Annabeth:

O generoso senhor voltou trazendo dois grandes hambúrgueres e copos de refrigerantes com canudinhos.

Ele deixou-os sobre a mesa e sorriu.

-É simples,mas com o estabelecimento fechado não posso oferecer muito.

-Nós queremos pagar pela gentileza- disse eu- É o melhor que podemos fazer nestas condições.

-Guardem esse dinheiro para voltar para casa,com o carro de vocês naquela situação deprimente,vocês terão que contar com uma carona ou ficar por aqui mesmo.A essa hora o transporte público já não está rodando...vocês são de onde?

-Nova Iorque- Respondeu Percy,enquanto dava goles em seu refrigerante.

-Ou.-indagou o senhor- Nova Iorque.Vocês terão que ficar em algum hotel na cidade.

-Meu pai mora em São Francisco.Vamos para a casa dele.

-Se é assim,os bombeiros podem leva-los até a casa de seu pai,minha jovem.

Como se eles tivessem ouvido os pronunciarem,policiais abriram a porta da lanchonete.

-São vocês os donos do carro na estrada?-perguntou um dos policiais.

-Sim,o carro é meu- respondeu Percy

Os policiais se aproximaram da mesa- Sabem explicar o que foi que aconteceu?

-Não.-respondi- Estávamos andando normalmente quando aconteceu.Não sabemos o motivo.

-Vocês não teriam cópias do documento do carro com vocês,teriam?-perguntou um dos policiais.

Tirei dos bolsos os documentos que consegui salvar antes do carro pegar fogo.

-Consegui tira-los do carro antes do fogo chegar na parte da frente- mostrei os documentos do carro ao policial.Ele olhou os documentos com atenção,a data de vencimento da carteira e os outros afins.

-Está tudo certo.Vocês não tem nenhum parente próximo,alguma proximidade conhecida ou amigos que morem próximos da cidade?

-Meu pai mora em São Francisco,nós estávamos indo visita-lo.

-Se quiserem nós podemos levá-los até lá se quiserem.-ofereceu um dos policiais.

-Isso seria ótimo!

Percy pisou em meu pé.

-Não,obrigado.Seguiremos sozinhos para São Francisco.

-De noite?-perguntou o dono da lanchonete

-Onde está o meu carro?...ou o que restara dele- perguntou Percy,dando de ombros.

-Os bombeiros mandaram para o pátio publico da cidade.Ainda está interessado naquela lata velha?- O policial parecia confuso

-Aquele carro era um presente de meu falecido pai –mentiu Percy- Quero me despedir dele.

-Um presente sentimental....certo.Levaremos vocês até o pátio.

Agradecemos o senhor dono da lanchonete pela bondade e seguimos os policiais até seu carro.

Eles nos levaram até o pátio de carros e eletrônicos que seriam levados para o ferro velho local.Os policiais nos deixaram na porta.

-Tem certeza que não vão aceitar a carona?-perguntou o que dirigia

-Temos.Muito obrigado.

Os policiais nos desejaram sorte e partiram.

Abrimos os portões de grade e entramos.Já era noite feita e com certeza meu pai estaria surtando em São Francisco.

Percy pegou minha mão- Está com as chaves?

Tirei-as do bolso e a entreguei

Percy apertou o botão de travas na chave e ele disparou.Ouvimos o som do carro,mas não sabíamos sua localização.

-Me ajuda a encontrá-lo,sabidinha?- perguntou ele

-Você sabe que sim.

Andamos por todo o pátio de eletrônicos e utensílios abandonados ou encontrados pela prefeitura.Haviam coisas em bons estados espalhados por todo canto,assim como também haviam produtos enferrujados e desgastados.

A luz dos postes e de uma pequena casa de operação eram as únicas coisas que iluminavam o pátio.

O estacionamento de carros estava próximo,podíamos ver daqui as pilhas num canto em nossa frente.

-Posso ajudá-los?-perguntou um dos gerentes do pátio municipal

-Estou procurando meu carro,ele pegou fogo na estrada.

-Ah sim,aquela lata velha.Está atrás dessas grandes pilhas,no solo.Se puderem reconhecê-lo é o primeiro entre eles.

