Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 32
Capítulo 31 - Início


Notas iniciais do capítulo

Sim, me atrasei bastante essa semana, mas não foi por nada não, foi desanimo mesmo. Não pela fic tá acabando, foi desanimo que ninguém apareceu mesmo ):
Bom, deixando isso pra lá, espero que gostem deste capítulo.



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          No momento em que a nave pousou e todos os 34 híbridos saíram de seu interior, não foi preciso muito para ver que a cidade já estava abandonada. Mal o último híbrido saiu, as portas da nave se fecharam e ela rapidamente alçou voo, nos deixando ali. Perguntei-me que, se caso todos sobrevivessem, não haveria como contatar a Ordem. Acho que eles gostariam que voltássemos com nossas próprias pernas.

          O vento assobiava e nevava furiosamente, embora eu não sentisse frio. Também não havia luz no céu, apenas as nuvens branco-acinzentadas, que fazia o local se tornar ainda mais sombrio. Quase todos ali poderiam muito bem se camuflar em meio à neve. Era só se enterrar e deixar apenas a cabeça para fora.

           Você não está falando sério, está?

           Claro que não Hideo.

           Olhei em volta, a procura de algum sinal de vida, mas nada. Todas as casas metodicamente abandonadas por seus moradores, para que pudessem sobreviver. Não passava de uma cidade agora fantasma. Ali só tinha... Vinte ou trinta casas de moradia no total, alguns locais públicos, uma escola e lojas, iluminadas precariamente por postes de ferro que irradiavam uma fraca luz amarelada, que não se estendiam muito, porém, quando a neve chegava perto de seu vidro, quase que derretia-se imediatamente em pleno ar.

           - Bom, acho que devemos procurar algum local para ficarmos até iniciarmos a batalha. – Dante disse de maneira bruta.

           - Tem razão, não tem ninguém aqui, então podemos ficar em qualquer casa. – falei. – Façam o que acharem melhor, mas não saiam daqui e estejam preparados para ataques surpresas.

           Pareceu-me que todos assentiram, e lentamente, os híbridos começaram a se dispersar. Estendi a minha mente ao máximo que pude, e encontrei quatro Despertados a uma distância de cinco horas, mas aproximavam-se a tal velocidade que chegariam em no máximo três ou duas horas, o que significava que em breve teríamos de lutar. Mas o que me alarmou foi que a uma distância de um dia e meio, estava um grupo de mais de quinze Despertados.

           Hideo continuara parado ao meu lado e pareceu se preocupar com o que constatei. Éramos quatro grupos grandes, com certeza daríamos conta daqueles quatro que estavam vindo, mas... Quantos Despertados a mais deveriam existir ali, embrenhados nas montanhas do norte?

           - Que tal ir para uma casa? – Hideo perguntou. – Você pode gostar de neve, mas eu odeio.

           Assenti, afinal, sabia disso muito bem – embora não o mandara ficar me esperando -, então nos dirigimos a uma casa que deveria ser pintada de... Salmão, mas havia tanta neve a cobrindo que não dava para ter certeza. Empurrei a porta e vi que ainda havia tudo ali, os sofás, a TV, o tapete, mesa de centro, tudo. Literalmente, haviam abandonado tudo.

           Experimentei ligar a luz, que se acendeu rapidamente. A energia elétrica das casas ainda estava pegando, mas por quanto tempo?

           Havia um pequeno corredor contendo uma escada, então deixei minhas sacolas encima do sofá e subi. No segundo andar haviam portas dispostas pelo corredor, com certeza os quartos. Abri a primeira porta a esquerda e acendi a luz.

           Era um quarto de menino, mais precisamente, dois meninos. As paredes eram pintadas de azul escuro com detalhes vermelhos, haviam duas ligeiramente bagunçadas com lençóis da mesma cor. Havia vários adesivos fluorescentes de estrelas e animas pregados nas paredes. Entre as duas camas, cada uma em uma parede, havia uma estante cheia de brinquedos de super heróis, monstros e carros. Distante de tudo, havia um guarda roupa branco, azul e vermelho.

          Fui até a estante de brinquedos e vi que ainda tinha ali um porta-retratos com a foto de um homem idoso e magro com dois garotos loiros de olhos azuis idênticos. Se aquele quarto era o quarto de gêmeos, era muita coincidência.

          Saí de lá e entrei noutro quarto, e dessa vez, era um quarto de meninas, com as paredes pintadas de rosa claro, salmão e detalhes brancos que pareciam renda. Haviam várias bonecas e bichinhos de pelúcia arrumados pelo lugar, as camas tinham lençóis claros com renda e um guarda roupa branco entre elas. Havia uma foto na parede de duas meninas idênticas loiras de olhos azuis com os meninos da foto. Deveriam ser quadrigêmeos, pois pareciam todos terem a mesma idade.

