Corações Feridos escrita por hyu_uga


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

descupa-me pela demora mais por vcs me esperarem vou postar 2 capitulos esta semana ta



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Na manhã do dia seguinte, tudo estava na mais absoluta normalidade na escola notou Hinata.

A moça havia chegado um pouco mais tarde do que pretendia, havia acordado atrasada porque na noite anterior o sono tinha sido profundo, fazia muito tempo que não tinha uma boa noite de sono como aquela. Tinha acordado bem disposta, coisa muito rara, sentia-se descansada e renovada.

O ferimento no nariz quase não doía mais, ainda estava levemente arroxeado, mas não havia mais a necessidade de usar o curativo.

Por ter saído mais tarde da sua casa naquele dia, a moça das madeixas negras fizera o caminho sozinha sem a companhia costumeira de Sakura. Encontrou a garota de madeixas rosa na entrada do pátio cumprimento-a rapidamente, pois a garota conversava animadamente com a sua melhor amiga Yamanaka Ino. Na escola dificilmente Sakura conversava com Hinata, mas a moça dos olhos cor de perolas não se importava com essa atitude da colega.

No passado Sakura e Hinata haviam sido boas amigas, iam e voltavam da escola juntas, brincavam de bonecas nos fins de semana, dividiam os risos, os passeios, os sonhos, e as aventuras de crianças normais, as duas moravam perto uma da outra e viviam grudadas, foi assim até a adolescência chegar.

O tempo passou, as duas cresceram e se distanciaram, Sakura tornou-se uma moça bonita e risonha, quando foi para o colegial logo de cara fez varias amizades, já tinha namorado, gostava de chamar atenção dos outros e sentia-se bem com isso, mas Hinata não acompanhou o mesmo ritmo.

Quando a adolescência chegou para Hinata, ela se tornou uma moça retraída, mais tímida, fechada num mundo onde ninguém entrava, os poucos amigos que tinha foram embora, já não a consideravam mais uma boa companhia. No colegial não fez novas amizades, era tímida demais, matinha todas as pessoas longe, era silenciosa e discreta e ninguém queria sua companhia.

Sakura ainda conversava com Hinata, faziam todo dia o caminho juntas para a escola, mas a amizade havia se dissolvido num coleguismo educado, falavam pouco e sabiam menos ainda uma da vida da outra. De amigas de infância passaram a ser conhecidas, quase que estranhas. Estranhas que compartilhavam uma mesma lembrança.

Hinata nunca se sentiu excluída por Sakura, ela melhor do que ninguém sabia como era ter a companhia de alguém que não lhe agradava, a moça dos olhos cor de perolas conhecia muito bem a sua personalidade, conhecia suficientemente bem para saber que não possuía nem de longe uma personalidade que agradasse as pessoas, era uma personalidade que as afastava dela, que a impedia de fazer amigos.

A moça de madeixas negras sentia-se contente por Sakura, ela havia conquistado uma nova amiga, Ino e Sakura viviam juntas, e pareciam muito felizes, tinham os mesmos gostos, as mesmas preferências, o mesmo modo de agir. Sempre que estavam juntas, as duas estavam rindo.

Hinata olhou para elas paradas, na frente do portão, eram moças bonitas, jovens, e pareciam alegres, sabia que se estivesse ali ela sentir-se-ia deslocada, diferente, não era do tipo alegre já havia tentando ser diferente, mas não podia se modificar para se enquadrar num grupo, não podia se modificar para ser aceita, sua personalidade era uma só, tinha nascido com ela daquele jeito, morreria daquele jeito e ela se forçasse a mudar, usar uma mascara para ser aceita e reconhecida, se tivesse que ficar ali também na frente do portão com um sorriso falso nos lábios, sabia que isso só a faria ainda mais infeliz.

Era melhor ficar sozinha, não queria ficar se torturando ainda mais, se ela um dia tivesse novamente uma amizade teria de ser aceita como era, daquela forma sem fingimentos, ou maquiagens, só assim poderia chamar aquela pessoa de 'amigo', alguém que a conhecia, seus defeitos, suas qualidades, e aceitava-a exatamente como ela era.

Nos corredores da escola havia pouca gente, notou a moça dos orbes cor de perola, a maioria ainda devia estar nos cantos da escola utilizando ate o ultimo instante o tempo livre antes das aulas.

Na sala de aula apenas os alunos mais quietos estavam presentes. Shino e Kiba já haviam chegado e conversavam baixo num canto, os dois rapazes cumprimentaram-na com acenos rápidos, a moça sorriu na direção deles, sentou-se tirando o material da mochila, não demorou muito e o sinal bateu.

O barulho aumentou logo, a sala estava cheia de pessoas e dos murmurinhos das conversas. A maioria dos alunos já estava acomodada quando Hinata reparou no rapaz dos olhos cor de ônix que entrava na sala.

Sasuke caminhou sem olhar para ninguém, empurrou a cadeira e antes de sentar lançou um olhar na direção de Hinata, ninguém mais percebeu a não ser a moça. O rapaz sentou e virou pra frente, Hinata percebeu que aquela era a forma dele de dizer "olá", não sabia o porquê, mas para ela, era muito fácil entender os olhares de Uchiha Sasuke.

Concentrou-se na professora de literatura que havia chegado. Por um momento sentiu todo o corpo vibrar ao lembra-se de Sasuke acompanhando-a ate em casa.

"Primeiro Sasuke me acompanha em casa – pensou em silencio a moça de madeixas negras Depois me cumprimenta... Definitivamente, esse ano letivo não esta sendo 'normal'...".

Tentou espantar todos os pensamentos da cabeça, era melhor se concentrar na lição que estava na lousa.

OoOoOoOoOoOoOoO

Hinata estava sentada embaixo de uma das arvores que rodeava a quadra de esportes, ali a grama era bem aparada, e o vento brincava no lugar aberto. O barulho das vozes chegava de longe, o intervalo havia começado há pouco tempo, e a maioria dos alunos deveria estar brigando por espaço e comida na cantina.

