It Always Comes Back To You escrita por Sweet Seddie


Capítulo 7
Revelar


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a minha leitora meiga e linda, Mila leitora.
Galera, o que tá acontecendo? Sinto falta de meus reviews...



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Eles pararam de dançar. Limpei as lágrimas que já escorriam em meu pescoço. Alguém entregou um microfone a Zac que tentou fazer um discurso que era para ser engraçado e descontraído, que dissesse o quanto eles estavam felizes. Não que eu quisesse comparar ao que poderia ser o nosso casamento, mas as pessoas pareciam estar em um enterro. Percebendo que não arrancara nem um risinho dos ali presentes, ele entregou o microfone à loira com olhar distante ao seu lado. Agora conhecida como a Sra. Zachary Kress.

– Hum… bom, estamos muito felizes que estejam aqui hoje. Isso é muito importante para mim e para o Zac. Queria agradecer ao apoio de minha sempre confiável e melhor amiga para sempre, Carly Shay. – Um holofote apontou para a morena que sorriu tímida. – Ao nunca mais sem camisa e ex-sereia Orenthal Cornelius Gibson. – O holofote foi até ele. Dessa vez algumas gargalhadas pude ouvir. Ela consegue deixar qualquer um de bom humor. – E também à minha mãe. Que não desistiu de mim, apesar de todas as loucuras que minha adolescência guarda. – Agora o fecho de luz iluminava Pam. Engoli em seco ao saber do que ela estava falando. Ela quis dizer nossa loucura. – Eu amo vocês. Assim como amo cada um dos presentes aqui. Cada um. – Zac afagou-lhe a cabeça e deu um beijo em suas têmporas. Todos aplaudiram. “Eu também te amo” – Pensei feliz. As luzes diminuíram mais uma vez e o clima misterioso, porém reconfortante, voltou. O casal fora para frente do bolo, fazer caras e bocas, posando para três fotógrafos que captavam até suas respirações. Sentei-me à mesa e mexi no topete que ela tanto ama.

– Filho, está tudo bem? – Senti a mão gelada de minha mãe tocar a minha. Assenti e sorri secamente. Apesar de ter percebido, ela me devolveu com um olhar de mãe.

– Freddie! – Ouvi a voz aguda de minha ex-vizinha. Instintivamente me levantei e sorri como nunca mais havia feito. Era tão bom estar perto dos amigos.

– Carly, - dei-lhe um abraço - Tasha, - com cuidado, abracei-a também. Parecia estar de oito meses. - Gibby! Parabéns pelo…?

– Gibby Júnior. – Sorriu animado.

– Ah, era de se esperar – Carly me deu uma piscadela e sorriu. O cômico casal se afastou, alegando que ambos os Gibbys estavam famintos.

– Então… sem querer ser inconveniente, mas o que faz aqui? Quer sofrer é?

– Carly, eu tive que vir. É uma necessidade extrema.

– Não bastou o que ela disse na igreja? – Olhei-a franzindo o cenho e entortando a boca. – Melhor amiga que se preze ouve tudo atrás da porta.

– Então você sabe que não vou desistir. Não tente me impedir, por favor. Pela nossa amizade. Você não quer que nós sejamos felizes? – Fiz biquinho.

– Arg! Tenho que parar com toda essa compaixão. – A doce garota sorriu e revirou os olhos. Puxei-a para um abraço e descansei a cabeça em seus ombros. – Ei… seja lá o que tem em mente, vai dar certo. Não confia mais em si mesmo?

– Acho que nunca pude me dar ao luxo de ter confiança. Carlotta, ela era minha força.

– Eu sei Fredward. – Ela passou a mão em meus cabelos. – E é por isso que você está aqui. Você mesmo disse. Eu já lhe disse. Há muito tempo tivemos essa conversa e acabou tudo errado. Mas nós amadurecemos, nós mudamos e com a Sam não foi diferente. Por fora ela pode continuar essa garota com traços doces que é durona. Mas por dentro ela só está com aquele sentimento que sempre esteve. A Sam só está com medo. E é por isso que você tem que ser forte. Olhe para si mesmo! É bonito e inteligente. Só falta a garota certa. E todos aqui presentes, até mesmo Zac, sabem quem é. – Ouvindo aquelas palavras, relaxei. Dei um singelo beijo no rosto macio de minha melhor amiga.

