Quando Hinata chegou á escola, naquela manhã de segunda-feira, não sabia o que iria encontrar, por isso sentia-se tremula e nervosa

Quando Hinata chegou á escola, naquela manhã de segunda-feira, não sabia o que iria encontrar, por isso sentia-se tremula e nervosa. Desejava que as pessoas não estivessem sabendo que ela e Uchiha Sasuke, haviam ido juntos ao festival no fim de semana. Tinha esperança, que esse fato pudesse ser escondido por ela e pelo próprio Sasuke, afinal as únicas pessoas, que eles haviam visto no festival que também eram alunos da escola tinham sido Sakura e Ino.

Ao relembrar o nome da moça de madeixas rosa, Hinata sentiu novamente um certo,desconforto no estomago, não sabia como classificar aquilo, talvez fosse remorso por ter dito coisas que fizeram com que Sakura, sua amiga de infância se machucasse, mas ela também não podia fingir, também tinha sido machucada pelas palavras cruéis, e frias da 'ex amiga'.

"Talvez Sakura, esteja chateada demais, e simplesmente queira esquecer o assunto, e não conte a ninguém". Pensou a moça de madeixas negras.

Mas, Hinata sabia que aquilo era uma esperança tola, estava se esquecendo completamente de Ino, a loira alta de olhos azuis, que também a vira com Sasuke no festival. Ino podia muito bem sair espalhando a noticia em primeira mão, mesmo que Sakura estivesse chateada, e quisesse esquecer o assunto.

Hinata apertou com força os livros de literatura, contra o peito, estava a poucos passos da escola, e sentia vontade de virar e sair correndo na direção oposta. Percorrera todo o caminho lentamente, tentando evitar chegar naquele local, tinha medo. Os dedos das mãos apertavam tanto a capa dos livros que estavam começando a ficarem dormentes, ela, sabia que estava tremendo, mas tinha que continuar andando entrar, na escola o mais rápido possível e ficar lá na sala de aula, longe de todos os olhares. Respirou fundo e passou pelo portão aberto da escola.

Hinata sabia que ia ser ruim, mas ela jamais podia imaginar que aquilo fosse tão péssimo.

Quando a moça de orbes prateados cruzou o portão, todas as cabeças que estavam no pátio, de todos os alunos espalhados pelo lugar olharam em sua direção. Era como se todos estivem a sua espera. Ela continuou andando, mas era como se o tamanho do pátio tivesse aumentado do dia pra noite, tentava ignorar todos aqueles, olhares, lançados em sua direção. Alguns a olhavam com raiva, outros com desprezo, ela tentava fingir que não ouvia os comentários.

"... o que o Sasuke viu nessa garota? Ela nem é bonita, olha como é desengonçada pra andar...".

"... dizem que ela gritou, com a pobre da Sakura e a mandou calar a boca, quando Sakura foi cumprimentar os dois. Ela nem gosta de verdade do Sasuke, só esta com ele pra ter um pouco de atenção. Quem gosta de verdade dele é a Sakura...".

"Sasuke sortudo, sempre pegando as garotas mais bonitas, sera que quando o Sasuke largar a Hyuuga eu não tenho chance com ela?...".

Hinata tentava fechar os ouvidos. Mentalmente repetia a mesma frase. "Ignore, ignore, ignore, apenas ignore"...

Estava alcançando as escadas que levavam para as salas de aula quando uma garota colocou-se na sua frente rápido como um raio. Hinata foi obrigada a erguer a cabeça e encara-la.

Nunca tinha visto aquela garota, ela tinha os cabelos castanhos que desciam muito ondulados por suas costas, a pele era bronzeada e usava óculos da moda, tinha um sorriso forçado que não acompanhavam os olhos que continuam analisando qualquer mínima reação de Hinata.

- Hinata-san – disse a moça com outro sorriso falso – acho que nunca nos falamos antes, meu nome é Miiko, eu estudo no primeiro ano classe C, eu estava pensando se você não viu o Sasuke-kun por ai?

Hinata arregalou os olhos, aquela garota estava perguntando se ela tinha visto o Sasuke, todos sabiam pensou a moça de orbes prateadas, todos queriam saber qual era o relacionamento deles. Sabia que aquela garota que estava na sua frente, com olhos castanhos observadores, estava ali apenas para conseguir informações e passa-las adiante em primeira mão. Aquele assunto devia estar fazendo muito sucesso.

- Eu não o vi – respondeu Hinata com toda a sinceridade

- Ah certo – disse a moça e seu sorriso falso, vacilou por alguns instantes – é que o pessoal do grêmio ta procurando ele.

- Desculpe não o vi.

Hinata contornou a garota pronta para subir as escadas quando a moça colocou-se novamente em sua frente.

- Desculpa a pergunta Hinata-san, mas você foi ao festival nesse final de semana? – dessa vez o sorriso da moça era cheio de um divertimento gélido.

Hinata estava tremendo, não era capaz de lidar com pessoas como aquela garota parada na sua frente, podia sentir que Miiko a desprezava. Via claramente, a falsidade estampada por detrás daqueles olhos castanhos protegidos por uma lente. Ela exibia um sorriso frio e cínico, ao mesmo tempo m que olhava Hinata, avaliava, via sua fraquezas, seus medos, seus defeitos, guardava-os todos na memória para depois contar a todos que estivessem de ouvidos prontos a escutar.

Hinata, não podia suportar aquela pressão. Todos os olhares sobre ela. Dentro de sua mente uma parte dela gritava "Não me olhem, não me julguem, não me olhem sou invisível, por favor, me ignorem...".

Um bolo havia se formado, na sua garganta e ela não conseguia responder. A garota na sua frente devia estar achando aquilo um máximo, seus olhos castanhos brilhavam perigosamente...

- Hinata – disse uma voz conhecida. Sasuke vinha descendo lentamente as escadas.

- Bom dia Sasuke-kun – disse a moça chamada Miiko, transformando-se teatralmente numa tímida e ingênua colegial.

- Bom dia – respondeu o rapaz sem nem ao menos olhá-la.

- Hinata vem quero falar com você.

A moça de madeixas negras sentiu um alivio imenso ao ouvir aquilo, Sasuke estava livrando-a da presença daquela garota insuportavelmente falsa. Não se importou mesmo tendo certeza, de que ela iria sair dali correndo e avisando a todo mundo que Sasuke e Hinata estavam conversando naquele momento. Ela queria ficar livre por alguns instantes daqueles olhares.

