Corações Feridos escrita por hyu_uga


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

esse capitulo e uma pouco tenso ta e me descupe amantes da hinata



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/206223/chapter/2

Quando Hinata chegou em casa naquele mesmo dia, viu que o carro do pai estava na garagem, saber que o pai estava em casa não modificava nada para a garota, dificilmente ela e Hyuuga Hiashi teriam algum assunto para conversar.A única coisa que modificava em casa é que Hinata sabia que deveria ficar trancada no quarto mais tempo, mais isso não era novidade nenhuma para ela.

Hinata abriu a porta da sala, o pai vinha descendo as escadas vestia-se de terno e gravata como se fosse voltar ao trabalho a qualquer momento, Hinata pensou que passaria mais uma noite sozinha em casa, aquilo já estava se tornando rotina.

O homem de grandes olhos cor de perolas assim como os da filha fitou a garota com um ar de incredulidade, era alto e tinha um porte altivo, não era homem de muitas palavras, frio e distante. Para Hinata Hyuuga Hiashi dificilmente lembrava uma figura paternal.

- Onde você estava? – pergunto Hiashi para a garota espantada com a pergunta.

- Na escola pai – respondeu Hinata – as aulas começaram hoje.

O homem olhou para Hinata franzindo o cenho, percebendo que a menina estava de uniforme disse:

- E porque não me avisou que suas aulas voltavam hoje?

Hinata pensou por um momento em responder que ela tinha avisado uma semana atrás, mas se fizesse isso seria a mesma coisa que acusar o pai de negligencia e fazer isso seria a mesma coisa que implorar por uma briga. Como estava cansada e sabia que o pai não escutava muito o que ela dizia simplesmente ignorou o descuido do pai, descuidos sempre tão comuns.

- Me desculpe – disse simplesmente a garota.

O homem pareceu concordar com a resposta e com um meneio de cabeça descartou o assunto para o lado, Hiashi era do tipo de homem pratico não tinha tempo para as pessoas, era um homem ocupado e tempo era dinheiro, e dinheiro não dava em arvore por isso falava somente o necessário agia o mais rápido possível, e depois que resolvia um assunto simplesmente o descartava indo para o próximo da lista, era assim que ele administrava sua vida.

Hiashi foi ate a geladeira e não fez uma cara nada boa quando viu o seu interior, Hinata largou a mochila no sofá e sentou na cadeira da mesa da cozinha.

- Essa casa está um desastre – murmurou o homem mais pra si do que para garota que estava sentada olhando em sua direção.

Andou abrindo e fechando os armários, encontrando sempre a mesma, alguns pacotes abertos com pouca coisa, embalagens vazia. Em resumo não havia comida em casa.

Consultou o relógio e soltou uma praga baixinho dizendo que estava atrasado. Hinata viu quando o homem subiu e desceu vestindo um paletó parou se arrumando em sua direção e disse :

- Hinata eu estou muito ocupado, a empresa anda com sérios problemas e estou tendo que trabalhar muito mais que o esperado.

A garota continuou a ouvir sem expressar nenhuma reação, desde que se conhecia por gente o pai havia trabalhado mais do que o esperado.

- Eu não tenho tempo para ficar me preocupando com assunto como comida – continuou o homem visivelmente irritado – Você já é uma moça acho que pode cuidar disso para nos dois. Eu vou jantar fora hoje, vou trabalhar ate bem mais tarde não sei se volto para casa tem dinheiro no meu quarto pegue e compre alguma coisa para comer hoje. Deixarei dinheiro para você amanhã comprar algumas coisas para casa.

Hiashi parou de falar e soltou um suspiro.

- Preciso ir estou atrasado, estive pensando em contratar uma empregada, mas não queria me preocupar com isso agora – parou de falar vendo que Hinata estava na sua frente sem dizer nada.

- Tenho que ir – continuou ele pegando sua pasta – você já é grandinha vai ficar bem sozinha.

Dizendo isso caminhou em direção a porta, mas parou antes de sair de costas para Hinata Hiashi lhe avisou:

- Sua mãe vai ligar hoje diga que está tudo bem.

Hinata percebeu claramente o tom de voz de desprezo e de raiva do pai, pelo visto seu pai ainda não havia perdoado sua mãe.

Sem dizer mais nada o homem caminhou para a garagem saiu sem olhar para a filha que ficou sozinha de pé olhando a janela.

Hinata tentou afastar os pensamentos de solidão que ameaçaram invadir sua mente, estava sozinha e isso significava ninguém para implicar com ela por isso não tinha que achar ruim.

