Perfect Two escrita por oliverqueens


Capítulo 3
Mantenha em segredo


Notas iniciais do capítulo

Narrador: Blaine Anderson



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– O que houve? – Questionei o loiro que aos poucos foi soltando o pedaço da minha  vestimenta. Havia um enorme silêncio naquele local e várias poltronas vagas. Sam ocupava o braço de uma dessas poltronas e eu estava de frente para ele, observando-o, tentando parecer paciente, mas a minha vontade era a de estar junto com os meus colegas do grupo, para ouvir e ver o resultado.

– Não fui um cara legal com você. Nem hoje, nem ontem, nem nunca. Eu só achei meio injusto estarem valorizando tanto você, mais do que o próprio Finn! Quer dizer, sua voz é muito melhor que a dele, e na dança também, mas ele é como o líder do Glee. Ele e Rachel. Agora os solos só vão para você e ela e, hm, Santana está no Glee há três anos e por mais que ela tenha um pequeno problema de fidelidade, ela é a melhor voz do Glee, em minha opinião! – Sam iniciara, me fazendo erguer as sobrancelhas. Ele parecia bastante envergonhado.

– Não precisa falar isso, porque simplesmente sei que você não gosta do meu jeito... Talvez seja minha sexualidade, sei lá! – Contestei, buscando alguma resposta para aquilo.

– Não, claro que não! – Sam gritou, sobressaltando-se. – Não tenho nenhum tipo de preconceito. Bem, talvez só um, com as pessoas que acham Avatar um filme ruim. Ele é meu preferido. – Comentou, totalmente desnecessário, abaixando a cabeça e mordendo os lábios volumosos. – Convivi o ano passado inteiro com Kurt e nunca tivemos problemas. Até já fui taxado de gay e tal... Mas não sou. – Disse, corando. Explicações sem utilidade.

– É isso, então? – Questionei a ele.

– Não, Blaine. Eu quero dizer que... –

Mas Sam foi interrompido. Uma voz grave e bastante alta (talvez ampliada por algum aparelho) soou, vindo de um lugar distante dali: ''E quem vence as Seletivas é o New Directions!'' Quando a voz cessou, ouviram-se gritos e uma salva de palmas propagando-se pelo corredor, chegando até a sala. Blaine e Sam se entreolharam. Olhos brilhantes, sorrisos enormes. Os dois se abraçaram, comemorando. Afinal, como não? Fora o grupo deles que ganhara a competição! Se soltaram, ainda um olhando o outro.

– Cara, devemos parte dessa vitória a você. Arrasou cantando Wak... – Impedido de terminar a frase, um fluxo maior de vozes se estendeu, anunciando a chegada dos outros membros. Brittany e Santana vinham de mãos unidas e Puck trazia Quinn no colo, comemorando. Finn e Rachel vinham abraçados, enquanto Rory e Sugar empurravam Artie na cadeira-de-rodas, que sustentava o grande troféu. Kurt, Mike e Tina vinham logo atrás, também em ritmo de comemoração, afinal os três haviam feito um grande trabalho juntos em uma única música.

– Blaine, estamos tão orgulhosos de você! Kurt, principalmente. – Rachel disse, abraçando o parceiro de muitos duetos. Kurt logo abraçou o namorado, emendando os comentários da amiga:

– Com certeza, meu amor. Arrasou em Waking Up In Vegas. Convenhamos... Que música da Katy Perry não fica bonita em sua voz maravilhosa? Todas! – Dizia o garoto, soltando-o.

– Assim como todas as músicas da Gaga ficam bonitas em sua voz. – Falei a Kurt, fazendo-o sorrir muito feliz.

– Anime-se, Sam! – Puck chegou perto do loiro, abraçando-o, Quinn, já no chão, também abraçando o ex-namorado – ou apenas ex-ficante – do ano passado.

– Eu estou animado! – Sam retribuiu o abraço de ambos. – Muito. Todos nós fizemos um ótimo trabalho. Mike, não sabia que cantava tão bem assim. – O loiro elogiou, com um sorriso no rosto, mas com uma ausência de brilho no olhar.

– Que tal comemorarmos? – Will Schuester chegou ali, muito feliz.

– Imaginei que, depois da vitória de hoje, o senhor iria querer uma comemoração particular com a senhorita Pillsbury. – Caçoou Santana, em tom amigável. – Poderíamos fazer uma comemoração particular também, Britt. – Sugeriu a morena.

– Como se faz isso? – Perguntou a ingênua Brittany Pierce. Muitos riram, exceto Blaine e Sam.

Depois de muita conversa, fomos para a casa de Rachel, que era bastante espaçosa e lá iríamos comemorar. Já estávamos sem os trajes das Seletivas e usávamos roupas comuns. A música tocava alto por lá e havia bastante bebida e pufes espalhados naquela área, permitindo que nós ficássemos confortáveis e/ou com a opção de dança, no espaço livre. Anormalmente, para muitos, eu ocupava um lugar bastante próximo de Sam, todavia, Kurt estava colado a mim, o braço entrelaçado ao meu, como se eu fosse o animal de estimação dele que escaparia a qualquer momento. Mas eu não era um animal. E aquilo cansava, por mais que eu gostasse bastante do Hummel.

– Então, Sam, sua participação de dois versos em Off To The Races foi incrível. Mas não consigo entender por que você cantou logo essa música que, na minha opinião, é extremamente feminina. De certo, Sr. Schue queria mostrar à platéia que um garoto tão chamativo como você tinha significado. – Kurt falou, rindo, bastante irônico e provocativo. Eu não gostei nenhum pouco daquele tom superior que ele usara com Sam e fui forçado a reprovar as palavras do meu namorado com um gesto negativo da cabeça.

