Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 87
Capítulo 4 - Segunda Vez


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, minhas sinceras desculpas pela demora, mas é que eu fiquei um tempão tentando escrever esse capítulo, porque eu estava tentando retardar uma cena, você vão entender porque.
E antes de começar o capítulo, eu gostaria de propor um momento de silêncio em homenagem ao nosso queridíssimo Richard Griffiths, que interpretou o tio Vernon (Valter no português) nos filmes. Ele faleceu ontem (quinta, 28 de março de 2013) por complicações depois de uma cirurgia cardíaca. Vai fazer muita falta!
"Para uma mente bem estruturada, a morte é apenas a aventura seguinte".



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Já era junho e eles estavam na Ordem da Fênix. Estavam esperando o resto das pessoas chegarem para a reunião começar, e enquanto isso conversavam.

Emmeline e Remus estavam um pouco afastados dos outros amigos. Mas, mesmo de onde estavam, era possível ver Pam rindo de uma irritada Lily, pois a primeira não parava de chamar o futuro bebê da amiga de Bambi; Alice com as mãos na barriga de oito meses enquanto conversava com Dory e Lene, Frank com um braço sobre seus ombros e James e Sirius voltando a discutir amigavelmente sobre os bebês que ainda não tinham nascido.

Emmeline falava sem parar. E apesar de Remus ter uma vaga noção sobre o que a namorada tanto conversava, ele não estava prestando realmente atenção a ela. Estava ocupado demais olhando para os amigos se divertindo. Mais especificamente para Dory.

_ Remus! – Emmeline gritou. – Você não está prestando atenção em mim!

Ele sacudiu a cabeça, saindo de seu doce transe, e voltou-se para a loira.

_O que você disse? Eu não estava prestando atenção. Desculpe.

_Eu disse que você não estava… Remus! – ela gritou, percebendo que ele já tinha se desligado de novo. – Ah, eu desisto.

_Me desculpe. – ele disse, aproximando-se dela e a segurando pelos ombros. – Me desculpe mesmo, mas acho que temos que conversar.

E naquele momento Remus e Emmeline terminaram. Não houve gritos, brigas ou lágrimas. Eles simplesmente concordaram que o fogo já não era o mesmo e que estavam se enganando ao ficarem juntos.

_Um último beijo? – Remus perguntou.

Emmeline simplesmente assentiu e eles se beijaram pela última vez.

~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

Um mês depois…

Almofadinhas estava andando de volta para o seu duplex. A cabeça doía por causa da ressaca. E ele sabia que tinha bebido demais na noite anterior já que tinha acordado no meio deitado na calçada com um olho roxo e batom por todo o rosto.

Pretendia entrar escondido em forma de cachorro no duplex e fazer o menor barulho possível para que Pam não percebesse que ele tinha ficado fora a noite inteira. Talvez ela estivesse no trabalho, mas ele não saberia dizer porque perdera completamente a noção dos dias da semana…

Almofadinhas subiu as escadas do prédio até chegar ao terceiro andar, onde percebeu que havia alguma coisa errada.

A porta do duplex tinha sido arrombada.

Ele voltou a ser humano e andou vagarosamente até a porta, preocupado, o coração martelando com toda a força no peito.

Quando Sirius viu a casa destruída e tudo aos pedaços ele só conseguia pensar em Pam. Seu coração batia agora tão forte que era quase se não o fizesse, um bolo se formara em sua garganta e ele parara de respirar.

Só conseguia em sua amiga. Tentando imaginar como poderia ela ter sobrevivido sozinha a um ataque de Comensais da Morte. Como ele fora estúpido. Se não estivesse fora naquela noite, se tivesse voltado mais cedo… Se estivesse com ela, talvez pudesse salvá-la.

Ele entrou na casa, forçando seus pés a andar. Ele viu onde alguém tinha colocado fogo que se extinguia na sala, viu a louça despedaçada na cozinha, viu as janelas quebradas e sentiu o cheiro de morte no duplex.

Mas, foi apenas quando subiu para os quartos, que ele empalideceu. Tinha certeza de que encontraria Pam lá. Temia ver seu corpo flácido no chão, sem vida. Temia que já fosse tarde demais para salvá-la. Temia que tivesse a perdido para sempre.

