Na manhã seguinte, todos ainda estavam dormindo quando eu acordei. Prendi os longos cabelos castanhos, deixando-os cair pelo ombro, coloquei uma roupa simples, jeans e camiseta, tirei toda a maquiagem que usei na festa de ontem e como era domingo, deixei que os outros dormissem mesmo que já passasse das dez da manhã.

Fui para a cozinha, Mary estava de folga e fora visitar uns familiares ontem, então eu mesma me encarreguei de fazer o café da manhã.

Em nenhum momento eu conseguia tirar aquele beijo da minha cabeça, ora e outra eu me pegava sorrindo sozinha. Toquei meus lábios pensando em como tinha sido bom e como eu queria sentir seus lábios nos meus novamente, olhava para o nada e nem percebi que ele tinha acordado e me fitava com a testa franzida.

– Bom dia. - ele disse anunciando sua presença e me fazendo sentir um frio incomum em minha barriga, notei seu quase sorriso, parecia se segurar para não rir por me encontrar sorrindo boba daquele jeito.

– Bom dia.

– Fez o café da manhã, que linda. - ele diz vindo até mim e beijando minha bochecha, ele era tão cheiroso e não usava nenhum tipo de maquiagem, afinal tinha acabado de acordar, eu sorri mais uma vez, pois ele ficava com uma cara de bebê quando acordava, balancei a cabeça tirando esses pensamentos idiotas da cabeça.

– É, a Mary está de folga e como eu acordei cedo, achei que eu podia fazer.

– Uhm, delicia. - ele diz se servindo de suco de laranja e torradas.

Olho para ele com expectativas, me perguntando se ele vai mencionar o beijo de ontem à noite, mas ele não diz nada, preferindo falar de qualquer outra coisa, como, por exemplo, de meus amigos de New Jersey. Eu tomo café da manhã com ele.

– Você sabe que... - eu digo com um sorriso travesso. - Você não está mais namorando a Jenna.

– Ah! Isso... Eu sei, fiz algumas besteiras ontem à noite, mas não faz mal, você deve ter ficado bem satisfeita com isto.

– Fiquei sim. - digo sincera e sem conseguir me segurar, eu mordo o lábio inferior e digo sem olhar para ele. - Você vai fingir que não aconteceu ou o fato de você ter me beijado está na lista das besteiras que você fez ontem à noite.

Prendo a respiração esperando por sua resposta, ele parece hesitante.

– Ever... - ele diz, passa a mão no cabelo como costuma fazer quando está nervoso. - Aquilo não devia ter acontecido, não é certo. Eu não devia ter...

– Mas aconteceu, você me beijou e eu gostei, Davi, eu sei que não sou como aquelas garotas maravilhosas que você trazia aqui para esta casa, mas... - ele riu. - Está rindo de mim? - pergunto com os olhos semicerrados.

– Não, é que... Fiquei com elas para tentar te esquecer, Ever Walker. - ele diz e se levanta, sinto uma alegria enorme ao ouvir ele dizer isto. - Mas sou seu tutor, é errado.

Eu me levanto também indo até ele.

– Eu não vou dizer aquela frase clichê, “se estar com você é errado, então eu não quero ser certa”. - eu digo sorrindo e ele sorri também. - E você nunca foi um tutor muito responsável mesmo.

Fico na ponta dos pés e colo meus lábios nos seus levemente, ele solta um murmúrio incompreensível e sem se conter segura minha cintura me puxando para mais perto dele, timidamente minhas mãos envolvem seu pescoço e aquilo parece certo, sinto-me tão bem quando estou com ele, como se ele fosse minha fortaleza.

– Tsc tsc tsc isto não está certo. - John Hoult entra na cozinha e David e eu nos separamos.

– Bom dia John. - eu digo saindo da cozinha, mas não sem antes ouvir David gritar “Isso não vai acontecer de novo, Ever”.

[...]

Melissa, Diana, Frank e Dan voltaram para New Jersey dois dias depois e os dias que se seguiram me pareciam ótimos. Davi não voltou a trazer garotas deslumbrantes para casa e parou também de sair à noite e ficar de ressaca pela manhã. Levava-me todo dia para a escola e passamos muito mais tempo juntos.

Naquela manhã de dezembro, despedi-me dele com um beijo em sua bochecha e saí do quarto encontrando Nicholas e Alyson na entrada da escola.

– Últimos dias na escola antes das férias, isto não é ótimo? - digo de bom humor cumprimentando meus amigos.

– Ah então a senhorita e seu tutor fizeram as pazes. - diz uma Aly desconfiada.

– Sim, estamos ótimos. - digo sorrindo animada.

– Pode ir contando tudo dona Ever Walker. - diz Nic.

– Ok, bom, não é nada demais, ele só me beijou, duas vezes. Guardem segredo.

– Cala a boca! - diz Nicholas em uma expressão completamente descrente. - Como assim Ev?

Eu encolho os ombros.

– Você é a garota mais louca que eu conheço. - diz Alyson. - Pode ir contando tudo.

Divertimo-nos em nossos últimos dias na escola, Alex não voltou a mexer comigo e Jenna não deixou seu mais recente ódio por David atrapalhar minhas notas.

Nos primeiros dias de dezembro, não vi muito David, já que ele tinha muitos shows, mas já estava de férias quando o encontrei no estúdio em casa. Bati na porta e entrei, ele estava tocando violão sozinho, sentei-me ao seu lado. Ele parou de tocar e beijou minha testa.

– Desculpe não tenho tido muito tempo para ficar com você.

– Tudo bem, hoje é meu aniversário. - ele me fitou surpreso.

– Por que não me avisou? Devíamos comemorar, não? - balanço a cabeça negativamente.

– Eu acho que não, sinto falta do meu pai e da Ângela, normalmente eles fariam um bolinho e comeríamos juntos. Algo bem simples na verdade.

Davi acariciou meu rosto.

– Eu sinto muito por seu pai e pela sua irmã, Ever. - eu sorrio entristecida, balanço a cabeça para afastar os pensamentos tristes e as lágrimas que começavam a aparecer em meus olhos.

– Mas meu aniversário também significa outra coisa. - ele arqueia uma sobrancelha e eu sorrio animada. - Falta um ano para eu fazer 18 anos Dave, você não vai ser mais responsável por mim e se ainda quiser, poderemos ficar juntos.

– É o que eu mais quero. - ele diz colando nossas testas, eu suspiro, tentada a colar nossos lábios, mas não posso fazer isto.

– Acho que estou te desvirtuando. - eu digo me afastando um pouco, ele ri.

– Não Ever Walker, pelo contrário, você está me colocando na linha. - ele diz me roubando um selinho. - Ah e minha mãe virá para cá para o natal, ela e John.

Arregalo os olhos assustada.

– Oh, John não vai falar nada sobre a gente não é?

– Não se preocupe, ele não vai dizer nada, você vai gostar dela.

– Estou ansiosa para conhecê-la.

– Gosta de cantar? - eu sorrio e aceno positivamente, David toca uma musica em seu violão, a tarde parece que voa enquanto ele toca e eu canto, nos divertimos e tive um aniversário muito especial.