Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 56
Capítulo 2 - Não Sempre


Notas iniciais do capítulo

Gente, gostaria de agradecer todos os comentários e tenham paciencia que eu vou responder todos (mesmo os que expressam seu ódio por mim... kkkkk Sei que é por causa da Lene boba).
Esse capítulo tem um acontecimento importante. Espero que gostem.



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_Você não está apaixonado pela Marlene. – Disse Pam, sentada no sofá, agora mais calma.

Depois de ter analisado todas as possibilidades, percebeu que Sirius não podia estar apaixonado pela outra. Era loucura. Ele tinha a encontrado em um jantar na casa deles e então, bastou uma troca de olhares para Sirius cair em amores? Ah, que coisa mais ridícula.

_Você estava apenas confuso. – Disse ela. – E provavelmente não estava enxergando direito. Ou então foi pelo fato de ver o rosto dela, que pareceu mais bonitinho no meio de tantas pessoas desprezíveis.

Sirius riu do jeito que a amiga falava. Ela sempre sabia o deixar para cima.

_Talvez. – Ele levou a xícara de porcelana aos lábios. O chá de Pam tivera um efeito calmante incrível sobre ele. – Deve ser isso mesmo. Eu estava apenas cansado e confuso. Nada demais. Não estou apaixonado pela Marlene. Obrigado, Pam.

Ele se levantou decidido, fazendo menção de ir até a porta. Pam se levantou também.

_Não pode ir andando por aí às três da manhã! Pode ser perigoso!

Sirius sorriu.

_Nas ruas talvez. Mas, no ar…?

_Ar? – Ela perguntou confusa.

_É. Finalmente consegui. Minha moto voa! Você tem que ver que maravilha. É tão perfeita…

Pam rolou os olhos, rindo.

_Deixe de ser bobo. – Ela deu um tapa leve no ombro dele.

Pela primeira vez Sirius reparou na roupa que Pam estava usando. Era um pijama curto e provocante demais para ela. Ele reparou nas pernas brancas dela de fora e franziu a testa.

_Está se depilando, Felina? – Ele perguntou, reparando na ausência da penugem que normalmente recobria as pernas da amiga.

Ela olhou para as próprias pernas então sorriu.

_Ah, você reparou. Sim, estou. Legal, não?

_Hum… Sim. – Ele continuou olhando para ela. O que estava acontecendo com Pam? Ela parecia diferente. – Mas agora eu realmente preciso ir. Tchau.

Pam abriu a porta e deixou Sirius passar.

Ela esperou ouvir o som da moto decolando para a noite e ainda viu os faróis piscando uma vez antes de serem engolidos pela escuridão.

~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

Severus estava perto do playground. Sabia que estava grande demais para sentar no balanço ou escorregar no escorregador, mas era bom ficar ali por causa das lembranças que guardava.

Lily…

Mas ela tinha feito á escolha dela e ele a dele. Tinham escolhido caminhos diferentes e não podiam mais continuar juntos, mas isso não o impedia de pensar nela.

Ele fechou os olhos, lembrando de uma tarde quente de verão.

Faltam poucas semanas para eles irem para Hogwarts pela primeira vez. Lily e Severus estavam sentados nos balanços, mais conversando do que se balançando.

_Ah. – Ela disse. – Estou tão ansiosa para ir para Hogwarts! Mas, devo confessar… Estou com um pouco de medo.

Severus olhou para ela, analisando-há por alguns instantes antes falar.

_Medo do quê?

_E se as provas forem muito difíceis? E se eu não conseguir fazer magia? Ou pior, e se ninguém gostar de mim? – Ela sussurrou a última frase, como se não gostasse nem de pensar na ideia.

Ele sorriu das inseguranças da amiga. Nenhuma delas se concretizaria, sabia. Ela seria a melhor aluna da classe, farias as melhores magias e…

_Você vai ter um monte de amigos. Todos eles vão gostar de você. Como poderiam não gostar?

_Tunia diz que eu sou estranha…

_Você não é estranha. É especial e ela não.

Lily olhou para ele, um pouco irritada.

_Ela ainda é minha irmã. Não fale assim dela.

_Certo, certo. Mas é verdade.

Lily olhou para o chão, ficando interessada nos pés, que desejavam formas no chão.

_Tem certeza que todo mundo vai gostar de mim?

_Claro que tenho. Você vai ter muitos e muitos amigos. Tanto amigos que talvez esqueça de mim… - Falou Sev com tristeza. Pela primeira vez pensava nessa possibilidade, não tão absurda assim.

_Claro que não! Nós somos melhores amigos. Nada vai mudar quando formos para Hogwarts, eu prometo.

_Promete? Vamos continuar sendo amigos? – Ele perguntou, olhando para os olhos verdes dela.

Lily não respondeu imediatamente, ao invés disso, pegou a sua mão e olhou nos olhos dele, decidida e sincera.

_Sempre.”

Sempre…

Agora a palavra ecoava em sua mente. Lily tinha dito que seriam amigos para sempre, mas não era o que acontecia. E, apesar de saber que era mais culpa dele mesmo do que dela, Severus não podia deixar de se sentir triste.

A Marca Negra em seu braço direito ardeu, talvez o lembrando de que não podia mais voltar atrás e ficar com Lily. Ser um Comensal da Morte era um serviço para a vida inteira e Lily nunca aceitaria alguém que seguia Voldemort, com ele agora o fazia. Se ela ficaria contra ele, Severus não podia fazer nada.

Ah, escolhas. A vida é feita delas. E às vezes algumas escolhas machucam mais do que outras.

Quem ele era agora? Ele era um mestiço sonserino, Comensal da Morte, apaixonado por uma sangue-ruim.

E, como seus adversários resolveram dar um nome para eles próprios, Severus tinha feito o mesmo.

Agora, ele era o Príncipe Mestiço.

~~*~~*~~*~~*~~

Sirius estava cansado. Cansado da mãe sempre lhe dizendo o que fazer, como se comportar. A gota d’água foi quando ele ouviu a conversa de seus pais na sala.

Diziam que ele já tinha idade o suficiente. Idade o suficiente para se junta aos Comensais da Morte, adoradores do cruel Voldemort. E aí estava uma coisa que Sirius se recusava a fazer terminantemente. Preferia morrer a trair os amigos, suportaria qualquer dor mas não se juntaria a tão patético grupo.

E, não demorou para ele perceber que toda a família, de uma forma ou de outra, estava entrando ou emersa na Arte das Trevas. Ele sempre soube disso, mas agora, eles estavam piores do que nunca, já que agora tinham um líder que os levaria ao poder.

Não. Ele não ficaria para ver enquanto a família apodrecia. Preferia ir embora e assistir a podridão de longe.

Sirius entrou no quarto sem fazer barulho, porém furioso. Cego pelo ódio, ele pegou uma de suas mochilas, fazendo um feitiço de extensão e jogando tudo o que lhe importava lá dentro.

Era uma pena ter que deixar todos os pôsteres das garotas e motos trouxas, mas era necessário, já que todos eles estavam colados com um feitiço Adesivo Permanente e não podia ser removido.

A intensão de Sirius era simplesmente pegar suas coisas, montar na moto e ir embora, mas quando passou na porta de Regulus, alguma coisa o fez parar.

Não podia deixar o irmão mais novo a mercê daquelas cobras, podia? Por pior que ele fosse, não é culpa dele ser fraco o bastante para acreditar nos pais. Talvez, se Sirius o levasse junto ele conseguisse enxergar o absurdo que era viver do que jeito que ele estava vivendo, acreditar no que acreditava.

Finalmente, Sirius abriu a porta do quarto dele com força. As paredes estavam cobertas por verde, em um óbvio sinal de demonstrar o quanto era parecido com a família sonserina. Regulus estava deixado na cama, lendo um livro ao acaso.

Um pouco sem jeito por ter entrado com tanta agressividade, enquanto o irmão emanava calma, Sirius abaixou a cabeça.

_Oi. – Disse.

_Olá. – Regulus respondeu frio. – O que você quer?

Sirius soltou sua típica risada canina.

_Um irmão tem que ter um motivo para fazer uma visita ao quarto do outro?

_Considerando que você não entra aqui há seis anos, sim. – Disse Regulus. – Então, me diga, o que você, um honrado e nobre grifinório, quer no meu quarto? – Ele cuspiu as palavras como tinha aprendido com seus pais.

_Está igualzinho ao papai. – Disse Sirius. – Andou treinando? – Disse enquanto fechava a porta do quarto a suas costas, não queria chamar a atenção dos Srs. Black.

_Um verdadeiro Black nasce sabendo essas coisas.

_Quer dizer que eu não sou um verdadeiro Black? – E ante o olhar de antipatia do irmão, continuou: - A questão é que eu não quero ser um verdadeiro Black. E você também não.

_Se eu não fosse um Black, o que seria? Um aborto imundo como você?

_Ahãm… Não. – Disse Sirius, confuso. – Eu não sou um aborto. Sei fazer magia. Mas, sim, você seria como eu.

_E ser uma vergonha para toda a família? Não, muito obrigado. – E Regulus voltou a ler o livro, dando o assunto como encerrado e esperando que o irmão fosse embora, mas Sirius não se mexeu.

Regulus suspirou.

_Sirius, ambos sabemos que você não está fazendo uma mera visita casual. Diga de uma vez o que você quer e seremos poupados de mais esforço.

Sirius olhou para o irmão durante um tempo antes de falar qualquer coisa e quando disse, não falou algo que o agradou.

_Eu vou embora.

_Então vá. – Disse Regulus.

_Você não entendeu. Eu vou embora. Realmente vou embora. Vou sair de casa e não vou voltar mais. Vou fugir.

_Fique a vontade para ir. – Disse Regulus, levantando brevemente os olhos do livro. – Não vai mudar em nada minha vida. E vamos combinar que todo mundo já sabia que você iria ser fraco e iria embora.

_Eu não estou sendo fraco, eu apenas… Estou seguindo o lado certo. – Disse Sirius, sem querer mencionar que a família tinha qualquer ligação com Voldemort par isso não influenciar na decisão de Regulus.  – O fato é que eu estou cansado de ficar nesse covil desprezível de serpentes. Cansado das ideias puro-sangues dos nossos pais. Cansado dessas famílias estúpidas que se acham superiores a tudo. Essa não é a vida que eu desejo para mim. Você…

_Eu gosto das serpentes desprezíveis, visto que eu mesmo sou uma delas. E você não é obrigado a ficar. Se for, melhor para mim. Eu vou ficar com a toda a fortuna da família.

_Isso é mais do que só dinheiro, Regulus. E eu vou embora, eu podendo ou não fazer isso.

_O que está esperando então? – O mais novo perguntou. – Pegue aquela moto estúpida e vá embora, morar com os leões, sangues-ruins e a ralé que você quiser. Ouvi algumas histórias engraçadas sobre seus amigos, na verdade. Sobre o lobisomem, o amante de sangues-ruins, o idiota e a traidorazinha…

 A mochila de Sirius caiu no chão e seus olhos brilharam com ódio. Esquecendo totalmente que pretendia levar o irmão embora consigo, tudo o que ele queria era torcer o pescoço do pirralho a sua frente.

_Como você…?

E, então os dois estavam no chão. Distribuindo quantos socos e pontapés podiam dar, esquecendo momentaneamente as varinhas e a magia.

