Passaram-se dias, semanas, meses. Era tudo diferente, não sentia animação para fazer nada, tudo a lembrava. Depois daquele dia, foi difícil encontrá-la na escola e agir como se nada tivesse acontecido. Todas as noites antes de dormir, era nela em quem eu pensava. Eu a queria ao meu lado, queria que ela fosse minha de novo, queria que todos os seus sorrisos fossem causados por mim. Deus, como pude deixá-la? Ela era quem me animava quando eu estava triste, ela era aquela pela qual eu sempre esperei. Esse foi o maior erro da minha vida e eu nunca me perdoarei.

Quando nos falávamos, era só o necessário. Ali um “oi”, dali um “bom dia” e até meus apelidos haviam voltado. Mas ela não voltava. Talvez ela só estivesse com medo de tentar de novo e se magoar ainda mais, ou talvez ela tenha me esquecido. Mas eu fiz uma promessa. Tudo piorou ainda mais quando ela começou a sair com um cara, Zac – que por coincidência era meu parceiro nas aulas de ciências – e todos ficavam dizendo que eles eram o casal perfeito, algo que nunca tinham comentado sobre nos dois. Acho que de certa forma, todos queriam destruir nosso relacionamento, achavam que ela não era “boa o suficiente” para mim. Eu nunca entendi o porquê. Agora isso não importa mais, ela já não é mais minha. Ela estava feliz, e se eu a amava de verdade, deixaria como estava. Logo Zac começou a frequentar a casa de Carly e como sempre ia lá, tinha que vê-la nos braços dele. Que ironia, certo? Zac também era um cara inteligente como eu, curtia essas coisas “nerds”, exatamente como eu. Mas mesmo assim, ela era o “suficiente” para ele.

Estávamos na casa da Carly, vendo filmes. Eu, Carly e Zac. E claro, ela também estava lá. Primeiro, vimos um filme de terror, mas logo Carly desistiu e tivemos que trocar de filme. Colocamos uma comédia romântica. Sinceramente, não estava prestando atenção em nada dos filmes. Carly estava sentada em um pufe no chão e eu fiquei no sofá com os “pombinhos”. Toda hora olhava para eles com o canto dos olhos, também não estavam prestando atenção no filme, estavam ocupados se beijando. “Se controle Freddie” – pensei derrotado. Carly então se levantou, pausou o filme e disse que tinha que ir ao banheiro. Após uns dois minutos, Zac também se levantou.

– Amor, onde tem um banheiro? Preciso me aliviar. – Ele disse sorrindo para minha garota. Quer dizer – para a garota dele.

– Tem um lá em cima, amor. Sobe as escadas e vira à direita, na segunda porta. – Ela disse retribuindo o sorriso. Ela estava linda.

– Tudo bem, já volto. – Ele desapareceu subindo as escadas. Estava um silêncio mortal. Ela nem ousava olhar para mim, mas quando eu a olhava, não conseguia parar. A roupa que ela usava, destacava seus olhos azuis, seu cabelo estava perfeito e ela exalava um perfume delicioso. Acho que já estava babando quando ela olhou para mim, a escuridão não me impediu de ver que ela estava com um sorriso bobo no rosto. Ela abaixou a cabeça e eu toquei seu queixou. E ela olhou pra mim. Perdi-me em seus olhos – já disse que ela estava linda? – e ela ficou meio envergonhada. Para quebrar aquele clima, ela acabou soltando algo não muito agradável.

– Eu gosto muito dele Freddie, muito mesmo. Nossa relação melhora a cada dia e todos apóiam o nosso namoro. Acho que eu encontrei o cara certo, finalmente. – Ela olhou pra mim, com esperança de que eu fosse dizer algo para mudar aquilo que ela tinha dito. Não consegui. As palavras fugiam da minha mente; depois que ela disse que ele podia ser o cara certo, tudo parou na minha cabeça. Eu sou mesmo um idiota.

– Que bom pra vocês. Espero que sejam muito felizes. – Aquelas palavras estavam me destruindo por dentro. Como pude dizer isso? Eu poderia ter mudado tudo. Ela baixou a cabeça mais uma vez, suspirou.

– Talvez, todos estivem certos sobre nós Freddie. Eu nunca concordaria com você em nada mesmo e nem você comigo. Foi melhor assim, foi melhor eu ter te esquecido. – Ela disse olhando para a TV.

– Eu fiz uma promessa. Eu jurei. Você se esqueceu que eu te amo? Você se esqueceu mesmo? Eu nunca vou te esquecer, nunca. Mas você complicou tanto as coisas, que destruiu tudo o que nos tínhamos. Por quê? Você nunca teve nem ideia do quanto eu me importo com você não é? Sempre achou que não era suficiente – Ela olhou para mim de novo, as lágrimas escorriam em seu rosto. Eu nunca quis a fazer chorar, nunca tive intenção de deixá-la se sentir culpada. Mais uma vez, eu fui um idiota. Bem nessa hora, Zac desceu as escadas, a viu chorando e olhando pra mim furiosamente ele gritou.

– O que você pensa que está fazendo com a minha namorada? Quer parar de viver? – Ele disse quase voando em cima de mim – Amor, o que aconteceu? - Ela estava com as duas mãos no rosto. Ela sempre fora assim, querendo esconder as fraquezas. Ele beijou sua testa e ela secou as lágrimas. Estava tão vulnerável, tão fraca. Tudo o que eu queria era abraçá-la e dizer o cara estúpido que eu sou por ter dito aquilo. Ela não me merecia mesmo, eu só iria trazer tristeza a ela. Eu sou um cara ridículo, estúpido, egoísta, – eu não vou continuar por que viriam muitas outras palavras maldosas para me descrever – que nunca mereceria uma garota como ela. Ela mesma disse que estava feliz, certo?

– Opa, o que é que está rolando aqui? – Carly finalmente tinha voltado.

– A gente já está indo. Obrigado pelos filmes Carly. – Zac disse vestindo o casaco. Ele abriu a porta e ela saiu sem olhar para trás.

Logicamente, tive que explicar tudo para Carly, desde aquela noite no elevador até agora. Ela começou a chorar também e tive que passar meia hora consolando-a e dizendo que iria ficar tudo bem. Quando se recompôs, olhou para mim, suspirou e disse:

– Vai atrás dela, diz tudo o que você sente Freddie. Diz que cada segundo que você passa sem ela, é uma tortura. Sabe quantas vezes ela veio aqui, chorar e dizer que queria voltar atrás, depois que vocês terminaram? Pois eu te digo, que foram muitas vezes! – Ela disse tentando me encorajar. Tentando. Depois da nossa conversa, eu não queria voltar pra casa e como minha mãe não estava lá, decidi dar um passeio. Saí do prédio e fui andar em um parque que tinha perto dali. ”Droga, Benson! Você nunca errou tanto em sua vida” – pensei bufando. Onde ela estará agora? Provavelmente sendo consolada pelo cara que ela está apaixonada e… mas o que é aquilo? Sentada na beira do lago, lá estava a loira.