar debaixo, os longos e cheios fios castanhos estavam presos e jogados para o lado, caindo pelo ombro direito, ela dançava uma musica que parecia meio latina e muito dançante, ria sozinha e cantava sem perceber que eu a observava com um sorriso bobo no andar de cima apoiado no corrimão.

– Bom dia. - diz John ao meu lado, sonolento e meio mal-humorado.

– ‘Dia. - eu digo sem tirar os olhos dela.

– Tira esse sorriso idiota do rosto ou eu vou vomitar. - diz meu adorável irmão.

– Ela é incrível, não é?

– Não, ela é adolescente, o que você viu nela? Ela só tem sorte de não ter muitas espinhas.

– Não sei ela é diferente, ela é de verdade John, não gosta de mim porque sou famoso, não é superficial e é bem sexy quando quer ser. - digo divertido.

– Seu pervertido, pedófilo. - ele diz me fazendo rir.

– Em alguns meses ela faz dezoito. - digo levantando as mãos em minha defesa, John ri.

– Sabe, no começo eu achava que você se envolver com outra Walker, tsc tsc, não ia dar certo, mas agora, você tem razão, Ever não é como Lívia e ela te torna uma pessoa melhor, então, torço por vocês.

– Obrigado irmão. - digo, mas deixo a cabeça tombar nos braços, pois sei que se Ever descobrir por que eu decidi adotá-la e qual é a minha relação com sua mãe, ela vai me odiar.

O som é desligado e uma Ever corada e de olhos arregalados olha para cima.

– Estão aí há quanto tempo?

– Tempo suficiente para saber que você dança muito mal, Ever Walker. - diz John descendo as escadas, eu o sigo.

– Você é tão amigável John, um amor de pessoa. - diz Ever sarcástica seguindo meu irmão para a cozinha, mas eu a seguro pela cintura puxando-a, fazendo-a rir, se virar de frente para mim e beijar meus lábios com seu jeito delicado e instigante. Beijo-a até que o ar nos falte e ela ri com aquele seu jeito meigo, ainda com seus lábios encostados nos meus.

– Por favor, parem de se pegar, eca. - diz John mal-humorado.

– Está com inveja. - digo me separando de Ever, de mãos dadas vamos para a cozinha tomar café da manhã.

Acordamos tarde e provavelmente Mary e Peter já tomaram café da manhã, sei também que o garoto sente alguma coisa por Ever e tem ficado um pouco distante dela.

– Tudo bem com você e Peter? - pergunto, ela assente.

– Sim, eu conversei com a Mel ontem por telefone, eles têm se falado bastante. - ela diz com um sorriso entusiasmado. - E Pet sabe que eu gosto de homens mais velhos.

Adoro os sorrisos travessos de Ever.

– Aliás, - ela continua. - Diz que a turnê de vocês começa ano que vem? Eu gostaria de acompanhá-los.

– E os seus estudos Ever, não pretende fazer faculdade? - pergunto preocupado.

– Sim, mas não agora, não sei nem o que quero fazer da minha vida. - ela diz encolhendo os ombros e depois faz cara de pidona. - Por favorzinho, me deixa ir com vocês.

– Não. - diz John.

– Tá, eu acho que podemos te levar. - digo beijando a testa dela, John semicerra os olhos, mas ele só está brincando, no fundo gosta de Ever, também já se apegou à garota.

POV Ever

Os dias se passavam e eu não podia estar mais feliz, o ano estava acabando e Dave e eu estávamos muito bem, embora é claro eu não tivesse esquecido aquela história do segredo, apenas tinha deixado ela de lado.

Era noite e eu me arrumava para Dave e eu sairmos, eu ia fazer minha primeira tatuagem, estava nervosa e ansiosa, já saía do quarto quando meu telefone tocou.

– Alô? - atendo curiosa, não estava esperando nenhuma ligação.

– Alô Ever? Deve se lembrar de mim, Sr. Jackson. Cuidei de tudo para que David Hoult tomasse sua guarda.

– Ah! Sr. Jackson, que surpresa, mas... Desculpe, eu estou de saída agora.

– Desculpe ligar sem avisar, não vou tomar muito seu tempo, só queria avisar que amanhã de manhã irei visitá-la, tudo bem?

– Ahm... Tudo bem, mas por que senhor?

– Quero apenas ver como estão às coisas por ai. Te vejo amanhã então. Tchau, tchau.

– Tchau. - desligo o telefone, mas fico um pouco desconfiada.

Decido contar sobre a ligação a David apenas quando voltarmos. Ele me esperava encostado no carro.

– Estou vendo que terei muitos problemas com você, dona Ever. - ele diz.

– Ah, vai dizer que eu demorei? - digo entrando no carro.

– Muito.

– Desculpe, recebi uma ligação.

– Quem era?

– Ninguém.

– Você está linda. - ele diz no banco de motorista e se debruçando para ficar mais perto de mim, eu lhe dou um beijo rápido nos lábios e saímos com o carro.

Coloco uma música e não demoramos a chegar ao nosso destino. O tatuador era um antigo amigo de David.

– Quero fazer pássaros nas costas. - digo animada para Dave.

– Sério Ever? Todo mundo tem essa tatuagem.

– Não é verdade, sugira algo melhor então. - digo birrenta cruzando os braços e fazendo-o rir.

– O símbolo da minha banda. - sugiro.

– Não, eu gosto da banda de vocês, mas quero uma coisa impactante.

– Diz à garota que queria tatuar passarinhos.

– Um leão. - digo decidida, tirando a blusinha e ficando de sutiã. - Nas costas, sem duvidas.

– Quer deixar de ser louca? - diz David tirando a blusa e me cobrindo me fazendo rir.

– David Hoult. - diz o tatuador. - Nova namorada? Quanto tempo?

– Ahm? Não, ela é, eu sou o tutor dela.

– Olha no que você vai se meter amigo, bom, vamos começar então.

Dave segurou minha mão enquanto eu fazia a tatuagem e o resultado foi simplesmente maravilhoso. Voltamos para casa somente depois de jantarmos. E decidi que era melhor contar a Dave sobre a ligação.

– Deixe-me ver de novo. - pediu Dave, estávamos no corredor dos quartos, eu já usava uma roupa para dormir, suéter e calça de moletom, subi a blusa para lhe mostrar a tatuagem pela milésima vez. - Ficou fantástico.

– Eu também amei. Obrigada por me levar lá hoje. - digo abraçando-o, ele beija meus lábios de leve e meu pescoço.

– Quer dormir em meu quarto hoje?

– Não acho que seja uma boa ideia. - digo me afastando e mordendo o lábio.

– Por quê?

– Dave, o Sr. Jackson ligou hoje mais cedo, disse que fará uma visita amanhã, ele parecia meio desconfiado, acha que ele pode desconfiar da gente?

– Droga. - ele diz. - Vamos contar a verdade a ele.

– Não, não quero correr o risco. - digo decidida. - David, falta pouco para eu fazer 18 e se me tirarem da sua guarda agora, eu não quero ir para um orfanato.

Eu engulo em seco.

– Tudo bem. - ele diz segurando meu pescoço e beijando minha testa. - Faremos isto então, boa noite Ev.

– Noite Dave.