– Obrigado.

– O que é isso! Eu sempre serei sua conselheira amorosa. Ou não sou Carly Shay, a terapeuta de casais mais famosa de Seattle. – Ela gargalhou. Não pude deixar de sorrir também, ao ver Brad acenando.

– Acho que seu namorado está te chamando. – Apontei, o cumprimentando com um sorriso.

– Ele se animou muito com o fato de me pedir em casamento depois de ver o da Sam. – Revelou olhando apaixonadamente para ele. Mas logo mudando para um olhar assustado - Quer dizer, ele também é Seddie, ok?

– Eu acredito. Agora vai lá! – Ela assentiu com a cabeça e se virou. Estendeu os braços, assim correndo até seu namorado e pulando em seus braços. Até parece estranho, mas Carly e Brad conseguiam ser o casal mais sólido que eu conheço. As brigas mais sérias que eles tinham, eram de quem iria comer o último doce. Impressionantemente, da primeira que ela havia visto ele, que foi quando estávamos entrevistando estagiários, não sentiu atração alguma. Mas foi no Lock-In que entendi tudo. Ela estava mais preocupada em achar um namorado para Sam do que para si mesma. Afinal, todos os garotos do colégio estavam hipnotizados pela beleza de Carly e ela achava que não estavam prestando atenção na amiga. Errada. Eu estava muito interessado em passar o máximo de tempo com minha loira favorita. Porém, depois ela descobriu que Sam também estava com o mesmo desejo que eu. Infelizmente não deu certo para nós, mas quando Carly decidiu que deveria parar de trocar de namorado a cada semana, ela finalmente conseguiu passar um tempo com Brad e descobrir que ele era o príncipe que tinha esperado sua vida toda.

Depois de várias pessoas passaram pela pista de dança, Gibby ter quase tirado a camisa e eu ter bebido dois copos de água e nada mais, a fome finalmente me atingiu. Minha sorte foi que o jantar seria servido neste exato momento. Os pratos luxuosos chegaram à nossa mesa, com várias com cores e um aroma delicioso. Botei a primeira garfada na boca e pude comprovar que o gosto era bem melhor que o aroma. Terminei rapidamente o primeiro prato, recusando o segundo e indo direto à sobremesa, feita por Terrance Bo. Sim, ele virou um chefe famoso e pelo que ouvi, foi mentor de Sam. Descobri também que ela abriu o próprio restaurante, o Puckett’s, onde se vendem cupcakes, bolos, pudins, rosquinhas e muitas outras delícias. Ela realmente conseguiu tudo o que queria. Menos o amor.

A hora dos discursos finalmente chegou. Pam anunciou no microfone que as pessoas poderiam ficar a vontade para dizer o que quisessem, mas que se limitassem a vocabulários que as crianças poderiam ouvir. A piada interna arrancou algumas típicas risadas de casamento para logo serem preenchidas por um silêncio cortante. Como Melanie não estava presente, escreveu algo que pediu para a mãe ler.

– “Querida Sam, isso é muito estranho de estar se escrevendo, afinal, sempre achei que a bem-sucedida e casada, seria eu. Não leve como um insulto, mas si como o mais bonito dos elogios. Podemos ser iguais por fora, mas por dentro sempre provamos o contrário. Irmãzinha, foi você que me ensinou a amarrar os cadarços e a chutar uma bola. E fui eu que te ensinei a andar de salto alto e a transformar a maquiagem do dia para a maquiagem da noite. Você aguentou meus soluços quando os Jonas Brothers anunciaram o fim da banda. Eu te consolei quando voltou para casa com uma dor terrível no peito, mesmo estando em uma telinha no computador, foi na noite em que terminou o namoro com aquele garoto que prometemos nunca mais falar. Enfim, não vamos mexer no passado. Olhemos para o futuro. Você é jovem, é rica e tem um marido que te ama, além de estar construindo uma família. Orgulho-me muito de poder dizer que você carrega (ou carregava?) o sobrenome Puckett e que é minha irmã. Desculpe não poder estar aí hoje, mas acho que dessa vez eu consiga fazer o Nevel se soltar um pouco.

