Dark Paradise escrita por Brave


Capítulo 11
I Still See Your Ghost


Notas iniciais do capítulo

MIIIIL DESCULPAS, MAS AÍ ESTA =/
SE TIVER ALGUM ERRO, PERDÃO... Não tive tempo para corrigir ou mandar para beta =/



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– Desculpe? – Perguntei sem entender.

– Algo me diz que ele não veio ver a filha. Rose, vamos voltar para o Salão Comunal – Ele pediu preocupado.

Assenti enquanto seguia com as pernas tremulas. Matt praticamente me guiou no caminho de volta. Paramos em frente à entrada do Salão. Fiz menção de continuar, queria correr até a segurança e calor de minhas cobertas, mas Matt me parou e me olhou sério.

– Aproveita e fala com ele.

Engoli em seco. Falar com ele. Falar com o Malfoy. Falar pra ele como a minha vida estava terminalmente interlaçada com a dele ou como o sangue da mãe dele agora corria em minhas veias.

Ignorei Matt e segui na frente. Estavam todos reunidos no sofá. Daniel estava sentado no único sofá, com Scarlett deitada em seu colo. Conti um sorriso ao trocar um olhar com ele, que corou bem levemente. Alvo abraçava Milla e Karen no chão enquanto Annabelle jogava xadrez de bruxo com Scorpius. Num canto estavam Marcus e Aiden, conversando sobre alguma coisa.

Passei reto por eles e fui para o dormitório.

Fechei a porta e me sentei no chão. Senti algumas lágrimas vindas à tona e as deixei livres para seguirem seu caminho. Senti uma mão em meu coração, esmagando-o com toda a força que uma pessoa humana ou não-humana pudesse ter.

Achei que não vinha nunca.

Gelei e pulei, me levantando. Deitado em minha cama estava ele. A razão dos meus pesadelos e medos. Com roupas elegantes, muito diferentes das que vestia da primeira vez que o vi. Ainda podia ver a tatuagem que vinha de seu pescoço e as de suas mãos, todas elas de Azkaban. Seus cabelos loiros estavam perfeitamente cortados e o seus olhos vermelhos brilhavam como se fossem puro sangue.

– O que esta fazendo aqui?

– Vim ver a minha filha, oras – Ele respondeu inocentemente, sua voz cortando minha pele como gelo – E matar a saudade de uma velha amiga – Seu olhar me fez cambalear um pouco, até cair na cama de Annabelle – Como anda, minha bonequinha?

– Vai embora – Sussurrei.

Amico Carrow sorriu.

– Por hora, eu vou – Disse, se levantando.

Então sumiu em meio uma fumaça.

Percebi que ficar sozinha não era uma opção muito boa, então voltei o mais rápido que pude para o Salão Comunal da Sonserina. Apenas Scorpius reparou a minha volta. Ele já não jogava com Annabelle, então se levantou e segurou a minha mão, me puxando para fora.

– Vai conversar comigo agora? – Perguntou quando estávamos sozinhos em uma sala.

– O que você quer, Scorp? – Perguntei, um pouco chorosa demais.

– Quero te ajudar, minha ruivinha – Ele passou a mão no meu rosto, limpando uma única lágrima – O que aconteceu?

– Não sei se consigo... – Fui sincera, mordendo o lábio inferior.

– Claro que consegue. Seja lá o que for, eu estou aqui.

Suspirei cansada e me sentei no chão enquanto Scorpius fazia o mesmo.

– Eu tinha nove anos – Comecei. Senti-o ficar um pouco tenso, mas ignorei – Estava andando no Beco Diagonal quando uma mulher veio falar comigo. Ela era bonita, loira e alta. Com os olhos vermelhos. Ela me disse que tinha perdido a sobrinha dela e me pediu ajuda para procurar. Segui-a até a Travessa do Tranco. Então ela colocou a mão no meu ombro e desaparatamos.

“Apareci em um tipo de prisão. Sua mãe estava lá. Ela gritou quando me viu. Eu olhei para a mulher, mas ela já não era mais bonita, era macabra. Seus olhos vermelhos pareciam sangue e suas unhas cumpridas pareciam garras.” Cerrei os punhos, jamais tinha me permitido voltar tanto no tempo “A sua mãe gritou para ela, implorou para que me tirasse dali. Chamou-a de Aleto, Aleto Carrow.” Senti Scorpius recuar um pouco, mas continuei “Aleto me deixou ali e levou sua mãe com ela. Não sei quanto tempo se passou, mas pareceu muito. Eu estava com medo, mas parei para analisar o lugar, parecia um calabouço, mas a porta ficava no mesmo nível da cela, então não sei como chamar aquilo.”

“As duas voltaram um pouco depois. Sua mãe parecia ter sido torturada, pois tinha cortes em várias partes do corpo e estava meio inconsciente. Ela se jogou num fonte feno que tinha num canto. Eu fiquei mais assustada ainda.” Molhei os lábios, criando coragem para continuar “Aleto sorriu, mas seu sorriso estava bem diferente. Seus dentes estavam mais para presa. Ela se ajoelhou na minha frente, eu queria correr, gritar, chorar, sair dali, mas fiquei parada.” Percebi que estava chorando. Tentei parar para continuar a falar, mas foi uma tentativa em vão, pois agora que tinha aberto meu baú de memorias proibidas, não conseguiria mais conte-las tão cedo.

