Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 86
Capítulo 3 - Caixinhas de Vida




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“Não”. A palavra ainda ecoava nos ouvidos de Sirius quando ele desceu as escadas em direção a cozinha no dia seguinte. Ainda lembrava de como Pam tinha explicado para Caradoc que não estava pronta para nada tão sério ainda e que achava que era melhor que eles terminassem de uma vez. Ah, Sirius nunca tinha ficado tão feliz na vida ao ouvir uma garota dizer não!

Claro que nunca admitiria para a amiga que quando ouviu Caradoc bater na porta ele saiu do quarto para ir ver quem era, mas viu Pam chegando primeiro. Porém, ao perceber de quem se tratava, Sirius ficou espiando ao pé da escada, na sala sem luz, e presenciara toda a cena do pedido de casamento, se esforçando ao máximo para continuar em silêncio. E teve mais dificuldade ainda em se manter calado quando ouviu a resposta de Pam.

“Não”. Quem algum dia poderia dizer que existia uma palavra mais linda do que essa? Pam estava solteira outra vez!

Abriu a geladeira, pegou o leite e deu um gole no bico, antes de perceber que era o mesmo leite estragado que Pam tinha provado no outro dia e teve que cuspir o líquido fora.

Mas, nem mesmo isso foi o suficiente para estragar seu humor. Ele pegou sua própria camiseta que tinha deixado jogado no sofá alguns dias atrás e a vestiu, pegando um casaco e se preparando para enfrentar o frio congelante lá fora para comprar mais leite.

Alcançou a mercearia na esquina debaixo do prédio dele até que bem rápido, enquanto abraçava o próprio corpo para se proteger do frio. Já tinha a caixa de leite em mãos, na fila para pagar, quando a garota pequena trombou com ele e derrubou as suas próprias compras.

Sirius se abaixou para ajudá-la e foi então que reparou melhor nela, enquanto os dois se levantavam depois de terem recolhido tudo o que caíra.

_Nós nos conhecemos? – Sirius perguntou com um pequeno sorriso, olhando para seus grandes olhos verdes.

O projeto de mulher não lhe respondeu imediatamente. Não era muito mais nova do que ele, Sirius percebeu, mas devido ao seu tamanho reduzido parecia muito mais nova do que realmente era a primeira vista. Tinha os cabelos preto-avermelhados de veludo, apenas um pouco mais escuros que vinho tinto. E, se Sirius não estivesse em um estado quase embriagante de confusão e felicidade por cauda de Pam estar solteira, ele já estaria bolando o melhor jeito de levá-la para cama. Isso depois de comprovado que a coisinha era maior de idade.

_Não se lembra de mim? – perguntou e riu. – Nós conhecemos em uma festa há um tempão. E ficamos juntos.

Sirius olhou-a melhor. Parecia não ser lá das mais inteligentes, a boca entreaberta indicada um leve desespero e o cabelo não estava lá muito bem penteado, como se não tivesse tanta certeza de que era bonita. Droga! A grande maioria das garotas com quem dormira eram assim.

_Uns três meses atrás. – ela disse, tentando refrescar a memória dele. – Em uma boate no centro, perto de um pub. Estávamos os dois bêbados e fomos para a minha casa. Você foi embora antes de eu acordar.

_Ah! – ele finalmente se lembrou, apenas da explicação vaga dela, vendo a tatuagem de serpente no pescoço dela, um marca que nunca tinha visto em nenhuma outra garota. – Claro que eu lembro…

Qual era o nome dela mesmo?

Alison…Alice… Amelia… Ammy… Anne…Abby…

Alguma coisa com “A”…

_Meu nome é Gabrielle. Mas normalmente as pessoas me chamam de Gabby. – ela disse.

Bom, não tinha chegado tão longe. Abby e Gabby não eram assim tão diferentes, apesar de o nome dela na verdade não ser com “A”. Mas ele tinha um desconto por ter estado bêbado naquela noite.

_Pelo que eu me lembro – Sirius disse, aproveitando-se da situação e pegando as compras dela como o cavalheiro que não era, - eu fui um canalha com você naquela outra noite. Deixe-me recompensar isso.

Ela sorriu para ele, e Sirius teve vontade de pegar os ombros dela e sacudi-la.

“Ei, eu fui embora antes de você acordar da outra vez sem mais explicações, você devia ter percebido que foi um erro dormir comigo, e agora quer repetir?”.

Mas, dane-se, ele não podia deixar aquela oportunidade passar.

_Deixe-me apenas pagar o leite, e nós vamos para a minha casa, ok, docinho? – ele disse e a garota assentiu fervorosamente, aferroando-se ao braço de Sirius enquanto ele ainda esperava na fila.

E, por mais impressionando que aquilo pudesse parecer, Gabby não fora a garota mais fácil com quem já sairia.

Fazer o quê? Ele era bonito, as mulheres estavam desesperadas. Era a combinação perfeita para Sirius.

Logo ele dormiria mais uma vez com Gabby, antes de descartá-la definitivamente.

~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

_De quem era a carta, Jay? – perguntou Lily, indo da cozinha para perto do marido na sala.

_Meus pais. – ele disse. – Parece que ficaram doentes. Nada graves, mas não vem para o Natal.

_Hum… - a ruiva murmurou. – Uma pena.

Porém, no momento, estava muito aérea para realmente ligar para aquilo. Descobrira na noite anterior que estava grávida e antes de James acordar naquela manhã tinha ido até o St. Mungus, onde procurou uma segunda opinião em Dory, sem lhe contar o diagnostico de Pam. E o resultado fora o mesmo. Dory também achava que ela estava grávida.

Mas, e no final de tudo, para confirmar definitivamente o que as duas amigas já tinham dito, Lily fez um exame de sangue um pouco diferente do método trouxa com um curandeiro especializado no assunto e o resultado dizia que as chances dela estar grávidas eram de 98%.

Então, já não tinha mais dúvidas. Estava grávida. Estava e não tinha como negar e de pouco adiantaria continuar fazendo testes para que um deles negasse sua gravidez e ela pudesse respirar em paz. Ah, ela tinha imaginado mil vezes como seria quando contasse para James. E a verdade era um milhão de vezes pior.

_Jay, querido. – ela disse, puxando-o para o sofá. – Precisamos conversar.

Sabe aqueles momentos em que se repassa tudo de ruim que já se fez na vida e acha uma resposta plausível para tudo? Aquele foi um desses momentos para James.

Lily ficou sem saber o que falar naquele momento. Parou um pouco e pensou no que iria dizer. Nenhum dos jeitos parecia o ideal para contar aquele fato tão importante para James.

_Jay… - ela murmurou. – Eu…

E foi nesse momento que Lily sentiu as lágrimas começando a pesar em seus cílios.

_Me desculpe. – ela disse, fungando e usando a manga da blusa para enxugar as lágrimas. – Eu só…

_Lily… Lils… - ele pegou o rosto dela entre as mãos, olhando em seus olhos. – Está tudo bem? Olhe para mim. Tudo bem…

Nesse momento uma das mãos de Lily foi para sua própria barriga. E foi quando finalmente disse:

_Eu estou grávida.

James parou por um momento, assimilando a frase que a esposa tinha dito.

Grávida…

E ele sorriu.

_Lily, isso é… É maravilhoso, você… Eu… - e ele beijou-a, sentando o gosto de suas lágrimas salgadas. – Um bebê, Lily, isso é perfeito!

E ele se levantou, colocando-a de pé também, beijando-lhe o rosto e a boca, e Lily deixou as lágrimas caírem, mas agora havia um sorriso genuíno em seu rosto.

James abaixou-se para a barriga da mulher tão feliz quanto era possível, conversando com o que ainda seria seu filho, e então voltando a encarar Lily.

_Eu te amo. – disse enquanto a beijava mais uma vez e a apertava contra si.

Um bebê! Eles teriam um bebê. James seria pai! Ah, Merlin, como estava feliz! Estavam começando uma família e havia maneira melhor do que aquela?

Ele tinha que contar para tudo mundo!

~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

Sirius via o espelho de dois lados tremulando com a imagem de James não muito longe da cama, mas estava com Gabby e não iria parar de beijá-la para falar com o amigo. O que quer que fosse podia esperar.