Zac, um conselho: Não a deixe ir embora. Muitos se arrependeram por causa disso.

Amo vocês com todo o meu coração e desejo-lhes toda a felicidade do mundo.

Melanie Puckett.” Isso… foi… tão… lindo! – Pam soluçava. Muitos riram da situação enquanto os sobrinhos dela tiravam-na do microfone. Era a vez de Carly.

– Bom, obrigada a Pam, pelas lágrimas, que esquentaram o que eu pretendo dizer. Virão mais lágrimas, eu garanto. – risos – Eu conheci a Sam quando estava comendo um sanduíche de atum. Recusei-me a entregar um dos melhores lanches que a cantina vendia a ela. Derrubou-me do banco e tascou o sanduíche de minhas mãos. Empurrei-a de volta e recuperei minha delícia. Foi assim que nasceu essa bela e longa amizade. Anos antes ela já havia conhecido meu vizinho, até então só vizinho, Freddie Benson. Apresentou-me a ele e desde então não nos largamos mais. Todo o santo dia eles iam para minha casa e lá jogávamos conversa fora. Freddie tinha uma “quedinha” por mim – Ela fez aspas com as duas mãos e eu corei – Mas infelizmente eu não correspondia. Sam maltratava o garoto por um motivo que eu só consegui entender anos mais tarde. Enfim, era pra ser um dia comum, até que minha melhor amiga valentona aprontara mais uma travessura: Botar a cabeça de nossa professora malvada, Srta. Briggs, na cabeça de um animal gordo. Tive que tomar a culpa, não queria que ela fosse expulsa. Como punição, tivemos que passar o sábado inteiro filmando os testes para um show de talentos. A tarde havia sido normal, tínhamos ficado entediadas, porém, não dispensamos fazer brincadeiras típicas de nossa idade. Péssima ideia. Freddie acabara se confundindo e postando nós duas, tendo uma audiência de mais de trinta mil viciados em internet. Quem diria que um desses, seria a nossa professora? Todo o esforço que tivemos para escolher as pessoas que tinha um talento realmente impressionante, fora em vão. Com aquele meu jeitinho estressado, - Ela piscou para o namorado – fiquei revoltada e acabei fazendo a maior besteira da minha vida: Disse para Sam e para o Freddie que queria fazer um webshow. Ironicamente, é claro. Eles me apoiaram totalmente e disseram que poderíamos começar naquela semana mesmo. Passamos a semana toda planejando e no dia, algumas coisas foram improvisadas, mas acabou tudo perfeito. Audiência boa e já tínhamos ideia para o show da outra semana. Sucesso assim merecia uma das famosas festas dos Shay. A primeira festa pós-estreia de nossa mais nova empresa, foi a festa do chapéu doido. Naquele dia, até autógrafo demos. E foi assim, com um “i” de internet, e “Carly”, de eu mesma, que nasceu o iCarly. – Todos, inclusive eu, aplaudiram achando que era o fim do discurso. Muito pelo contrário. Carly deu uma golada no champanhe e continuou – Culpa do noivo de Melanie, que não está aqui hoje, o Sr. Nevel Paperman, que por pouco não foi o fim de nosso bebê. Felizmente, isso só nos ajudou a dar mais valor a ele. Por anos assim foi assim, o ICarly sofrendo os mais variados tipos de empecilhos, como a volta da sempre maligna Missy, o ex-namorado mala Jonah da Sam, a ex-namorada de Freddie que era do clube dos que queriam me banir da internet, Valerie, Fleck e Dave, que apesar disso, são nossos amigos,Rodney, o cara que está até hoje preso por falsificar produtos do exterior e até mesmo o romance de dois certos idiotas, mas que depois se estabilizou e pudemos gravar normalmente. – As pessoas riram de tantas coisas pelas quais já passamos. E Carly não poderia ter deixado de fora meu relacionamento com a Sam. Afinal, ela é Carly Shay. Limpou a garganta e olhou para onde os noivos estavam sentados – Mas, porque estou falando tanto do iCarly, se estou no casamento da Sam com o Zac? Bom, foi em uma tarde de novembro. Estávamos indo para a Webicon. Até então, estava de rolo com o Adam, que tinha me contado sobre nossos fãs. Agora chamados de “Creddiers” e “Seddiers”. – As aspas com a mão de novo - Não queríamos briga, portanto, havíamos decidido que cada coisa que girasse entre uma relação amorosa, que até aquele momento, não havia entre nenhum de nós, desmentiríamos. Mas a certa garota loira que nunca segue as regras acabou criando uma relação inexistente entre mim e o Freddie. O que eu achei mais engraçado foi que nem por um segundo, a Sam tirou uma palavra da boca dos Seddiers. Talvez por que fosse a verdade? – Ela gargalhava, aparentando estar bêbada. Cutuquei Brad e perguntei se Carly bebia. Nem uma gota, até esse casamento – Oh, desculpe-me, casamento errado. Depois do término mais triste da minha vida, e olha que nem foi comigo, Sam conheceu o Zac e foram felizes para sempre. Mas... - Ela abaixou a cabeça e começou a gargalhar – Tem uma parte da história que muitos de vocês não conhecem. – Deu um mais um gole, que terminou com a taça. Ela ia continuar a história, mas foi impedida por meus dois amigos que sempre separam as brigas. Eles puxaram-na pelos dois braços e ela jogou a cabeça no ombro de Brad. Sentaram com ela em um sofá na área onde eles haviam reservado para as pessoas que estavam cansadas e Gibby deu-lhe um copo d’água. Pam, que já havia se recuperado, pediu desculpas e disse que Carly só estava um pouco emotiva demais, fazendo piada consigo mesma.