– Obrigado, Kurt... – Sam apenas disse aquilo.

– De nada! – Nisso, o Hummel levantou-se. – Rachel está me chamando, com certeza já quer planejar ensaios novos para as Regionais. Vou lá. Eu volto, amor. E juízo aí, hein! – Lançou uma piscadela para mim, a qual retribuí, totalmente desengonçado. Por fim, ele se afastou, me deixando novamente a sós com Sam. A segunda vez naquela noite. Inclinei-me mais na direção do rapaz, que estava cabisbaixo.

– O que houve? – Perguntei, olhando-o com curioso.

– Estava esperando um espaço para poder te pedir desculpas pelo empurrão daquele dia... Me desculpa? Foi sem intenção. Estava irritado. Eu só queria ajudar vocês, nada mais. – Confessou o loiro.

– Ah, claro. Eu te entendo. E eu peço perdão pelas provocações, totalmente sem necessidade. – Balancei uma das mãos, querendo indicar que tudo estava tranquilo. Vi Sam sorrir e então ele disse que precisava ir ao banheiro. Sem querer (ou não), deixara seu celular sobre o pufe. Levei um susto quando um som partiu do eletrônico, me fazendo apanhar o celular e ver que uma nova mensagem de texto chegara, com o remetente denominado Sebastian. Abri a mensagem, que dizia: ''Quando vamos nos encontrar, novamente? Espero por isso há dias, boca-de-caçapa! – xoxo, Seb.'' Senti um aperto no peito, mas investi. Procurei por outras mensagens e, ao menos, as cinco últimas tinham o mesmo remetente: Sebastian. Não as li, pois estava completamente espantado. Não esperava que Sam fosse... Bissexual.

– Voltei! – Anunciou Sam, me pegando de surpresa. Suei frio. – O que faz com meu celular?

– Ah, oi... Estava vendo que músicas você tem. Várias músicas do Coldplay, boa escolha. – Menti, não sabia o que responder. Saí da caixa de entrada do celular do meu colega e devolvi o celular a ele, com um sorriso nervoso. – Cantamos Fix You, semanas atrás. Foi bem legal. – Continuei falando, tentando enrolar Evans.

– Maneiro! Tomara que um dia a gente faça outro número do Coldplay e eu possa cantar. – Disse Sam, sentando-se. – Sente falta do seu antigo grupo? – Perguntou, de repente.

– Não... Sinto falta da companhia de alguns amigos de lá, apenas. Por quê? – Respondi, logo lançando uma interrogação.

– Por nada... – O garoto retrucou, bastante hesitante.

– Mesmo? –

– Mesmo! É uma escola só para garotos, não é? O que eu ia querer nela, Bl...

O interrompi:

– Certeza disso, Sam? –

– Qual é, Blaine! –

– E Sebastian? – Notei Sam gelar com a minha forma direta de me dirigir a ele.

– Que Sebastian? – Perguntou o outro, disfarçando a tensão.

– Sebastian Smythe, d’Os Rouxinóis. Conhece? – Eu estava jogando verde, super verde.

– Não... – Ele me respondeu, muito calado.

Tomei o celular da mão dele, indo direto às mensagens. Indiquei a ele, então, as várias mensagens com o nome Sebastian que estavam armazenadas.

– Poxa vida! – Gritou Sam, colando as mãos no rosto, ficando rubro devido à vergonha. – Você andou mexendo nas minhas coisas! – O loiro parecia recuperar-se do susto e fechou uma das mãos em punho, querendo me bater.

– Calma. – Falei, com a voz calma. – Não vou contar nada pra ninguém, até porque não tenho certeza... Sam, você é bissexual?

– Eu?! Não! – Respondeu com pressa.

– Então... É gay? – Continuei insistindo.

– Claro que si-NÃO, Blaine! – O nervosismo do boca-de-truta voltara.

Mexi as sobrancelhas, rindo. Ele não me enganava.

– Fala sério. – Tornei a pedir.

– Hm, ok. Eu fiquei com esse Sebastian aí, mas qual o problema? Foi só uma experiência! Assim como foi uma experiência eu experimentar os lábios de outros caras quand... – Parou. Estava falando demais. Entregou-se.

Não havia motivos para eu rir, entendia a posição do loiro.

– Bem vindo. – Disse.

– Ao quê? – Perguntou-me o loiro.

– A vida de homossexual. – Respondi.

– Como se eu tivesse escolhido isso... – Bufou Sam Evans. – Você vai manter segredo, não vai? – Ele tornou questionando-me, visivelmente preocupado.

– Vou. Mas não vou lhe acobertar para sempre, Sam. Um dia as pessoas acabam percebendo. Só me prometa uma coisa.

– Prometo. –

– Não saía mais com Sebastian. Ele não é uma boa pessoa... É lindo, claro, mas o caráter é horrível. Então não quero que ele estrague sua vida, amigão. – Disse, inclinando-me e dando um tapinha a um dos ombros do loiro, tentando confortá-lo. – Conte comigo. –

– Obrigado, Blaine! – Sam agradeceu, inclinando-se para poder me abraçar. Um abraço forte.

– Vou te ajudar nessa. Quem sabe daí, nasce a nossa amizade? – Proferi em tom sugestivo, soltando-o.

– É, com certeza! – Sam falou e eu não conseguia ver a firmeza e certeza na voz dele. Com certeza, ele precisaria e muito da minha ajuda, afinal eu já passara exatamente por isso. 


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