Perfect Two escrita por oliverqueens


Capítulo 4
Sambastian


Notas iniciais do capítulo

Narrador: Sam Evans



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Blaine já havia descoberto minha sexualidade e por mais que ele mostrasse bastante confiança, em guardar aquele segredo, eu estava um pouco receoso. Talvez ele tivesse deixado escapar algo sem querer para Kurt... Eu percebia o quanto o namorado do ex-Rouxinol ficava no pé dele.  Desde aquela noite após a comemoração da vitória das Seletivas, haviam se passado alguns dias e, como recomendado por Blaine, eu não voltei a me encontrar com Sebastian. Mas eu não estava suportando. Morria de saudades dele, ou quem sabe só de olhar nos olhos dele e sentir o perfume do garoto... E ali, no Mckinley, eu não me sentia tão bem em procurar algum garoto. Era como se não tivesse opções para mim. Acredito que só haja Blaine e Kurt como gays assumidos na escola, mas não quero ficar com eles, afinal eles namoram. E deve ter mais uma meia dúzia de garotos que escondem a sexualidade, porém, se eu ficar com um deles, é encrenca na certa! Me denunciariam para a direção, ou fariam coisa pior, como me espancar e eu definitivamente, não queria isso. Aí, o meu pensamento apontava em uma única direção e solução: Sebastian Smythe. Estava na hora de nos encontrarmos outra vez, mesmo que eu tivesse que descumprir a promessa de Blaine. Ele não podia fazer pedidos e criar promessas com um quase desconhecido dele, como eu.

Depois dos períodos matinais de aula, sendo dois de trigonometria (em que acabei dormindo, pois meu déficit de atenção estava alto naquele dia, fazendo com que eu confundisse triângulos com losangos) e outros três de Inglês e Espanhol, fui direto para o refeitório, apanhando o que me agradava na parte de comidas e me sentando em uma mesa com alguns membros do clube Glee. Blaine, Kurt, Santana e Brittany ocupavam tal mesa. Lá, mal comi o que tinha servido. Dei atenção ao meu celular, em que digitava uma mensagem de texto para Sebastian. ''Ei, Sebastian. Aqui é o Sam. Mas é claro que você sabe que sou eu. Também estou com saudades de você. Hoje é Sexta. Gostaria de se encontrar comigo? Se sim, naquele mesmo local da última vez! - Boca-de-truta :)''. Ambos os casais da mesa conversavam e eu estava estranhando que Blaine não me dava tanto atenção e não parecia curioso. É, ele devia ter se esquecido já que me ajudaria... Não ligava, por muito tempo me virei sozinho e saberia lidar com mais uma pedra no meu caminho.

– Bem, to indo. – Falei, pegando a bandeja ainda cheia de alimentos e devolvendo-a ao local correto.

Saí do refeitório e parti para a biblioteca, ainda tinha alguns minutos livres. Chegando lá, peguei um livro qualquer e me abanquei em uma mesa vaga, onde fiquei solitário, tentando prestar atenção na leitura. Minutos depois, o celular tocou e vibrou. Dei um pulo ao ver o ''S'' como primeira letra da palavra do remetente da nova mensagem. Sebastian... Sorri e peguei o eletrônico, abrindo ansioso a resposta do Rouxinol. ''Você é muito lerdo mesmo. Que problema mental você tem? Eu não disse na mensagem que mandei dias atrás que quero te ver? E sim, hoje a gente se vê. Naquele lugar de sempre. – xoxo, Seb.'' Sorri de imediato com a resposta positiva dele e voltei para as outras aulas que eu tinha. Iria direto para casa, quando o sinal tocasse. Muito ansioso e cheio de esperanças, afinal, Sebastian era Sebastian... Um bad boy.

Infelizmente, os períodos não haviam contribuído muito. Passaram super lentamente e, para variar, havia uma breve reunião no clube do coral antes de sermos definitivamente dispensados. Parti para lá e Blaine me encontrou em um corredor, a caminho da sala.

– Hey, Sam. Como você está? Melhor? – Ele me perguntou e eu não deixei de sorrir, enquanto olhava para o moreno pelo canto do olho.

– Estou levando. E um pouco melhor. E você e Kurt? – O respondi.

– Estamos indo. Acho que falta química. – Ele me respondeu e pude notar um tom tristonho na voz dele.

– É só uma fase, cara. Vocês formam um casal muito lindo, por mais que o Kurt pareça não gostar muito de mim. Não sou o maior fã dele, também. É isso aí. – Continuei falando, tentando confortar Blaine.

– Sim! Quer sair comigo hoje à noite? Kurt combinou com Rachel e Mercedes de irem para a casa dele, para assistirem um filme aí que não sei o nome. – Anderson falou, me surpreendendo e me deixando sem uma reação, de início. Já estávamos diante da porta que abria acesso para a sala do coral.

– Não vai dar. Tenho muitas tarefas e prova segunda-feira, sinto muito. – Menti, usando aquilo como desculpa, afinal a realidade era que eu irei me encontrar com Sebastian.

– Blaine, venha! – Kurt chamou, revirando os seus olhos claros. Já estava acomodado em uma das cadeiras escalonadas do ''palco'' onde sentávamos. O moreno obedeceu e eu entrei logo atrás, me sentando bem distante do casal, em um lado próximo de Puck e Quinn.

O professor Schuester não demorara a chegar.

– Boa tarde, pessoal. Sei que é Sexta-feira e vocês devem estar exaustos para irem para suas casas, mas gostaria de dizer a vocês que treinem esse final de semana em casa, porque semana que vem pretendo passar um trabalho a vocês. Não é nada diferente, algo já conhecido por vocês, mas o diferente será a combinação de vozes, que quero testar quem aqui combina com quem. – Disse o professor.

– Finn, quer ir lá para casa treinar o vocal comigo nesse final de semana? – Rachel perguntou ao namorado, com um brilho nos olhos.

– Claro. – Respondeu ele, bastante animado.

– Dispensados, então. – Finalmente! Comemorei interiormente e quando o professor Will nos dispensara, saí correndo pela porta, partindo diretamente para casa. Eu estava tão ansioso e desligado daquela escola que eu não percebera que Blaine fora o último a deixar a sala.

O moreno deixou aquele corredor, ajustando a sua gravata-borboleta de um verde-escuro e depois, escondendo as mãozorras nos bolsos da calça acinzentada. Cabisbaixo, desacompanhado. Eis que, em meio a tanta distração, Blaine acabou chocando-se com um garoto no caminho, fazendo-o ligar-se para a vida real.

– Me desculpa! – Pediu.

– Ok, mas cuidado da próxima vez. – Alertou, em tom de desafio, o forte garoto.

Blaine, de alguma forma, parecia reconhecê-lo. Ah, claro que sim! Ele já vira aquele garoto andando junto de mim, algumas vezes. Éramos colegas. Assim, Anderson correu na direção de tal, cutucando-lhe em um dos ombros.

– Ei, cara. Você é colega do Sam Evans?

– Sou sim. – Respondeu o conhecido.

– Então, vocês têm prova na Segunda, né? – Blaine perguntou.

– Sério, cara? Não, não temos! A nossa prova é na próxima Sexta. Fui. – E saiu daquele corredor.

Blaine devia estar sentindo-se acabado. Eu mentira para ele. Era doloroso aquilo, mas eu sabia que aquele cara era forte, no físico e no emocional.



A noite finalmente chegara. Na minha casa, eu demorara cerca de uma hora, apenas me arrumando. Não queria que eu estivesse imperfeito para me encontrar com um garoto tão sofisticado como Sebastian Smythe. Estava vestindo jeans de lavagem escura e que valorizavam os traços das minhas coxas. No peitoral, uma camisa estampada em vermelho e preto e o cabelo de fios dourados, estava bem penteado. Passei o perfume, mirando minha imagem no espelho.

– Espero que ele goste. – De repente, senti o meu celular vibrar. Ele estava no meu bolso e rapidamente o tirei dali, verificando que havia alguém me ligando. Imaginei que fosse Sebastian perguntando se eu demoraria a chegar ao local marcado. Mas era Blaine. Educadamente, atendi ele.

– Sam? Alô? –

– Oi, Blaine. –

– Não quer mesmo sair hoje à noite? –

– Eu falei para você que tenho que estudar para uma prova Segunda-feira... –

Continuei mentindo.

– Hm, ta bom! Se quiser ajuda em alguma matéria, me ligue que vou aí te ajudar. –

– Ok, obrigado. –

– Um beijo, Sam... –

– Outro. – E desliguei.

Checando o relógio, pude ver que já estava bastante atrasado para encontrar-me com o garoto. Saí de casa às pressas, puxando a primeira jaqueta de couro preto que encontrei no meu armário e colocando ela sobre a camisa, cobrindo-a na região dos ombros. Demorei mais vinte minutos para, finalmente, chegar ao local desejado. Eu fora a pé. Era um bar moderno, de aparência pequena, mas muito agitado. Um letreiro luminoso de luzes pisca-pisca estava acima da porta, chamando a atenção de quem passasse. Sem demorar mais, entrei no local e passando por várias pessoas – em sua maioria, homens – fui em direção do bar. Em um dos bancos estofados estava Sebastian. Usava uma camisa de gola pólo e em cores discretas, assim como a jeans. Mas seu rosto não era nada discreto. Tinha um sorriso maroto desenhado nos lábios, um cabelo lisíssimo e muito bem arrumado de dar inveja. Seu cheiro era delicioso e era bastante branquinho, o que lhe deixava mais atraente. Sentei-me ao lado dele e ele me cumprimentou, tratando de pedir uma bebida para mim.

