It Always Comes Back To You escrita por Sweet Seddie


Capítulo 14
Amar


Notas iniciais do capítulo

O título. Awww.



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Flashback On

– O que você quer dizer com isso, Sammy? – Recuei, já esperando algo ruim.

– Não... Não me chama assim, vai tudo ficar mais difícil!

– Tudo o quê? O que o ele te disse, meu amor?!

– Freddie, eu já pedi pra parar! – Sam gritou.

– Sam...

– Você é o pai da Sadie, mas não fez nada quanto a isso! Não se preocupou naquele dia se tínhamos usado proteção ou não! Você quer que eu sofra não é? É tudo o que sempre quis... Ganhar de mim! – Ela fungou, esfregando os olhos - Parabéns você conseguiu!

Madisen entrou naquele instante e olhou assustada para nós dois. Sam enterrou o rosto no travesseiro e eu tratei de pegar a bandeja das mãos dela, mesmo trêmulo, para que saísse dali o mais rápido o possível. A situação não estava nada boa.

– O que tá acontecendo? – Madisen sussurrou. Suspirei.

– Eu não sei. Ela está muito agressiva, até demais pra uma Puckett. Madisen... Você se ofende se eu pedir pra você não voltar até chamarmos você? – Ela corou.

– Desculpe, eu sabia que estava me intrometendo em algo que não tem nada a ver comigo! Me desculpe, Freddie! – E então saiu correndo, ainda vermelha. Pensei em ir atrás dela, afinal o que eu havia dito fora um pouco rude, mas Sam era mais importante que Madisen.

– Sua sopa. – Ponderei antes de entregar a bandeja para ela, do jeito que Sam é, eu poderia acabar com sopa quente nas calças – Macarrão em forma de Tiranossauro Rex.

– Eu... Eu não estou mais com fome. – Sam revelou ainda de voz baixa. A situação era pior do que qualquer uma que um dia eu poderia pensar: Ela estava sem fome. Bufei e sentei-me na cama, com o prato em mãos. Peguei uma colherada e toquei seu queixo, fazendo menção de que ela comeria aquilo, querendo ou não. Ela resmungou – Eu não quero, Freddie. – Insisti mais uma vez – Eu não quero. – Sam elevou a voz e eu continuei a colocá-lo em sua boca – Freddie, eu não quero! - Seu grito me fez perder a cabeça. Levantei, deixando a sopa em seu colo.

Mas que droga Sam! Por que não me deixa cuidar de você?! Por que torna isso tão complicado?! Eu já estou cansado de joguinhos! Pelo amor de Deus, aja como adulta! – Gritei mais alto ainda e sem escrúpulos, algo de que me arrependi dois segundos depois. Saí do quarto, fechando a porta com força e encostando as costas nela logo em seguida. Faz dez anos que ela sofreu, mas faz dez anos que eu também estava sofrendo e que eu havia tentado procurá-la. Sempre quando eu encontrava, nem que fosse seu número de telefone, Pam dava um jeito de me afastar, por um motivo ao qual nem ligo, mas que continua me escorraçando de minha própria felicidade. No passado, era minha mãe que esconjurava Sam, mas agora a situação foi invertida. Estou sendo punido pelos erros de minha própria mãe e ele foi estipulado no dia em que eu finalmente disse as três palavras que mudariam tudo o que havíamos vivido. Ficar longe. Distância. Centímetros, metros, quilômetros. Tudo o que me afastasse de Sam era melhor para todos, mas meu Deus, nunca seria o melhor pra mim.

Eu a amo mais que tudo, mas amor próprio que é tão importante me faltou. Será que desde o início, desde o ódio recíproco, desde que comemos lasanha no três, desde que ela me tirou do clube dos trenzinhos, desde que eu fui informado que se não cuidasse bem dela, basicamente morreria e desde que finalmente, tínhamos um sentimento bom um pelo outro, foi errado? Não, e eu sempre negaria que fora errado. Passei os melhores momentos da minha vida com ela e não havia coisas “certas” e nenhuma vizinha/enfermeira bonita que mudariam isso. Sam pode ter me matado, nem que fosse só por dentro, todos os dias que eu estava ao seu lado e pode ter feito com que eu pensasse em mudar de colégio para meu bem próprio. Mas eu gostava de estar com ela e nem sequer entendia por quê. Era doentio o modo como a loira me fazia sorrir. Como ainda me faz.

E, droga, como eu pude ter dito que ela não age como adulta? Sam teve uma filha na tenra idade. Fez faculdade, abriu o próprio restaurante e mesmo que isso doa, casou com uma boa pessoa. Sam Puckett. Aquela mesma garota que não ligava para os deveres de casa e se lixava para notas finais. Que se criou sozinha e sofreu pela morte do pai em silêncio. Que sempre teve razão em me chamar de idiota. Apoiei-me com as duas mãos no chão e respirei fundo. Seria tão difícil entrar ali agora do que foi da primeira vez. Bati três vezes. Nada. Nem um “vá embora”. Se bem que despedidas eram as últimas coisas que eu queria agora. Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Mas dentro dos quartos não há trancas e... Ah, ela devia ter um grampo. Seria horrível da minha parte se eu sorrisse? Acho que não.

