POV Draco

Quem poderia ser? Seriam os gêmeos Weasley? O ruivo-maravilha amiguinho do Potter? Ou seria a Wesley filha?

O silêncio pairou por alguns segundos no portão de Hogwarts até que eu me lembrei.

-Mione, vá!

-Oh, sim! –dito isso, me deu um outro beijo, que me faria ter os mais maravilhosos sonhos que eu poderia ter. Hermione corria balançando os cabelos ao vento cortante e frio, e ainda andando colocou a capa e sumiu de vista.

POV Hermione

Quem poderia ser o infeliz que me viu com Draco?

Seria Rony? Gina? Fred e Jorge?

O que importava é que quem quer que fosse sabia. Sabia que eu era amiga de Draco. Sabia que eu menti pra toda a Grifnória e um pouco mais. E me viu dando um beijo em Draco. Um beijo que, por erro de cálculo, fora demasiado perto da boca do loiro.

E se fosse Rony? Se fosse ele o autor da exclamação? (N/A: Todo mundo sabe que os Weasleys gritam fino. Ou não. Eu estou realmente inventando isso) Eu estaria acabada! Perderia Rony, o garoto tão bonito, o meu melhor amigo, garoto amado... E contaria a Harry! O moreno ficaria furioso comigo! Eu perderia meus dois melhores amigos! E se fosse Gina? Ainda seria pior! A Grifinória inteira saberia! E se fossem Fred e Jorge? Eles nunca mais falariam comigo! Seria a pior das traições! Eu nunca mais seria bem vinda na Toca...

Pensamentos assim ecoavam em minha cabeça enquanto eu corria para a torre do sétimo andar de Hogwarts.

O Salão estava vazio.

-“Graças a Merlim” -eu pensei.

E sentei-me numa poltrona, fingindo fazer algum dever que eu já havia feito.

Aos poucos o Salão Comunal foi se enchendo, na mesma lerdeza que esvaziou.

Harry, Rony e Simas foram finalmente dormir. Só restamos eu e Gina.

-Mione!

-O que foi, Gina?

-Eu não acredito!

-No que você não acredita, Gina?

-Que você e o Malfoy estão namorando!

Engoli em seco.

-Gina, você enlouqueceu? Eu e Draco não estamos namorando, Gina! De onde você tirou essa ideia ridícula? –eu disse. QUE MERDA, HERMIONE! CADÊ O MALFOY? CADÊ?

-Eu vi, Hermione! Como você...?

-Está bem, Gina! Você viu o que viu, mas eu não estou namorando o Draco!

-Mas então...?

-Somos apenas amigos, mas não conte pra ninguém, Gina!

-Você beijou ele!

-Um beijo na bochecha inocente!

-Na bochecha... Aham, sim...

-Gina, acredite em mim!

-Tudo bem! Eu acredito em você, Hermione! Mas como você... Como você conseguiu ser amiga daquele Sonserino nojento?

-Draco não é um Sonserino nojento, Gina. –defendi. –Ele é muito legal, se quer saber.

-Ah, Meu Merlim!

-É sério, Gina! Nos últimos anos ele não fora a melhor pessoa do mundo, mas... Este ano ele está sendo muito gentil e não aquele Malfoy abominável. –e contei a ela o que ocorrera na biblioteca, no Salão Principal, no Cabeça de Javali.

-Inacreditável, Mione!

-Eu sei, Gina. Também fiquei meio confusa. Mas você tem que jurar que não contará a ninguém.

-Nunca. Eu quero a minha amiga inteira, e não sem partes do nariz, perna, olhos...

Por um momento eu me lembrei do Profesor Moody, e imaginei-me com uma perna de pau, olho mágico e nariz quebrado. Tive um ataque de calafrios. Teria tido um pesadelo. Se eu não tivesse sonhado com outra coisa.

-Mas você acha mesmo saudável manter uma amizade com Draco Malfoy, Mi?

-Acho sim, Gina. Que mal você vê?

-O pai dele é um comensal da morte!

-E isso não quer dizer que o Draco também seja um!

-Mas é perigoso, Hermione!

-Gina, eu vou dormir. Boa noite.

Eu nunca parei para pensar no que poderia acontecer se eu ficasse amiga de Malfoy. Lúcio Malfoy era um comensal. Eu não tinha dado a mínima importância pra isso.

Mas será que o que Gina falara fazia sentido.

Pensamentos bombardeavam a minha cabeça, me enlouquecendo.

Porque não podia ser mais fácil? Porque simplesmente era tão difícil compreender que leão e serpente podiam sim se unir?

Não. Hogwarts podia ser o lar de bruxos extraordinários, porém muito preconceituosos e cabeças duras.

Dormi assim, pensando atordoada. Sonhei com várias coisas. Comensais da morte. Ginas, Hermiones e Dracos.

POV Draco

Estava cada vez mais difícil ver Mione.

Os deveres de casa se estendiam, as aulas de Grifinória/Sonserina estavam cada vez mais raras, e era mais difícil s=nos encontrarmos n biblioteca, sendo que ela era cada vez mais frequentada por alunos de Beuaxbatons e Durmstrang, e principalmente Vítor Krum.

Eu ainda estava tentando chama-la para o Baile de Inverno, mas a coragem nunca se encontrava disponível.

Até que um dia desprezível estávamos numa aula de poções dupla com a Grifinória e pude ouvir o Weasley falar:

-Hermione, você é uma garota!

-Bem observado, Rony. –disse a morena sarcástica, me enchendo de orgulho.

-Então você podia levar um de nós! –disse Weasley. Então, nem Potter e nem Weasley arrumara pares. Agora eu me sinto um pouco melhor. Se eu não tenho, obviamente eles não teriam.

-Desculpe Rony, mas talvez você não saiba alguém me convidou! –disse a castanha, fazendo meu queixo cair. –E eu já aceitei! –e Hermione mostrou o livro com as tarefas ao Snape e saiu da aula.

Eu não podia acreditar. Alguém a convidara. E ela aceitara. Porque eu não fui mais rápido? Porque eu não deixei de ser covarde e convidei Mione antes que outro fizesse isso antes? Agora, outro cara iria com a mais deslumbrante das moças de Hogwarts no Baile. No meu lugar.

Esse. Palhaço. Tem. Que. Morrer.

Mas não sobrara nenhuma garota legal. Já que a minha intenção foi-se por água abaixo eu tive que ir com a... Pansy.

O dia maldito chegou. Será que eu iria conseguir aguentar a vaca da Parkinson a noite inteira.

A maldita nem bonita estava. Um vestido preto horroroso e curto que mostrariam muitas curvas de Pansy, se ela tivesse alguma.

No baile, o idiota do Potter (que a propósito, não sabe dançar) estava com uma das gêmeas Patil. Como alguém poderia chegar a esse ponto tão crítico?

Mas uma hora, quando começaria a valsa, ouvi murmúrios: “Aquela é Hermione Granger?”.

Olhei para trás e vi a bruxa mais linda do universo descendo as escadas. Usava um deslumbrante vestido azul que lhe caía nos joelhos. O cabelo não estava crespo e solto como antes. Estava magnificamente cacheado e preso num coque no alto da cabeça. Estava com um reluzente sorriso no rosto, mostrando os dentes perfeitos.

Basicamente, Hermione estava perfeita. Se não estivesse acompanhada.

Acompanhada por Vítor Krum.

Naquele momento senti uma súbita vontade de pegar um balaço e acertar no meio da cabeça de Krum. Amigavelmente.

POV Hermione

Muitas pessoas fofocavam e apontavam para mim. Fora doloroso ficar o dia inteiro me arrumando até esse ponto. Mas era Vítor Krum! Era essencial que eu estivesse o mais maravilhosa possível.

Dei um oi a Harry, que estava atrás de mim. Outro oi a Rony, que parecia ignorar a minha existência e outro muito discreto a Draco. Mas este estava diferente dos dois últimos. Draco estava numa mistura de encanto, transe. Olhava a um ponto fixo de queixo caído, e estava vermelho. Muito vermelho e os dedos estavam branco de tanto que Draco apertava-os em um punho.

Após isso, a Profª McGonagall chamou-nos eu, Vítor, Harry, Parvati, Cedrico, Cho, Fleur e Rogério Daves. Disse-nos:

-Campeões e pares, serão os primeiros a abrir o baile. –Harry fez cara de terror. –Vão, vão!

Eu tinha que admitir. Vítor dançava realmente mal. Enquanto Fleur e Rogério davam um show no baile, Krum pisava em meus pés e perdia o ritmo toda hora. Mas isso não importava, não? O que importa é a personalidade de Vítor.

Após a dança, Vítor convidou-me a dançar ao som d’As Esquisitonas. Logo que as músicas acabaram:

-Hermi-o-nini, quer que eu var puscar algumas bebidas?

-Seria uma ótima, Vítor. –eu disse, indo falar com Rony e Harry.

-Oi. –eu disse a eles, que me ignoraram. –Está quente aqui, não? Vítor foi apanhar uma bebida para nós.

-Vítor? –exclamou Rony, com raiva. –Ele ainda não te pediu para chama-lo de Vitinho?

-Que há com você?

-Hermione, ele é da Durmstrang! Ele está competindo contra Harry! Você está confraternizando com o inimigo! –disse Rony, irritadíssimo. Fiquei boquiaberta. Rony estava ficando louco?

-Não seja burro, Ronald! O inimigo, francamente! Quem é que queria o autógrafo dele?

-Suponho que ele te convidou na biblioteca não? –disse ele, após pensar um pouco.

-Isso mesmo. E daí? –provoquei o ruivo.

-E daí que ele é aluno de Karkaroff! E sabe que você anda com Harry para pegar informações dele, ou para lhe pedir ajuda com o ovo!

-O que? Ele nunca perguntou de Harry! –eu exclamei assustada. De onde Rony tirava aquilo? Por que estava sendo tão burro? Seriam ciúmes de Vítor? –E eu nunca, nunquinha ajudaria ele com o ovo! Eu quero que o Harry ganhe!

-Que modo estranho de demonstrar isso.

-O torneio é justamente para se conhecer bruxos estrangeiros e fazer amizade com eles! –disse já exasperada.

-Não! Não é não! É para se vencer!

-Rony, eu não tenho nada contra Hermione vir com o Krum... –disse Harry baixinho e constrangido no meio da briga, mas Rony não lhe deu ouvidos.

-Por que você não vai procurar o Vitinho, hã?

-Pare de chama-lo de Vitinho, Rony! –exclamei. - Que surto é esse, hein? Ciúmes?

-Claro que não! Ele é estudante de Durmstrang e ele é mais velho!

-É isso que você pensa dele?

-Sim.

-Então acho melhor no próximo baile você me convidar antes que alguém o faça e não como última opção! –gritei para Rony e saí desabalada do Salão.

Eu corria pelos corredores da escola, meus cabelos voando e caindo do coque, as lágrimas traçando trilhas no meu rosto. Eu não sabia pra onde ia. Mas eu ia.

POV Draco

Eu ainda estava queimando de raiva do Krum. Eu devia ter chamado ela primeiro! Eu que estaria dançando com ela naquele salão. E não sentado mofando com a Parkinson.

Por um milagroso momento eu consegui fugir de Pansy. Corri para os jardins, a fim de me esconder.

Encontrei a vegetação perfeita.

Mas será que era tão perfeita?

-Dracoooo? Draquinhooo? Cadê você, meu amor? –a voz fina e irritante de Pansy chamava-me.

Me encolhi mais na vegetação. Mas fiz barulho. Pansy virou-se para mim.

A sonserina estava prestes a me descobrir. Mas viu algo que não lhe agradava.

-AAAAAAAAAAH! SOCORROOOO!

Levantei-me após ter certeza que a loira havia ido embora e vi o que causara tanto espanto em Parkinson.