E se tivesse? E se tivesse perdido Pam para sempre? O que ele faria? Como poderia continuar?

Oh, Merlim nesse ponto já não conseguia mais nem pensar direito. E embora suas pernas continuassem a subir as escadas, seu cérebro já parara de responder seus estímulos e ele sentia como se todo o seu interior tivesse simplesmente parado.

Quando chegou ao quarto de Pam, teve que esperar seus olhos se acostumarem a escuridão, pois a energia fora cortada. Observou cada detalhe do quarto destruído. As coisas de Pam no chão, a cama revirada, um pequeno caos se instalara lá dentro.

Então o coração de Sirius disparou de novo. Não porque tivesse achado Pam, longe disso. A garota não estava em lugar nenhum. Andou até seu quarto e nem mesmo lá ele a encontrou. Na verdade, Pam não estava em casa.

Voltou a descer as escadas, agora sua mente virando como nunca antes. Não sabia mais o que pensar. Teria Pam fugido antes de eles aparecerem? Estaria ela no trabalho quando os Comensais atacaram o duplex? Ou eles a teriam levado com eles para conseguir informações sobre a Ordem?

A última ideia era algo que ele não conseguia suportar, mas foi ao chegar na cozinha que ele entendeu o que acontecera.

O calendário indicava que era domingo, então ela não poderia estar no trabalho. Mas, foi graças ao bilhete chamuscado no chão que ele entendeu o que acontecera.

Pegou-o, identificando a letra de Pam e lendo:

“Estarei na sede da Ordem. Encontre-me lá”.

~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

Não importava o quanto o duplex de Pam e Sirius estivesse ruim. A sede da Ordem estava pior. Isso porque os Comensais da Morte tinham descoberto o esconderijo e estavam destruindo e matando todos que estavam ali dentro.

Era possível ouvir os gritos e lamentos, enquanto todos tentavam lutar e sobreviver.

Na confusão, James não fazia ideia de onde Lily fora parar. Tinha se perdido dela em certo momento e agora tentava achá-la sem morrer.

Remus estava perto dele e James ouviu quando ele gritou:

_Eu não acho que isso está certo. – disse ele.

_Isso o que?

_Participar dessa guerra.

_Por que não? Você não gosta de se divertir, Remus? – James sorriu para ele, ironicamente. - Gosta apenas de ficar enterrado nos seus livros, lendo, lendo e lendo? – Ele virou para encarar Remus, sorrindo. – Ah, por favor, Remus, é quase como uma brincadeira!

Lupin suspirou.

_Mesmo assim, não gosto nada disso! – e ele continuou desviando de maldições.

James sorriu largamente e saiu correndo, procurando Lily desesperadamente.

Maldições voam para todos os lados e foi difícil para ele chegar até o outro lado sem ser atingido.

Desvirando das maldições de um comensal mascarado, ele conseguiu se esconder atrás da parede.

Então, ele começou a lanças alguns feitiços aleatórios em alguns Comensais desconhecidos mais próximos. Não demorou muito para alguém lançar um feitiço nesse também errando a mira por pouco, que acabou acertando a parede.

James fez uma careta e voltou a se esconder. Quando se arriscou a olhar de novo para ver como cada um estava se saindo, ele percebeu que a maioria garotas tinha a mira bem melhor do que os garotos. Lupin também tinha uma mira melhor do que ele achava que teria e dificilmente errava um alvo. A única pessoa que escapava dos olhos de James, era Lily.

Porém, não conseguia achar Lily em lugar algum. Embora seus olhos tivessem corrido várias vezes pela sala.

Desistindo de achar sua amada, voltou a esconder a cabeça atrás da parede, até que ouviu um som, vindo do seu lado direito.

Ele olhou alarmado para o lugar de onde o barulho viera. Será que era algum Comensal da Morte?

Com uma mão na varinha e outra caída ao lado do corpo, ele caminhou de costa na direção oposta a de onde viera o barulho. Tencionava correr de volta a confusão de feitiços e encontrar Lily.