Hinata preferia trazer seu almoço de casa, não achava inteligente gastar dinheiro com comida, sabendo que podia preparar algo tão bom quanto a comida da escola (e com certeza mais saudável), além do mais ela gostava de cozinhar, e cozinhava muito bem, uma de suas únicas qualidades reconhecidas por ela e pela família. Trazendo a comida de casa já pronta, ela evitava ter de ficar em lugares repletos de pessoas, sabia que o intervalo era o horário onde as pessoas buscavam atenção, onde as fofocas eram espalhadas, e onde pessoas como ela era zuadas. Por isso mesmo aprendera a se proteger disso tudo, sempre ficava num lugar onde não havia quase ninguém, ficava em silencio e aproveitava aquele momento. Algumas vezes comia com Shino e Kiba que compravam comida na cantina, mas não se sentia bem quando fazia isso, os rapazes conversavam com alunos de outras classes, e ela sempre se sentia mal no meio de estranhos, por isso mesmo preferia lanchar sozinha.

Olhou para cima e por um momento a luz do sol ofuscou sua visão, era um dia quente e abafado, o vento estava morno e não ajudava a refrescar quase nada, passou a mão displicentemente pela testa fazendo com que à franja caísse de uma maneira diferente sobre os olhos.

Ia começar a comer quando um barulho chamou sua atenção e alguém entrou no seu campo de visão.

– O que ta fazendo aqui? – perguntou Sasuke barrando a luz do sol.

– Eu sempre como aqui – a moça respondeu sem deixar o total espanto domina-la.

– Deve ser por isso então que eu nunca te vi na cantina.

O rapaz sentou-se na grama ao lado da moça, sem perguntar se ela gostaria de sua companhia, abriu dois botões do uniforme escolar que ia ate altura do pescoço, revelando uma pele lisa e branca assim como seu rosto. Mantinha os olhos fechados, o tronco estava encostado na arvore, e seu braço direito roçava levemente no corpo de Hinata, a proximidade com o rapaz fazia com que se corpo inteiro tremesse, sentiu o rosto corar instantaneamente. Sasuke pareceu não se importar, continuava de olhos fechados, parecia estar cansado.

Tentando se controlar, a moça murmurou um agradecimento à comida baixinho, pegou um onigiri e começou a comer.

Sasuke abriu os olhos e fitou-a por um longo tempo.

"Não sabia que em pleno terceiro colegial havia gente que trazia comida pra escola". Pensou o rapaz em silencio.

Hinata comia devagar e com pequenas bocadas, as mãos eram pequenas e seguravam graciosamente o bolinho de arroz, notava o rapaz.

Reparou que ela não estava usando o uniforme de inverno naquele dia, usava o uniforme de verão que tinha mangas curtas e estufadinhas, na opinião do rapaz ela era a única garota em toda aquela escola em que o uniforme caia bem. A pele do braço da moça era incrivelmente branca, tinha uma aparecia macia, ela recendia um cheiro gostoso de flor.

Na opinião de Sasuke, ela era muito bonita, e ele a achava uma completa boba por ainda não ter notado isso.

No meio de seus pensamentos o rapaz foi surpreendido por um ronco involuntário do seu estomago. Tinha esquecido que estava com fome. Virou o rosto para que ela não pudesse perceber que ele estava corando.

Hinata olhou no rosto de Sasuke percebendo que ele estava ligeiramente rosado, pensou consigo mesma que ele ficava bem bonito com o rosto corado daquela forma.

Pegou um onigiri que estava dentro da sua pequena vasilha e estendeu para o rapaz.

Sasuke simplesmente ficou fitando o bolinho de arroz, como se não fosse algo com ele, finalmente pegou-o sem dizer nada, murmurou bem baixo um 'obrigada pela comida' e deu sua primeira bocada. A moça ficou esperando a reação dele. O rapaz parou por alguns instantes, e depois voltou a comer com vontade.

Sasuke nunca tinha provado algo tão gostoso, pensava que chegava achar ridículo achar um misero bolinho de arroz tão delicioso daquela forma, mas não podia fingir o bolinho tava uma delicia.

Nunca tinha provado algo tão gostoso que nem aquilo na cantina da escola, o local onde comia desde sempre, era péssimo na cozinha, sua alimentação era à base de comidas pré-prontas, e congelados. Ainda achava incrível ter chegado aos 17 anos com aquele tipo de alimentação tão pouco saudável.

Realmente aquela garota cozinha muito bem ele tinha que admitir. Tinha que admitir também que ela não parava de impressioná-lo.

Dos seis bolinhos de arroz que Hinata fizera, ela comeu 2, Sasuke comeu 4, dividiram também o resto que a moça tinha preparado que era alguns sushis.

– Tava muito gostoso – elogiou o rapaz ao terminarem de comer.

– Obrigada – respondeu a moça com um sorriso no rosto.

O rapaz ficou em silencio, definitivamente aquela garota era intrigante, sentia-se bem na presença dela, sabia que não precisava usar uma mascara de cinismo e falsidade, podia ser ele mesmo, nunca tinha sido verdadeiro com ninguém antes, somente com ela.

Fechou os olhos e sorriu em silencio, "O destino às vezes pode ser tão irônico." Pensou Sasuke.

O rapaz sabia que logo o sinal iria bater tirando ele daquele momento, mas não sentia vontade muito menos pressa nenhuma, de voltar para dentro da escola usando sua tão costumeira mascara.

Espantou tal pensamento da cabeça, queria aproveitar só por mais algum tempo, aquele momento e a companhia.

OoOoOoOoOoOoOoO

E assim passaram os dias para Hinata e Sasuke.

