Eu nunca acreditaria se alguém me dissesse que eu iria passar minhas férias de verão na pequena reserva de La Push, mas depois que meus pais morreram num trágico acidente de carro a minha vida parou de ser planejada. Eles deviam estar cansados da viagem e meu pai acabou dormindo ao volante, assim não conseguiram desviar a tempo de uma árvore e morreram no local. Essa foi toda a informação que recebi da policia logo depois que eles nos ligaram informando do acidente. Naquele momento eu não raciocinei, era como se o mundo ao meu redor se movesse em câmera lenta, eu escutava as vozes, mas estava chocada demais para responder. Meu “choque” durou exatamente duas semanas, logo depois eu tive que voltar ao mundo real e me conformar que eu não tinha mais uma família. O nosso – agora só meu – advogado cuidou para que todos os bens da família ficassem no banco e que eu pudesse recuperá-los quando atingisse a maior idade. Até ter 18 anos eu iria morar com minha tia Sue na pequena reserva de La Push, perto de Forks.

Agora eu estava num ônibus em direção a minha nova vida. Levava apenas meu violão, minha mochila e uma pequena mala. Na verdade eu não fazia ideia do porque de está levando um violão pra lá, eu sempre amei música e ela sempre fez parte da minha vida, minha mãe me ensinou a tocar piano e meu pai, violão, mas tudo isso me lembrava que eles não estavam mais aqui e que não iam voltar. Estava perdida em pensamentos quando o ônibus finalmente parou. Eu desci sem o mínimo animo, peguei minha mala e fui a procura da minha tia.

Tia Sue não tinha mudado muito desde a última vez que a vi, três anos atrás, eu não tinha muito contato com o resto da família, mas eu sempre a via de tempos em tempos. Ela abriu um grande sorriso e veio na minha direção.

– Oh minha querida – ela disse me abraçando – eu sinto tanto...

– Tá tudo bem tia... eu só preciso seguir em frente agora. – Eu respondi e a abracei mais forte.

P.O.V. Jacob

Eu estava mais uma vez fazendo ronda e aquilo já estava me deixando totalmente estressado. Logo depois de me tornar lobo e recusar meu posto de Alpha, a maioria das minhas noites eram passadas sozinho – as vezes com o Seth ou a Lea – na floresta fazendo ronda e impedindo que algum sanguessuga entrasse na reserva. Na outra parte do dia eu ia à casa da Emily e ficava na sua pequena sala com mais de 10 adolescentes fortes e altos como eu. E acreditem se quiserem, podia piorar, eu podia ter o azar de fazer ronda junto com o Jared, o Paul ou algum outro lobo que já tivesse tido seu imprinting e teria de aguentar horas e horas de como suas namoradas eram totalmente perfeitas. Pra você que não sabe, o imprinting é uma magia idiota que existe desde o tempo nos nossos ancestrais e que nos faz ter um tipo de “amor à primeira vista” muito mais forte. A parte legal é que é quase impossível uma garota resistir a ele, pois o lobo que sofreu o imprinting fará de tudo pra sua garota se sentir bem e será tudo o que ela pedir ou precisar. A parte ruim é que você não pode namorar como um adolescente normal, pois sempre terá o risco de você sofrer um imprinting e partir o coração da outra garota.

Agora eu estou vestindo minha usual bermuda rasgada e indo em direção à casa da Emily ficar um pouco com meus irmãos. Cheguei logo abrindo a porta e me deparando com a mesma confusão de sempre, uns garotos comiam, outros riam e brincavam enquanto Emily cozinhava e Sam tentava amenizar toda a bagunça. Sentei-me numa cadeira no canto da parede e Seth logo se virou para falar comigo.

– Hey Jake, vamos ter luau amanhã, você vai não é?

– Não sei Seth, não estou com muito animo pra festa...

– Ah, deixa disso Jake – Quill rebateu – Todo mundo vai, inclusive a nova sobrinha da Sue.

– Acho que vou dar uma passadinha...

Fiquei o resto da noite comendo e brincando com meus irmãos. Depois de sermos transformados, nos passamos a ter uma relação de irmandade, ou seja, um tinha um problema, todos se mobilizavam a ajudar, aqueles garotos eram a minha família. Logo depois que a minha mãe Sarah morreu, eu, meu pai e minhas duas irmãs, perdemos a alegria que tínhamos na casa, depois de anos os meus irmãos finalmente conseguem me fazer rir e me sentir bem. Sai da casa da Emily e do Sam e fui em direção a minha que não era muito longe dali. Abri a porta tentando não fazer muito barulho, mas não funcionou, meu pai estava perto da mesa com sua cadeira de rodas.

– Sabe que não precisa me esperar, não tenho hora pra voltar.

– Eu sei, mas ainda sou seu pai, e não me importa se você se transforma um lobo de dois metros de altura, eu ainda me preocupo com você.

Assenti e fui acompanha-lo até seu quarto. Logo depois já me sentia exausto, tomei um banho rápido e cai na cama dormindo rapidamente.

P.O.V. Nessie

Enquanto íamos para minha nova casa, eu aproveitei pra dar uma olhada no visual da reserva. Eu olhei pro céu e vi que ele estava nublado, vesti também o meu casaco, pois começava a ficar frio, vou ter que me acostumar com isso. A floresta ia passando rapidamente na janela do carro e eu jurei ter visto um animal muito grande, como um lobo. O carro entrou numa estrada de terra e poucos minutos depois já se via uma placa de “Bem vindo a La Push”. Tia Sue se despediu de seu amigo Charlie e me ajudou com as malas. A casa dela não era nenhuma mansão, mas era bem confortável e quente. Passamos por um corredor e ela parou em frente a uma porta de madeira.