Jogou um travesseiro sobre o espelho e continuou beijando a garota com seus cabelos de veludo e olhos verdes.

Alguns minutos depois, quando Sirius já tinha até mesmo se esquecido da mensagem de James no espelho, a porta se abriu em um baque e apesar da escuridão do quarto em contraste com a luz exterior a fazer parecer não mais do que uma sombra, foi possível identificar Pam.

_Amor, cheguei. Eu… - ela levou a mão à boca, observando a cena de Sirius deitado em cima de Gabby por um tempo, como que horrorizada. – É isso o que eu recebo depois de todo o sacrifício que eu tive que passar para poder comprar esse apartamento enquanto você estava ficava viajando “a trabalho”? Então era isso o que fazia quando ia resolver “alguns problemas” tarde da noite? Eu sabia que você estava me traindo! Só fui burra demais para admitir! – e então enterrou o rosto nas mãos.

_Traindo? – Gabby repetiu, parecendo enojada. – Você é casado? Essa é a sua mulher? Seu bastardo! Não acredito que eu deixei fazer tudo aquilo! - E ela deu um tapa no rosto de Sirius.

_Eu… Não! Pam… – ele pulou da cama e olhou da amiga para Gabby – Eu não… Você não vai acreditar que…

Mas já era tarde. Gabby saiu do quarto, vestindo a blusa rapidamente e não demorou muito até que o som da porta batendo fosse escutado.

_O que você fez? – Sirius gritou, virando-se para Pam.

_James me mandou uma mensagem. Disse que precisa conversar com você. – ela disse, friamente, sem nenhum pingo da emoção de antes. – Acho que é importante. Ele me pediu para tirar a vaca do seu quarto. E eu tirei.

Sirius continuou olhando para ela, descrente. Que diabos! Quem ela achava que era? Que direito achava que tinha?

_Mas, Merlin! – ela exclamou depois de um tempo, levando uma das mãos ao nariz. – O que morreu aqui dentro? Sinceramente, desde quando você não limpa esse lugar?

Ela acendeu a luz, olhando melhor para o quarto e reparando nas roupas intimas (tanto masculinas quanto femininas) espalhadas pelo chão, a pizza meio comida em um canto, as gavetas dos armários abertas de onde saiam coisas que Pam não tinha muita certeza se eram realmente roupas, os vários lençóis em um amontoado na cama que se estendia para o chão, alguns montinhos de pelo negro de Almofadinhas, alguma coisa que pareciam ter sido livros um dia, alguns copos de plástico amassados, uma garrafa de uísque de fogo cheia e algo que ela não tinha muita certeza, mas que lembrava inegavelmente vomito, perto da janela fechada.

_O que você fez com o seu quarto? – ela perguntou, impressionada que a garota que acabara de sair correndo realmente acreditara que aquele era o quarto de um casal e imaginando como ele teria explicado a presença de lingeries no chão. – Merlin, Sirius! Qual seu problema? Como pode viver assim?

_Não está assim tão mal. E não é da sua conta. – ele disse, ainda irritado.

_Você que sabe… - ela disse, torcendo o nariz. – Só não esqueça-se de falar com James.

_Eu vou falar com ele, droga! E é bom que seria importante, ou eu vou matar vocês dois.

_Se você conseguir achar sua varinha no meio dessa bagunça…

_Sai. – ele simplesmente disse.

_Tudo bem… - ela franziu a testa e estava quase saindo quando parou. – Sério, o que morreu aqui dentro?

_Fora! – ele gritou, mas Pam não teve tempo de sair, pois nesse momento o patrono de Frank atravessou a parede, o pequeno pássaro brilhando como nunca antes.

_Alice está grávida. – veio a voz do amigo, antes do pequeno brilho de felicidade se desfazer.

Pam e Sirius se entreolharam sem dizer nada.

Ela afastou o rosto.

_Acho que é melhor você falar com James. Ele provavelmente tem boas notícias também. – a garota disse, antes de sair do quarto e fechar a porta, deixando um Sirius em estado de choque, quase sem respirar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :) E, sim, nós estamos perto do final, mas provavelmente vão ser três anos pós-Hogwarts, então não se preocupem muito.
BBK,
Cassie
PS: Aproveitem a felicidade enquanto podem...



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