– Alguém se apresenta para ser o próximo? – Gibby foi. Depois dele, Wendy, Brad e até Tasha, com quem Sam não tem nem muita intimidade. Mas o que realmente me surpreendeu, foi que Cort estava lá. E não teve vergonha na hora de discursar.

– Da primeira vez que eu vi a Sam, eu pensei, “cara, preciso namorar essa garota!”. Mas aí o Freddie chegou antes, o que foi uma pena. Quando eles terminaram, tentei procurar ela de novo, mas ela disse pra mim que não queria mais ninguém na vida dela. Fiquei chateado, mas decidi que iria seguir em frente. Conheci a Stephany e agora sou muito feliz. Parabéns pelo casamento, mas eu sempre torci por você ficar com o Freddie… – Sorri e ele levantou a taça – Aos noivos! – Algumas pessoas levantaram, outras, de tanto gargalhar, não conseguiam. Chequei o rosto de Zac e ele estava mais vermelho que um tomate. Hora perfeita.

– Então acho que isso encerra os…

– Não, espere! Eu quero fazer um discurso. – Sem medo, tinha minha mão estendida. Todos os quatrocentos olhos virados para mim. E a única coisa que fazia era sorrir.

Os passos que eu dava eram calmos e o sorriso que eu carregava era de total segurança. Carly já estava “recuperada” e Brad acariciava seus cabelos. Gibby estava em pé ao lado de Tasha, alisando sua barriga. A garotinha que havia me deixado intrigado na igreja, brincava com outras crianças. E minha mãe e Pam roíam as unhas. Se eu morresse a caminho do palco, muitas coisas não sairiam como desejo que saiam. E foi com esse pensamento que peguei a última taça de um garçom que ali passava. Subi com passos silenciosos e dei duas batidas no microfone. Limpei a garganta e murmurei um boa noite.

