Meu Querido Tutor escrita por Satine


Capítulo 16
Capitulo 16


Notas iniciais do capítulo

Lívia Walker >>> http://natyficwriter.tumblr.com/post/104679502386

Olá amores, bom depois de séculos venho eu terminar essa fic, é esse é o ultimo capitulo, dessa história que às vezes parece novela da globo, às vezes parece meio surreal, mas eu adorei escrevê-la e é isso, obrigada para os que acompanharam



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A princípio parecia só um dia comum, John já tinha saído, era difícil ele parar em casa e Dave estava no estúdio e eu em meu quarto, estudava para as ultimas notas na escola, enquanto conversava com Aly por meio de redes sociais e esperava um pouco ansiosa a visita do Sr. Jackson, o assistente social.

“- E por que mesmo ele não pode saber de você e de Dave?”

“- Tecnicamente é errado estarmos juntos Aly, ele é meu tutor e, por dois meses, sou menor de idade”.

“- Quanta frescura”.

“- Não vai ser quando o vocalista de uma banda de rock famosa for capa de revista de fofocas e acabar se envolvendo em um escândalo por minha culpa. O que mais me irrita é que David está tranquilo lá embaixo, compondo musicas”. - digito e começo a roer as unhas, percebendo que mais uma vez estou na frente do notebook, fazendo qualquer coisa, menos estudando.

“- Se ele não está preocupado, não tem por que você estar sua retardada”.

Aly como sempre é um doce de pessoa, mas seu sarcasmo irritante me deixa um pouco mais aliviada.

Sem fazer nada e cansada de trigonometria, abro minha pasta no notebook e vejo minhas fotos com Dave, com um sorriso bobo estampado no rosto. Reviro os olhos e penso que sou uma idiota e esse tipo de coisa só comigo mesmo para acontecer, me apaixonar pelo meu próprio tutor, onde já se viu? Mas como não se apaixonar? Dave era meu anjo, só podia. Quando as duas pessoas que eu mais amava morreram, meu pai e minha irmã, então ele apareceu e apesar de eu ter infernizado a vida dele no começo, ele foi paciente e me encantou com seu jeito de criança presa no corpo de um adulto de 30 anos.

Logo eu, a garota certinha. - pensei e fechei as fotos, do andar de cima, eu ouvi a porta se abrir e Mary gritar.

– Tem visita Sr. Hoult.

Impulsivamente, me levantei para sair logo do quarto e ir até lá receber o convidado, só podia se tratar do Sr. Jackson, mas pensei melhor, eu pareceria muito desesperada e a ideia era agir naturalmente e sem dar indícios de que queria que ele fosse embora logo.

Deitei na cama colocando o notebook em cima de mim e continuei procurando a musica nova de um artista que Nic havia me passado. Só decidi ver quem era realmente quando ouvi uma voz feminina e desconhecida, vindo do andar debaixo.

Do corredor vi uma mulher alta de cabelo longo e castanho, ela estava de costas para mim, David parecia perturbado, indignado, andando de um lado para o outro.

– Por que parece tão inquieto, querido? Sentiu saudades? - ela perguntou, eu apenas franzi a testa.

– Vai embora, não é mais bem vinda aqui, Lívia, vá-embora. - diz David quase em um sussurro como se não quisesse que ninguém o ouvisse e entre dentes, parecendo furioso. Ainda inquieto, ele vai até a adega, onde toma um gole de whisky direto na garrafa. Seja quem fosse à mulher, mexia com ele.

Desci alguns degraus, hesitante e sem fazer barulho, quando ela se virou, entendi o motivo de David estar tão estranho, era ela, a mulher da foto.

Tudo bem por aqui? - pergunto anunciando minha presença e olhando para a janela preocupada de que o Sr. Jackson chegasse a qualquer momento.

David olhou para mim e passou a mão pelos fios castanhos como faz quando está nervoso ou preocupado com algo, mas não disse nada. A mulher da foto olhou para mim com a cabeça meio tombada para o lado e os olhos semicerrados.

– Ah que original David! Uma versão de mim mais jovem. Sentiu tanto minha falta que precisou usar minha filha para me esquecer.

