– Vovô! – Duas meninas com olhos cor de mel vêm andando em minha direção, uma de quinze e outra de seis anos. Eu estava sentando em uma cadeira de balanço na varanda. – Vô, a vovó disse que ela não quer que a gente fique lá dentro enquanto ela está preparando o bolo pro seu aniversário, aí ela disse que se a gente viesse você ia contar uma história. – disse a mais novinha, se sentando ao meu lado.

– Ok, eu conto. Qual história? Cinderela? Branca de Neve?

– Vô, essas histórias não tão com nada. Prefiro história real. Qual é, um dia o senhor já foi adolescente, teve suas festas, teve suas ficadas, amores não correspondidos… – Disse a mais velha com um sorriso no rosto.

– É vovô! Conta! – disse a pequena.

– Tudo bem, querem uma história real?

Flashback On

– Eu te amo – Eu disse sem me importar com as palavras que foram ditas alguns minutos atrás. Eu a amo, como nunca amei ninguém.

– Eu também te amo – Ela disse meio envergonhada. Não pude sentir mais nada, além do toque dos seus lábios nos meus, que logo se separaram. Não queria que fosse a última vez, não queria que acabasse daquele jeito, se o nosso amor era mútuo, será mesmo que as diferenças importavam? Será mesmo que tudo tinha que ser perfeito, tudo certo? Essa não era a garota que eu tinha conhecido. Eu conheci uma garota que nunca ligava para a opinião dos outros e que não tinha medo de ser diferente. Onde ela estava? Talvez escondida atrás do medo.

– Ainda são dez e meia… – Eu disse com alguma esperança.

– Quer terminar à meia noite? – Ela disse com certo brilho nos olhos.

– Funciona bem pra mim. – Eu disse com um grande sorriso. Entramos no elevador novamente e nos beijamos. Fomos direto ao nosso lugar especial.

A saída de incêndio.

A noite estava linda, o céu estava estrelado e a lua estava cheia. Uma noite como essa não era comum em Seattle, mas não era comparada à beleza da minha amada que estava me encarando, sentada em uma cadeira ao meu lado. Ela me contava histórias engraçadas da família e eu ria com todas elas. Em alguns momentos, nem prestava atenção no que ela estava me dizendo, só ficava admirando ela e como ela era bonita sendo somente… ela mesma. Como eu pude ser tão burro e ter passado minha infância toda tentando conquistar uma garota que nunca poderia me amar o tanto que ela me amou. Como pude ser tão idiota, meu Deus, e deixar o amor da minha vida ir embora? Ao pensar em tudo o que poderia ter sido e não foi.

Faltavam apenas 5 minutos para dar meia noite. Era minha última chance. Eu havia colocado em meu PearPhone uma música para tocar. A nossa música. Ela estava com a cabeça deitada em meu ombro com as mãos na minha nuca e eu segurava sua cintura, abraçando-a.

– Freddie, não se esqueça. – Ela sussurrou.

– Do quê, minha princesa? – Sussurrei de volta.

– De tudo. Até das brigas. Não se esqueça. Promete Freddie. – Ela me disse, olhando em meus olhos.

– Prometo, prometo para todo o sempre. – Eu disse, faltando apenas quinze segundos, selando aquilo tudo, toda a nossa história, com um beijo.