Subiu para o quarto encontrando-o da mesma maneira que o deixava de manhã, sobre sua escrivaninha viu o dinheiro que o pai havia deixado, suficiente para pagar um mini banquete para três pessoas.

Hinata sentou-se na cama pensando em que comida gostaria de comer. Se não fosse tão tímida tomaria um banho e comeria na barraquinha de ramem que ficava perto da sua casa, o ramem de lá era uma delicia comera algumas vezes só, mas sempre que podia tentava convencer o pai a levá-la lá, mas Hiashi não era do tipo que tinha muito tempo para perder com as refeições sempre comia algo semi pronto e estava satisfeito.

Hinata não tinha nada contra comidas semi prontas apenas gostava de vez em quando de variar, comer algo diferente, algo com um toque caseiro que as comidas de caixinhas não tinham.

Mas ela não precisava ir até a barraquinha de ramem, lembrou-se que eles entregavam em casa e ficou feliz por ter lembrado daquilo, a idéia de comer um ramem quentinho e saboroso fez com que a garota se animasse um pouco tomaria um banho depois ligaria ao Ichiraku para fazer seu pedido.

Tirou a roupa e entrou no banheiro, a água deliciosamente quente formou logo em nuvem de vapor e Hinata finalmente conseguiu relaxar.

Era difícil para a moça de olhos cor de perola ficar tranqüila na presença de outras pessoas, nunca sabia direito o que falar e às vezes seu silencio só fazia que com as pessoas evitassem falar com ela.

Nem mesmo na frente da sua própria família conseguia estar a salvo do medo de dizer algo que desagradasse, sabia como o pai era rígido por isso muitas vezes preferia o silencio pelo menos quieta ninguém poderia repreendê-la por algo que havia dito.

Saiu do banho enrolando-se numa toalha felpuda e deliciosamente macia, no guarda-roupa pegou um short comum um pouco curto demais que revelava as coxas de suas pernas à pele ali parecia branca como leite, mas não se preocupo com o tamanho da roupa estava em casa e sozinha não havia ninguém olhando por isso não tinha motivo para ter vergonha, pegou uma de suas camisetas mais velhas, mas que adorava estava completamente desbotada e o tecido fino, mas a garota não se importou com aquilo adorava aquela camiseta.

Penteou a cascata de cabelos negros e desceu as escadas, antes que pudesse chegar à sala o telefone tocou.

- Alô – disse uma voz muito feminina.

Hinata não precisou pensar muito para saber quem era aquela voz tão feminina e alegre só podia pertencer a uma única pessoa.

- Oi mãe.

- Hinata minha filha que bom ouvir sua voz. Como está? – perguntou a mãe agora com um riso

-Tudo bem.

- E seu pai? – perguntou a mulher agora um pouco ansiosa.

- Está bem também.

- Me responda uma coisa minha filha, seu pai tem falado de mim?

Desde a separação Hyuuga Hiashi nunca mais tocara no nome da mulher Hinata se lembrou, o escândalo promovido fez com que toda a família fosse contra a separação, mas a mãe de Hinata simplesmente ignorou a todos e foi embora deixando a garota com pai e levando a filha caçula alegando que Hanabi a mais nova precisava da mãe e não podia privar Hiashi da presença de pelo menos uma das filhas.

No fundo Hinata sabia que aquilo não passava de uma desculpa, a mãe sempre fora uma mulher jovial gostava de festas e havia casado com o pai muito mais por uma obrigação familiar do que por motivo próprio, eles eram primos em primeiro grau, já que a família Hyuuga era uma das mais tradicionais do Japão e não escondia de ninguém o desejo de permanecer assim.

A mãe de Hinata era muito jovem quando casou com Hiashi teve as duas filhas muito nova também e nunca se conformou com o fato de perder a juventude para cuidar da casa e filhos, um dia simplesmente disse que ia embora e foi deixando Hinata para trás.

Se para a garota era difícil ver uma figura paternal no pai, ver uma figura maternal na mãe era praticamente impossível.

- Não mãe, ele não falou mais de você.

Do outro lado da linha Hinata ouviu quando a mãe soltou um suspiro de indignação.

- Seu pai sempre foi um homem cabeça dura, orgulhoso demais só porque nos separamos ele não precisa fingir que eu morri ainda temos filhos para criar...

Hinata ouvia tudo em silencio, não queria se intrometer nos assuntos dos pais só achava engraçado o comentário da manhã sobre criar os filhos. Afinal o pai morava mais no emprego do que na própria casa, e a mãe ligava para ela uma vez por mês isso quando Hinata tinha sorte. Talvez ela estivesse dizendo em relação a criar Hanabi de uma forma diferente, Hinata duvidou daquele palpite.