Sasuke começou a subir novamente alguns lances de escadas e Hinata, segui-o apressadamente.

A jovem Miiko saiu dali triunfante, ela tinha muitas novidades pra contar.

Hinata seguiu Sasuke, pelos corredores, do primeiro andar, havia poucas pessoas, ali a maioria era de gente que não participava da vida socialmente ativa do colégio Konoha. Todos eles lançaram olhares para Hinata e Sasuke enquanto eles andavam.

O rapaz com olhos cor de ônix, abriu uma porta de correr ainda no primeiro andar, a sala estava escura com as cortinas fechadas, devia ser uma das salas que não eram utilizadas sempre.

O silencio pairava no ambiente, de repente o fraco escuro promovido pelas cortinas que tentavam não deixar que a luz do sol entrasse naquela ambiente foi bem vindo por Hinata.

Ela encostou-se na parede, não tinha percebido, mas estivera todo aquele tempo, prendendo o ar, respirando o mínimo possível. Mesmo assim ainda sentia-se amendrotada.

- Sasuke - Hinata disse de repente tirando o rapaz do seu silencio - estão falando da gente, todos estão comentado que nos fomos ao festival.

- Isso não deixa de ser verdade – respondeu o rapaz simplesmente.

- Eles acham que nos estamos ficando, Sasuke – Hinata sentiu o rosto corar violentamente – acham que nos dois somos namorados.

- Também não é pra tanto, eles apenas tão achando que nos dois estamos tendo um 'relacionamento sem nome. ' Oficialmente eu ainda não te pedi em namoro.

Hinata ficou espantada, com a calma do rapaz, mas logo lembrou-se ele já devia estar acostumado com tantas fofocas que corriam ao seu respeito.

- Sakura e Ino contaram que nos viram no festival – disse o rapaz – o resto foi fácil para o povo sair falando, é a melhor fofoca desde o começo do ano.

Hinata continuou em silencio, ela sabia que não era capaz de lidar com aquilo, não era capaz de viver com todos aqueles olhares pregados nela todos os dias, precisava novamente da sua insignificância.

- Temos que contar a eles – disse Hinata que não gostou, de como sua voz soou tremula – que não estamos ficando que apenas fomos ao festival como amigos, que não há nada entre nos...

- Isso não vai adiantar Hinata, nenhum deles vai acreditar na nossa versão, eles estão falando isso porque pra eles é divertido ficar comentando sobre a nossa vida. Vão falar sobre nos ate que apareça, outro assunto mais interessante, talvez demore um pouco, mas vai aparecer sempre aparece.

Hinata olhou para os próprios pés, não ia suportar tinha certeza disso, mas não havia o que fazer, sabia que Sasuke tinha razão. Ela não podia fazer nada.

- Não ligue para o que eles falam Hinata, ignore todos eles.

A moça não respondeu, ela não queria ignorar, preferia ser ignorada, era mais fácil daquele jeito.

O sinal bateu anunciando o começo das aulas era melhor irem para a sala. Sasuke não estava com o material o que indicava que ele já havia estado na sala de aula.

Saíram para o corredor, ignorando a multidão que insistia em parar e observar os dois indo em direção a sala de aula. Hinata sentia-se completamente exposta.

Na sala não foi nem um pouco diferente, quando Hinata e Sasuke entraram todos olharam em sua direção, a moça de madeixas negras cruzou o olhar por um instante com Sakura, que virou o rosto com dignidade, simplesmente ignorando-a. Hinata sabia que não haveria mais xingamentos, ou conversas, estava tudo acabado e Sakura estava se comportando como uma mulher ofendida. Não haveria desculpas entre elas.

Hinata sentou-se no seu lugar como sempre, e deu um tímido 'oi' para Shino que retribuiu como se nada tivesse acontecido. Cumprimentou Kiba que não teve a mesma reação.

- Uau – disse o rapaz com olhos de fera em tom de escárnio – quer dizer que você ainda fala com que não é importante.

Hinata tentou, responder dizer com voz firme que ela não era importante, que não ligava para aquela atenção que estava recebendo, que ela era apenas amiga de Sasuke qual o problema nisso?

No entanto as palavras ficaram presas na garganta, murmurou apenas um simples ' me desculpe' e sentou-se na sua carteira. Ela não soube que Kiba sentiu-se mal depois de que viu o olhar triste dela.

Com um alivio tremendo para Hinata, a professora Kurenai entrou na sala, carregando a tão costumeira tralha de um professor com pastas, livros entre outras coisas.

Hinata concentrou-se na aula, prestaria atenção em todas as aulas tentando ignorar todo o resto, queria ficar livre de tudo aquilo. Sentiu-se muito aliviada quando as cabeças desviaram dela e foram posar na professora.

- Muito bem – disse a professora no seu tom eficiente – forme grupos de no mínimo dois e no máximo cinco, vocês vão começar a fazer um trabalho hoje que terá de ser entregue na próxima segunda, espero que todos tenham lidos seus livros.

Ouve murmúrios de desaprovação, e todos sem muito entusiasmo começaram a mudar suas carteiras de acordo, com a posição onde estavam as pessoas no grupo, Hinata olhou ao redor, Shino e Kiba, já haviam formado uma dupla e pareciam que não iriam convidá-la.

De repente um súbito pânico invadiu Hinata, com quem ela iria fazer grupo? Olhou ao redor mais uma vez, Sakura Ino já estavam juntas com mais três garotos, pareciam um grupo muito animado que faria pouco trabalho.

Olhou todos os grupos se formando com um pânico crescente que ficasse perceber seus olhos pousaram na figura no rapaz que estava ao seu lado. Sasuke parecia calmo, com o rosto sem expressão, estava mais uma vez revestido daquela película de ser inalcançável. Em nada lembrava aquele rapaz comum, que havia lhe dado um coelhinho bolorento no festival.

- Quer fazer grupo comigo Hinata? – perguntou o rapaz.

Hinata sentiu a cabeça rodar, o coração disparou, porque seus sentimentos eram tão confusos em relação aquele rapaz? Porque ele provocava nela, algo único, que ela não podia controlar... Algo que ela não sabia o que seria.