– Aqui é seu quarto – Ela falou e abriu a porta – Não é muito grande, mas você tem seu próprio banheiro. – Disse e apontou para outra porta no quarto.

– É perfeito – respondi – Muito obrigado tia.

– Não há de quê querida, agora vá arrumar suas malas porque amanhã temos um luau na praia e antes você pode aproveitar pra conhecer um pouco o lugar.

Assenti e fui arrumar minhas coisas no armário. Terminando de fazer isso tomei um rápido banho e dormi um sono sem sonhos.

Acordei com a luz do sol no meu rosto e logo me levantei, fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal e coloquei um vestido florido e uma sapatilha. Fui em direção à cozinha e encontrei tia Sue fazendo panquecas e torradas para o café-da-manhã.

– Bom dia minha querida – Ela me cumprimentou.

– Bom dia – Eu respondi me sentando à mesa e comendo umas torradas.

Logo depois do café eu fui dar uma explorada na reserva, saí da casa e notei duas motos velhas encostadas na parede. Eu nunca fui muito interessada em motos e carros, mas eu gostava e certamente um pouco de velocidade deixaria o verão mais interessante. Infelizmente depois de ir até elas, vi que estavam se condições de uso e que necessitariam de um mecânico pra voltar a funcionar. Como não tinha moto, seria de pé mesmo, saí e fui caminhando pela praia.

 P.O.V Jacob

Me levantei de manhã já morrendo de fome, tomei banho, coloquei uma bermuda e uma blusa e fui em direção à cozinha. Ia abri a geladeira quando vi um bilhete escrito “ Fui pescar com o Charlie, não me espere. Billy”  joguei o bilhete no chão e tirei da geladeira todos os ingredientes para um super sanduiche.

Terminei de comer e fui na casa da Emily. Chegando lá encontrei menos pessoas do que o normal, a maioria devia está dormindo ou na ronda.

– Sam – Cumprimentei logo que entrei.

– Oi gente – Falei sorrindo em direção á Paul, Jared e Embry que estava devorando panquecas na mesa.

– Oi Jake – Responderam ainda de boca cheia e eu ri da cena.

Fiquei a tarde inteira na casa da Emily e quando a noite começou a chegar fui pra casa me trocar para o luau.

P.O.V. Nessie

Fiquei a manhã toda caminhando na praia, voltei pra almoçar e dormi o resto da tarde. A noite começou a chegar e eu não estava com a mínima de coragem de me levantar naquele frio e ir me trocar pra droga do luau. Levantei-me sem a mínima vontade, tomei um banho, abri o guarda-roupa e peguei um vestido branco, um casaco e uma sandália sem salto.

Saímos eu e Sue em direção ao luau e eu já começava a ver a fogueira e as pessoas chegando.

Chegamos ao luau e Sue foi logo falar com as pessoas que deviam ser as mais velhas da reserva. Eu fiquei em pé totalmente sem graça enquanto ela conversava animadamente com um homem em uma cadeira de rodas. Logo depois que terminaram de conversar ela se lembrou da minha presença e foi me apresentando o homem.

–Billy, essa é minha sobrinha, Nessie.

–Muito prazer querida– O homem disse tentando ser simpático.

–Igualmente Billy,estou gostando muito daqui.

– Que bom! Agora se me dão licença eu vou falar com o velho Ateara.

Ele saiu em direção ao um homem muito mais velho e Sue se virou pra mim:

– Vamos comigo– ela me puxou– Precisa conhecer umas pessoas.

Ela me puxou e me apresentou algumas pessoas da tribo, e eu fiquei lá, forçando risadas e dando sorrisos falsos. Até que ela me apresentou o filho de uma de suas amigas, o Seth. Era um garoto moreno, bonito e bem forte, do jeito animado que ela falou comigo eu deduzi que ele devia ter uns 15 anos, embora seu corpo fosse de um de 17. Ele era muito simpático e nos conversamos um pouco, até que eu vi uns garotos bem grandes e fortes chegando e ele logo me arrastou até eles.

– Gente essa é a sobrinha da Sue, Nessie. – Ele me apresentou. – Esses são o Sam, Jared, Quill e Paul.

– Muito prazer – Eu respondi e me perguntei o que tem na água dessa reserva que deixa todos tão fortes.

– Igualmente Nessie, é muito bom tê-la aqui. – Respondeu o que parecia ser o mais velho deles.

– Ah e esse é o Jacob – Seth me apresentou a um garoto que eu vi chegando e que parecia o mais bonito de todos.

Levantei minha mão em sua direção para cumprimenta-lo, mas quando seus olhos encontraram com o meu eu logo me senti atraída.  Para de encarar o garoto Nessie, ele vai pensar que você é uma louca. Mas eu realmente devia estar pirando, pois eu pensei ter visto ele me encarando com uma adoração anormal. Então, contra a minha vontade, decidi parar de olhar para o tal Jacob. Continuei com a mão levantada esperando alguma ação do tal rapaz e olhei confusa para Seth que parecia abismado com toda a situação. Então o Sam, que parecia “comandar” os outros garotos, puxou o Jacob forçadamente e me disse:

–Ah, tenho certeza que ele está encantado em conhecê-la. Nos vemos por ai. – Ele disse e foi levando o Jacob e os outros garotos, incluindo Seth.

Eu fiquei parada por uns segundos e voltei a realidade indo até a mesa de comida, me empanturrar de cachorro-quente certamente ajudaria. Voltei pra casa na companhia de uma Sue cansada e fui direto pra cama ainda tentando entender o que tinha acontecido com o Jacob.