– Sam. – Ele me chamou, tragando mais uma golada da sua bebida.

– Hey! – Falei, um tanto tímido.

Sebastian deixou o copo sobre o balcão e se inclinou na minha direção, tomando os meus lábios em um selinho demorado e molhado.

– Senti falta disso. – Confessou ele.

– Eu também. – Concordei, apanhando o copo de vidro que acabara de me ser cedido. Bebi doses curtas do álcool, sentindo-o queimar na minha garganta, me forçando a fazer feições estranhas.

– O que foi? É fraco para bebidas? – Perguntou Sebastian, em tom curioso e de desafio.

– Não, é claro que não. – Depositei o copo no tampo do balcão, olhando para o garoto de cabelos castanhos. – O que vamos fazer hoje?

– Quero te levar pra minha casa. Você deixa, boca-de-caçapa? –

– Claro que sim. –

– Certo. Vem... – Sebastian se levantou e apanhou minha mão, me levantando e empurrando-me para a pista de dança.

Começamos a dançar em um ritmo bastante descolado e era perceptível que eu estava bastante tímido, enquanto o parceiro já demonstrava muita experiência em conviver com homens, assim, tão de perto. Ele passava as mãos em torno da minha cintura, como um chamado e eu retribuía a isso, cercando a cintura dele com meus braços fortes e trazendo-o para perto, permitindo assim que nossos corpos ficassem colados, assim como os rostos.

– Quero que saiba de uma coisa. – Sebastian disse, em sussurro.

– O que, Seb? – Perguntei, curioso e um pouco tenso.

– Não quero que você leve isso como o início de algo do futuro. Sou livre, certo? E só estou curtindo minha vida. – Respondeu.

Aquilo fora um baque para mim e doera, mas permaneci colado a ele, mesmo que aquilo tivesse me feito perder todo o ânimo guardado para aquela noite.

– Tudo bem. – Concordei, indiferente.

Sebastian viu-me desanimado e partiu para o meu pescoço, começando a dar diversos beijos naquela região, estendendo tal ato com leves mordidas e chupões. Além disso, ele retirou minha jaqueta até uma certa altura, a suficiente para que meus ombros e braços ficassem visíveis e ele pudesse acariciá-los. Assim o fez.

– Não estamos... Em um local privado. – Falei, desconfortável, com uma das mãos entre o cabelo de Sebastian, acariciando tal região.

Ele nem ligara e continuou fazendo aquilo. Minha cabeça girava para todos os lados, vendo várias pessoas chegar, enquanto outras já iam saindo. Pensei em ter visto algum conhecido, mas não era ninguém diferente. Sebastian, aquela altura, já me arrancava gemidos, os quais eu tinha que controlar.

– Sebastian... – Chamei por ele, piscando demoradamente e tornando a abrir os olhos. Quando abri, eles se arregalaram ao mirar certa direção, em que Blaine estava. E ele olhava na minha direção! Droga, droga... Eu mentira para ele e estava saindo com outro cara. O moreno devia estar muito machucado. Com um sorriso de ironia, Blaine Anderson me observava. Ele começou a se afastar e isso me alertou. Algo dizia que eu devia ir atrás dele. Dei um empurrão fortíssimo em Sebastian, forçando-o a desgrudar-se do meu corpo por inteiro.

– O que f...

Mal ouvi a voz do ficante reclamando e corri pela multidão, deixando minha jaqueta sabe-se lá onde. Empurrava várias pessoas do caminho e recebia muitas reprovações por aquilo. Perdi Blaine de vista e isso me fez correr mais, em total desespero. Mal olhava para o local que percorria, estava completamente afoito. Então a última coisa que eu senti foi um puxão, que me conduziu diretamente ao chão, com muita força. A queda fora intensa, me fazendo bater o rosto em um ladrilho de vidro (a pista de dança era composta de vários quadrados de vidro) e então senti a testa latejar e o rosto doer, devido o baque. O nariz doía, mas... Acabei não sentindo mais nada. Desmaiei. O único cheiro que, mesmo desacordado, eu continuava sentindo, era o de sangue, escorrendo do meu nariz e dos meus lábios, que acabaram cortando-se. Talvez Blaine tivesse me visto ali, atirado, mas não daria atenção para um traidor. E Sebastian com certeza me notara, só que sabemos que ele não estava nenhum pouco se importando comigo. Devia ter me deixado ali, sem chamar ajuda alguma. E ali permaneci. 


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Notas finais do capítulo

O capítulo deve ter soado bastante confuso para vocês e totalmente fora do que a história quer contar, a relação entre Blaine e Sam, mas calme, pessoal! Chegaremos lá.