A moça balançou a cabeça positivamente. O rapaz levantou-se e juntou as carteiras de ambos.

Ele estava muito perto notou Hinata, perto demais, ela podia sentir aquele perfume que emanava dele de forma tão discreta, um perfume masculino que combinava com ele. Ela podia sentir o calor que emanava do corpo dele, e isso fazia com que ela sentisse tremula, a presença de Sasuke a desconcertava, tudo parecia confuso, como peças de um quebra-cabeça embaralhado. Tentou tirar sua atenção do rapaz ao lado e concentrar na professora que caminhava na direção de ambos.

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Sasuke viu quando a jovem professora caminhou na direção da dupla que ele havia formado com Hinata, ele achava aquela professora muita bonita, era jovem com cabelos fartos castanhos e olhos vermelhos. Mesmo assim conseguia manter a sala na linha, era reservada e seria, sabia que Hinata tinha verdadeira adoração por aquela sensei.

- Sasuke Hinata – disse a jovem professora no seu tom sempre baixo – será que não poderiam fazer um favor para mim? Naruto acabou ficando sem grupo e vocês são somente dois. Teria problema se eles se juntassem a vocês?

Sasuke olhou em direção ao rapaz louro que estava conversando animadamente com outros garotos. Seu primeiro pensamento foi "Sim seria um grande problema se aquele retardado se juntasse a nos". Mas sabia que não ia poder dizer aquilo, o único problema é que ele não estava nem um pouco a fim, de ter que aturar o idiota do Uzumaki, num trabalho de literatura.

Para Sasuke, Naruto era o típico idiota feliz, sempre com um sorriso no rosto, boa gente, dificilmente tinha algum inimigo, não gostava de arrumar briga com os outros, mas também quando arrumava não fugia. Não era nem bom nem um mal aluno, era apenas estupidamente idiota.

Respirando fundo o rapaz com cabelos negros, respondeu:

- Não, não teria problema algum.

A professora lançou-lhes um breve sorriso satisfeito, e caminhou em direção ao loiro que falava sem parar. Não demorou muito para que o rapaz se juntasse a eles trazendo sua carteira.

- Cara ninguém merece ter um trabalho pra fazer em plena segunda feira – disse Naruto, com uma empolgação surpreendente.

Sasuke tentou ignorar, o comentário, tentaria ignorar ate mesmo a presença daquele idiota, que era tão chato que não havia conseguido grupo.

Abriu o livro na pagina indicada, e tentou se concentrar na leitura.

- Bom dia Naruto-kun.

Sasuke ergueu a cabeça num impulso, aquela voz era de Hinata. A garota tinha dado 'bom dia ' pro idiota, e tinha usado o 'kun'. Olhou para a moça de orbes prateadas, e ficou sem fala quando viu Hinata vermelha, segurando a barra da sai sem graça, olhando com ar de sonhadora para o pateta sentado na sua frente.

- Ah bom dia Hinata-chan – respondeu o loiro sem nem ao menos notar a vergonha da moça.

Sasuke sentiu uma pontada de raiva, não sabia se era da garota de madeixas negras, naquele instante mais vermelha que uma cereja, ou se era o idiota loiro e sorridente sentado na sua frente.

Ficou se perguntando até que ponto, iam os sentimentos de Hinata por aquele besta, que era o Uzumaki. Nunca antes, ouvira Hinata falar dele, nunca antes, ouvira sequer ela pronunciar o nome do loiro. Então porque agora ela estava lá sentada toda sem jeito, com o rosto vermelho dando 'bom dia' pra ele? Desde quando Hinata se importava com o loiro? Desde quando Hinata buscava a atenção daquele garoto, que na opinião de Sasuke não era mais besta por falta de espaço.

O que ele tinha? Perguntava-se o rapaz de olhos cor de ônix, encarando o loiro que rabiscava distraidamente uma folha no caderno. Tinha o cabelo, num tom de loiro tão comum, a pele era um pouco bronzeada, era alto, mas não tão alto quanto Sasuke, era verdade que tinha olhos absurdamente azuis, mas talvez aquele fosse seu único ponto positivo. Era escandaloso e debochado, parecia que ainda estava na sexta serie, as roupas estavam sempre amarrotadas e ele parecia nem ao menos se preocupar com aquilo. Sasuke não achava que ele fosse o tipo de garoto que podia impressionar Hinata.

Afinal ele conhecia Hinata não conhecia? Eles passavam grande parte do tempo juntos, e também tinham conversado bastante, ela era uma garota calma, tímida, porque iria se importar com um paspalho escandaloso como aquele? Definitivamente, aquele não podia ser o gosto de Hinata para rapaz, ela combinava muito mais como rapaz assim como... Sasuke interrompeu o pensamento, de repente as coisas haviam ficado claras como o vidro, em sua opinião Hinata combinava muito mais com um rapaz assim como ele, Hinata combinava com alguém no seu próprio estilo.

O rapaz de olhos cor de ônix olhou para Hinata que lia agora tranquilamente o texto pedido pela professora. As faces da moça começavam a clarear novamente, e estavam delicadamente rosadas, os longos cílios negros estavam em contrastes com a pele muito alva. Sasuke achava-a perfeita em todos os detalhes, tivera muito tempo para ficar apreciando-a, tivera muito tempo em silencio ou conversando perto daquela garota. Como antes ele não percebera que estava interessado nela?

Sim definitivamente ele estava interessado por Hinata, mas não apaixonado. Sasuke tinha plena consciência que não era uma pessoa capaz de amar. Mas podia sim muito bem se interessa por alguém.

É lógico que Hinata não fazia muito seu tipo, ele gostava de meninas que pudesse falar um pouco mais, mas ate mesmo a tímida extrema daquela moça o atraia. Lembrou-se de Hinata vestida de quimono no festival e sentiu um frio na boca do estomago. Ela estava deslumbrante naquele dia, com as curvas expostas pelo tecido branco, curvas que estavam naquele momento muito bem escondidas sob o uniforme escolar.

Seria fácil se fosse com qualquer outra garota. Sasuke não era do tipo que precisava ter trabalho em conquistar uma moça em que estava interessado. Mas Hinata, não era qualquer uma, ela era sua amiga, bem os dois se consideravam amigos, e passavam bastante tempo juntos conversando, isso definitivamente era coisa de amigo, não era?

