Perfect Two escrita por oliverqueens


Capítulo 10
Amarga Páscoa


Notas iniciais do capítulo

Narrador: Sam Evans



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Fazia uma manhã ensolarada de Domingo e o que me alegrava em tudo aquilo era que era um Domingo de Páscoa. Eu acordei, sentindo os raios de sol cruzar a fina camada da cortina e atingir o meu rosto pálido. Imediatamente me mexi sobre o colchão confortável, erguendo os braços e espreguiçando-me. Estava sem camisa, apenas com uma cueca boxer azul. Ao meu lado, Blaine ainda dormia preguiçosamente e, diferentemente de mim, ele usava um conjunto de pijama azulado, com listras avermelhadas. Era fofo: Mexi-me sobre o colchão, arrastando meu corpo, para que a pouca distância fosse quebrada.

– Psiu! – Chamei, colocando meu queixo sobre o ombro dele, cutucando-o de leve. Um sorriso floresceu nos meus grossos lábios vermelhos. – Hey, dorminhoco. – Tornei a chamar e não voltei a fazer isso. Saí da cama, vestindo uma camisa minha que estava sobre a cadeira da escrivaninha e desci para a cozinha, onde preparei o café matinal do meu namorado. Era óbvio que exagerei nos chocolates, por mais que fosse errado. Era Páscoa, afinal! Equilibrando uma bandeja com suco, pão francês, pedaços de queijo, goiabada e chocolates trufados, subi para o quarto. Felizmente, Blaine acordara e estava sentado na cama, passando a mão nos olhos, ainda acordando.

– Dormi demais... – O moreno reclamou, bocejando.

– Mesmo assim, dormiu tão lindamente. – Falei de imediato, colocando a bandeja próxima dos pés do parceiro e sentei-me na cama. Cuidadosamente, segurei as pernas dele e coloquei-as sobre meu colo, conduzindo minhas mãos aos pés do Anderson, os quais comecei a massagear, em toques cheios de carinho. Ele sorrira com aquilo e com o café também.

– Você é lindo, Sam Evans... – Ele disse. – Feliz Páscoa, meu loirão. – Inclinou-se para mim, segurando meu queixo e selando nossos lábios demoradamente, até que ele verteu-se ao café da manhã sofisticado e passou a degustar, primeiramente, do pão, adjunto ao copo de suco.

– Feliz Páscoa para você também, meu moreno. – Pisquei a ele, ainda massageando os pés do garoto. Eu sorria bobamente, adorando ver todos os movimentos que ele fazia ao comer o que estava disposto na bandeja.

– Hmmm, ta gostoso! – Ele elogiou.

– Sério? Que bom... – Falei vagamente, em resposta.

– Sim, Sam! Tem planos para hoje? É Páscoa, então capriche! –

– Eu queria ir para um shopping que tem aqui perto. Ouvi dizer que vão fazer a maior festa do chocolate lá. E o melhor, de graça! – Respondi, em tom alegre.

– Como se eu não pudesse pagar todos os chocolates que você pedisse, né... – Blaine balançou a cabeça negativamente, me arrancando um sorriso leve.

– É claro que eu sei disso! – Falei rápido. – Mas podemos aproveitar, sabe... –

– Vai que é um chocolate de marca ruim? –

– Não há chocolate ruim na América. –

– Aé? Pois eu já comi um com gosto de cola, Evans! –

– Então você já comeu cola... –

– É um modo de dizer. – Enrolou-se o moreno, dando uma mordida no chocolate e deixando a outra metade para mim. Tal pedaço restante ele conduziu aos meus lábios carnudos e, provocante, englobei o polegar de Blaine na minha boca, sugando-o, à medida que o chocolate desmanchava-se na minha boca.

– Au... – Blaine gemeu baixinho, erguendo as sobrancelhas negras.

– Você é gostoso, amor. – Falei, prendendo o riso, enquanto avançava para a bandeja e apanhava o outro copo de suco (cheio), começando a beber o conteúdo deste.

– Você é mais! – Retrucou o meu companheiro.

O tempo passou e ficamos na cama por cerca de mais meia hora, nos curtindo aos beijos e carinhos nos braços e cabelo. Posteriormente, tomamos banho (separadamente, um de cada vez) e colocamos roupas informais – mas apresentáveis –, para ir ao shopping, como havíamos combinado. Blaine usava uma calça escura que não cobria completamente suas pernas e tornozelo. Havia um espaço lá embaixo, que deixava a mostra uma parte da perna do moreno, um tamanho não superior a três dedos da mão. Usava um colete listrado, óculos e uma gravata borboleta. Eu usava all star, jeans escura, um casaco (que, na realidade, era um terno preto) e uma camisa vermelha sob esse.

– Wow! Você está fantástico, Sam Evans! – Blaine elogiara o meu visual, assim que ele me viu descendo as escadas da casa. Eu sorri ingenuamente, cedendo a mão ao namorado quando alcancei o último degrau. Ele me fez dar um meio giro e me prendeu entre seus fortes braços, postando um beijo quente no meu pescoço, antes de sairmos. Blaine estava tão... Maravilhoso. Como ele conseguia ficar mais maravilhoso a cada dia?

– Não estou mais fantástico do que você, isso é fato. Você se arruma muito bem, eu até me espanto. Aprendeu isso com quem? Seu ex lá? – Perguntei com curiosidade, arqueando uma das sobrancelhas. Não estava com ciúmes, ainda não... E nem tinha tantas razões para isto, afinal eu quem puxara tal assunto.

– Não. Kurt não me ensinou nada disso. Eu sempre soube me arrumar sozinho. – Respondeu-me o ex-rouxinol, com bastante simplicidade.

– Hmm, ta bem! Acho bom. Tenho absoluta certeza que aquele garoto não tem nada a nos mostrar. Uma das poucas utilidades dele é mostrar o quanto vale a pena lutar pela igualdade social. – Falei descontraído, desvencilhando-me dos braços de Anderson e conduzindo ele até a saída da casa.

Entramos no carro e rumamos para o shopping mais próximo. Não demoramos mais que quinze minutos para chegar nele, estacionar devidamente o automóvel e sairmos dele, caminhando na direção do shopping propriamente dito. Praças de alimentação, cinema, lojas etc.

Eu estava, ainda, ansioso para a promoção de chocolates de páscoa que o shopping estava dando gratuitamente. Blaine com certeza ainda brigaria muito comigo por isso. Bem... Eu não tinha culpa de ser um viciado em doces. Infelizmente, eu me culpava muito por comê-los em excesso, pois exigia o dobro de mim, posteriormente, na sessão de exercícios de musculação. Eram pesadíssimos!

Cruzando as portas de vidro do shopping, nos demos as mãos e, imediatamente, os olhares se dirigiram à cena. Olhares de reprovação e alguns orgulhosos, como se quisessem dizer ''Parabéns aos dois. Enfrentam a sociedade de cabeça erguida!''. E realmente eu e Blaine fazíamos isso. Principalmente ele. Ele ainda me ajudava nisso, pois eu apresentava bastante receio quanto a minha sexualidade. Mas o Mckinley todo já sabia. Logo... Não perderia tempo pensando naquilo!

– Vamos aos doces? – Perguntou-me Blaine.

– Claro! –

Caminhamos por um longo percurso e subimos uma escadaria rolante, chegando ao próximo andar que, praticamente, estava recheado com a temática ''Páscoa''. Desenhos de coelhos espalhavam-se por todo o lugar.

– O pessoal acaba esquecendo o real motivo da Páscoa... – Blaine reprovou aquilo tudo, estalando os lábios. Rapidamente, lembrei de Quinn, que também era bastante cristã.

– É verdade... – Com os olhos estreitos, encarei ao redor. Suspirei. Dei a mão a Blaine e conduzi-o até uma loja há poucos metros de distância.

– Olá! Feliz Páscoa, casal bonito. – Disse-nos a atendente, uma jovem moça. Bastante simpática. E parecia sincera... Ou talvez fosse só a impressão de boa moça que ela queria passar, afinal, era raro ver alguém que logo de cara seria simpático com um casal homossexual. – Por que não presentear o seu parceiro com um chocolate feito em formato de coração, hum? – Ela sugeriu, fazendo seu trabalho. Tomou em mãos um chocolate preto, em formato de coração, embalado cuidadosamente em um papel transparente. Ela indicou o embrulho a Blaine.

O moreno sorriu.

– Eu vou levar! – Disse ele. – E esse também... E esse, e este... E esse... E aquele. – Alternando, indicou todos os tipos de chocolates com formas de romantismo disponíveis na mesa. A atendente deixou escapar um sorrisinho orgulhoso.

– E você, rapaz loiro? Presenteará o seu garoto com algo? – Ela me perguntou.

– É óbvio, senhorita. – Respondi-a educadamente, tirando do bolso alguns dólares e pagando-a. Em resposta, obtive um embrulho como o que Blaine comprara para mim: Em formato de coração, o chocolate.

Depois de ele ter pagado todos os chocolates que compara para mim, entreguei o que comprei a ele e passei meu braço ao redor da cintura do moreno e ele fez o mesmo com minha cintura.

– Vamos comer? – Sugeri, chegando a uma praça de alimentação silenciosa. Nos acomodamos – após o consentimento de Blaine – em uma mesa para dois, depositando os chocolates na mesa e abrindo uma caixa de bombons, dos quais começamos a provar.

O tempo passou, até que toda a doçura que havia em meus lábios desaparecesse. A visão era desagradável. Eram desproporcionais. Não pareciam combinar. Mas tê-lo longe de Blaine era o que realmente importava para mim. Kurt, há alguns metros, estava aos beijos com Dave Karofsky. Fiz um cara de nojo, enquanto passava a língua pelo meu polegar, impregnado de chocolate.

– O que foi, Sam? – Perguntou Blaine, dando uma mordida no seu chocolate. – Está ruim o doce? –

– Não... – Respondi, a voz arrastada. – Olha lá. – E indiquei com a cabeça.

Blaine riu.

– Pff. Sério que você ta ligando para isso? – Ele revirou os olhos.

– Vai que ele contratou Dave só para fazer ciúmes em você... –

– Claro que não, Sam! Kurt nem sabia que eu estaria aqui, hoje. –

– E nem deveria saber, né... –

– Ahm? –

– Esquece. –

A cena repetiu-se várias vezes. Kurt e Dave estavam em altos amassos, próximos a um pilar e depois de um tempinho, eles começaram a se aproximar da região d’onde eu e Blaine estávamos.

– Sam! – Exclamou Blaine. – Disfarça. Não deixe eles verem que estávamos cuidando eles. –

– C-c-claro. – Concordei rapidamente, virando bruscamente o rosto e colocando-o quase dentro da caixa de poucos bombons restantes.

– Olá! – A voz enjoativa e feminina de Kurt soou em meus ouvidos.

– Oi. – Respondi amargamente. Já Blaine fora mais educado. Aquilo me incomodou.

– Como estão? – Perguntou Dave, apertando a mão pequena de Kurt entre a sua: Parecia uma pata de urso.

– Estávamos bem até uns minutos atrás, mas... – Respondi o maior, lambusando-me com um novo bombom. Uma forma de distrair-me da desagradável visão de Kurtofsky.

– Pare de mentir, Evans! – Interpôs Hummel, cutucando o meu ombro. Desviei rapidamente do toque do garoto. – Você adorou nos ver. Tanto que pude perceber o seu olhar de inveja ao ver eu e meu grande Dave aos beijos. – Provocou.

Blaine me olhou assustado.

– Claro que não, Porcelana! – Repliquei, dirigindo-me a Kurt com um dos ''carinhosos'' apelidos postos por Sue Sylvester. – Eu só estava azedando a minha doce Páscoa com seu maravilhoso ex-namorado, tendo a desagradável visão de você com esse peludo! – Respondi, secamente.

– Até parece que o Blaine é totalmente depilado. – Kurt riu sarcasticamente, olhando o ex-namorado dos pés à cabeça. Era um olhar de cobiça?

– Ao menos ele não é um saco de banhas. – Continuei. Segurei a mão de Blaine e deslizei-a pelo meu rosto. Ele não se manifestava, nem Dave.

– Até parece que o Blaine é musculoso. – Kurt replicou.

– Ele é! – Alterquei. – Só não mostro o tanquinho dele aqui no shopping, porque né, tenho dois gays aqui na minha frente e cobiçar o namorado alheio é pecado. Aliás, vocês estão juntos? –

– Tecnicamente, estamos ficando. Mas disse a Karosfky que ele pode me pedir em namoro depois do meu primeiro sucesso na Broadway. – Esperançoso, Kurt Hummel suspirou.

– Ou seja, nunca... – Sussurrei baixinho.

– Eu confio no potencial do meu parceiro, lábios-de-moça. – Dave manifestou-se, com ar superior.

Certo... O grandão me assustava. Muito.

– Aposto que a família Hummel-Hudson também confia! – Blaine disse e eu cedi um tapa à mão dele.

– Fica quieto, Anderson. – Pedi, revirando os olhos, enciumado.

– Mas... – Ele iniciou, porém, Kurt o interrompeu:

– Não precisa dizer nada, Blaine. Eu sei o quanto você confia no meu potencial. Na realidade, eu até aposto que você confia em nós ainda. Mas desista! Você me perdeu. E eu superei. Karofsky é muito mais másculo que você e não curte ser o passivo, mesmo você sabendo, quando namorávamos, que eu era o passivo ideal para a relação... Tudo bem, valeu as sessões com o vibrador! – Ele riu.

– Olha, fica quieto, Kurt! – Exaltou-se Blaine, levantando-se do assento. Levantei juntamente, segurando o namorado pelo braço.

– Não dá bola, amor... – Pedi, ficando vermelho de raiva.

– É claro que dou! Kurt está falando isso em público! – Bradou. – Pois, sabe... Com Sam tudo é melhor! Podemos fazer tantas coisas juntos, sem nos preocuparmos com obstáculos bobos, que sinto até que respiro melhor assim! –

– Ainda continuo apostando na ficha de que você sente falta de mim... – Investiu Kurt, venenoso.

Eu me aproximei do garoto, com as mãos em punhos, querendo socar tal, porém Dave, como uma fera protetora, protegeu o parceiro. Pôs-se a minha frente e senti-me diante de uma parede. Ele desferiu um forte soco ao meu rosto, me fazendo cambalear e bater com a nuca na quina da mesa. Fechei os olhos e escorreguei. A cabeça doía muito e eu apaguei! De qualquer forma, fui presenteado com um roxo no olho esquerdo.

Foi após muito tempo que eu acabei acordando. Já estava em casa, atirado no sofá. Blaine estava de joelhos no chão, me encarando.

– Hey! – Chamou-me ele, acariciando o meu rosto.

– O que aconteceu? – Perguntei, confuso, acariciando a minha cabeça que doía bastante.

– Brigas... Esquece isso, Sam. Digo, tenta não se lembrar! Ainda faltam algumas horas para o dia acabar e ainda temos alguns chocolates para consumir. – Blaine estava extremamente gentil e cuidadoso, o que me alegrava bastante.

– Vamos... – Concordei e sentei-me sozinho (mas com dificuldade) no sofá. O moreno afastou-se e depois de um tempo, voltou, com uma sacola cheia de chocolates, da qual desfrutamos juntos.

Por mais que tudo estivesse bem, eu estava com razão: Kurt era meu inimigo e eu teria que competir o meu espaço com ele, por mais que eu soubesse que, em partes, Blaine me pertencesse. O meu único desejo agora era para que novos inimigos não surgissem, pois seria difícil lidar com isso. Eu já tinha o ódio e raiva de Karofsky e isso valia por uma manada. Olha o tamanho do cara... Disperse, Sam! É Páscoa. Aproveite. Relaxe. Amanhã já e Segunda-Feira e você tem escola. Pff!


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Notas finais do capítulo

Eu sinceramente peço desculpas pela demora! Mas a vontade de postar aqui estava inexistente... Bem, em pleno Domingo de Páscoa eu trouxe a vocês um capítulo novo e, claro, com a temática Páscoa. Sei que muitos abandonaram a fic pelo fato da ausência de postagens, mas quem ainda a acompanha, continue! Espero que tenham curtido o capítulo e, se possível, deixem um comentário.