– O que você está fazendo? – A voz doce, que agora eu conhecia bem, me questionou.

– Oi Sadie. Cadê a sua avó? – Ajoelhei-me em frente à pequenina. Vamos reformular a frase pra que eu me sinta melhor: Ajoelhei-me em frente a minha filha.

– Eu fugi dela, ela disse que você era mal, mas eu gostei de você, mesmo você sendo muito baixinho. E topetudo. Minha mãe gosta de topetes, mas o cabelo do meu pai é muito liso e... – Aquela palavra fez com que eu ouvisse o som do meu coração rachando. Eu sabia que isso aconteceria, mas de certa forma não estava preparado para ouvir.

– Espera... Espera aí, eu não conheço o seu pai. Qual é o nome dele?

– Minha mãe não me disse, ela só me contou que ele era legal e muito nerd. Ela disse que o Zac é meu pai do coração. – Sadie disse isso mexendo os dedinhos e olhando pra baixo, com toda a ternura do universo. Minha filha era a única coisa que me confortaria naquele momento, mesmo que eu acabasse de conhecê-la – Ei, qual é seu nome? – Ela piscou com seus olhinhos adoráveis. Com dez anos, ela ainda tinha o aspecto da inocência, coisa que hoje em dia era rara para crianças da sua idade.

– Meu nome é Freddie. – Sorri – Sadie, você disse que gostou de mim... Se eu fosse o seu pai, você... Você acharia legal? – Minha pequena arregalou os olhos levemente diante da minha hipótese absurda, mas felizmente não percebeu nada.

– Por que está me perguntando isso? – Curiosa igual à mãe, intelectual igual a mim.

– Porque eu... – Estava pronto para dar-lhe uma resposta inteligível, quando o barulho de salto alto me interrompeu. Pam intercalou meu diálogo com minha filha com um só grunhido.

– O que eu disse sobre falar com o baixinho de topete? – E foi assim que esse virou meu codinome. Levantei-me e ofereci a mão para ela me cumprimentar. Vácuo e silêncio constrangedor. Senti naquele minuto que esse tratamento não seria provisório – Freddie, querendo ser rude, acho que já lhe informei que não pode falar com a garota. É uma criança, não precisa se preocupar com os erros que os pais cometeram. – Ela disse baixo, para que Sadie não ouvisse. Não via problemas em saber que eu era seu pai. Poxa, eu não seria tão ruim assim, não é? Meus pensamentos estavam longe quando Pam segurou na gola de minha camisa, estreitando os olhos – Você estava dentro do quarto da Samantha, não estava? Aquela enjoadinha da enfermeira não quis liberar a família, mas liberou o “Romeuzinho” com gosto, né? – Ela me soltou, empurrando-me para trás. Olhei-a com desgosto.

– Por que me odeia tanto? – Pam riu com deleite ao ver meu desespero.

– Cinco motivos: Você engravidou a minha filha, largou-a, é pobre, cafajeste e tentou persuadi-la a largar o marido que a propósito é podre de rico. – Ela espalmou a mão em frente ao meu rosto e abaixou os dedos conforme falava – Acho que há mais motivos, mas muitos deles são claros.

Estava estarrecido com tamanha calúnia. A presença de Pam se tornara purgante quando ela abrira a boca e não fazia muito tempo que sua filha e eu também havíamos nos separado, nem que por uma porta, por palavras daquele mesmo tipo.

– Pamela, querendo ser rude... Você é uma pilantra sádica. Que Deus proteja Spencer e tire você da vida dele.

– Oh, Freddie, - Ela respondeu com uma falsa comoção – como pode falar assim com a mulher que deu à luz a mulher que você ama?

– Eu amo sua filha e não a você. Agora eu entendo por que a Carly tentou “me jogar” para a Madisen...

– Então o nome da vadia é Madisen? – Cerrei os dentes e ela mordeu o interior da bochecha.

Ela não é uma vadia. – Fechei os olhos e contei de cinco até dois – Estava falando sobre eu tentar persuadir a Sam, não é? Como pode querer que eu não erre se você mesma tentou fazer isso com a Carly? O que, aliás, você conseguiu. Colocou minha própria amiga contra mim, em troca do que pensa ser felicidade. A Sam pode ter se iludido com o dinheiro no passado, mas ela amadureceu. Não quer me deixar ser feliz com ela e ir morar na Coréia? Conheço um piloto que transporta gambás para lá, bem seu estilo. – Provoquei e recebi uma tapa violenta na face esquerda. Sadie, que estava distraída com os panfletos do hospital, olhou para nós – Estamos só conversando, querida.