Sasuke tinha certeza de que não podia chegar em Hinata, mostrar-se interessado nela, suprir o desejo que tinha de ficar com o jovem de orbes prateadas, e depois simplesmente serem amigos de novo. Ele era homem, e já tinha aprendido que não se mistura amizade e compromissos com mulheres sem causar uma grande confusão.

Não queria perder a companhia da moça, uma companhia que era muito agradável, mas também não queria ficar passando vontade, ele era humano tinha tantas vontades quanto qualquer outro. Mas será que Hinata também tinha vontades? Será que a Hinata pode se interessar por mim? Perguntou-se o rapaz com olhos cor de ônix.

Sasuke olhou em direção a moça, e viu-a sorrir, um sorriso tímido e singelo em direção a Naruto que nem ao menos notou novamente o sangue ferveu nas veias de Sasuke e uma desagradável sensação de queimação pairou sobre seu estomago.

Se Sasuke estivesse prestando um pouco mais de atenção aos seus sentimentos, talvez percebesse que aquela queimação, e toda aquela indignação de ver Hinata sorrir para Naruto, tinha um nome: ciúmes.

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O sol estava quente, notou Hinata colocando uma das mãos sobre os olhos claros. A tarde de domingo estendia-se lentamente, não havia muitas pessoas nas ruas naquele dia, mas as poucas que transitavam vestiam-se com roupas leves devido ao imenso calor, quase não havia nuvens no céu.

Hinata sentia-se mais uma vez nervosa. Ficar nervosa tinha virado rotina, naquela semana. "E que semana" Pensou a moça consigo mesma agradecendo pelo fato de que o domingo havia chegado.

Lembrou-se de todos os acontecimentos. Primeiro a escola, inteira, havia comentado ( e ainda estava comentando ) de seu envolvimento ( inexistente ) com Sasuke, depois o trabalho de literatura que havia, exaurido suas forças em cima de livros que deviam pesar três quilos o estranho comportamento de Sasuke, que parecia estar evitando-a,durante toda a semana e por fim mas não menos importante a entrada de Naruto no seu grupo de estudo. Definitivamente era muita coisa, em muito pouco tempo para a moça de orbes prateadas. Talvez fosse por todos esses acontecimentos, que o trabalho de literatura tivesse ficado atrasado, e por isso ela caminhava naquele momento a passos lentos para a casa de Sasuke, para dar os últimos retoques naquilo.

Naruto tinha avisado que não poderia ir no domingo, por isso já tinha cumprido sua parte no trabalho, agora era com ela e Sasuke.

Hinata passou a mão, sobre o tecido fino do vestido. Ainda estava se perguntando se ir de vestido tinha sido realmente uma boa idéia. Mas estava quente demais e ela não queria passar ainda mais calor com calça, o vestido era azul clarinho, com rendas nos punhos e na gola, ia ate um pouco acima do joelho, nos pés a sandália branca combinava perfeitamente, o cabelo preso no alto da cabeça lhe dava um ar um tanto quanto infantil.

Hinata parou na frente da mansão Uchiha. A enorme casa, completamente silenciosa só serviu para que a moça ficasse ainda mais nervosa. Entrou pelo jardim como Sasuke mesmo havia dito que ela poderia fazer e tocou a campaninha. O estomago remexia nervosamente dentro dela. Não demorou muito para que a porta se abrisse. Hinata perdeu o fôlego diante daquela visão.

Sasuke estava parado, segurando a maçaneta na porta, o peito nu exibia músculos trabalhados e rijos, o cabelo ainda estava molhado e uma toalha branca estava sobre seus ombros. Algumas gotas caiam pela face do rapaz que parecia não se importar, usava uma calça jeans surrada com os pés descalços.

- Entra Hinata – disse o rapaz simplesmente – deve ta um calor dos infernos ai fora.

Sem mais uma palavra, a moça seguiu o rapaz que parou na sala.

- Quer alguma coisa pra beber?

Ela balançou a cabeça negativamente.

O rapaz seguiu em frente, subindo as escadas sendo seguido pela moça de orbes prateadas. Hinata estava hipnotizada pelo corpo de Sasuke, nunca tinha visto outro rapaz sem camisa, ( a única exceção fora seu primo Neji, mas primo não contava né?), as costas de Sasuke eram largas e a pele ali também eram muito branca, o cabelo dava-lhe um contraste muito bonito, e a moça imaginou-se encostando naquele corpo bem perto para poder aproveitar melhor o cheiro bom que emanava dele.

Balançou a cabeça com brusquidão, havia algo muito de errado numa amiga pensar aquilo do seu amigo. Ficou feliz ao notar que Sasuke nada percebera do seu embaraço.

- Pode entra – disse o rapaz abrindo uma porta, completamente igual, as outras num corredor imenso.

O quarto de Sasuke era grande e arejado, havia poucos moveis e todos bem masculinos, a janela era grande e tinha uma vista privilegiada da cidade, no chão um tapete estava abarrotado de livros e papeis. Sasuke largou-se no tapete pegando alguns papais na mão.

A moça continuou parada em frente à porta, sem saber muito que fazer. Ali dentro o cheiro do rapaz parecia ser ainda mais pungente.

- Pode sentar se você quiser – disse o rapaz apontando para a cama.

A moça seguiu o conselho e sentou-se no colchão extremamente macio. Imaginou-se como seria ficar deitada ali ao lado do rapaz. Fechou os olhos com força para espantar o pensamento.

Quando abriu novamente os olhos, deparou-se mais uma vez com o corpo desnudo do rapaz. Havia algo extremamente de errado ali, pela primeira vez Hinata estava sentindo-se como uma mulher, e não mais como uma menina, Sasuke já não era mais apenas seu amigo, mas também era um homem. E os dois estavam sozinhos num quarto.

A moça ficou se perguntando o que faria se aquele rapaz de olhos negros agarrasse-a naquele momento e a jogasse na cama. Qual seria a sua reação?

Sasuke percebeu que a moça olhava insistentemente para seu corpo. Sorriu de forma pouco casual provocando um arrepio na espinha de Hinata, o rapaz havia esperado muito por aquele fim de semana, talvez se ele conversasse um pouco com Hinata os dois poderiam ficar juntos, quem sabe? Afinal a Hyuuga acabara de mostrar interesse nele, não?