De repente, ele trombou de costa com alguma coisa e, sem saber explicar por que, os dedos da sua mão livre se entrelaçaram com o da pessoa com quem acabara de trombar.

Ele tinha pegado em uma mão pequena e macia.

Nesse momento teve uma sensação estranha de dejà vu e por um momento foi remetido a uma tarde de inverno a muito tempo atrás.

– Lily! – gritou aliviado, vendo a esposa grávida na sua frente. – Vamos sair daqui.

Ela assentiu e eles saíram correndo, tentando chegar à saída.

James segurava a mão de Lily com força, e os dois abaixaram perto da mesa longa. Ele tentava achar uma saída entre os corpos caídos, tentar levá-la em segurança para fora da sede.

Porém, quando eles se levantaram, deram de cara com Alice e Frank lutando com Voldemort, e mesmo que fosse dois contra um, eles estavam em obvia desvantagem.

_Fique aqui. – James pediu, colocando a mão na barriga dela e selando seus lábios rapidamente, antes de partir em socorro dos amigos.

Porém, Lily simplesmente não conseguiu ficar parada. Ela teve que se levantar e ir ajudar o marido e os amigos. Se Alice (mesmo que Neville tivesse nascido no dia anterior), por que ela não podia lutar também? E não demorou muito a perceber que aquela era a segunda vez que lutavam com Voldemort pessoalmente.

Um pouco distantes, Peter e Remus lutavam com Avery e Wilker respectivamente; e Dory acabara de derrubar uma Comensal desconhecida; maldições eram lançadas para todos os lados e dois comensais mascarados voavam de vassoura por cima deles.

Era impossível enxergar qualquer um com clareza e todo o que James podia ouvir era seu latejando em seus ouvidos com cada vez mais força quando ele viu Lily lutando com Voldemort.

Naquela mistura de poeira que enchia o ar, pessoas caídas, miscelânea de feitiços era difícil ver alguma coisa e quase impossível saber quem estava de que lado. O caos novamente estava presente no lugar.

Foi nesse momento que Dory olhou para os quatro amigos que lutavam com Voldemort. Conseguiu identificar Lily pela barriga de grávida, e também viu o feitiço vermelho que Você-Sabe-Quem lançou em sua direção.

Em pânico, Dory percebeu que ela não ia desviar a tempo. E se o feitiço a atingisse mataria não apenas a ruiva, como também o bebê que ela carregava.

A loira levou apenas uma fração de segundo para decidir o que faria. Não podia deixar Lily e o filho morrerem, era sua obrigação como melhor amiga e futura madrinha.

Pode ter sido um gesto louco e talvez um pouco tolo de sua parte, mas ela se jogou na frente de Lily, protegendo-a com o próprio corpo.

A ruiva demorou um tempo parar entender o que acontecera, mas quando percebeu a amiga em agonia no chão, se ajoelhou ao lado dela ao mesmo tempo em que a porta da sede se abria mais uma vez e Dumbledore entrava, gritando um feitiço que fez uma fênix de fogo sair de sua varinha e em pouco todos os Comensais e Voldemort estavam aparatando para longe com a chegada do diretor.

James, Alice e Frank se juntaram a Lily ajoelhada ao lado de Dory.

– Dory… - Lily murmurou – Por que você fez isso?

– Você vai fazer mais falta do que eu… - ela resmungou com dificuldade, a voz quase morrendo.

As palavras não foram ditas, mas Lily entendeu. Ela tinha uma família, tinha um marido, tinha um bebê, havia dezenas de pessoas que precisavam dela. E quanto a Dory? Por mais cruel que fosse dizer isso era verdade, mas mesmo que muitas pessoas ficassem tristes com sua morte e realmente se importassem, todas acabariam superando logo. Ela não tinha um amor para quem correr, não tinha filhos que precisavam dela…

– Eu vou sentir sua falta. – Lily disse agora já em lágrimas.

Foi quando Pam e Lene se aproximaram dos amigos também, afastando Lily de Dory e as duas começaram a tentar fazer feitiços que curassem as feridas ardentes da loira, em vão.