Na classe ambos eram silenciosos e discretos e ninguém percebia suas trocas de olhares. Na hora do intervalo Hinata refugiava-se embaixo da mesma arvore e logo depois o rapaz aparecia, dividiam o almoço e Sasuke contava algumas coisas, criticava todas as pessoas da escola enquanto Hinata ouvia-o atentamente sem dar sua opinião. Apenas ficava feliz por saber que o rapaz não mais a criticava.

Na hora da saída ambos usavam o portão de trás da escola, e Sasuke acompanhava Hinata até sua casa, algumas vezes conversavam coisas triviais, outras vezes ficavam em silencio, mas em nenhum dia desde a discussão voltaram sozinhos da escola.

As provas vieram, e na hora do intervalo Sasuke ajudava Hinata a estudar, havia descoberto que apesar de Hinata ser uma excelente aluna ela tinha grande dificuldade em aprender matérias de exatas, por isso passavam às vezes dias e dias revisando o conteúdo de matérias sem trocar nenhuma outra palavra.

Sasuke particularmente não tinha dificuldade em nenhuma matéria, e não se importava em ajudar Hinata, ficou contente por ela quando as notas chegaram e viu que todo o esforço havia tido um resultado, Hinata aprendia rápido.

Com a convivência o rapaz tentava conhecer um pouco mais daquela garota de olhos tão bonitos. Descobriu que ela gostava de musicas depressivas, e de livros melancólicos, descobriu que ela odiava jiló e abobrinha, e que adorava ramem, principalmente o ramem de uma barraquinha perto da sua casa.

Hinata falava pouco de si mesma, notou o rapaz, tinha dito uma vez que não tinha uma boa relação com os pais que eram separados, contou que tinha uma irmã mais nova que se chamava Hanabi e Sasuke ficou perguntado a si mesmo se ela seria parecida com Hinata.

Sasuke sabia que Hinata era extremamente tímida, e que tinha uma baixa auto-estima das grandes, nunca conseguiu compreender porque aquela garota se sentia tão inferior.

Hinata contou que depois que terminasse o colegial o pai provavelmente a enviaria a outro país para que ela pudesse estudar administração, e assim poder liderar as empresas Hyuuga. A moça contou também que tinha um primo, que daria tudo para poder ser presidente das empresas, pois achava que ele tinha infinitamente mais capacidade do que ela, e que isso gerava muito atrito dentro de sua família.

Um dia Sasuke perguntou se Hinata gostava de alguém, a moça ficou tão vermelha e começou a gaguejar dizendo que não gostava de ninguém em especial, o rapaz riu diante daquele jeito dela responder uma simples pergunta, mas não soube explicar pra si mesmo porque se sentiu feliz ao saber que ela não gostava de ninguém em especial.

Sasuke não sabia explicar o motivo, mas adorava a companhia daquela garota singular, esperava ate que ansioso para que o intervalo chegasse e eles pudessem conversar, achava muito curto o trajeto que faziam para chegar a casa dela, mesmo indo devagar sempre acabavam chegando cedo demais, e lá se ia a garota dos olhos cor de estrelas para dentro daquela casa silenciosa, onde ele não podia segui-la.

Nos finais de semana torcia para que o tempo passasse rápido e que a próxima segunda chegasse, detestava ficar em casa sem ter nada o que fazer, sabia que poderia ir ate a casa dela, conhecia muito bem onde era, ou quem sabe poderia ligar e conversar um pouco, mas ele não tinha uma desculpa pra fazer nenhuma coisa e nem outra, e como ela nunca ligara e nem nunca tinha vindo visitá-lo, achou melhor ficar em silencio e manter o convívio apenas no meio escolar.

Sasuke gostava da companhia de Hinata e não queria perdê-la, no fundo sentia que podia confiar naquela garota, tão tímida e distante, afinal ela era o mais perto que ele tinha chegado de ter um amigo.

OoOoOoOoOoOoOoOoOo

Hinata nunca soube explicar a si mesma quando aquilo tinha acontecido, mas de repente percebeu que Uchiha Sasuke, era a única presença constante em sua vida.

Eles lanchavam juntos, voltavam da escola juntos, e Sasuke ate a ajudava com os estudos. Hinata sempre sentia-se um pouco estranha na presença do rapaz, perguntava-se porque de todas aquelas pessoas da escola, ele conversava sempre com ela, porque lanchava todo dia com ela... Mas ela nunca perguntou isso a ele, gostava demais da companhia do rapaz para se arriscar a perdê-la.

Hinata achava que Sasuke era uma pessoa incrível, ficava admirada ao ver como ele conseguia entender todas as matérias com tanta facilidade, como conseguia ser tão bom em educação física, como conseguia ser perfeito nas aulas de musica, e como simplesmente não dava a mínima para toda a bajulação que recebia.

Com a convivência Hinata percebeu que ele não era assim tão metido quanto achava no começo, Sasuke havia lhe contado que não ligava para chamar a atenção, disse que aquilo sempre havia acontecido com ele desde que ele estava no primeiro ano da escola, mas que não ligava, sabia que as pessoas só davam atenção pra ele porque tinha fama escolar, se não fosse ele seria outro.

Hinata descobriu que apesar de Sasuke fazer parte de tantos grupos escolares, que o rapaz detestava todos eles, Sasuke dizia que em um grupo escolar ninguém levava nada a serio e que todos ali queria mais prestigio, e que no final das contas sobrava tudo nas costas dele o único responsável.

A moça de orbes cor de perolas, achava engraçada a forma como o rapaz de olhos cor de ônix, criticava a tudo e todos, Sasuke sempre tinha uma critica a lançar em alguém, ou em algo, era como se nada tivesse bom para ele, Sasuke criticava a escola, os alunos, os professores, a vida, o dinheiro, entre tantas outras coisas, e no fundo de si Hinata sentia uma pontadinha de inveja daquele, garoto que tinha uma opinião formada tão forte, e criticava a tudo a sua volta. Uma vez na vida, Hinata desejava criticar alguma coisa a sua volta, que não fosse ela mesma.