Ao ouvir o que ela disse, as preocupações com o Sr. Jackson desapareceram e eu a olhei com mais atenção, de fato éramos muito parecidas, eu tinha os mesmos olhos e cabelos que ela, mas ainda não acreditava que ela fosse... Ela não podia ser... Minha mãe.

– David... O que ela disse? Não é verdade, não é? Ela é a mulher da foto, não minha mãe, não pode ser.

– Ever, eu...

– Você não contou pra ela? Tsc tsc... É Ever, eu sou sua mãe, Lívia Walker, ex-noiva do seu querido tutor.

– Por que nunca me contou? - perguntei quase num sussurro e sentindo os olhos marejarem e me virei para ela. - E por que você abandonou sua família? Meu pai, minha irmã e a mim?

– Não seja tola garota, eu não sou sua mãe, quando eu te deixei você era um bebe, nem se lembrava do meu rosto, para mim você foi só um segundo erro consecutivo, já que Ângela foi o primeiro. Eu os deixei porque me apaixonei e fugi com a banda de David.

Senti uma dor enorme no peito e já não podia segurar as lágrimas, mas sentia ódio por aquela mulher asquerosa. Olhei para David, meu olhar pedia que ele dissesse que era tudo mentira.

– Isso é verdade?

David balançou a cabeça positivamente.

– Mas tem uma explicação Ever, eu preciso que você me ouça. - ele diz vindo até mim e secando as lágrimas em meu rosto.

– Fica longe de mim. - eu o afasto indo em direção à porta. - Vocês se merecem.

Saí da casa e vi um carro prata na porta, pensei que fosse o Sr. Jackson e paralisei, ainda não sabia qual lugar era pior, um orfanato ou aquela casa, suspirei aliviada quando quem saiu do carro foi Constance, ela veio até mim sorrindo, mas ao se aproximar franziu a testa.

– Ever? O que aconteceu? - ela perguntou e sem conseguir me segurar, eu a abraço soluçando. - Entre no carro, venha, se acalme.

Constance me levava para algum lugar, eu não sabia para onde, mas estava ótimo desde que eu estivesse longe daquela casa.

– Agora pode me explicar o que aconteceu? - perguntou Constance quando viu que eu estava mais calma, embora eu ainda chorasse silenciosamente olhando para a paisagem da janela do banco do passageiro.

– Minha mãe... Ela é um monstro, ela é fria e... Ela deixou minha irmã, meu pai e a mim, por causa de David. Eu os odeio, Constance, eu os odeio.

– Aquela mulher!... - exclamou Constance com indignação. - Talvez você devesse ouvir a explicação do meu filho Ever, eu disse a ele que ele devia te contar logo, que você devia ouvir essa história da boca dele.

Eu apenas balancei a cabeça negativamente quando encostamos-nos a uma lanchonete. Saí do carro e Constance e eu pedimos lanches, embora eu não estivesse com fome.

– O que você vai fazer agora? - perguntou Constance.

– Faltam dois meses para eu fazer 18 anos, eu vou para o orfanato, o Sr. Jackson já viria me visitar mesmo. - digo dando de ombros.

– Tem certeza disto Ever? - perguntou Constance. - Você ainda não ouviu a versão de David, ele... Ele não sabia que ela tinha duas filhas e um marido, ele não sabia. Nunca se perguntou por que um ídolo do rock iria adotar uma adolescente? Ele se sentiu culpado quando descobriu e queria fazer alguma coisa por você. Ora vamos querida, ele não queria te machucar, nunca quis.

Por algum momento eu vacilei, eu o amava tanto, mas balancei a cabeça negativamente.

– Ele mentiu pra mim, eu só quero distancia, dele e dela.

– Tudo bem. - disse Constance, apesar de parecer chateada com minha decisão. - Vamos voltar para casa apenas para pegar suas coisas e eu te levarei até o Sr. Jackson.

Constance e eu voltamos para o casarão apenas para pegar as minhas coisas, eu fiquei encostada ao carro de braços cruzados, eu não chorava, apesar de estar confusa, com raiva, magoada, sentindo uma dor horrível no peito e na garganta. Peter foi o primeiro que veio falar comigo, seguido de Mary, nos despedimos e conversamos, embora eu não quisesse falar do que havia ocorrido. Eles só se foram quando David que veio falar comigo.