Lily abraçou James e chorou em seu ombro, sentindo de repente que Remus também tinha a abraçado por trás. Alice e Frank também estavam abraçados enquanto olhavam para Dory deitada no chão e Pam e Lene tentando fazer alguma coisa. Peter era o único que permanecia parado e sozinho, o rosto perdendo a cor conforme os segundos se arrastavam.

Quando Pam levou a cabeça e olhou para eles com olhos lacrimejantes, rosto vermelho e balançou a cabeça, eles entenderam que tinha acabado. O último sopro de vida abandonara o corpo de Dory para sempre.

Lene abraçou o corpo sem vida da melhor amiga e chorou.

Foi nesse momento em que Sirius apareceu no meio de Remus e Peter, parecendo assustado e confuso, e Pam correu em direção a ele, pendurando-se ao pescoço do amigo e deixando algumas lágrimas teimosas escaparem. Mesmo que nunca tivesse sido muito amiga de Dory, ela sempre fora como uma irmã para Pam, com que você sempre briga, mas que no fundo ama.

Muitas pessoas já tinham morrido antes, mas a ideia de que um amigo tão próximo pudesse morrer era um inimaginável até então. Dory não podia ter morrido, ela não podia estar morta…

Mas de que adianta negar a verdade e viver de mentiras?

Tudo o que eles poderia fazer era lamentar e chorar a morte precoce da amiga, pois junto com Dory, uma parte deles também tinha morrido.

Mas, logo todas as atenções foram voltadas para Lily, que soltara um grito angustiante.

_Lily? – James pronunciou o nome dela preocupado, tentando entender o que acontecera. – Está tudo bem? Alguém te machucou? O que aconteceu? Lily!

– A bolsa… - ela pronunciou com dificuldade – …rompeu.

O bebê estava nascendo. Era uma cena quase impossível para a situação. Mas estava realmente acontecendo. Uma vida estava começando no meio de tanta morte.

~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

O enterro de Dory contou com poucas pessoas, pois a maioria estava ocupada demais lamentando seus próprios mortos. Várias pessoas como Edgar Bones, Patrick e Sarah Jones também tinham padecido naquela manhã. Lily levava Harry (o nome que ela e James tinham discutido tanto antes de finalmente concordarem em dá-lo ao filho) e Alice carregava um Neville adormecido, os dois pequenos sem nem mesmo ter noção do que estava acontecendo. Pam chorava e Lene estava inconsolável. E apesar de todos parecerem triste, nada se comparava a Remus, andando sozinho um pouco atrás dos outros, em uma aura de tristeza inconfundível.

Dory estava usando laquê quando foi enterrada.

E de alguma maneira aquilo parecia o mais terrível para Pam, que abraçou Sirius chorando como nunca e ele a abraçou e consolou.

Depois do enterro, e aos pouco, todos eles foram embora, deixando Dory repousar fria na terra para sempre.

Todos, menos Remus.

Ele ainda ficou lá, olhando para onde a garota tinha acabado de ser enterrada. Olhando para sua lápide e todas as flores que ela recebera. Pensando, mesmo sem saber exatamente no quê.

Foi nesse momento que Sirius se aproximou, depois de ter deixado a chorosa Pam aos cuidados de Alice e Lene, e parou ao lado de lobisomem.

_Você está bem? – perguntou, depois de um tempo.

– Não tenho certeza. – Remus suspirou. – Eu quero dizer… Acabo de perceber que a amava.

Os dois permaneceram em silêncio por um bom tempo até que Sirius voltou a pronunciar.

_Eu sei como se sente. – disse. – Eu também amo uma garota que não posso ter.

– Ela também morreu? – perguntou Remus, voltando seu olhar para Sirius pela primeira vez.

– Não…

– Então ainda há uma chance. Você ainda pode fazer diferente.

– É inútil. – Sirius deu de ombros. – Ela não sente nada por mim.

E os dois continuaram olhando para o túmulo de Dory, cada um em sua própria dor, desta vez, sem falar nada.


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Notas finais do capítulo

Certo, quem consegue lembrar onde a cena da balhata na sede já apareceu antes, só que modificada? O James já deu a dica...



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