-Ãh...obrigado.

Continuamos a procurar pelo carro enquanto andávamos para trás das pilhas de carros abandonados que iriam para o ferro velho.

Como o rapaz dissera,ele era o primeiro a ser encontrado.Em nível de solo,lá estava o perfeito Freemont branco,cheirando a mar e a lataria polida cintilando.

-Poseidon não estava brincando!

O carro estava em perfeito estado,parecia recém saído da fábrica.

-Vamos.Seu pai deve estar surtando.

Entramos no carro.Devolvi os documentos para o lugar certo e Percy deu a partida.

Ele acelerou e começamos a andar.Contornamos a pilha de carros e passamos em frente a sala de operações.O queixo do rapaz que cuidava do pátio caiu.

-Cruzes!-gritou ele,assustado.

Quando deixamos o pátio era ainda mais tarde,a lua brilhava forte no céu escuro e estava ficando tarde para se fazer uma visita.

-Não quero nem ver quando seu pai souber.Ele vai ficar louco de preocupação.

-Ele vai ficar louco se chegarmos tarde!Isso sim vai deixa-lo maluco!

Voltamos para a mesma pista do acidente.De olhos bem abertos e olhos apurados,seguimos a estrada e agradecemos aos deuses pela placa de “velocidade máxima permitida-80 km por hora”- Isso faria com que  chegássemos muito mais rápido em São Francisco.

-Como eu ia dizendo antes de toda essa loucura...você não teve que passar por isso.Você já conhecia minha mãe quando começamos a namorar,e isso tornou tudo mais fácil para vocês.Comigo é diferente...Só vi seu pai uma única vez e foi coisa de meia hora ou menos.

-Vai dar tudo certo,não se preocupe.

-Com a minha sorte...- Percy riu

-Quem é que não gosta de você,Percy?!

-Posso te dar uma lista.

-Fora os deuses...Meu pai gosta de você e você sabe disso.

Chegamos em São Francisco,e meu coração pulou no peito.Não era a mesma coisa voltar lá depois que deixei a Califórnia de vez para morar em Nova Iorque.Nunca me arrependi disso,principalmente por que era muito melhor evitar os monstros do que cria-los no quintal.

Olhávamos nervosamente para o lado de fora do carro esperando por qualquer outro ataque de monstros malucos que gostam de incendiar carros.Mas felizmente a paisagem dos altos coqueiros nos canteiros das ruas,os jovens andando de skate em pistas iluminadas e pessoas passeando com os cachorros mesmo de noite.A maré alta do mar batia nervosamente na praia e as ondas do fundo morriam na areia alta.A lua no alto do céu virou modelo de pintura para os artistas das calçadas que eram envoltos por curiosos.

As luzes coloridas dos outdoors eletrônicos reluziam no vidro do carro no centro da cidade.As ruas cheias de consumidores atrasados para as compras e pessoas voltando do trabalho.Era tão parecida com Nova Iorque que quase me esqueci que estava na Califórnia.

-se aqui não houvesse tantos monstros- disse Percy,bobo com tanta beleza- seria um ótimo lugar para viver.

Voltamos para as ruas que margeavam a praia,lá era o caminho certo para o Very Holy south ville .

-Esse é o nome do bairro do seu pai?-perguntou Percy,debochado

-É um nome muito bonito,senhor ‘sou melhor que todos’.

-Não sou melhor que ninguém,só achei engraçado.

-Continue dirigindo ou só chegaremos amanhã.

-Sim,senhora ‘sou eu que mando’.

Continuamos;e a sensação de insegurança se desfez mais rápido que algodão doce na boca.

Entramos no bairro,as casas iluminadas eram tão bonitas que se fundiam na beleza da noite estrelada.A casa onde meu pai e minha madrasta moravam não ficava muito longe da entrada do bairro,ela era bem localizada,os vizinhos eram muito gentis e hospitaleiros.

-Essa aqui- apontei para uma bela casa da cor azul e um belo jardim na frente.

-Me lembro da sua casa,Annabeth

-Minha casa fica em Nova Iorque.

Percy sorriu para mim,demorou alguns segundos para ele dizer:

-Vamos antes que eu perca a coragem.