– Vejo que há muitos “Seddie shippers” esta noite. – Sorri de lado e umedeci os lábios – Mas, sinceramente, não ligo muito. Não é mais sobre mim. Agora é só sobre o que o novo casal vai ser. Por isso que esse vai ser o meu último discurso, em homenagem a tudo o que disseram hoje. – Limpei a garganta novamente, levando meus olhos aos de Sam – Eu espero que em nenhum segundo de suas vidas, tenham duvidado do amor que eu senti por…

– Pare agora! Vai vir na festa do meu casamento dizer que ama minha esposa?! – Zac pulou.

– Amor, o deixe terminar.

– O quê?! Você está de acordo com isso?

– Do mesmo jeito que sua “ex-amante” pode ir ao nosso casamento, eu dou o direito do Fredward fazer esse discurso. E você sabe que essa não é a única razão. Agora senta aí e ouve o que ele tem a dizer. – Ela estava se segurando para não falar mais algumas poucas e boas para ele. Mas decidiu manter o respeito pelo esforço que foi fazer essa festa, que por enquanto estava indo bem. Aliás, a algo que todos me escondem? Ouço falar dessa tal história há muito tempo e até agora não sei nem a primeira frase. Ele se sentou e Sam apoiou o queixo nas costas da mão esquerda, fazendo sinal para que eu prosseguisse.