Uma lesma.

Uma terrivelmente ignorante lesma.

Eu sabia que Pansy iria voltar. Eu tinha que procurar um lugar melhor. Mas antes que eu conseguisse pensar aonde poderia ser um bom esconderijo, ouvi soluços. Soluços de alguém que chorava.

Virei-me 180º graus e vi. Vi uma morena de cabelos desgrenhados, a cabeça no meio dos joelhos, chorando furiosamente no escuro.

Mas não era uma simples morena.

Era a minha morena.

-Hermione! –sibilei, correndo até a castanha. –Que houve?

-Ah, Draco! –disse ela chorosa. –Você...

-... Quero saber o que houve? Por que você está chorando, Mione? Foi aquele Krum?

-Não... Não, não foi o Vítor... Foi o idiota do Ronald!

POV Hermione

-Não... Não, não foi o Vítor... Foi o idiota do Ronald! –eu disse, ainda chorando. Draco era a única pessoa em que eu podia confiar. Naquele momento, Ronald estava morrendo de raiva de mim, Harry estava junto a Rony, Vítor não é uma pessoa que eu conheço tão bem assim. Draco era a única esperança que eu tinha.

Draco ficara vermelho pimentão com o comentário anterior. Ele parecia estar furioso.

-Weasley?

-Sim, Draco. Rony Weasley.

-Eu não acredito! O que aquele idiota te fez? –disse ele prestativo. Os olhos azul tempestade me encarando com doçura. Que olhos bonitos. Penetrantes. Irresistíveis...

-Acontece que Rony estava com raiva de mim por ter ido ao baile com Vítor. Ele achava que eu não posso me cuidar sozinha, o imbecil! –exclamei com todas as minhas forças, colocando toda a raiva para fora. –Rony é covarde demais, foi isso! Ele estava com ciúmes! Ele devia ter me convidado antes e isso não estaria acontecendo! –disse mal imaginando que estava descrevendo tudo o que Draco sentia. Comecei a chorar ainda mais relembrando as cenas do Salão Principal, que vinham como flashs em minha mente.

-Hermione, enxugue essas lágrimas. –disse Draco, secando as minhas lágrimas com os dedos alvos. –Weasley não as merece. –e dito isso, puxou minha cabeça a seu colo, fazendo-me deitar e observar as estrelas e a lua.

Pude sentir o aroma doce que Draco exalava. Tão gostoso... Draco olhou-me com os olhos azuis mais lindos que eu já vira, a pele alva e cabelos loiros platinados brilhando ao luar.

Draco estava tão... Bonito?

Eu nunca havia reparado como Draco era lindo. Os olhos azuis acinzentados com um brilho especial que hipnotizavam... Os cabelos louros impecáveis que dançavam ao vento... A pele tão alva quanto a neve brilhante...

E Draco era uma pessoa tão legal... Demonstrara isso este ano e eu pude ver o verdadeiro Draco Malfoy. Prestativo, inteligente, sagaz, divertido...

Esse era Draco Malfoy, que estava tomando meus pensamentos e meus sonhos nas últimas semanas.

Por que ele estava me causando tanta atração? O que acontecera com a rincha Malfoy-Granger? Por que eu decidira dar tanta atenção a aquele que só sabia me humilhar e me xingar pelo simples fato de eu ter sangue inteiramente trouxa?

Algo me atraía em Draco. Algo que eu não vira a quatro anos atrás, e que eu ainda não entendia o que era... Alguma coisa que me fazia esquecer o Rony... Alguma coisa que me acolhia...

Olhei novamente a Draco, que estava ocupado brincando com uma margarida. O sonserino olhou diretamente nas minhas orbes madeira, me permitindo ver o azul tempestade de suas orbes.

E foi naquela noite, naquele jardim, que eu descobri.

Eu estava apaixonada. Apaixonada pelo sonserino que até dois meses atrás eu achava o mais nojento ser do mundo.

Apaixonada por Draco Malfoy.