Mas não ia ser tão facial assim, o rapaz de olhos cor de ônix havia prometido a si mesmo que só ficaria com Hinata, quando descobrisse o que ela realmente sentia pelo paspalho do Naruto que para alivio dele não estava com os dois naquele dia.

Levantou-se e colocou uma camiseta branca lentamente, reparando que Hinata não desviava o olho dele. Aquilo podia ser muito divertido notou o rapaz.

- Não é bom um rapaz ficar sem camisa perto de uma dama – ele disse com um sorriso nos lábios.

"Também não é bom uma dama vir visitar um rapaz de vestido" pensou Sasuke em silencio apreciando o vestido azul de Hinata.

- É melhor a gente começar isso logo pra terminar ainda mais rápido – respondeu a moça parecendo muito nervosa.

Não havia passado muito tempo que os dois estavam sentados no tapete, terminado o trabalho quando a porta de abriu de maneira brusca.

- Ora, ora, ora, veja quem esta aqui? Pois não é o meu querido irmãozinho Sasuke.

Hinata sentiu de maneira brusca o sangue gelar nas veias. Parado na porta de forma altiva, com um sorriso de deboche nos lábios, estava um homem parecidíssimo com Sasuke nas feições. O cabelo no mesmo tom de negro, descia preso pelas costas num rabo de cavalo, os olhos também eram negros, mas possuíam um brilho mais gélido e cruel, o sorriso falso mostrava uma frieza assustadora. Hinata não teve duvida aquele, só podia ser o irmão de Sasuke: Uchiha Itachi.

- Ora Sasuke o que foi? O gato comeu sua língua? Ou será que você, não esta nem um pouco contente em ver seu irmão mais velho? – perguntou Itachi com olhos fixados em Sasuke.

Hinata olhou na direção do amigo e viu que Sasuke mantinha o maxilar rígido, na mão uma folha de papel estava sendo amassada furiosamente. A tensão era quase que palpável no ar.

Os irmãos olhavam com ódio espantado no rosto de ambos, eram tão parecidos notou Hinata e ao mesmo tempo tão diferentes...

- Olha o que temos aqui – disse Itachi desviando o olhar de Sasuke e pousando em Hinata – temos visitas. Você não cansa de me surpreender irmãozinho, eu jurava que seu gosto sexual fosse outro. Ou será que ela é sua melhor amiga e vocês estão trocando figurinhas?

Hinata sentiu o rosto ficar vermelho, instantaneamente, e se amaldiçoou com isso, pois percebeu que o irmão de Sasuke havia gostado da sua reação.

- Eu só vou dizer uma vez Itachi – disse Sasuke com uma voz fria – saia do meu quarto!

- Seu quarto? Ora Sasuke, não seja ingênuo, essa casa é minha.

Hinata sentiu a tensão crescer entre ambos, por um momento pensou que o ar dali parecia pesado demais para seus pulmões, como podiam suportar tanto ódio declarado.

- O que quer aqui? – perguntou Sasuke alterando ligeiramente a voz.

- Nada em especial – respondeu o irmão mais velho dando de ombros. Hinata percebeu que ele se vestia da cabeça aos pés de preto – apenas queria saber como meu irmão, estava, fazia tempo que não nos víamos.

- Já viu agora pode ir embora.

- Sabe o que eu mais gosto em você Sasuke – disse Itachi se aproximando do irmão mais novo – é essa sua prepotência de achar, que você pode ser melhor.

- Você é patético meu irmão – continuou o mais velho segurando a gola da camiseta de Sasuke – e é meu papel lembra-lo da sua insignificância...

Hinata, não conseguiu ver muito bem o que aconteceu logo em seguida, apenas soube que Sasuke dera um soco com toda sua força no rosto do irmão que apenas cambaleou ligeiramente sem soltar a camiseta de Sasuke.

Antes que a moça pudesse entender o que estava acontecendo, a mão de Itachi voou na direção de Sasuke fazendo com que o garoto fosse parar no chão, com o lábio inferior sangrando.

- Sempre prepotente – disse o irmão mais velho limpando a boca – você ainda soca como uma moça irmãozinho. Porque não se conforma que nunca poderá me superar. Que terá de viver pelas minhas custas o resto da sua miserável vida. Você não representa nada pra ninguém Sasuke... Se você não tivesse nascido, minha mãe e meu pai estariam vivos... Por sua causa... Vou fazer da sua vida um inferno Sasuke, você não tem como fugir disso.

E sem dizer mais nada, assim como entrara o irmão de Sasuke saiu bruscamente do quarto.

Hinata sentiu que tremia, não conseguia controlar o corpo, Sasuke continuava caído com a franja na frente do rosto, ela não podia ver sua expressão. Aquelas palavras ecoavam na sua mente. O veneno delas, aquela atitude ensandecida, tudo aquilo era demais para uma pessoa suportar sozinha.

Ela viu quando Sasuke levantou lentamente, e foi em direção à porta. Ela ainda estava tremendo.

- Sasuke – o nome não foi mais do que um murmúrio, mas ele não ouviu continuou andando e saiu do quarto.

- SASUKE – gritou a moça tentando recuperar a forças nas pernas bambas.

Sai correndo atrás do amigo, viu quando ele abriu a porta e se lançou numa corrida pelas ruas, sem pensar duas vezes Hinata correu atrás dele.

No céu o sol estava escondido por pesadas nuvens cor de chumbo. Ia chover a qualquer momento. As pessoas preocupadas em não se molharem aceleravam o passo e não reparavam nos dois jovens que corriam sem rumo. Hinata esbarrava nas pessoas, e não pedia desculpa, seu foco era o garoto de cabelos negros e camiseta branca.

Ela não era boa em educação física, Sasuke corria depressa demais, mesmo assim ela não parou de correr, mesmo quando o ar inspirado pra dentro dos pulmões parecia fogo.

Hinata viu quando Sasuke dobrou uma esquina, com um ultimo esforço tentou aumentar o passo, viu quando o rapaz parou de correr e ficou em pé num parquinho abandonado. Não havia nada ali a não ser brinquedos enferrujados e quebrados. Não havia muitas pessoas que andavam por perto, o tempo havia levados todos para o conforto de duas casas, ninguém queria pegar a tempestade que estava ameaçando desabar por sobre suas cabeças.

O rapaz de olhos cor de ônix estava de costa. Hinata não podia ver seu semblante, parou atrás dele sem saber o que dizer, sem saber o que fazer, ele parecia estar alheio a tudo aquilo.