– Não a chame assim, seu moleque oportunista! – Ela segurou meu rosto com as duas mãos – É perspicaz, Benson. Mas vou contar um segredo: Odeio pessoas persistentes quanto mais as que vivem tendo ótimas perspectivas em uma situação como essa. Deixe minha filha em paz para seu próprio bem. Esse foi seu último aviso.

– Não estou com medo. – Pam me soltou, do mesmo modo que da outra vez.

– Tem certeza disso? – Disse séria. Assenti incitante – Devia ser mais prudente em suas ações. Sadie, vamos! – Ela estendeu a mão e esperou que a pequena segurasse. Ao invés disso, Sadie correu e agarrou-se a minha perna.

– Quero ver minha mãe. – Ela apertou minha panturrilha mais forte ainda. Nota mental, ela tem a mesma força da mãe – Nós podemos entrar, Nâna? – Sorri de lado ao ver que ela estava chamando a avó com aquele apelido. Pamela bufou.

– Podemos. Mas você não pode perturbar a mamãe, ela está cansada.

– Eu prometo, Nâna, eu prometo! – Sadie pulou animada e correu até a porta, batendo rapidamente na porta. Sam gritou que ela podia entrar. Mesmo eu sentindo certo ciúme em saber que se fosse qualquer outra pessoa ali ela teria deixado entrar, mas se fosse eu não deixaria, fiquei feliz em ver minha filha correndo com os olhinhos brilhando. Parece que meu destino é ficar mesmo cercado de belas mulheres – Mamãe!

– Sadie! – Sam disse na mesma intensidade, de voz rouca – Vem aqui, princesinha. – Quando eu ia entrar junto com Sadie, Pamela colocou o braço esquerdo em frente ao meu corpo.

– A menos que você seja a princesinha, não pode entrar. – Ela me fuzilou.

– A sua avó está aí também? Pam! – Minha loira chamou.

– Ela e o Freddie. Ele é muito legal, mãe. – Sadie disse animada e não pude conter um sorriso.

– Ah, é mesmo? Você... Você quer que ele entre, Sadie? – Estiquei a cabeça e a vi assentindo – Freddie... Você pode entrar também. – Levantei a sobrancelha direita e me segurei para não apontar no nariz de Pamela. Ofereci a passagem e ela grunhiu mais uma vez, entrando e quase fechando a porta na minha cara – Oi, mãe. – Sam abriu os braços, pronta para receber sua versão mais velha em um abraço carinhoso.

– Como você está Samantha?

– Já estive melhor. Há pouco saiu sangue do meu nariz e Zac até hoje não voltou com meu médico. Mas está tudo bem. – Ela sorriu e voltou à atenção para Sadie que mexia em seus cabelos.

– Mamãe, a Nâna disse que o Freddie é um baixinho de topete, mas a gente estava conversando e ele me disse uma coisa muito estranha, você quer saber? – Sam olhou para mim com o canto dos olhos, um pouco... Envergonhada, talvez? – Ele me perguntou se eu acharia legal se ele fosse o meu pai, engraçado né? – Sadie gargalhou e vi Sam corar.

– Engraçado mesmo, filha. – Elas encostaram as testas e Pam me cutucou com o cotovelo.

– Poderia ser palhaço, seu imbecil. – Sussurrou.

– “Nâna” é bem sua cara, não é, víbora? – Afastei-me e sentei perto dos pés de Sam – Vejo que comeu sua sopa.

– Aqui eles fazem sopas muito boas. – Ela respondeu automaticamente, do modo mais frio possível. Não esperava mesmo que ela me perdoasse tão rápido.

– Mãe... Cadê o Zac? – Sadie perguntou encostando a cabeça no ombro da mãe.

– Pode chamá-lo de pai, querida. – Terminada a frase, eu tive que me segurar para não explodir ali mesmo. A dor que eu senti não se comparava a todos os olhos roxos que Sam havia me dado. Era pior – Eu não sei, mas quando ele chegar, vocês dão o fora daqui e vão tomar um sorvete. Você quer ir tomar sorvete?

– Não... Eu quero ficar com você. Eu te amo mais que sorvete, mamãe. – Nota mental número dois. Sadie não pensa a mesma coisa sobre comida que a mãe pensa. Nota mental número três. Ela e Sam são as únicas coisas que me fazem esquecer todas as coisas ruins.



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Notas finais do capítulo

Quem ama a Sadie levanta a mão. Então, eu tenho uma irmã de dez anos e ela não age tão docemente quanto a filha Seddie (*-*), porém, eu quis passar a imagem de que a Sam criou a Sadie assim, meiga e dócil, porque ela percebeu que a princesinha não estava propensa a ser violenta, mas sim, uma nerd. Hmmm. Mereço reviews, né?