- Como está minha irmã – perguntou Hinata que sentia saudades da irmãzinha.

- Uma graça – respondeu a mãe entusiasmada – fica mais bonita a cada dia.

Hinata não se importou com o comentário, sabia desde sempre quem era a predileta da mãe.

- Deixe-me contar uma novidade – a mãe comentou agora ainda mais empolgada – o irmão do seu pai veio me visitar e trouxe com ele o filho Neji, você lembra do seu primo? Você tem que ver como ele está crescido, se tornou um belo rapaz é excelente na escola e nos esportes, seu tio tem muito orgulho do filho que tem, também não é pra menos é uma pena que o jovem Neji não vá herdar a direção das empresas Hyuuga. Você Hinata deveria pegar algumas dicas com seu primo tenho certeza que ele ajudaria muito ele é tão bom em tudo.

Hinata tentou fingir que o comentário não a machucara, firmara a voz para que a mãe não percebesse que estava magoada.

- Claro mãe – concordou a garota.

- Então minha filha não tem nenhuma novidade para me contar? Como vai na escola? Fez novos amigos? Arranjou um namoradinho?

Hinata sentiu como se dentro de sua garganta houvesse um nó impedindo que as palavras saíssem. Desejou ser uma garota que pudesse responder que sim fizera novos amigos, e sim tinha arranjado um namorado, mas ela não era esse tipo de garota sua vida social continuava como sempre havia sido desprovida de amizades profundas e sem nenhum namorado.

- Não, as coisas continuam normais por aqui – respondeu a garota tentando de alguma forma ser casual sem conseguir muito resultado.

- Hinata minha filha – disse a mulher como uma voz como se tentasse explicar algo há um bebê que não conseguia entender – você tem que ser mais extrovertida, mais alegre animada, se não vai continuar sempre sozinha nessa vidinha parada e simples, eu não sei como você consegue suportar tanta monotonia, bem típico do seu pai mesmo...

A garota não soube o que responder, era melhor ficar em silencio era melhor dizer que concordava, concordaria com tudo apenas para que toda aquela conversa acabasse e ela pudesse se refugiar a salvo em seu quarto.

- Eu tenho que ir agora meu amor – disse a mãe com a voz novamente animada – vou num coquetel hoje e ainda não terminei de me arrumar, diga ao seu pai que eu ligarei pra ele em breve, quando as coisas estiverem mais calmas te mando noticias, ah sua irmã mando um beijo pra você. Tchau meu amor.

Sem nem mesmo esperar uma resposta da filha, a mãe de Hinata já tinha desligado o telefone.

Hinata tentou fingir para si mesma que aquilo não lhe afetara, sabia como sua mãe era, sabia que era uma mulher ligada na aparência gostava de festas de ser bajulada, jamais entenderia que suas palavras poderiam machucar tanto, ou simplesmente destruir com a pouca auto-estima que a filha tinha. Baixa auto-estima com certeza era um problema do qual a mãe de Hinata não padecia.

A garota ligou para a barraquinha de ramem e fez seu pedido esperando que aquela comida de alguma forma lhe trouxesse um pouco de conforto.

Sentou-se no sofá e deixou os pensamentos correrem soltos pela sua mente.

No fundo Hinata sabia que não devia se importar pelas coisas que a mãe acabara de lhe dizer, ela sabia que a mãe esqueceria aquela conversa e jamais iria saber que palavras como àquelas machucariam Hinata.

Hinata estava acostumada a ser comparada com Neji, seu primo perfeito. Ela crescera a sombra dele, a sombra de um ser que era perfeito, de alguém que era impecável, de alguém que era considerado 'o gênio da família Hyuuga. ' Um gênio injustiçado dizia as más línguas que não se conformavam com o fato de que não seria o gênio Neji que receberia o controle das empresas Hyuuga, controle esse que no atual momento se encontravam nas mãos de Hyuuga Hiashi pai de Hinata.

Durante toda sua infância Hinata havia lutado para superar o primo, pelo menos em alguma coisa, mas sempre falhara miseravelmente. Hinata sabia que Neji a detestava ele considerava-se importante demais, precioso demais para ter seus talentos desperdiçados, deixado em segundo plano enquanto a herdeira da família era uma menininha mimada e sem talento nenhum.

"... Sem talento nenhum..."

Se fechasse os olhos Hinata poderia ouvir claramente a voz do primo zombando dela no ultimo encontro de família. Zombar da incapacidade da garota era o hobby preferido de Hyuuga Neji.