Hinata descobriu que Sasuke era ambicioso, e que sua família era muito rica, uma vez ele havia lhe contado que pretendia entrar numa faculdade publica depois, que acabasse o colegial, para poder tomar a liderança, da empresa das mãos do irmão mais velho.

Sasuke nunca comentou sobre o pai e mãe, Hinata também nunca perguntou de vez, em quando ele falava do irmão, mas quando fazia isso, seus olhos ficavam frios, e sua expressão distante, e logo ele mudava de assunto.

Mas acima de tudo Hinata adorava a companhia de Sasuke, perguntava-se se o rapaz também gostava da sua. Para Hinata Sasuke, era um companheiro que estava ali, conversando com ela, ouvindo o que ela tinha a dizer, dividindo coisas simples, e isso fazia bem a ela, isso a fazia feliz.

De alguma forma, mesmo sendo tão diferentes um do outro Hinata sentia-se completa na presença daquele rapaz, sabia que isso era pura imaginação de sua parte. Sasuke nunca iria olhar para ela como uma amiga, mas isso não importava para Hinata, o que importava era que na manhã seguinte os dois iriam sentar debaixo de uma arvore dividindo a mesma comida. E então depois disso tudo ia ficar bem.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoOo

Quando maio chegou, trouxe um clima seco e abafado, as folhas das arvores ficaram lustrosas, e os botões carregavam as copas das arvores, prometia ser uma linda primavera.

Hinata estava debruçada em uma janela, em frente sua classe, que estava de janela, porque um dos professores havia faltado, era a ultima aula de uma sexta-feira, e todos pareciam muito animados.

Não era pra menos, espalhados por toda a escola, estavam cartazes, que anunciavam o grande festival que iria acontecer, no templo budista, mais antigo da cidade de Konoha, para comemorar o aniversario de fundação da cidade.

Todos estavam animados, comentado, os casais, que iriam ao festival, ou quem iria vestir o que.

Todos menos Hinata que não iria ao festival, mas a moça não se importava, nunca tinha ido aquele festival ou a qualquer outro mesmo.

Mas Hinata tinha que admitir, não estava no seu melhor humor, sentia-se um pouco chateada, desde que maio havia começado ela e Sasuke, haviam se falado muito pouco. Com a proximidade das férias, os grupos escolares entravam em trabalho mais do que dobrado e Sasuke participava de todos os grupos da escola, ele mal tinha tempo para respirar, quanto mais para ficar conversando com ela.

A moça sabia que se sentir chateada era egoísmo seu Sasuke, tinha outros compromissos, e eram muitos, não podia ficar dando atenção a ela, uma simples aluna que não participava de grupo escolar nenhum.

Estava perdida em pensamentos, quando uma voz conhecida chamou sua atenção:

– Ei Hyuuga, pode me ajudar com esses livros aqui?

Parado na frente de Hinata, estava Sasuke, indicando a porta da sala. Com um aceno de cabeça Hinata entendeu, e entrou no local, logo atrás do rapaz.

Em cima da mesa do professor, havia duas pilhas de livros, usados na aula anterior que pertenciam à biblioteca. Entendo o que era pra ser feito, a moça carregou uma pilha de livros enquanto o rapaz já saia da sala com outra pilha nos braços.

Hinata não pode deixar de notar os olhares, inquisidores de Ino e Sakura sobre ela.

Quando a moça alcançou, o corredor o rapaz já estava bem na sua frente, indo em direção a biblioteca.

– Foi mal ter falado com você, daquele jeito na frente de todo mundo, foi pra não dar bandeira – disse o rapaz quando Hinata, finalmente conseguiu acompanhar seu ritmo.

Sasuke sabia como a moça, tinha medo, que alguém lhe perturbasse, se percebesse que eles se falavam com freqüência. Principalmente se uma certa, pessoa chamada Karin, viesse a saber disso.

– Ah não tudo bem – respondeu Hinata contente por estar podendo conversar um pouco com o rapaz, com os olhos cor de ônix.

– Aqueles grupos ainda vão me deixar louco, ta tudo uma bagunça, não agüentava mais, inventei uma desculpa e sai de lá.

Hinata sorriu, ele realmente parecia estar cansado.

Chegaram a biblioteca, o único lugar silencioso da escola, não havia nenhum aluno ali naquela hora, e a claridade do sol poente, derramava sua luz dourada por milhares e milhares de livros espalhados por aquele cômodo.

Sasuke dirigiu-se em silencio, até uma estante e começou a enfileirar os livros, seguindo seu exemplo Hinata começou a ajudá-lo.

Na frente de ambos, havia o cartaz, pintado em vermelho e dourado, com o símbolo de uma folha convidando a todos a irem ao festival.

– Quer ia ao festival comigo? – perguntou o rapaz, sem olhar na direção de Hinata.

Todos os livros que a moça segurava, caíram com um baque surdo no não chamando a atenção de Sasuke.

A moça de orbes perolados abaixou-se e começou a junta-los, Sasuke também começou a ajudá-la.

– Gomenasai – disse Hinata muito vermelha, e sem graça.

– Olha se você, não quiser ir, é só dizer não, num tem problema.

– Não! – Hinata balançou a cabeça - não é isso, quero dizer, sim, eu quero ir, é que eu apenas nunca fui em um festival.

– Nunca foi em um festival? Em que mundo você vive?

Sasuke sorriu, deixando a moça ainda mais sem graça e vermelha.

Os livros foram recolhidos, e enfileirados, nenhum dos dois, falou mais nada.

Quando iam saindo da biblioteca, Sasuke comentou:

– Me desculpe, Hinata não vou poder, te acompanhar hoje até sua casa, ainda vou ficar um pouco mais na escola.