- Sasuke – chamou a moça docemente.

Mas ele não respondeu.

Tomando coragem, Hinata ficou em frente ao rapaz.

O rosto de Sasuke estava seco, e completamente frio, havia algo de distante de seu semblante, uma dor profunda e escondida, uma dor maquiada, algo escondido bem profundamente que Sasuke tentava conter naquele momento. Tudo nele lembrava desamparo. E quando o rapaz olhou nos olhos perolados da moça, ela viu claro como o vidro um desespero tão grande que fez com que sua garganta ficasse apertada.

Sasuke caminhou para debaixo de uma arvore, encostou as costas no tronco e fechou os olhos. Hinata precisava fazer alguma coisa, dizer algo, tirar o rapaz daquele estupor em que ele se encontrava.

"Vamos mecha-se diga algo" sua mente lhe ordenava.

Mas a voz não saia.

Hinata simplesmente, colocou-se ao lado do rapaz, talvez com sua presença ela pudesse mesmo que em silencio ela pudesse ajudar o amigo.

- Ele me odeia – disse Sasuke, com a voz coberta por uma repulsa sem tamanho – mas eu também o odeio... Aquele desgraçado.

- Eu não tenho culpa se a minha mãe morreu, e por isso meu pai achou que também tinha que morrer, mais que droga eu só tinha nove anos... Eu não matei meus pais...

Sasuke passou a mão nervosamente sobre o cabelo já muito arrepiado, seus olhos pareciam alerta demais, e seu rosto estava mortalmente pálido.

Hinata achou impossível alguém suportar tanta dor dentro de si.

- Não Sasuke para! –disse a moça e sua voz soou estridente, pelo menos agora o rapaz estava olhando em sua direção – não é sua culpa! Você não tem culpa da morte dos seus pais! Está tudo errado! Seu irmão ele, não podia ter feito isso... É ele quem está errado.

Hinata segurou a mão do rapaz, que estava fria.

- Não se martirize ainda mais...

Mas a moça nunca chegou a terminar a frase.

De repente a boca de Sasuke estava grudada na sua, sugando todo o ar que havia em seu corpo, fazendo sua mente rodar. Ela sentiu o corpo ficar mole, quando a língua de Sasuke invadiu sem piedade sua boca, sentindo como se uma corrente elétrica percorresse seu corpo.

Os sons ficaram indistintos, e o mundo parecia ter sido trancado lá fora.

Hinata sentiu o corpo tremer e vibrar, quando Sasuke prensou-a contra o tronco da arvore fazendo com que seus corpos roçassem. As mãos do rapaz buscavam o corpo a moça que não conseguia acompanhar o ritmo do beijo, feroz e devastador, havia um desespero sem fim ali naquele beijo. Um desespero tão grande que Hinata achou que não conseguiria suportar mais um só segundo.

"Está errado" dizia uma voz dentro da mente da moça. "Esse beijo, é um erro, vocês só vão sofrer, sofrer ainda mais"

Sasuke agarrava o corpo de Hinata, com força era como se ele se soltasse de Hinata ele fosse desaparecer.

As línguas brigavam, se mordiam, havia dor ali, dor e desespero.

Dentro da mente da moça algo, parecia soar como um alarme. "Afaste-se dele" Ele é seu amigo! Isso está errado"

'Não Sasuke, não me beije, continue a ser meu amigo, vamos ficar em silencio debaixo da arvore na quadra, não quero perder sua companhia, não me beije, seja meu amigo apenas meu amigo, se você me beijar, você vai me deixar depois, eu não quero mais ficar sozinha. Não!"

Hinata não sabia se eram as lagrimas que molhavam seu rosto, ou a chuva que começara a cair, de repente ela e Sasuke encontravam-se ensopados mesmo protegidos parcialmente pelos galhos da arvore. O vento fustigava o parquinho.

Eles continuavam a se beijar... Aquilo era demais pra ela, não podia suportar, os pensamentos eram um turbilhão sem forma e sem cor... Havia apenas o desejo de não estar mais sozinha. "Por favor, pare" implorava silenciosamente a moça.

- NÃO! – sem conseguir pensar direito Hinata empurrou o rapaz com toda a força, fazendo com que o beijo fosse interrompido bruscamente. Sasuke não estava equilibrado sem conseguir se segurar, o rapaz caiu de costas no chão.

Hinata levou as mãos à boca, o corpo tremia. Aquilo tudo era uma loucura!

Os olhos do rapaz estreitaram perigosamente.

A chuva não parava de cair, eles estavam encharcados, e agora o rapaz tinha a roupa suja de barro.

- Sasuke – disse a moça tentando ajuda-lo a se levantar

- Não me toque! – disse o rapaz alterando a voz – eu sabia você é igual a todas, aquelas garotas. Você apenas fica comigo pra conseguir um pouco da minha fama! Pra chamar a atenção dos outros!

- Isso, não é verdade...

- É VERDADE SIM – gritou o rapaz – GARANTO QUE SE FOSSE O IDIOTA DO UZUMAKI, VOCÊ NÃO O TERIA EMPURRADO!

- PARA! – gritou a moça tampando os ouvidos.

Tudo ficou em silencio, só havia o som continuo da chuva.

Então de repente tudo parecia ser demais para a moça de orbes prateadas. O choro veio como uma onda que não pode ser contida, e as lagrimas que se misturavam com os pingos de chuva, tinham um gosto amargo demais.

O rapaz de olhos negros, e gélidos ficou em silencio. Afastados um dos outro, cada um suportando da maneira que conseguia o fardo que lhes havia sido designado.

Hinata já não conseguia mais se importar, se estava chorando na frente de Sasuke. Seu coração estava dolorido, e havia ali uma tristeza profunda, que dava a impressão que nunca ia desaparecer... Se ela ao menos pudesse dizer algo, que tirasse a tristeza do rosto dele... Se ela ao menos pudesse fazer algo, qualquer coisa, para que ele se sentisse melhor...