“Aleto passou a mão no meu cabelo e apertou a minha bochecha. Disse que eu parecia uma bonequinha. Perguntou se eu tinha irmão e eu disse que sim. Depois ela disse que também tinha um irmão, mas ele estava preso. Disse que sentia falta dele e que faria tudo para tê-lo de volta. Perguntou o que eu sentiria se perdesse o meu irmão. Eu disse que meu mundo desabaria. Ela sorriu, um pouco triste e falou que era assim mesmo que se sentia. Perguntou se eu não tinha pena dela. Disse que sim.”

“Ela disse que eu podia ajuda-la e eu pedi para ir embora. Ela disse que eu podia ir, depois que eu ajudasse ela.”

– Rose... – Scorpius acariciou meu rosto e limpou meu rosto, que já estava encharcado.

Segurei as suas mãos e as afastei de meu rosto.

– Não, por favor... Eu tenho que contar.

“Eu neguei, é claro. Disse que tinha apenas nove anos e não podia tirar de ninguém da cadeia. Ela riu e disse que ele não estava na cadeia e que eu poderia ajudar se quisesse. Ela disse que uma pessoa muito má o tinha transformado num dementador e que ele tinha ficado preso como um por nove anos, a minha idade, até conhecer uma bruxa poderosa, por quem se apaixonou. A bruxa o tinha transformado por um dia e uma noite, mas não era poderosa o suficiente ou não queria transforma-lo por mais que isso. Nessa uma noite em que ele passou como humano, a bruxa engravidou. Mas ele nunca chegara a conhecer a filha ou ver a bruxa de novo e foi fadado, novamente, a passar o resto de sua vida como um dementador. ”

“Ela começou a falar sobre a filha de seu irmão e em como a tinha escondido de toda a verdade sobre o seu pai e de como ele gostaria de passar um tempo com ela sem correr o risco de machuca-la.”

– Karen... – Scorpius sussurrou.

“Aleto se levantou e disse que voltaria depois. Por mais que eu estivesse com medo, eu preferia ficar com ela a ficar sozinha. Não conhecia sua mãe e, mesmo que o fizesse, ela estava inconsciente. E estava tão escuro...” Senti os braços de Scorpius ao meu redor, me puxando mais para perto. Por alguns segundo, me deixei levar um pouco pelo sentimento de medo.

“Quando a sua mãe acordou, já havia se passado muito tempo e eu não tinha pregado o olho. Quando ela me viu ali, veio falar comigo. Perguntou se tinham me machucado e depois me abraçou. Não sei... Ela tinha o mesmo abraço da minha mãe, deve ser coisa de mãe. Ela me garantiu que tudo ia ficar bem. Me falou com uma convicção tão grande que eu cheguei a acreditar por um tempo. Até Aleto voltar.”

“Astória se pôs a minha frente e disse para me deixar ir. Aleto a jogou no chão um feitiço e a mandou ficar quieta. Então se virou para mim. Sem duvidas estava ainda mais macabra. Com uma expressão doentia e maldosa. Ela disse que eu era uma bruxa poderosa e que podia trazer o irmãozinho dela de volta para sempre.” Estremeci ao me lembrar dela falando isso “E disse que, se eu não o trouxesse, ela ia pegar o meu irmãozinho pra ela.”

“Eu não me lembro direito dessa parte. Estávamos eu e a sua mãe, tinha alguns desenhos no chão e velas por todo lado. Peguei uma faca e cortei o meu pulso, Astória fez o mesmo.” Levantei a manga da minha blusa, para mostra-lo a fina cicatriz que tinha no pulso esquerdo. Percebi que ele também tinha os olhos úmidos “Começamos a falar em outra língua. Uma língua antiga e assustadora. As velas começaram a tremer e caíram no chão, iniciando um incêndio. Astória desmaiou e eu comecei a flutuar, falando cada vez mais estranho. Eu não conseguia controlar o meu corpo, nem nada a minha volta. Então abri os olhos.”

“Tudo estava calmo de novo. As chamas haviam se cessado. O corpo de sua mãe jazia ao chão, mas eu não tinha forças nem para me manter de pé, muito menos para ir até ela. Eu estava ajoelhada e saia sangue, muito sangue do meu pulso. Eu comecei a chorar até que eu percebi um homem deitado, com vestes negras rasgadas.”

“Ele olhou para mim. Tinha olhos vermelhos e cabelos loiros. Tatuagens no rosto, pescoço e pernas. Não podia ver seus braços, já que estavam envoltos na veste preta. Ele se levantou e se aproximou de mim. Eu não conseguia fugir.”

“Ele levantou o braço. Mas não era um braço, era parte do tecido. Parte do corpo dele ainda era um dementador. Ele puxou o meu pulso e cheirou o meu sangue. Parte da transformação completa incluía tomar sangue humano.” Scorpius tremeu novamente.