– Tudo bem – respondeu a moça, ainda atônita com o convite.

– Passo amanhã, na sua casa às 6 horas pra te pegar tudo bem?

– Hai.

– Então até amanhã – e dizendo isso o rapaz, se afastou pelos corredores.

– Até...

Quando Sasuke, já tinha se afastado, a moça colocou a mão no coração de ameaçava, saltar-lhe pela boca. Sua cabeça girava com mil pensamentos.

"Eu e Sasuke num festival sozinhos, pensou a moça Ai Kami-sama, eu não acredito..."

OoOoOoOoOoOoOoOoO

Na manhã de sábado, Hinata acordou nervosa, como se um novelo de lã estivesse dentro das suas entranhas. Ainda tinha uma missão muito importante e difícil, tinha que convencer Hyuuga Hiashi a deixá-la ir ao festival.

Desceu as escadas, e o embrulho no estomago pareceu aumentar, quando o viu o pai já de pé na cozinha preparando o café.

Sentou-se na mesa sem conseguir olhar para o pai.

– Acordou cedo hoje Hinata, aconteceu alguma coisa?

A moça não respondeu.

– O que foi filha, você não está com uma cara muito boa.

– É que eu preciso te pedir um favor pai – disse a moça muito nervosa.

– Pois peça

– Posso ir ao festival?

Hinata fechou os olhos, ele tinha que deixa-la ir.

– No festival? Desde quando você gosta de festivais?

Hinata ficou em silencio, aquilo não era bom sinal.

– Bem, mas não vejo problema nenhum apenas me diga com quem você vai.

De repente as entranhas de Hinata que estavam se mexendo convulsivamente, pareceram desaparecer.

Ela tentou mentir, dizer que era Sakura, mas sabia que ia fazer uma cara de culpa, sem conseguir pensar em mais nada disse a primeira coisa que veio a cabeça.

– Uchiha Sasuke.

Hiashi ficou quieto analisando a filha, era a primeira vez, em anos que ela vinha lhe pedir, alguma coisa, não gostava da idéia de deixar sua filha, ir ao festival com um rapaz, mas também não podia impedi-la, Hinata tinha que crescer.

– Tudo bem pode ir – disse por fim

Hinata levantou o rosto e por um momento sorriu lindamente para o pai, fazia anos que Hiashi não à via sorrir daquela forma.

– Obrigada pai – e dizendo isso a moça, subiu correndo de volta para o quarto.

– Hinata o café...

Mas ela já não estava mais ouvindo, quem quer que fosse esse tal de Uchiha Sasuke, desejou que o rapaz merecesse aquele sorriso de sua filha.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

Quando o relógio marcava 4 da tarde, Hinata começou a se arrumar, tomou um banho com sais perfumados.

Tentava controlar o nervosismo, suas mãos estavam ligeiramente tremulas, e na sua cabeça cenas de como seria o passeio deslizavam atormentando sua mente.

Com a toalha enrolada em torno do corpo, abriu a porta de correr do guarda-roupa branco, de lá de dentro tirou uma grande caixa de cor amarelo claro, dentro da caixa dobrado de forma muito caprichosa estava seu quimono preferido, um quimono que lhe fora dado há muito tempo, pela sua avó, mãe de seu pai, a única Hyuuga que nunca havia lhe criticado.

Fazia oito anos que sua avó tinha falecido, e aquele havia sido seu ultimo presente, e o mais belo de todos, o quimono era antigo, e de um corte que com certeza já tinha saído de moda há muito tempo, mas era extremamente belo de se olhar.

A seda era impecavelmente branca, o tecido era macio e etéreo, nas bordas das mangas que iam até a altura de seus punhos havia desenhos delicados de pequeninas flores azuis, na cintura uma faixa azul-marinho destacava-se no branco etéreo.

Aquele era o quimono, preferido da avó quando ela era mais moça, e Hinata nunca havia usado-o, guardara-o com carinho para uma ocasião especial, e tal ocasião havia chegado.

Vestiu-se com todo cuidado tendo um pouco de trabalho, o tecido era leve, e ficou feliz por saber que não iria passar calor, pois prometia ser uma noite quente.

A seda marcava seu corpo delgado, e suas curvas ficavam a mostra, os seios fartos eram delineados e a cor do quimo entrava num contraste mais do que chamativo com a cor do cabelo da moça.

Quando Hinata terminou de se vestir, olhou-se demoradamente na frente do espelho, em nada a sua imagem ali refletida lembrava a da garotinha, vestida no uniforme escolar, olhando com atenção Hinata percebeu que o quimono estava agarrado demais ao seu corpo, e que provavelmente sua avó deveria ter tido um corpo muito mais 'reto' que o dela na adolescência, mas a moça de orbes prateadas não se importou com isso, sentia-se pela primeira vez na sua vida bonita.

Tentou recordar de todos, os ensinamentos da mãe a respeito de maquiagem, nunca tinha feito aquilo sozinha, nunca havia ligado para sua aparência, mas queria estar diferente, queria estar bonita... Bonita pra ele...

Na frente do espelho delineou com cuidado, o contorno abaixo dos olhos com o lápis preto, o olhar ganhou um mistério maior e a íris ficou ainda mais destacada, passou rimel nos cílios que ficaram alongados lembrando cílios de boneca, o olhar estava agora ainda mais chamativo, os lábios ganharam uma cor de cereja e um brilho, ficando vividos e convidativos para serem beijados, as maçãs do rosto exibiam um rosado saudável, nos pulsos e no pescoço, colocou uma fragrância de flores suave.

Os cabelos foram penteados e presos, no alto da cabeça com dois pauzinhos decorativos, o pescoço delgado e liso, ficou em destaque, duas mexinhas ficaram soltas ao lado das orelhas, Hinata sabia que aquele penteado não iria durar muito tempo, o cabelo era liso demais, mas não se importava, àquilo, era o máximo que podia fazer àquela hora, e não queria usar, os cabelos soltos como sempre.