" Desculpe-me Sasuke" pensou a moça consigo mesmo entre as abundantes lagrimas. "Desculpe, mas eu não posso, não sou forte, não conseguiria suportar ver você se afastar de mim, depois de um beijo, quero que fique comigo"... "Eu sou tão fraca, tão egoísta...talvez se eu fosse mais forte, então você poderia me ver como sua heroína, eu lhe diria que tudo iria ficar bem, mesmo sem ter a certeza de nada, então poderíamos dar um jeito de esconder os problemas, fingir que eles não existem, e continuarmos...Eu seria a sua heroína, aquela garota forte, que você sempre iria admirar. Me desculpe, mas eu não sou forte, nem uma heroína... Eu sou apenas uma garota fraca demais, para suportar toda essa dor..."

A força da chuva, parecia estar diminuindo, o vento não soprava agora com tanta força. Nenhum dos dois percebeu quando ele se aproximou.

- O que ta acontecendo aqui?

- Naruto-kun... – foi à única coisa que Hinata conseguiu pronunciar.

- Hinata-chan, o que ta acontecendo aqui? Por que você ta chorando? Sasuke você ta sujo de barro...

De repente o loiro parou de falar, havia ali alguma coisa muito seria acontecendo entre os dois.

- Desculpe Naruto-kun, mas não esta acontecendo nada – disse a moça – eu preciso ir embora agora, nos vemos depois...

Sem dizer mais uma palavra, Hinata virou as costas e caminhou na direção de onde viera.

- Ei Hinata espera! – gritou o loiro – Sasuke, você não vai falar nada?

O rapaz, de olhos cor de ônix olhou para o loiro de forma gélida. O loiro percebeu o desprezo naquele olhar, mas não se importou.

- Você vai voltar pra casa? – perguntou Naruto.

Sasuke ficou em silencio. As coisas tinham saído do seu controle. Hinata tinha ido embora, e agora ele tinha que suportar o cara mais idiota da face da terra. Mas não ia durar muito. Ele não estava nem um pouco a fim de aturar aquele idiota.

- Quer ir lá pra casa? – perguntou o loiro balançando os ombros – hoje é dia de ramem lá, sabe meu avô até que cozinha bem. Você pode ficar lá até se sentir melhor pra voltar pra casa. Não precisa necessariamente falar comigo se não quiser.

Sasuke olhou para o loiro com olhos de desconfiança, o que ele pretendia com tudo aquilo? Viu que o rapaz carregava na, mão uma sacola de supermercado, com a outra sustentava o guarda-chuva negro acima da cabeça. A chuva agora era apenas uma garoa fina.

- Por que ta fazendo isso? – perguntou o moreno

- Porque pra você, tudo tem que ter um motivo? Vem, vamo logo, ou meu avo vai achar que eu me perdi no caminho – e dizendo isso o loiro lanço-lhe mais um daqueles seus sorrisos idiotas.

Sem ter alternativa, já que Sasuke não pretendia voltar pra casa, seguiu em silencio Naruto.

O loiro caminhava lentamente, Sasuke nunca tinha andando por aquelas bandas da cidade, era um bairro simples, bem diferente do bairro onde ficava a mansão Uchiha. Havia crianças, brincando na rua, e roupas molhadas penduradas nos varais. Era um ambiente, do qual ele não estava acostumado, mas até que o agradava.

O loiro parou numa casa simples como as outras, havia apenas um pequeno portão e um muro baixo, o jardim estava mal cuidado, o cheiro de terra molhado era uma delicia.

Naruto abriu a porta da sala, uma lufada de ar quente invadiu o rosto de ambos.

- TADAIMA – gritou o loiro.

- Naruto! – gritou a voz de um homem, tão escandalosa como a do loiro - traga-me logo esse maldito macarrão, a água vai evaporar desse jeito.

- Hai, hai – disse o loiro tirando os sapatos, e virando para Sasuke completou – pode entra não, se preocupa com a sujeira, só tem homem na casa mesmo.

Pela primeira vez o moreno ficou sem graça, percebeu que estava sem sapatos, e se sentiu um idiota, por isso. A casa era arrumada, os cômodos pequenos eram abarrotados de moveis extravagantes, parecia à casa de uma família normal.

- Por que demoro tanto pra ir compra o macarrão? – perguntou um homem que parou na frente de ambos.

O homem era alto notou Sasuke, tinha ombros largos, o cabelo era completamente branco, e caia preso num rabo de cavalo, vestia um avental florido que não combinava em nada com ele. O moreno achou aquilo, um pouco engraçado.

- Porque, não me disse que ia trazer visitas Naruto, eu teria arrumado a casa melhor.

- Sasuke esse é meu avô – disse o loiro com um imenso sorriso na cara.

- Prazer meu jovem, meu nome é Jiraya. – estendeu uma mão enorme, para que o moreno o cumprimentasse.

- Uchiha Sasuke.

- Bem, Sasuke a comida vai ficar pronta daqui a pouco, espero que aprecie ramen. Modéstia parte eu cozinho muito bem – completou-o dando uma piscada.

Sasuke pensou que estivesse vivendo um pesadelo sem fim. Ou quem sabe ser doido fosse hereditário na família do Naruto. O avô de Naruto, não se importara dele estar enchendo sua sala de água, ou sujo de barro e descalço, simplesmente havia ignorado tudo aquilo, como se fosse um mero detalhe insignificante.

- Bem vou terminar de preparar nosso jantar – e sem dizer mais nada o tal Jiraya saiu em direção da cozinha.

- Vem comigo Sasuke- disse o loiro – você ta precisando de um banho.

Naquele momento, o moreno achou que talvez, fosse melhor virar as costas, e sair andando, começava a sentir uma incomoda sensação de culpa. Havia pensando tão mal de Naruto e agora aquele garoto, levava-o pra sua casa sem mais cerimônias, não queria aquilo, não queria dever favores a ninguém.

- Acho melhor eu ir embora – disse o moreno sem se mexer.

- Acho melhor você, calar a boca e subir logo pro banheiro – disse o loiro num tom autoritário – já falei que não tem problema você ficar aqui.

Sem conseguir retrucar, o moreno seguiu Naruto pelo corredor.

Sasuke tomou um banho rápido. Quando entrou no quarto de Naruto, havia em cima da cama, um short preto e uma camiseta laranja. Não era nem de longe as roupas que estava acostumado a usar, mas estavam limpas e secas e isso era o que importava. A camiseta ficara um pouco apertada, mas ele também não ligara para esse detalhe.