Hinata suspirou resignada.

Estava cansada, cansada de ser comparada com um gênio, cansada das pessoas dizerem que não tinha talento nenhum, que não possuía nenhuma vocação. Estava cansada de ser considerada um fracasso.

Se Neji era tão bom assim, se as habilidades dele eram tão preciosas então que colocassem-no no lugar de herdeiro da empresa pensou a garota.

Se isso faria com que as pessoas parassem de criticá-la, se isso faria com que as pessoas parassem de olhar para ela com ar de superioridade e de desprezo então para Hinata isso era uma ótima troca.

Hinata nunca havia desejado o controle das empresas, ou a atenção da família sempre havia desejado um pouco de compreensão...

Queria... desejava do fundo do coração... Que alguém compreendesse que ela se esforçava, mas que na maioria das vezes seus esforços não tinham resultados...mas ela estava se esforçando... queria que alguém pudesse perceber isso.

A moça de madeixas negras foi trazida de volta ao mundo real pelo som da campainha que tocava insistentemente, era melhor deixar todos aqueles pensamentos de lado, pelo menos naquela noite ela teria uma refeição decente.

OoOoOoOoOoOoO

Os dias seguirão numa continuidade ininterrupta, Hinata gostava daquela rotina, daquela continuidade sem fim onde dificilmente coisas diferentes aconteciam. Sentia-se protegida em meio a monotonia.

Na escola as coisas seguiam seu ritmo lento e pacato, os assuntos sobre as férias haviam terminado, e logo todos tiveram que encontrar outros assuntos para comentar entre uma conta ou outra de matemática você provavelmente ficaria sabendo quem estava namorando com quem, e entre as aulas de gramática você poderia conhecer as mais novas candidatas a 'miss beleza' da escola, ou quem estava de briga com quem.

Eram sempre as mesmas conversas, sempre os mesmos assuntos, a escola parecia ter um mundo próprio dentro daqueles muros e daquelas salas, algo com leis próprias e poucos direitos para aqueles que não faziam parte de uma elite escolar escolhida a dedo.

Alheia a tudo isso e a todos os comentários Hinata seguia sua vida, não ligava muito para os assuntos do momento não se importava com as fofocas mais quentes, seu objetivo principal era garantir que o mínimo de pessoas reparassem nela, afinal quanto menos pessoas soubesse de sua existência mais fácil seria seu convívio escolar.

Mas nem tudo era assim tão fácil Hinata fazia um esforço quase sobre humano para passar despercebida pela maioria dos estudantes, mas nem sempre conseguia, era comum para a garota de madeixas negras ouvir os apelidos que lhe foram atribuídos desde que estava no ginasial, Hinata já se acostumara com aquilo, não adiantava reclamar quando 4 em cinco pessoas insistia em chamar você por um apelido que não lhe agradava.

Nessas horas Hinata simplesmente apertava o passo abaixava a cabeça e seguia em frente deixando para trás a zombaria e gargalhadas.

No fundo a moça sabia que se importava, mas não adiantava pedir para que as pessoas não zombassem dela, essas pessoas não ouviriam era, melhor ignora-los deixar que eles divertissem as suas custas, não era a melhor maneira e a garota sabia disso, mas na posição em que se encontrava Hinata sabia que aquela era a maneira menos indolor.

Sentada em sua carteira a garota dos olhos cor de perolas observava o movimento das folhas nas arvores que ficavam no pátio, a sala conversava animadamente, mas Hinata não ouvia o barulho, era do tipo que facilmente perdia-se em seus próprios pensamentos trancando o mundo do lado de fora.

Observando em silencio Hinata viu quando um grupo de alunos vestindo uniformes de ginásticas passou em direção a quadra dentre eles Hinata reconheceu uma garota e mesmo aquela distancia as pernas de Hinata tremeram levemente.

Karin estava no terceiro ano também na sala vizinha e ao que tudo indicava elegera Hinata para ser a sua perseguida durante todo o ano.

Hinata não sabia o que aquela garota tinha contra ela, mas não estava disposta a descobrir.

Sempre que se encontravam nos corredores Karin fazia questão de zombar de Hinata em altos brados chamando a atenção de todos e provocando o riso geral, se as duas se encontravam por acaso e não havia platéia para assistir o espetáculo, então Karin trombava com Hinata de propósito e nesses momentos quando Hinata olhava nos olhos daquela garota via que ela a odiava profundamente. Hinata gostaria de saber o que fizera para ganhar de modo tão fácil um ódio tão grande e uma rival, já tinha pensado em conversar com Karin dizer que não tinha nada contra ela, mas provavelmente aquilo seria uma declaração de guerra entre as duas, era melhor que ficasse em silencio.

Hinata desviou os olhos da janela e pousou sobre o professor que escrevia na lousa, abriu o caderno e começou a copiar a lição, lembrou que quando chegasse em casa não teria nada para fazer talvez passasse na biblioteca depois das aulas e pegasse algum livro para se distrair.

OoOoOoOoOoOoO

5: 30 da tarde.

O sinal anunciando o fim das aulas já tinha batido, mas a escola ainda continuaria aberta devido aos vários grupos escolares que só tinham aquele horário pra se reunir.

Hinata caminhou pelos corredores silenciosos que àquela hora da tarde eram inundados por uma luz dourada, havia muitas nuvens no céu notou a garota enquanto parava para observar, talvez chovesse durante a noite.

Hinata gostava de caminhar nos corredores da escola quando tudo estava em silencio e a maioria dos alunos já tinha ido embora, para a maioria das pessoas aquilo parecia ser algo assustador, para Hinata era muito mais confortável do que quando aqueles mesmo corredores estavam repletos de gente.

Na mão Hinata carregava dois livros que tinha pegado na biblioteca, para ela não havia melhor distração do que uma boa leitura.

Desceu as escadas alegremente encontrando um pátio completamente deserto naquele horário, estava quase alcançando o portão quando uma voz chamou sua atenção.

- Saiu tarde hoje Hyuuga.

Hinata parou alarmada olhando em direção àquela voz, Karin estava parada encostada numa arvore com os braços cruzados, tinha um olhar frio e sem qualquer expressão, ao seu lado encontravam-se mais duas garotas que Hinata não conhecia os nomes, mas provavelmente eram amigas de Karin.

- Você adora ficar desfilando por ai bancando a santinha não é Hinata – perguntou Karin se aproximando – É a queridinha dos professores, ninguém tem nada contra você, é certinha – continuou a garota agora muito perto de Hinata – mas pra mim você não passa de mais uma mosca morta.

Hinata sabia que deveria fazer alguma coisa, a primeira coisa que seu cérebro pensou foi em correr, sim correr parecia bem lógico naquele momento, mas elas eram três e Hinata nunca tinha sido boa nas aulas de ginástica.

Precisava conversar, dizer alguma coisa em sua defesa, mas parecia haver algo sufocando suas palavras Hinata só conseguia ficar ali olhando com uma expressão incrédula sem tentar evitar nada.

As duas amigas de Karin seguraram os braços de Hinata, a moça de madeixas negras quis protestar quando os livros caíram no chão, mas os apertos que estava recebendo no braço calaram sua voz.

- Mas eu vou fazer você mudar de atitude sua sonsa, vamos ver se você vai continuar a se comportar como uma santinha depois de levar uma surra.

OoOoOoOoOoOoO

Sasuke estava atravessando o pátio naquele momento, como presidente do grêmio estudantil cabia a ele participar de reuniões que ele considerava um saco uma vez por semana.

Estava cansado, e se sentia injustiçado porque naquele momento a maioria dos estudantes já estaria provavelmente em casa descansando enquanto ele ainda estava na escola.

Ficou surpreso quando viu a cena que ocorria perto do portão.

De imediato ele reconheceu a garota que sentava do seu lado na classe, os longos cabelos negros, o uniforme de inverno sem duvida nenhuma aquela era Hinata.

Na frente de Hinata foi fácil reconhecer Karin também, aquela garota tinha insistido para que os dois saíssem juntos, Sasuke teve que usar muito da sua paciência e chegar a ser até um pouco rude para ver a garota deixar de falar com ele nada feliz com o 'não' que levara.

Apenas observando a cena, Sasuke viu quando Karin ergueu o punho e acertou-o com toda força no nariz de Hinata, viu que a cabeça da jovem de cabelos negros balançou vertiginosamente para trás e quando ela voltou à posição normal seu nariz sangrava profusamente.

Ficou parado esperando a reação de Hinata, que para sua surpresa não fez nada.

Hinata não gritou e nem sequer tentou se soltar das garotas que a agarravam, há um comando de Karin as garotas soltaram os braços de Hinata que caiu de qualquer jeito no chão.

Sasuke ficou esperando que Hinata reagisse agora livre, é lógico que contra três provavelmente ela não teria muita chance, mas se as coisas ficassem complicadas ele interferia apesar de ser contra se meter em assuntos de mulheres, sabia como mulheres podiam ter gênios difíceis e temperamentais.