Olhou-se no espelho e não se reconheceu, perguntou-se se a maquiagem estaria por demais chamativa, e se Sasuke acharia-a bonita.

Alguém tocou a campanhinha, o coração da moça saltou dentro do peito, olhou no relógio 6:05 da tarde, ele era pontual, pensou a moça.

OoOoOoOoOoOoOo

Parado em frente à porta, com as mãos ao lado do corpo, com cara de mal humorado Uchiha Sasuke esperava pacientemente, detestava usar quimono, eram desconfortáveis, feios, e não tinham bolsos onde ele pudesse colocar as mãos. Mas ele ia há um festival, e se não estivesse vestido a caráter chamaria mais atenção ainda, do que era normal. Então naquela tarde o rapaz desenterrara o antigo quimono azul marinho do guarda-roupa, que estava um pouco desbotado, era o único quimono que possuía, e usado para qualquer formalidade, tinha um corte sóbrio e elegante, num tom de azul profundo, na altura do tórax era aberto revelando um peito esculpido e surpreendentemente branco, a faixa na cintura era preta, e quase não aparecia.

Nos pés usava os tradicionais chinelos de dedos japoneses, pelo menos daqueles chinelos ele gostava eram tão confortáveis.

O rapaz pensou se deveria tocar ou não a campanhinha de novo, reparou que havia um carro na garagem o pai de Hinata, deveria estar em casa, era melhor ser paciente. Ouviu um barulho na porta, Sasuke não estava preparado para o que viu.

Parada na sua frente, estava a mulher mais bonita do mundo.

O rapaz não conseguiu conter o queixo, que caiu involuntariamente.

Hinata havia ultrapassado todos os padrões de beleza possíveis, o quimono era branco com uma faixa azul-marinho rodeando sua cintura, Sasuke perguntou-se porque a moça escondia aquele corpo embaixo de metros e metros de tecido sem graça, como o uniforme escolar. A cintura era fina, as coxas bem torneadas, os seios eram fartos, e o rapaz estaria surpreso se não tivesse babando olhando aquilo tudo.

Como se tudo isso ainda fosse pouco, ela tinha o rosto mais encantador do mundo, as orbes prateadas, estavam mais brilhantes, os cílios longos e negros balançavam graciosamente, quando ela piscava, os lábios brilhavam com a cor de uma cereja, e pareciam implorar para serem sugados. O cheiro dela era inebriante, e seus sentidos estavam turvados, ele não conseguia fazer nada apenas ficar olhando-a.

– Sasuke-kun? – chamou Hinata

O rapaz demorou a perceber, que precisava responder.

– Vamos? – perguntou a moça de novo.

– Ah sim, sim vamos.

Os dois atravessaram o pequeno jardim da casa de Hinata, e logo alcançaram à rua.

– Meu pai disse que eu tenho que estar em casa meia- noite – disse a moça sem graça.

– Sem problema – respondeu o rapaz tentando se conter.

Os dois caminhavam em silencio, não pareciam ser os mesmos que trocavam comida no intervalo, e que conversavam todo o dia.

O templo, não ficava muito longe da casa de Hinata, depois de meia hora caminhando, ouviram o barulho aumentar, e chegaram ao local do festival.

Tudo estava decorado de vermelho, e verde, havia símbolos, de folhas em todos os lugares, barracas de todos os tipos, disputavam cada canto, o cheiro bom de comida, invadia o recinto, misturado com o som de musica alto risos, gritos de gente feliz.

Hinata estava extasiada. Tudo era lindo, encantador, e animado, desejava ter vindo a um festival antes, percebeu que tinha perdido muito tempo em casa.

– O que você quem fazer primeiro?- perguntou o rapaz elevando a voz para ser ouvido.

– Não sei o que tem para se fazer num festival – respondeu a moça sorrindo.

– Vem vamos dar uma volta.

Sasuke guiou a moça no meio da multidão, Hinata olhava tudo com espanto e sorria. O templo era enorme e estava apinhado de gente por todos os lados, Sasuke mostrou os lugares preferidos das pessoas, as barracas de gincanas estavam cheias, enquanto o templo aberto vendia amuletos, de todos os tipos e para todos os gostos. A barraca de ramem, era a mais cheia de gente e o cheiro bom atraia ainda mais cliente.

Passaram em frente, a uma barraquinha de sorvete e Hinata quis um. Sasuke ficou feliz quando viu a moça corar, depois de pagar o sorvete, para ele não comprou nada, particularmente não gostava de coisas doces.

O rapaz estava contente porque ate aquele momento, não haviam encontrado ninguém da escola, mas sabia que não tardaria para encontrar alguém, a cidade era pequena e não havia muitas opções para se divertir num sábado à noite, por mais que o templo fosse grande, não era grande o suficiente para que não acabassem esbarrando em alguém, já que a maioria dos alunos estaria lá em peso. Lógico que sempre se tinha a chance de escapar para os fundos do templo que eram escuros, e cheios de arvores e sombra, Sasuke sabia que era pra lá que os casais de namorados iam quando queriam, ter um pouco mais de privacidade, e naquele momento a única coisa que ele queria, era um pouco de privacidade com Hinata, e muito mais proximidade entre eles.

Estava começando a ficar irritado com tantos olhares que a moça recebia (e ela parecia nem notar), tinha que se conter para não passar o braço por sobre os ombros de Hinata, indicando que ele a havia visto primeiro, mas sabia que não devia fazer aquilo, provavelmente a garota nem estava pensando em nada daquilo, mas era difícil para Sasuke se conter, quando tinha a garota mais bonita do festival ao seu lado e não podia nem ao menos toca-la.

Perdido em pensamentos, o rapaz nem mesmo notou quando Hinata parou abruptamente.