Quando voltou para o banheiro, para dar um jeito nas roupas sujas, percebeu que elas tinham sumido, ficou sem graça, na sala a poça de água e a sujeira que ele havia feito tinha sido limpa. Sasuke não sabia o que pensar.

Fez o caminhou de volta, e ficou na sala, Naruto estava tomando banho, em cima de uma mesinha de centro havia vários retratos. Sem pensar muito o moreno começou, a olhá-los.

Eram pessoas normais, notou o rapaz, havia a foto de uma mulher com um bebe no colo, devia ser a mãe de Naruto, o homem ao lado era uma replica maior do loiro. Sem duvida era seu pai.

Havia varias fotos, como aquelas pessoas rindo felizes. Sasuke lembrou-se que na mansão Uchiha não havia nenhuma foto.

- Esse é meu filho – disse uma voz que o moreno reconheceu como sendo de Jiraya – ainda me surpreendo, como Naruto é parecido com ele.

Sasuke achou que devia responder alguma, coisa por educação. Mas nada lhe veio a mente, o velho pareceu não se importar. Naruto saiu do banheiro com uma toalha em volta do pescoço.

- O jantar ta pronto – anunciou Jiraya.

Sasuke jamais tivera um jantar como aquele. A comida estava boa, e ninguém se importou por ele ter ficado a maior parte em silencio, apenas ouviu as historias de Naruto e de seu avô.

Talvez fosse melhor, o moreno reavaliar o conceito que ele tinha daquele loiro.

Quando, o jantar acabou Sasuke agradeceu, pela comida, e pela hospitalidade, avô e neto pareceram não se importar. Como se ter uma pessoa estranha dentro da sua casa fosse absolutamente normal.

Naruto pediu, pra que Sasuke o acompanhasse, e os dois foram se sentar na varanda daquela casa. O céu antes coberto de nuvens estava estrelado, e parecia ainda mais azul. As estrelas cintilavam, a lua era só um pequeno arco no céu.

Aquele estava sendo o dia mais estranho na vida de Sasuke. Ele não queria pensar em nada do que acontecera.

- Você não vai me contar o que aconteceu? – perguntou o loiro tranquilamente.

Sasuke, não respondeu, não era que não quisesse contar, apenas não estava conseguindo.

- Não precisa se não quiser

O loiro sentou-se ao lado de Sasuke sem maiores cerimônias.

- Sabe todo mundo tem problema – disse ele – cada um tenta enfrentar da melhor forma que consegue. Até um tempo atrás, eu também não conseguia falar dos meus problemas.

Sasuke ficou em silencio ouvindo.

- Faz um ano que meus pais morreram num acidente de carro, foi assim de repente, a gente tava voltando de uma viagem e o carro bateu, eu fiquei quase três meses no hospital, quando sai de lá eu tinha perdido o enterro do meu pai e da minha mãe. As pessoas disseram que tinha tido muita sorte de escapar vivo. Eu não considero isso sorte.

- Eu morava numa cidade bem maior que essa – continuou Naruto – lá era legal, tinha muito mais coisas que aqui. Quando o acidente aconteceu, meu mundo desabo, perdi as pessoas que mais amava, tive que vir morar nesse fim de mundo, com um avô que fazia anos que eu não via. No começo, eu detestava esse lugar, detestava meu avô, tudo era detestável pra mim. Foi complicado aceitar essa nova realidade, ainda não é fácil. Eu não me considero um cara de sorte por ter escapado do acidente com vida, me considero um cara de sorte, por ter tido uma família legal mesmo que por pouco tempo. Sou um cara de sorte, porque mesmo perdendo, a minha família, eu ainda tenho um cara que se preocupa comigo. Tem muita gente que não tem a mesma sorte que eu.

Sasuke considerou-se naquele momento, uma pessoa de pouca sorte.

- Eu não sei por que a Hinata-chan tava chorando, acho que vocês devem ter brigado sei lá...

- Ela gosta de você – disse o moreno com o coração doendo.

- O que de mim? Cara como você é cego! To certo! – disse Naruto e soltou uma gargalhada – Olha pode acreditar, a Hinata-chan, não gosta de mim.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Porque eu reparo nela – respondeu o loiro simplesmente – ela olha pra mim com admiração, e isso não tem nada a ver com amor.

- E porque ela iria te admirar?- perguntou Sasuke meio irritado.

- Não sei, pergunta pra ela, ela num é sua amiga?

O rapaz de olhos cor de ônix lembrou-se do beijo.

- A Hinata-chan se importa com você Sasuke, e você também se importa com ela.

O moreno não sabia o que dizer aquela, era uma conversa tão estranha.

- Acho que eu a magoei.

- Peça desculpas – respondeu Naruto – já é um começo.

De repente, o moreno ficou com medo de que ela não o desculpasse.

- Eu sou mesmo um idiota

- Só de vez em quando cara – e dizendo isso Naruto deu uns tapinhas, na costa de Sasuke – Sabe, eu acho que você ainda não conhece, a Hinata por completo, acho que ninguém conhece, ela é tão fechada e tímida que fica difícil se aproximar. Mas eu tenho certeza, de que magoaria muito mais ela, se vocês não se falassem mais.

Os dois ficaram ainda muito tempo sentados em silencio na varanda. Tanto tempo que os olhos de Sasuke começaram a ficar pesados de sono, a brisa acariciava o rosto do rapaz.

"Hinata, pensou o moreno com a mente nublada pelo cansaço, do dia e pelo sono. O que você fala, para as paredes, do seu quarto quando está sozinha?"

Quando já passava da meia noite. Naruto e Sasuke entraram pra dentro, um colchão macio, foi colocado aos pés da cama do loiro, Sasuke não soube o que dizer. Naruto entendia o silencio dele.

Quando eles já estavam deitados, no escuro e no silencio total, o rapaz de olhos cor de ônix se lembrou do trabalho de literatura, as folhas do trabalho estavam espalhadas pelo tapete do seu quarto.

- Naruto

- Que?- respondeu o loiro com voz engrolada de sono

- Acho que a gente vai tirar nota vermelha, no trabalho de literatura, o trabalho ta na minha casa, incompleto.

- Uma nota vermelha a mais, a menos não vai fazer nenhuma diferença – respondeu o loiro antes de cair no sono.

Era a primeira vez que Sasuke ia tirar uma nota vermelha. Ele não estava nem um pouco preocupado com aquilo.

Continua...