Mas Hinata não fez nada. Ficou parada estatelada no chão, uma imagem no mínimo vergonhosa, e Sasuke sentiu raiva daquela garota olhando, a cena ele pensou "Ela não vai tentar nem ao menos se defender?".

Quando Karin deu um chute nas costelas de Hinata que nem ao menos soltou um murmúrio para demonstrar a dor, Sasuke teve certeza que a garota não se defenderia. Ficou irritado olhando para os lados tentando deixar os problemas nas mãos de outra pessoa, mas naquele momento só ele estava ali, se ele não fizesse nada provavelmente Hinata teria ferimentos sérios.

Soltou uma praga em voz baixa, detestava profundamente pessoas fracas.

Caminhou lentamente em direção a garotas e parou há uma distancia sem que nenhuma delas percebesse sua presença.

- Se vocês forem embora agora e deixarem a garota em paz, eu não vou contar nada aos professores – disse o rapaz num tom de voz frio.

- Sasuke – Karin estava espantada – Espera eu posso explicar, é que essa mosca morta aqui quis...

- Eu não quero suas explicações Karin, não quero saber qual o problema de vocês só to dizendo que se vocês forem embora agora eu não vou contar nada para os professores.

Karin olhou para Sasuke depois para Hinata sentada no chão sem dizer uma palavra, ou levantar a cabeça.

Karin lançou uma olhar suplicante para Sasuke depois um olhar cheio de raiva para Hinata.

- A gente vai embora – e dizendo isso Karin se retirou com sua amigas.

Sasuke suspirou para soltar toda a tensão que invadia seu corpo, vendo de perto o estado de Hinata era ainda mais lastimável.

O rapaz ficou se perguntado como ela podia deixar que alguém fizesse aquilo com ela sem protestar, de alguma maneira aquela cena trouxe a lembrança de quando o irmão lhe batia sem motivos aparentes apenas por vontade.

Hinata ali sentada no chão naquele momento fazia com que Sasuke lembrasse de si mesmo anos atrás, de sua incapacidade de se defender e acima de tudo de sua fraqueza, era exatamente por isso que ele tentara superar o irmão e ficar forte, para que nunca mais tivesse que passar por uma humilhação daquelas, para que nunca mais fosse fraco.

Esperou alguma reação da garota que continuava sentada no chão, Hinata não disse ou fez absolutamente nada.

No céu as nuvens haviam formado um manto de cor cinza, e o vento balançava as copas das arvores com mais força, logo iria chover.

Pensou em ir embora deixar aquela garota idiota ali mesmo, já havia feito muito por ela se ele não tivesse impedido era capaz que Karin tivesse dado-lhe uma surra muito maior.

Ele não tinha que se preocupar agora com a garota, ela que levanta-se sozinha e fosse lamber suas feridas sem ajuda de ninguém.

A imagem de Hinata sentada sem se mexer, caída e estatelada no chão feito um saco de batatas enchia-o de raiva, Sasuke resolveu fazer alguma coisa.

- Levanta – disse o rapaz com um pouco mais de brusquidão do que pretendia, segurando Hinata pelos ombros e a colocando de pé.

Vendo o rosto de Hinata naquele momento, o rapaz constatou que Karin sabia bater que nem homem, o nariz de Hinata estava inchado e dos lados uma coloração roxa já começava a se formar, escorria um filete de sangue vermelho rubi, tinha sangue seco na blusa da garota, mas era pouco.

Se Karin tivesse quebrado o nariz de Hinata provavelmente estaria sangrando muito mais do que aquilo e a garota estaria berrando de dor porque aquilo deveria dor. Pensou em levar Hinata para a enfermaria e larga-la nas mãos de Shizune a enfermeira boazinha da escola, assim se livrando daquele problema, mas se fizesse isso teria que contar que vira Karin batendo em Hinata, e teria que explicar isso para a diretora casca grosa Tsunade-sama e isso significava confusão.

"Mas que droga" pensou o rapaz inconformado ele era o aluno exemplo daquela escola não poderia ficar se metendo em brigas.

Olhou para Hinata que continuava a encarar o chão como se estivesse hipnotizada, os olhos da garota estavam arregalados, mas mesmo assim não deixavam de ser bonitos.

- Onde você mora? – perguntou o rapaz à contra gosto. Levaria a garota embora deixaria ela em casa e teria cumprido sua boa ação do dia.

Hinata não respondeu, continuou a olhar o chão.

- Merda – praguejou o rapaz – além de levar uma surra, entra em estado de choque.