Viu a moça de orbes, peroladas com o rosto cheio de espanto olhar na direção de duas pessoas, viu que se tratava de duas garotas, uma tinha madeixas longas e rosas, que estavam trançadas num trança que caia do lado de seu pescoço, a outra possuía cabelos de um amarelo fulgurante presos num rabo de cavalo.

Vestiam-se com quimonos, e até mesmo Sasuke teve de admitir que, estavam bonitas, (não tão quando Hinata claro) mas mesmo assim ainda estavam bonitas.

As moças olhavam para Hinata, com uma cara de incredulidade, e até mesmo um pouco de desprezo. O rosto delas não era estranho para o rapaz, mas os nomes daquelas duas garotas não lhe viam a mente. Provavelmente deveriam conhecê-lo, já que também olhavam em sua direção.

A garota de cabelos rosa aproximou de Sasuke e Hinata, o rapaz pode ver de longe seu sorriso cínico e falso, de repente um nome estourou em sua mente Haruno Sakura, a garota que também estava na sua classe, e que havia se declarado para ele centenas de vezes. O rapaz com os olhos cor de ônix teve um mau pressentimento sobre aquilo.

– Ora, ora, ora, mas que surpresa temos aqui, Ino – disse Sakura em tom zombeteiro – se não é o tão popular, Uchiha Sasuke, com a não tão popular assim Hyuuga Hinata. Eu não sabia que vocês eram amiguinhos.

– Olá pra você também Sakura – respondeu o rapaz. Não estava disposto a deixar que aquela garota estragasse sua noite.

A moça de orbes verdes lançou-lhe uma olhar cheio de ódio, e ficou em silencio.

– Quer dizer então que você já elegeu sua preferida Sasuke? – perguntou Ino também com cara de poucos amigos.

O rapaz sabia que aquilo estava ficando complicado, aquelas duas iriam espalhar na manhã seguinte, que tinham visto Sasuke e Hinata juntos no festival, e ele era suficientemente esperto pra saber que mais da metade do seu fã-clube cairia em cima da pobre Hinata que não queria confusão.

Lançou uma olhar, em direção a Hinata, para ver o que a moça achava de toda aquela situação, ela parecia assustada e tremia ligeiramente. Sasuke sabia que ele tinha que resolver aquele problema com aquelas duas malucas.

– Só porque vim ao festival, com uma garota Ino não significa que eu tenha elegido, era para nada, muito menos para ser minha namorada se é isso que você quer saber.

Ino e Sakura ficaram espantadas, com o tom de voz frio do rapaz, mas não acreditaram em nenhuma palavra do que ele dissera, sabiam que Sasuke escondia alguma coisa.

Sentiam-se rejeitadas e enciumadas, elas haviam feito tanto por ele, tinham se declarado centenas de vezes, buscando um pouco de sua atenção e ele sempre as rejeitara. Para que? Pra escolher a sem sal nem açúcar da boba da Hinata. Isso era algo que elas não podiam permitir.

– Hinata vem comigo – disse Sakura decidida arrastando a moça, por um braço – quero falar com você.

Sasuke não achou aquilo, uma boa idéia, mas Hinata já estava acompanhando a moça de cabelos rosa, ele ia ficar de olho naquelas duas.

OoOoOoOoOoOoO

Quando as duas já estavam há uma boa distancia do rapaz de cabelos negros, e da moça de cabelos cor de ouro, Sakura virou-se para Hinata com um ódio visível estampado, nos olhos esmeraldinos.

– Traidora – disse Sakura em tom sibilante – Como pode ser tão falsa comigo?

Hinata não estava entendo do que Sakura estava falando, aquelas palavras acertaram-na como se ela tivesse levado uma bofetada na cara. O rosto da moça de orbes prateadas, estava vermelho, e sua respiração acelerada.

– Sakura eu não estou entendendo, o que você está falando.

– Mentirosa – gritou a moça de cabelos rosados – Você sempre me ouviu dizer que eu gostava do Sasuke, sempre soube que eu o amava, e agora sem ligar para os meus sentimentos, você aparece desfilando com ele no festival. Você não presta sua vadia!

Hinata arregalou, os olhos tentando conter as lágrimas que ameaçavam sufoca-la, aquilo era demais pra ela, ela não fizera nada, não tinha nada com Sasuke, eram só bons amigos. Apenas isso nada mais do que isso, não iria se importar se ele ficasse com Sakura, ou com Ino, ou com qualquer outra garota da face da terra.

– Sakura, você ta enganada eu não tenho nada com o Sasuke...

– Cala a boca – disse a moça de orbes verdes agora descontrolada – acho bom você ficar longe do Sasuke, porque ele é meu, e de mais ninguém, eu vou fazer ele me amar, e você não vai mais chegar perto dele, sua cadela...

Hinata ficou em silencio, parecia que seus ouvidos estavam zumbindo, e o mundo girava, as pernas estavam tremulas, mas mesmo assim antes mesmo de pensar as palavras já haviam saído de sua boca, num tom calmo que surpreendeu as duas moças.

– Goste você, ou não Sakura ele é meu amigo, e se ele quiser, eu vou chegar perto dele sim...

– Ora sua... – Sakura, já estava baixando sua mão em direção ao rosto de Hinata, quando um chamado fez com ela parasse.

– SAKURA – gritou a voz de Sasuke chamando a atenção das duas moças, o rapaz correu até onde elas estavam sendo seguido de perto por Ino.

– O que pensa que ta fazendo sua louca? – perguntou o rapaz encarando a moça de orbes verdes que tinha os olhos marejados – Você chamou a Hinata aqui, para dar uma bofetada na cara dela?

– Espera Sasuke me deixa explicar eu te amo, e essa garota – disse ela apontando para Hinata de modo ameaçador – ela ta querendo tirar você de mim, ela sabia sempre soube que eu gostava de você e agora...

O rapaz olhava para a moça de madeixas rosa, com uma expressão visivelmente enojada.

– Eu não quero ouvir mais nada de você – disse o rapaz com uma voz, fria e os olhos brilhando perigosamente – já disse que não quero saber dos seus sentimentos por mim, quero que você fique longe de mim e da Hinata sua maluca.

E dizendo isso carregou a moça de orbes prateados, para dentro da multidão se afastando logo das duas.

OoOoOoOoOoOoOoOoO

Os dois andaram com passos rápidos, até se afastarem da multidão, estavam perto da entrada do templo, ali havia alguns, bancos dispersos, Sasuke e Hinata sentaram e ficaram algum tempo em silencio. O rapaz não estava gostando da expressão de Hinata, ela parecia distante, e com um rosto triste. Já ia começar a dizer alguma coisa, quando a moça começou a falar num murmúrio de voz:

– Nos éramos amigas, quando pequenas... Eu e a Sakura. Vivíamos juntas, brincando de bonecas, correndo descalças nas ruas, dormindo uma na casa da outra, naquela época parecia que seriamos amigas pra sempre...

Sasuke ficou em silencio, de alguma forma sabia que não devia interromper aquela conversa, sabia que aquilo era importante para Hinata.

– Quando entramos na adolescência, eu não sei muito bem o porquê, mas começamos a nos afastar – continuou contando a moça – nunca mais as coisas foram, como eram antigamente, não nos falamos mais, mas mesmo assim ela ainda era minha amiga, de infância. Minha única amiga de infância.

– Sasuke – disse Hinata agora olhando para o rapaz – O que ela falou é verdade, eu sabia que a Sakura gostava de você, tudo o que ela falou e fez, foi porque estava com ciúmes de mim...

– Ela não tem o direito de fazer isso – enfatizou o rapaz – eu não tenho nada com ela e nem você.

– Eu sei disso, mas ela tem sentimentos por você, à maioria das garotas da escola tem você nunca, pensou que algumas de suas atitudes poderiam ferir todas elas?

Sasuke ficou em silencio, ele não ligava para o sentimento daquela garotas, não tinha pedido para que elas o amassem, elas faziam isso porque queriam, porque eram bobas, de terem um sentimento mesmo ele sendo recusado. Não era agora que ele iria se sentir culpado por causa de algumas palavras de Hinata... Não ia mesmo.

– Olha Hinata eu não posso corresponder a todas as garotas – disse ele tentando ficar calmo – uma hora elas vão se ferir, porque realmente eu vou encontrar alguém pra mim, não posso fazer nada se vou feri-las, eu também quero ser feliz...

– Eu sei Sasuke – respondeu a moça sorrindo, um sorriso triste, com olhos os cheio de carinho – e você tem todo o direito de ser feliz, todos temos né? Mas isso não deixa de ser triste... Vai ser triste para aqueles, que não vão poder compartilhar da sua felicidade...

Hinata olhou para o céu e ficou assim, por um longo tempo apreciando as estrelas, o céu estava sem nuvens e havia milhões e milhões de pontinhos brilhantes, para a moça o céu era algo tão imenso... Ela só era mais uma pessoa numa multidão sem fim, sentiu-se tão pequena... Como se ela estivesse sozinha num cantinho do mundo...

– Eu vou sentir falta da Sakura – disse por fim, mais pra si mesma, do que para o rapaz, ao seu lado – afinal de uma maneira, ou de outra, ela era minha amiga...

Nesse momento, o rapaz se levantou e se afastou dizendo apenas:

– Espere aqui, eu já volto.

Hinata ficou sem, entender, mas esperou pacientemente, até que viu o rapaz voltando com alguma coisa nas mãos que a distancia, ela não pode distinguir.

Sasuke parou, na frente da garota que ficou sem entender aquela ação:

– Isso é pra você – ele disse estendendo, um coelhinho de pelúcia, azul com uma aparência, um tanto quanto embolorada, e com olhinhos desaparelhados – pode acreditar em mim, que era a melhor coisa que, eles tinham naquela barraca de tiro ao alvo – concluiu o rapaz meio sem jeito.

Hinata pegou o bichinho de pelúcia, achando-o a coisinha mais linda que ela já vira, em toda a vida, talvez porque ele era um boneco feio e remendado, e porque parecia uma criaturainha da qual ninguém daria bola. Amou quase que instantaneamente, quando pegou nas mãos, sentindo o pouco recheio, desfazer-se molemente em suas mãos.

– Hinata – disse o rapaz, e a moça, se assustou com aquela voz, que não lembrava nem um pouco a de Sasuke- eu não posso dar felicidades, a todas as pessoas, não posso fazer todas as garotas que sentem algo por mim, serem felizes, na verdade às vezes duvido da minha própria capacidade de achar essa tal felicidade que todos falam...

– Mas... – continuo o rapaz, na sua frente, não mais uma figura, imponente, e segura de si, mas alguém que tinha medos, angustias como qualquer outra pessoa – você é uma pessoa importante pra mim, na verdade eu acho que a primeira pessoa importante da minha vida. Por isso Hinata de alguma forma, eu quero que você esteja do meu lado, quando eu conseguir achar essa tal 'felicidade' que todos buscam...

Hinata, não soube o que responder, talvez fosse porque seu coração batia forte no peito de um modo dolorido, talvez fosse porque algumas lágrimas queriam cair, mas ela não iria deixar, talvez fosse porque toda sua alma também gritava com a ânsia de encontrar aquela tão almejada felicidade...

Pegou o pequeno coelhinho azul e o abraçou, com toda a força tentando segurar todas as emoções daquele momento.

Naquele, instante só havia um pensamento, que habitava na mente da moça de orbes, cor de perolas...

"Um dia Sasuke, você ainda vai ser feliz... Eu tenho certeza disso...".

Continua...



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