– Continuando, queria pedir-lhe desculpas, Zac, se achar que eu estou tentando roubá-la de você. Eu já tive essa garota, seria um privilégio tê-la mais uma vez, mas ela é sua desde o momento em que disse sim à sua proposta. Sorte a sua. – Pisquei para ele, sarcasticamente – Como Carly já contou todo nosso histórico, acho que preciso arranjar outro discurso – Arranquei risadas, mesmo nervosas – Acho que vou continuar de onde ela parou. A verdade sempre foi que eu, sim, tive uma paixão de infância por minha vizinha. Quem nunca? Era uma garota bonita e inteligente, estava a poucos metros de mim e era basicamente a única garota decente que eu conhecia. Digo, que era dona do perfil que minha mãe aprovava. – Pisquei para a Sra. Benson, que retribuiu com um olhar envergonhado – Lembro-me muito bem, como se fosse ontem, do dia em que conheci a Sam. Ela estava no balanço, quase tocando o céu, de tão alto que conseguia chegar. Como boa criança, fui até lá saber como ela conseguia fazer aquilo. Acabei ganhando a marca de seu tênis na bochecha direita. Mesmo bancando a durona, ela me perguntou se eu estava bem e se precisava de alguma coisa. Respondi que sim, apesar de estar sentindo uma dor terrível. Fez sinal para que eu sentasse no balanço vazio ao seu lado. Sentei-me e percebi os orbes azuis olhando para mim com curiosidade. Novamente ela me perguntara se eu estava bem, mas eu estava querendo algo muito além disso. Tornei a repetir que sim e ela me deu um beijo no lugar onde antes sentia dor. Perguntei seu nome e ela respondeu com total autoridade que era Samantha, mas que se eu a chamasse assim, iria levar uma surra. Era Sam. Mesmo sem ela ter perguntado, disse que o meu era Freddie, sem mencionar meu nome completo, senão já sabia que iria receber vários deboches. Passamos o resto da tarde conversando banalidades, o que se espera de duas crianças de seis anos? A mãe dela gritou seu nome. Chamou-a de Samantha. Revirou os olhos e mais uma vez gritou a insistência: Seu nome era Samantha, mas ela queria ser chamada de Sam. Despediu-se de mim com um aceno e eu achei que seria a última vez que eu a veria. Mas foi aí que eu percebi que não tinha perguntado como ela conseguia quase alcançar o céu. Corri igual um desesperado e segurei em seu braço delicadamente, ela se virou e perguntou o que eu queria. Informei o que queria saber e ela deu uma risada arfada. Ela me contaria, com a condição de que fosse tomar um lanche com ela e com a mãe. Chamei a minha e pedi sua permissão. Analisou Sam de cima a baixo e negou. Minha nova amiga baixou o olhar e botou uma mecha do cabelo atrás da orelha. Segurei sua mão. Disse, corajosamente, que iria contra sua vontade, porque eu gostava da Sam e não iria magoá-la. Minha mãe admirou tal ousadia, permitindo que eu fosse. Foi a tarde mais divertida da minha vida. Pulemos algumas partes, por que sei que isso já está um pouco cansativo… à noite no Lock-In. – Percebi Sam arregalar os olhos. – À noite em que Saman… Sam Puckett, disse que não me odiava. O beijo inesperado. A dúvida que surgiu. Somente uma chance, somente um momento. – Dei uma risada sem som e abaixei o rosto. – Ficamos três dias sem notícia da loirinha. Passar dias sem ver seu rosto quase me destruiu. Quando a encontrei em meio de tantas portas naquele hospital psiquiátrico… foi como ver o sol depois de anos de chuva. Digam-me, é possível que alguém fique mais bonita a cada dia, cada hora, cada minuto, cada segundo, cada milésimo? – Levantei o rosto novamente e mordi o lábio. Sam havia tirado a vermelhidão do rosto de Zac e colocado no seu. Carly suspirava. – Meu objetivo inicial não era saber por que ela estava ali. Eu sabia que tantos sentimentos estavam a confundindo. O plano que eu tinha era de segurá-la pela cintura e dar um beijo demorado em seus lábios. Mas como sempre ela se esquivou. Teve que ouvir conselhos de um garoto, Goopy Gilbert, para descobrir que sim, estava louca. Louquinha de amor. Os dias seguintes foram quase perfeitos. Se não fosse o fato de termos brigado a cada besteira que surgisse… eu sempre quis entender a razão disso. Gosto de imaginar que foi por total insegurança. Os momentos em que outras pessoas estavam presentes foram um tanto ruins, mas quando estávamos sozinhos, passamos os melhores momentos. Vivemos experiências únicas, tivemos minutos que com certeza dariam um livro do Nicholas Sparks. Para quem não conhece o famoso autor, ele lhe permite assistir todo o drama do romance entre duas pessoas, toda a história, muitas vezes perfeita, com finais, às vezes, não tão perfeitos assim. A situação em que nos encontramos. Na noite do nosso término, cheguei em casa chateado, gritei com minha mãe e amaldiçoei as palavras que disse. Foi a coisa mais infeliz que aconteceu comigo. Vê-la todos os dias, sorrir, mexer no cabelo, passar por mim, me fazendo sentir seu perfume. Essa garota estava me fazendo ficar louco. E eu estava deixando. As provocações que ela fazia, os movimentos e até as palavras que só serviam para me tentar. Ela sabia que a qualquer segundo eu tentaria beijá-la, dizer que tudo foi só um tempo para avaliar que eu estava errado e que juntos seríamos melhores. Porém, eu sabia que continuariam a vir trezentas pessoas, cada uma com um argumento diferente, dizer que ou eu era bom de mais para ela, ou isso estava sendo doentio. O mais engraçado, era que todos tentavam me convencer que tudo, exatamente tudo, era melhor que a Sam. Mas eu não conseguia imaginar maior prazer do que estar do lado de quem se ama… – Dei uma pausa, só para fazer suspense. – Era horrível quando ficávamos a sós. Eu só pensava em como os lábios dela estavam tão atraentes. Só pensava em como ela conseguia ser tão sensual, sorrindo. Como eu a desejava… como ainda desejo – Lembrei que Pam disse para maneirar no vocabulário. – Acima de tudo, eu a queria perto. Gostava quando ela ficava na ponta dos pés para me dar um beijo. Como costumava evitar olhar em meus olhos. Como não gosta de parecer fraca. Como sorri para o chão. Como fica ainda mais linda quando as maçãs ficam vermelhas. Para finalizar… como eu consigo amá-la, mesmo ela se casando, mesmo ela indo embora. Como eu nunca consegui me apaixonar por nenhuma outra. Como eu ainda tenho esperanças. – Levantei a taça. – Como eu ainda te amo, Princesa Puckett. Parabéns aos noivos. – Tomei um gole e desci do palco. Muitas mulheres choravam inclusive Sam. A festa praticamente estava acabada. Sua mãe subiu ao palco e disse que estava na hora da noiva jogar o buquê. Terminei meu champanhe e fiquei ao lado de Brad, que esperava a namorada sair da multidão desesperada para casar. A linda garota de branco virou-se e desejou boa sorte a todas. Jogou o buquê para o alto que parou logo na mão dessa que você está pensando. A vida às vezes te prega umas peças impressionantes! Quem agarrou o buquê recheado com belas tulipas, foi Carly Shay.

