Minilissa’s Pov

Silêncio. Depois de miados e grasnadas, silêncio.

Eu nunca tinha visto o Aoi tão agitado daquela maneira. Eu sempre precisei sair e voltar só a noite, então sempre a TV que fazia companhia pra ele. Mas, foi só o Uruha chegar que tudo mudou. Acho que se ele fosse uma fêmea de gato já estariam casados.

O bom era que eles sempre se faziam companhia e eu podia ficar mais descansada porque eles não ficariam sozinhos. Dava para arriscar que eles preferiam bem mais a companhia do outro do que a minha. Acho que to sendo trocada por um pato e não duvido que o contrário esteja acontecendo também.

Pelo menos o Aoi não parecia querer comer o pobre do Uruha, o que me deixava tranqüila. Foi um tanto estranho ver ele escolher um patinho, mas o Uruha é tão fofinho que acho que eu teria pegado ele também. Era bom ter bichinhos, cuidar deles, melhor que muitas companhias humanas.

Mas, admito que ver eles dormindo juntos era demais. Acho que todos os lugares em que eu morei sempre tinha uma loucura minha e a companhia do Aoi desde que ele chegou acabou sendo passada pra ele. Era uma gracinha, com certeza era. Mas, aonde que se vê um gato e um pato dormindo juntos e o gato quase abraçando o pato?

Só na minha casa, dez reais a entrada e um adicional para as fotos.

Espera aí, fotos?

...

E mais um dia se acabava, sexta-feira, fim de semana chegando, nada pra fazer, melhor que isso só ser recebida pelos meus dois amores assim que o chaveiro fez barulho. Eu podia ouvir eles fazendo barulho, era como os filhos recebendo os pais, mas acho que os bichinhos são mais organizados.

Acho?

– Eu trouxe um presente bem bonito pra colocar na sala. – Sim, eu sabia que eles podiam me entender.

E foi só colocar o embrulho no chão que o Aoi já chegou perto cheirando e se esfregando. O Uruha demorou um pouco mais, mas acabou encostando na sacola logo depois. O barulho por desembrulhar deixou o Aoi maluco e ele foi logo se enfiando dentro da sacola com o Uruha seguindo ele.

– Abandonaram a mãe não é?

Mostrei a língua para o nada e olhei orgulhosa para o quadro descoberto, parecia muito com a noite em que peguei eles dormindo juntos. Não eram traços realistas, era simples, desenho mesmo, os traços bem definidos e contornados. O Aoi no fundo com grandes olhos abraçando o patinho dele.

E era essa a nossa família peculiar.