Ao contrário do que pensei, ele não veio cheio de explicações, seus olhos estavam um pouco vermelhos também.

– Ever você tem certeza de que quer ir embora? - ele perguntou hesitante.

– Tenho. - digo seca e fria. - Ela já foi embora? - digo, mas minha voz falha desta vez, David não disse nada, apenas balançou a cabeça positivamente. - Isso é um adeus então.

– Eu posso te dar um abraço?

Não tenho muita certeza disto, acho que posso vacilar se o abraçar, mas não consigo lhe negar isto, eu o abraço.

– Me desculpe por te machucar, não era minha intenção e, Ever eu te amo, aquela mulher ela me destruiu, mas você... Você foi um anjo na minha vida. - ele diz acariciando meu rosto e seus lábios tão próximos dos meus, desvio os olhos para o chão.

– Não se afunde mais em bebidas e pense pelo lado positivo, ao menos não terá mais que aguentar uma aborrecente.

Constance se aproximou e pigarreou.

– Devo levar as malas de volta para dentro?

– Não. - digo me afastando de David e abrindo a porta do carro. - Adeus David.

[...]

Nunca pensei que voltar para New Jersey seria tão doloroso para mim, passei mais dois meses em um orfanato de lá e quando saí, Melissa, Diana e eu passamos a dividir um apartamento pequeno. Comecei a trabalhar em uma lanchonete, o que é horrível, muito trabalho, quando está cheio então e como é difícil se equilibrar naqueles patins.

Já fazia seis meses que eu estava trabalhando na lanchonete. Em alguns fins de semanas algumas bandas iam tocar lá, claro, sempre bandas pequenas de garagem, até a banda de Frank e Daniel já tocara lá.

Naquele fim de semana não seria diferente. A noite estava cheia por algum motivo e eu estava trabalhando muito. O cabelo preso em um coque e aquele uniforme ridículo, tudo para pagar a faculdade de jornalismo.

Às 22h em ponto, meu chefe me chamou e me entregou um pequeno cartão.

– Preciso que vá anunciar eles lá em cima. - disse ele apontando para o palco.

– Mas... - não pude argumentar, soltei o cabelo para parecer mais apresentável e subi no palco pela rampa já que estava de patins.

– Boa noite. - disse no microfone. - Como um costume da casa, bandas e músicos vem de todos os lugares para que prestigiemos o seu som, então peço palmas para os músicos da noite...

Abro o cartão e sinto meu coração disparar ao ver o nome daquela banda que há muito tempo eu não ouvia.

– 30 seconds. - digo e logo os caras da banda entram. Primeiro John que sorri a me ver, a sobrancelha arqueada. Max me cumprimenta bagunçando meu cabelo e por ultimo, David, com a maquiagem forte ao redor dos olhos que costumava a usar nos shows, acabei sorrindo. Ele veio até mim sorrindo, ainda tinha aquele rostinho de bebe. Beijou meu rosto.

– Quanto tempo Ever Walker. - ele disse perto de meu ouvido. Entreguei o microfone para ele e voltei ao serviço.

Oito meses separados e eu só tinha conseguido esquecê-lo há poucas semanas e agora ele volta assim? Era o que eu pensava, eu o odiava por isto. Muitas pessoas curtiam o show, o que fazia com que eu não precisasse servir muita gente. O ultimo pedido veio de uma mesa que pediu cupcake e uísque com energético.

Fui levar até a mesa e fiquei surpresa ao ver Aly e Nic.

– Já que você não foi se despedir, viemos até você. - disse Nic e eu o abracei com força, em seguida Aly.

– Eu senti tanto a falta de vocês. - digo aos dois entregando o cupcake ao Nic e energético à Aly.

– Nós também sua louca. David nos contou tudo o que aconteceu. - disse Nic me olhando preocupado.

– Desculpe falar Ever, mas sua mãe é uma vaca.

– Mas não falemos disto. - diz Nic. - Ever, o cara está há oito meses sem pegar ninguém.

– Dá uma chance pra ele, vai. - diz Aly.

– Eu vou pensar, eu vou pensar. Agora me conte de vocês. O que andaram fazendo?

Conversamos a noite toda até o fim do show. Aly e Nic foram embora quando o show acabou e como meu expediente havia acabado, eu fui embora com eles para aproveitar a carona.