“Eu apaguei completamente. Quando eu acordei, estava deitada no colo da sua mãe, ela cantava para mim e mexia no meu cabelo, quase me senti segura. Ela disse que ia me proteger, me tiraria dali. Então Aleto entrou.

– Bom dia, bonequinha. Você dormiu por tanto tempo.

– Conseguimos, não conseguimos? O seu irmão voltou, vai me levar embora agora?

– Mudança de planos, bebê. Você é mais poderosa do que eu pensava, vai ficar por mais um tempo. Malfoy, dê a ela um pouco de comida e água. Nossa princesinha precisa estar forte para daqui a pouco – E com um sorriso sádico, saiu.”

– Não precisa continuar, Rosie – Scorpius sussurrou, mas eu sabia que ele queria a história toda.

“Sua mãe disse que o feitiço tinha dado certo, mas não do jeito que era para ser. Amico era humano novamente, mas ela havia perdido todos os seus poderes. Algo em mim os puxou para mim. Eu peguei todos os poderes da sua mãe e fiz o feitiço todo sozinha. Eu transformei um dementador em um humano. Sozinha.” Comecei a tremer, jamais havia me conformado com tal fato. Isso me amedrontava.

“Um tempo passou. A porta se abriu. Aquele homem apareceu e se abaixou na minha frente. Suas vestes rasgadas lembrando-me fortemente de que ele era um dementador. Apesar da transformação, ele ainda tinha tais poderes, podia tirar toda a felicidade, esperança do lugar. E ele fazia isso comigo. Ele colocou o meu cabelo atrás da orelha e sorriu de lado.

– Está tudo bem, bonequinha.

Olhei para baixo e me agarrei aos meus joelhos, forçando meu dente em meus lábios para não gritar.

– Saia daqui, Amico! Você já teve o que queria, agora a deixe em paz! Ela é só uma criança.

Uma risada de escárnio invadiu a cela, tremi com a frieza em sua voz. Ainda sentia sua respiração perto de mim, por isso, não me atrevi a me mexer. Assustada, apertei minhas unhas nos pulsos inutilmente, afinal eram muito pequenas. Uma luz me iluminou internamente, talvez se eu...

A mulher do meu lado discutia com Amico, mas não me dei ao trabalho de entender o que. Apenas pensava em uma única coisa: duas mãos se fechando ao redor do pescoço branco na minha frente. Apertando cada vez mais forte... E mais forte... E mais ainda. Torcendo-o e arranhando até sangrar. Sabia que era impossível isso acontecer, ele era muito forte. Minha cabeça começou a martelar, como uma bomba-relógio. Algo em mim dizia que não era uma dor de cabeça comum.”

Respirei fundo. Essa parte também me assustava muito.

“Ele estava caído aos meus pés inconsciente. Com o pescoço arranhado e o rosto muito pálido, tinha sangue escorrendo de sua boca. Olhei para as minhas mãos e vi que elas estavam de uma forma como se eu estivesse apertando algo. Eu... Eu o enforquei apenas com a força do pensamento. Tem noção do quão terrível isso é?”

“Comecei a gritar. Até não ter mais voz, mas minha voz não parecia gritar. Eu cai de joelhos, tapando os ouvidos. A minha cabeça doía muito e o resto do meu corpo também. Segundo Astória, aqueles feitiços exigiram muita força minha e acabaram deixando hematomas. Mas eu continuava a gritar. Então, desmaiei.”

– Acordei na sua casa.

Olhei temerosa para o loiro ao meu lado. Ele ainda tinha o braço ao meu redor, mas estava com uma expressão indecifrável.

– E... E depois?

– Fiz outro feitiço. Não tão assustador, mas ainda envolvendo sangue para devolver os poderes da sua mãe, mas parte deles ficou preso em mim.

– E... Isso é bom?

– Scorpius... Eu transformei um dementador em um homem e depois quase o matei apenas a força do pensamento. Imagina se eu estou numa aula de DCAT e aquela bruxa velha começa a me irritar e fico com vontade de esfaqueá-la? Quem sabe o que pode acontecer?

Ele percebeu o tremor da minha voz. Novas lágrimas surgiram e Scorpius me abraçou fortemente. De um jeito que ninguém nunca tinha feito antes.

– Não acredito que era você. Naquela noite – Ele disse no meu ouvido.

Queria pedir desculpas por não ter contado, mas minha voz não saia. Apenas o apertei mais forte ainda.

Scorpius afastou o rosto, para que pudesse me encarar. Colocou o meu cabelo para trás e secou as lágrimas.

– Não fique com medo, ruivinha. Acabou.

Queria poder dizer que não acabou. Que Amico estava no castelo e que ele queria algo de mim. Que ele ia me machucar. Mas o nó em minha garganta me impedia de qualquer coisa.

Não conseguia falar, muito menos pensar, apenas chorar. Chorar, chorar, chorar. Nem percebi Scorpius se aproximando de mim. Apenas quando senti seu gosto em meus lábios me dei conta de que ele havia me beijado.


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Notas finais do capítulo

Acho que esse capitulo compensou muita coisa...