– Brad! Brad! Vamos nos casar! – Ela pulou em seu pescoço, jogando o no chão. Deu-lhe um beijo romântico e repetiu as palavras com mais clareza – Brad, casa comigo?

– Carly!

– Eu não aguento mais esperar. Casa comigo.

– Eu caso. – Imagine a cena: A terapeuta de casais por cima do vendedor de doces, com um vestido deslumbrante de dama de honra, segurando um buquê em uma mão e com a outra nos cabelos do, agora, noivo. A coisa mais romântica além do discurso que fiz. Suspiros e “é isso aí garota” foram ouvidos. Ajudei-os a levantar e ambos me deram um abraço. Logo Sam chegou e demos um abraço quádruplo. Algo que passou despercebido por todos, menos por mim. Coloquei os braços em volta de sua cintura e apertei-a.

– Sam… – Estávamos um pouco distantes dos outros convidados. Carly e Brad se retiraram do abraço. Abracei-a. Fechei os olhos. Todos os nossos momentos juntos passaram como um filme em minha cabeça. Podia ouvir Running Away. Não havia ninguém na pista de dança. Sem nem ao menos pedir permissão, levei-a até lá e dancei nossa última música. Senti seus pés sobre os meus, fazendo com que ela ficasse quase de minha altura. Rimos juntos. – Você sempre gosta de “estar à altura”.

– Conhece-me muito bem, Benson. Obrigada pelo discurso, foi lindo.

– Foram meus sentimentos se pronunciando. – Segurei em seu queixo - Ainda temos este momento. Vai comigo?

– Eu adoraria dizer que posso.

– O que te impede? – Apertou os lábios e fechou os olhos.

– Eu…

– Sam! Está na hora. – Pam chegara, mais uma vez impedindo de eu saber a verdade. Mas, na hora de quê?

– Ah, Freddie. – Segurou firme em meus ombros – Eu senti sua falta. – Saltou de meus pés e correu até a mãe.

Depois de meia-hora, uma multidão formou uma fila, lado a lado, na porta de entrada. Sam desceu uma escada enorme, trajando um vestido justo, os cabelos soltos e levemente cacheados, com Zac a seu lado. Juntei-me a multidão, ficando perto da porta. Todos aplaudiram, menos eu. Antes de sair, ele segurou-a e deu-lhe um beijo parecido com o que Carly e Brad haviam trocado. Saíram em um carro antigo, Zac mesmo o dirigiu. Acenaram e seguiram seu caminho até, eu acho, o aeroporto. Não tive a oportunidade de saber se viajariam ou não.

– Filho? Está na hora de ir. – Senti as mãos de minha mãe tocar meus ombros. Ia assentir com a cabeça, até que ouvimos um grito agudo. Era Pam. Corremos até ela, que estava com o telefone em uma mão e o desespero no olhar.

– Sra. Puckett?! O que aconteceu?!

– A Sam e o Zac… sofreram… um acidente de carro. – Ela disse entre soluços. E foi a minha vez de perder os sentidos.


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Notas finais do capítulo

Dediquei-me de corpo e alma a este capítulo. Espero que tenham gostado de ler, o tanto que eu gostei de escrever (: