Annabeth:

Mesmo estando com sono,dormir se tornou uma tarefa difícil.Eu queria saber sobre o assunto da conversa,o por que de tanta demora e qual fora o milagre que acontecera.

Normalmente meu pai colocaria qualquer que fosse o rapaz que estivesse com sua filha para dormir bem longe de seu quarto.Mas o fato dele permitir que dormíssemos juntos me assustou.Se ele tinha total confiança eu nunca saberia,e nem sequer ousar a perguntar,mas seja qual fora o motivo para a demora lá fora a conversa devia estar boa.E nesse caso,meu pai deve ter notado que não precisa temer... Já sou grande o suficiente para me cuidar sem precisar de babá.

Felizmente meu sono chegou cedo.Assim que consegui me desligar da curiosidade,adormeci.

Meu cansaço era tanto que achei que não sonharia esta noite.Mas isso não impediu Atena de me fazer uma visita inconveniente.

Ela estava linda como sempre,seus cabelos louros caiam em ondas por seus ombros vestidos com uma armadura brilhante e um elmo em forma de coruja- Plutão.

-Queria falar com você- disse ela,olhando profundamente em meus olhos,com os seus cor de chumbo

Estávamos no chalé de Atena no acampamento, sentadas nas poltronas ao lado das estantes amarrotadas de livros.

-E não podia ser pessoalmente?-perguntei- Está atrapalhando meu sono

-Seja como for.Você sempre estava acompanhada por aquele garoto que você insiste em manter do seu lado.

-Veio aqui falar do Percy ou você tem um assunto mais importante.

Atena me lançou um olhar de aviso.

-Não vim falar das suas burradas,Annabeth.Vim falar de um assunto muito mais importante do que seus erros amorosos.

-Já que minha vida amorosa lhe incomoda tanto,não precisa se incomodar com ela.Vamos logo ao assunto.

Atena abriu a caixa onde guardava o broxe em forma de coruja que se transformava na espada amaldiçoada.

Ela pegou o broxe e o girou nas mãos,transformando-a em espada.

-Vim lhe explicar o motivo de eu ter lhe entregue Monopira.

Atena manuseou a espada no ar em forma de ataques de esgrima.

-Só deixei de usa-la quando descobri que ela era amaldiçoada.Nike foi quem me avisou do feitiço.Mas o que eu sempre quis saber é: Como posso revertê-la.E sendo a deusa da sabedoria,não há nada que eu não saiba a resposta.

“Os meus fiéis,indignados pela falta de respeito do povo de Troia,decidiram desfazer o mal que fizeram me lançando uma maldição pela espada.”

“Contataram o melhor dos magos para descobrir um jeito de reverter o feitiço.E com isso,livrar minha espada da condenação.Dizem que a cada pescoço cordado por ela,o número de vítimas seria os anos descontados de minha vida.Dizem até que eu morreria por mão do gigante criado para me matar.Meu povo não podia permitir tal catástrofe,por tanto,criaram um feitiço inverso”

“Alguém com sangue olimpiano teria que se sacrificar.Estudei maneiras de fazer isso sem precisar correr riscos...então descobri que os de sangue semiolimpianos também poderiam fazê-lo.”

-Eu,a senhora quis dizer- indaguei

-Não necessariamente você.Mas enxerguei nesta edição uma oportunidade de me livrar deste peso.Você seria a cobaia perfeita para desfazer o feitiço.

Aquilo não me agradou.Que tipo de mãe que preze pela vida do filho o sacrificaria por bem próprio?

-E como eu faria isso?-perguntei

-Seu sangue- respondeu Atena,com voz fria

-Eu teria que morrer?Você deixaria que eu morresse para desfazer o feitiço?-perguntei,pasma

-Morrer não.Mas a espada é enfeitiçada,Annabeth.Você já se machucou demais durante os jogos por conta dela.Ela trás má sorte para quem a carregar, além de diminuir anos de minha vida...Você teria que sujar a lâmina com seu sangue.É o meu sangue que corre em suas veias,a espada entenderia como minha morte,ou assim como for.Somente o seu sangue saciaria a vingança Troiana.

-Então...o feitiço acharia que o meu sangue era o seu...por tanto,a missão estaria comprida.

-Perfeitamente.

-E assim,o feitiço deixaria de existir.

-Sempre quis saber se minhas teorias estavam corretas e se meu povo teve a felicidade de acertar nas pesquisas feitas em tantos anos atrás.E como sempre,eles estavam corretos.

Atena queria testar sua inteligência e a de seu povo.Era uma questão de honra.Mas mesmo eu não tendo que morrer para livra-la da maldição dos anos de vida a menos,me senti infeliz pelo fato dela me deixar a mercê de perigos como os do jogos,para somente,não ferir seu orgulho.

Mas do mesmo jeito,não pude deixar de me importar com Atena.Os dias de sua vida diminuiriam caso ela não destruísse o feitiço que a condenava.Mesmo ela sendo imortal,os que podiam mata-la eram muitos.Com os problemas que o olimpo já enfrentou não havia motivos para não se preocupar.Haviam tantos atentados contra os olimpianos,como os titãs,eles podiam se destruir e com Atena correndo tanto perigo,era de se esperar que ela quisesse se livrar do carma.

Haviam gigantes- filhos de Gaia- que eram criados para destruir um deus em especial.Haviam os criados para destruir,Zeus;assim como os criados para Poseidon e Hades.Mas não era só os três grandes,mas também,todos os olimpianos.

-Agora entende meus motivos?Nunca quis que você morresse.Você ainda é minha filha, Annabeth.-Atena me observou com olhos cautelosos,e por incrível que pareça,carinhosos- E o objetivo do jogo é vocês se manterem vivos e nos trazerem a vitória.

-Esqueça.Os jogos já acabaram e não consegui livra-la da maldição da espada.De nada adiantou os jogos.

-Você perdeu,sim,e infelizmente para o pomposo de Poseidon.Mas você está enganada.Você me libertou da maldição,Annabeth.Mesmo que pequena quantidade,seu sangue caiu sobre a lâmina da espada.

-As vezes- continuou ela- a melhor vitória não é a que os outros reconhecem,mas aquelas que você as faz para os poucos.

-Fico feliz em ter ajudado.

-Sou grata.Mas no momento não estou feliz.

Atena fechou o cenho

-Mas por que?-perguntei

-Seu pai é um imprudente!Deixar dois jovens juntos desse jeito!

-Ah.Esse é o problema...

-Estou de olho em você,Annabeth.-Atena semisserrou os olhos

Acordei com o barulho do despertador,os primeiros raios de sol iluminavam a janela.

Parecera que a noite não durara nada.A visita de Atena em meus sonhos parecera de cinco minutos,mas durara a noite toda.Agora eu pegaria horas de estrada para voltar á Nova Iorque,antes de voltar para minhas obrigações.

Abri os olhos e afastei os cabelos despenteados sobre o rosto.O quarto estava escuro,mas os flashes que escapavam sobre as frestas da janela era as únicas coisas que podia se ver.

Minha cama fora ocupada apenas por mim,Percy estava na cama de baixo.

Forcei-me a acorda-lo,mesmo que minha vontade fosse continuar dormindo.

-Se esqueceu de Nova Iorque?-perguntei

Ele não respondeu,ainda adormecido

-Ei- cutuquei-o com as pontas dos dedos- Acorde.Não podemos chegar tarde em Nova Iorque.

-ãh?!

-Se você não acordar,irei para casa sozinha- ameacei

-E me deixar aqui?-perguntou ele,levantando a cabeça despenteada

-Não vejo problema,você e meu pai estão se dando tão bem que ele ia adorar que você ficasse.

Percy se levantou e se sentou sobre as pernas

-Voltaremos outro dia.Felizmente hoje é sexta e teremos o fim de semana para descansar.

Olhei para o relógio,ele indicava dez horas da manhã.

-Sonhei com Atena.-disse eu,enquanto me sentava- Ela queria se explicar o porquê de ter me presenteado com sua espada enfeitiçada.

Contei meu sonho á Percy;ele ouviu atentamente aos detalhes e riu quando contei sobre a tal ‘imprudência’ de meu pai e de Atena ficar de olho em nós.

-Agradeça á ela pela confiança.-disse ele

-Eu direi

Me levantei da cama me espreguiçando- Se arrume para descermos

Abri meu armário e escolhi uma roupa confortável para dirigir,já que eu guiaria meu carro sozinha para Nova Iorque por horas.

-Vou deixar você sozinho- disse eu

Peguei minhas roupas e me vesti no banheiro.Aproveitei para pentear os cabelos e escovar os dentes.

Voltei para o quarto e Percy já estava pronto.

-Vamos?