O apartamento que Di, Mel e eu dividíamos era simples, mas aconchegante. Nic e Aly não quiseram entrar, mas combinamos de nos ver na manhã seguinte.

Tirei as botas colocando-as ao lado da porta e tirei a roupa de trabalho optando com um vestido solto, a noite estava quente e abafada, mas o tempo começava a fechar lá fora. Esquece ele, Ever. Eu dizia para mim mesma, aliviada por conseguir sair de meu trabalho sem falar com ele, eu estava mais parecendo uma fugitiva.

Fui até a cozinha para comer alguma coisa e encontrei um bilhetinho de Di “Mel e eu saímos, vamos passar a noite fora, íamos te chamar, mas você estava trabalhando. Beijos”.

– Traíras. - digo amassando o bilhete, pelo menos teria a casa só pra mim, a chuva começou a cair intensa e eu me deitei no sofá para ler um livro quando a campainha tocou.

Abri a porta e meu queixo caiu ao ver David Hoult, ensopado em suas vestes negras e o cabelo colado ao rosto.

– O que você está fazendo aqui?

– Desculpe, uma colega sua me deu seu endereço. E é, eu estou te seguindo, mas a ideia foi do John.

– Ah! É a cara dele, entra, eu vou ver se acho uma toalha.

David entra e eu lhe entrego uma toalha, não imaginei que ia ficar tão sem jeito quando o reencontrasse, na verdade a ideia era não reencontrá-lo. Ele secou o rosto e o cabelo deixando-o meio bagunçado, o que fez querer sorrir.

– Não é uma grande mansão, mas é aconchegante. - digo sobre a casa antes de olhar séria para ele. - Só para esclarecimento, a gente não vai se reconciliar tá. Você ainda é o motivo de minha mãe ter abandonado a família dela.

– Se eu soubesse que ela tinha uma família não teria fugido com ela. Lívia só me trouxe problemas.

– Ah é?! - disse ainda inflexível, com os braços cruzados.

– Sim, ela fugiu com meu antigo guitarrista no dia que eu a pedi em casamento, fez eu me afundar em bebidas, fez com que eu me sentisse culpado quando descobri que ela tinha uma família em New Jersey antes de fugir comigo e ainda por cima, fez com que eu me apaixonasse perdidamente por uma aborrecente desmiolada que só me trouxe problemas.

Meu coração estava disparado enquanto ele se aproximava, engoli em seco, eu não sabia essa história.

– Eu não sou mais uma aborrecente. - digo semicerrando os olhos e sinto minhas bochechas esquentarem quando seus olhos percorrem meu corpo com um sorriso de canto e olhar malicioso.

– Eu percebi. - minha boca se abriu formando um perfeito O, eu já ia abrir a boca para retrucar, quando ele acariciou meu rosto e tocou sua testa na minha. - Eu senti sua falta, Ever. Eu me preocupei com você, mas não vim lhe procurar antes, pois achei que precisava de um tempo.

Em um impulso, eu colei nossos lábios e foi tão bom sentir seus lábios nos meus novamente, sua pele estava gelada devido à chuva, suas mãos firmes me seguraram pela cintura e me trouxeram mais para perto, molhando meu vestido, nos separamos apenas quando o ar faltou.

– Droga David! - exclamei em um sussurro. - Eu também senti sua falta.

– Me perdoa por te ter machucado? - ele perguntou hesitante, me encarando com os olhos azuis que pareciam tão ingênuos. Eu sorri abertamente.

– Só nunca mais me deixa fugir de você, tá? - ele também sorriu e voltou a me beijar com volúpia, senti minhas costas contra a parede e ele puxou minha perna de modo que minhas pernas se prendessem em sua cintura.

Entreguei-me para ele completamente e mais tarde tomamos chocolate quente, ele não era mais meu tutor, mas eu sabia que ele sempre cuidaria de mim como se ainda fosse, eu confiava nele e não havia mais segredos ou qualquer coisa que nos impedisse de continuar juntos, bem, fora a diferença de idade, a distancia entre nossas casas e as turnês, mas nisto daríamos um jeito.


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Notas finais do capítulo

mereço reviews?
BjoOs



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