Olhou para os lados tentando encontrar alguém com quem pudesse deixar a garota, ele não era do tipo que fazia caridade não queria que começar naquele momento.

No céu o manto cinza dera lugar a um manto negro azulado sem sombra de duvida iria chover a qualquer momento e Sasuke não estava nem um pouco a fim de se molhar.

Sem ter outra alternativa o rapaz praguejou baixinho, apanhou o material da moça que estava no chão e guiou-a até sua casa puxando-lhe pela manga do uniforme.

Hinata não protestou e simplesmente o seguiu, no seu intimo Sasuke torcia com cada fibra do seu corpo para que o irmão não estivesse em casa.

OoOoOoOoOoOoO

Sasuke ficou aliviado quando alcançou a mansão um pouco antes dos pingos grossos de chuva começarem a cair, com um movimento rápido girou a chave na fechadura abriu a porta e colocou a garota para dentro antes que os dois ficassem encharcados.

Ate ali Hinata não havia dito uma palavra, coisa pelo qual Sasuke começava a agradecer, não se encontrava nem um pouco no seu melhor estado de espírito ficar em silencio era melhor.

Parou tentando ouvir os sons ao redor ou quem sabe a voz odiosa do irmão.

Silencio completo.

Deixando Hinata perto da porta o rapaz percorreu alguns cômodos ate se certificar de que realmente estavam sozinhos, suspirou aliviado.

Voltou para onde deixara a garota e levou-a ate uma sala de estar, fez com que ela sentasse no sofá e subiu as escadas voltando com um kit de primeiro socorros na mão.

O nariz da garota já tinha parado de sangrar, mas ao redor o tom de roxo tinha se intensificado, colocou o kit nas mãos de Hinata. Ela não estava esperando que ele tratasse do ferimento né.

A garota não esboçou nenhuma reação, a vontade que o rapaz teve foi de deixá-la lá fora na chuva e sem curativo.

Pegou um pedaço de algodão dentro da caixinha molhou em soro e começou a limpar o machucado, com um pouco mais de rudeza do que planejara.

A dor pareceu trazer Hinata de volta a realidade que piscou assustada sem ter idéia do motivo pelo qual Sasuke a estava ajudando.

- Como você pode deixar alguém bater em você desse jeito sem fazer nada heim?- perguntou o rapaz inconformado enquanto limpava o sangue do rosto de Hinata.

- Gomenasai – respondeu a garota num fio de voz.

O rapaz revirou os olhos como se aquilo o tivesse irritado.

- Você não tem que pedir desculpas pra mim.

Hinata concordou com um meneio de cabeça.

Sasuke pegou um curativo de dentro da caixinha e colocou sobre o nariz da moça. Aquilo era o melhor que ele podia fazer afinal ele também não era nenhum enfermeiro.

- Você nem se defendeu, ficou lá parada esperando que a Karin te acertasse em cheio, o que você achou que ia acontecer? Ia apareceu um mocinho bonitinho e te salvar da megera má? Acorda isso é vida real, as pessoas não defendem as outras.

Sasuke disse tudo àquilo como se estivesse acusando a garota, como se a culpa de ter apanhado tivesse sido dela, como se Hinata tivesse procurado a briga, mas a culpa também era dela pensou o rapaz afinal ela não se defendera, nem tentara se proteger.

- Você deve ser daquele tipo de pessoa que sempre espera que os outros façam por você – disse o rapaz e seu tom de voz continua muito mais desprezo do que irritação – Deve ficar feliz em dar trabalho pros outros.

Hinata não respondeu, nesse momento apenas se levantou mantinha a cabeça baixa sem olhar Sasuke no rosto, mas o rapaz pode ver que os punhos da garota estavam cerrados.

- Eu agradeço muito sua ajuda para comigo – respondeu Hinata fazendo uma profunda reverencia e falando formalmente – Peço que me desculpe por todos os incômodos que causei Sasuke-san, isso não vai mais ocorrer.

Hinata fez outra reverencia e caminhou em direção a porta.

- Perai ta chovendo – gritou o rapaz

A garota simplesmente ignorou apanhou a mochila que estava no chão abriu a porta e sem pensar duas vezes saiu correndo enfrentando todo o temporal que caia sobre a cidade.

Sasuke foi ate a porta e viu a garota desaparecer quando virou uma curva no jardim que dava para a rua.

- Ingrata – murmurou o rapaz irritado consigo mesmo por estar preocupado com Hinata – tomara que pegue um resfriado – emendou ele sem levar a serio a pequena praga que lançara.