E eles só pararam de brigar quando ouviram o grito do andar de baixo:

_Sirius Orion Black! O que você está fazendo? Não me obrigue a subir aí.

_Sempre eu… - Murmurou o mais velho, enquanto se levantava e limpava as vestes. – Não estou fazendo nada! – Ele gritou para a mãe.

_Acho bom mesmo!

Nesse meio tempo, Regulus se aproveitou para levantar-se também e agora ambos os irmãos se encaravam.

Sirius limpou a boca suja de sangue e Regulus tocou o olho dolorido.

_Você luta igual um mariquinha. – Disse Sirius, um sorriso debochado nos lábios.

_Me perdoe se eu não luto tão bem esses duelos imundos de trouxas.

O mais velho pegou a mochila e abriu a porta do quarto, lançando um último olhar por sobre o ombro para Regulus.

E então a porta bateu, cortando qualquer ligação que os irmãos um dia tiveram.

~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~

No meio da chuva, Sirius rezava para que a moto pegasse.

Tinha começado a chover justo no momento em que ele saíra da casa. Quase tudo tinha corrido bem, menos a parte em que tinha encontrado Monstro na sala, que devia ter avisado sua mãe, já que agora era possível ouvir os xingamentos na parte de dentro da casa.

Logo a bruxa apareceu na porta da casa, praguejando e amaldiçoando a tudo, o coque desfeito e a cara com um aspecto horrível de filme de terror.

E, justo naquele momento sua moto resolvera enguiçar. O mais engraçado disso era que ela estava funcionando uma semana antes, quando tinha ido para a casa de Pam no meio da noite.

Boa parte das palavras da mulher, uma mescla de ameaças e feitiços, era encoberta pelo barulho da chuva, mas agora ela estava cada vez mais perto.

Se o pegasse, não só levaria a bronca do século, como seria trancado em seu quarto pela eternidade, impedido até de ir para Hogwarts. Isso sem contar os possíveis feitiços que ia receber.

Fazendo uma oração silenciosa a Merlin, Sirius continuou tentando fazer a moto funcionar.

_Sirius Orion Black! Volte aqui agora! Não se esqueça que eu sou sua mãe e te trouxe a esse mundo. Posso te mandar de volta a hora que eu quiser! Sirius Orion Black! Desça dessa moto AGORA!

Com um sorriso Sirius percebeu quando o motor da moto começou a funcionar e ela andou um pouco para frente.

A Sra. Black viu isso.

_Se você for… Se for embora… - Ela disse já ofegante. – Se você for embora não é meu filho mais, ouviu? Se você for, eu juro que não é mais meu filho! Vai ser deserdado, Sirius Black! Você foi avisado!

Mas, apenas dando mais uma olhada no estado deplorável de sua mãe, correndo no meio da chuva e da lama, Sirius ligou os faróis da moto e decolou para os céus noturnos, rumando sua nova casa.

Não era mais um deles. Sua vida no Largo Grimmauld era apenas passado, nada mais do que uma lembrança a ser esquecida.

~~*~~*~~*~~*~~*~~

Era quase meia-noite quando a campainha da mansão dos Potter tocou. Provavelmente James, brincando com um pomo, era o único acordado na casa, então ele se levantou e foi atender a porta, imaginando quem seria assim tão tarde.

Para sua surpresa, era Sirius. Ele estava molhado, sangrando e sujo de lama. A lama e a água poderiam ser explicadas por causa da chuva que se fazia presente, mas o sangue e o horário tardio, além da mochila nas costas de Sirius, não faziam muito sentido.

A única coisa na qual James conseguiu pensar foi em um possível ataque de Comensais da Morte.

_Sirius! – Ele gritou, apavorado com a ideia de o amigo ter se ferido gravemente. – Ah, Merlin, o que aconteceu? Está tudo bem? Onde você estava?

Porém, para sua surpresa, Sirius apenas sorriu e disse:

_Pontas, posso morar aqui? Para… sempre.


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