Olhou para o chão e viu dois livros, lembrou que aqueles eram os livros que Hinata carregava nas mãos.

"Alem de ingrata é esquecida." Pensou o rapaz, 'Amanhã eu devolvo os livros pra ela na escola'.

E subindo as escadas tentou apagar da mente tudo o que tinha acontecido.

OoOoOoOoOoOoOoO

Hinata correu, correu até as pernas ficarem bambas devido ao grande esforço, a chuva cegava sua visão ou talvez fossem as lagrimas que invadiam seus olhos, mesmo assim a garota não se importava, corria sem respirar direito sentidos os pulmões arderem.

Sua respiração estava acelerada, um turbilhão de pensamentos invadia sua mente, as palavras de Uchiha Sasuke, de sua mãe de todos voltavam a sua mente como se estivessem dançando na sua frente trazendo a raiva a tanto tempo incontida e uma tristeza sem tamanho.

Estava magoada, magoada de uma forma tão intensa que duvidava se um dia aquela magoa iria passar.

Sempre criticada, avaliada, comparada. Hinata tinha raiva de tudo aquilo, raiva daquelas pessoas que diziam coisas sobre ela sem ao menos conhecê-la.

Ela não queria dar trabalho para as pessoas, não queria ser um incomodo ou um estorvo para alguém, estava tentando se manter num mundo difícil e hostil que insistia em puni-la caso ela não alcance o resultado adequado.

Não pedira para nascer sobre aquela forma, se pudesse ter escolhido não escolheria ser tão tímida, tão retraída e fechada, mas não haviam lhe dado direito de escolha e ela tinha que aceitar a forma como as coisas eram.

Será que ninguém percebia que ela estava dando o seu melhor? Tentando se enquadrar, encaixar, fazer parte do todo.

Estava cansada de ser a excluída, sempre deixada de lado.

Ela não tinha culpa de ser fraca, desejava ser forte, faria qualquer coisa para que aquela fraqueza toda fosse embora, ela estava tentando... Apenas ainda não tinha obtido resultados, mas iria obter tinha certeza disso.

Ela não era uma inútil, também não desejava ser nenhuma coitadinha.

Também almejava ser forte, ser capaz de se defender, de defender aquilo que considerava certo...

Ele... Todos eles estavam enganados se achavam que ela gostava de ser daquele jeito, ela não gostava de ser só mais uma pessoa indefesa no mundo...

A garota corria deixando que a chuva encharcasse suas roupas, seu corpo, seu cabelo, o sangue da blusa agora não passava de uma mancha rosada os passos respingavam água, as meias dançavam nos pés fazendo com que a corrida ficasse ainda mais difícil, mas mesmo assim ela corria sozinha nas ruas desertas.

Avistou a rua de sua casa quando o cérebro já estava ficando dormente de tantos pensamentos reunidos, o simples ato de respirar aquela altura fazia que com que todo seu corpo doesse.

Entrou dentro da casa espalhando água por todo lugar, largou a mochila no hall de entrada sem se preocupar com a poça de água no chão. O carro do pai não estava na garagem mais uma vez ela estava sozinha.

Tirou os sapatos e subiu correndo em direção ao banheiro deixando as pegadas dos pés molhados no assoalho.

Dentro do banheiro tirou toda a roupa ficando nua em frente ao espelho.

Seu reflexo mostrava a imagem de uma menina com um rosto triste, os olhos estavam inchados e vermelhos devido às lagrimas, o nariz levemente arroxeado, o curativo que Sasuke havia posto por cima do machucado começava a descolar.

Hinata livrou-se do curativo, uma única gota de sangue caiu sobre a pia de mármore branco.

A garota se olhava no espelho perguntado a si mesma, se ela seria realmente assim tão patética.

Um calafrio percorreu o corpo da garota fazendo com que ela tremesse, Hinata sentia-se tão sozinha não ligou para o frio que parecia se agarra no seu corpo concentrava-se apenas no seu próprio reflexo.

Desejou deitar daquela forma mesmo no piso do banheiro abraçando os joelhos com os braços esquecendo o mundo lá fora, esquecendo que tinha que viver continuar a respirar fazendo um papel, fingindo se sentir bem enquanto no seu intimo gritava para que alguém percebesse que ela também precisava de apoio.

Mas ninguém ouviria... Estava sozinha mais uma vez.

Levou a mão em direção ao peito, como se em instinto pudesse conter os pedaços partidos do seu coração...

O nariz não doía quase nada, era ali que estava realmente doendo...

Continua ...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Corações Feridos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.