          O outro quarto era um quarto de casal e terminava ali os incríveis cômodos da casa abandonada. Desci as escadas e vi a porta aberta, deixando a neve entrar. Saí da casa e fechei a porta atrás de mim. Vi Hideo com uma garota com o cabelo preso em dois coques, cada um em cada lado da cabeça, com um tecido rosado os escondendo, que eu sabia ser Miranda, no outro lado da praça que ficava entre as casas, no meio de duas casas. Me aproximei e Hideo disse:

          - Yu, olhe isto.

          Vi que era uma espécie porta de ferro aberta no chão, como se fosse um porão, e visivelmente havia escadas de pedra abaixo dela. Logo então escutei a voz de Larry gritar lá de dentro:

          - É enorme!

          Deveria ser realmente enorme, pois sua voz chegava até mesmo a fazer eco. Haviam outras duas Auras ali, que reconheci uma como sendo a de Diego, que estava tão distante que poderia muito bem estar do outro lado da cidade.

          Desci as escadas e vi que estava certo. Enorme era um apelido diante a extensão daquele local. Um porão enorme, com a extensão de toda a cidade talvez maior, existia ali. As paredes de terra e pedra traziam vigas de madeira para não desabarem, e o chão era tão liso como se fosse feito de alvenaria. E aquilo me deu uma ideia:

           - Ei! – gritei para Hideo.              

           - O que foi?! – gritou de volta.

           Subi as escadas e falei para ele e Miranda, que permanecia em sua anormal quietude e calada. Seu rosto era um tanto anguloso e ela era bastante pequena e magra. 

           - Vamos por tudo aqui.

           - Tudo? – ela perguntou como se não entendesse a que eu estava me referindo.

           Larry subiu enquanto eu começava a explicar.

           - Só por medida de segurança e sobrevivência, vamos por tudo o que for útil aqui. – apontei para o porão. – Roupas, comida, coisas como, sei lá, colchões.

           -... Para quê? – Larry perguntou.

           - Pensa comigo. Os Despertados já estão vindo, e vão destruir muita coisa. Se eles destruírem tudo, já era a comida, e também o conforto, não é?       

            Hideo foi o primeiro a entender, por motivos óbvios. Miranda e Larry demoraram um pouco até concordar, e então fomos para as casas. Logo foram avisando aos outros e então todos estavam levando tudo o que achavam úteis para aquele porão, até armários com talheres, panelas e pratos. Havia alguns que perguntavam o porquê de terem de fazer aquilo, mas moviam as coisas de qualquer jeito. A única exceção era Dante, que achava que tudo aquilo era uma perda de tempo e estava apenas parado encostado em uma parede, reclamando em alto e bom som, nos chamando de idiotas e dizendo aos outros que estavam cumprindo as ordens de um inútil que só estava no topo por armação. Eu estava realmente morrendo de vontade de dar um soco naquele musculoso idiota para que ele calasse aquela boca.

             Quando fui para uma casa mais afastada somente para ficar a mais distância de Dante, assim me impedindo de fazer alguma besteira, Anita me seguiu. Abri a porta e vi que a casa só possuía um cômodo com a cama num canto, uma mesa no centro, uma bancada, duas cadeiras e um armário. Haviam várias sacolas enormes encostadas nos cantos.

             - Por que está fazendo isso? – perguntou enquanto eu tirava um colchão de uma cama e o enrolava, mas ele “lutava” para se manter reto.

             - Eu senti Auras. – respondi, irritado com aquele objeto. – Quatro estão vindo para cá, assim que terminarmos, teremos de nos preparar.

             - Apenas isso?

             - Não. Está vindo para cá também outro grupo, mas provavelmente só irá chegar amanhã... Um grupo de mais de 16 Despertados. – Suspirei, enquanto a via encarar-me incrédula. – Consegue calcular as chances de sobrevivência?

             - De todos ou de apenas alguns? – perguntou enquanto pegava os sacos de grãos que estavam no chão.

             - Ambos. – respondi.

             - Com um pouco de sorte, se alguns saírem vivos, terão uma chance de... – parou ligeiramente, calculando. – Quinze a trinta por cento de chances de sobrevivência.

             - Não dá para se um pouquinho otimista? – gemi.

             - Eu estou sendo otimista. – retrucou e quase que senti um tapa na cara.

             - E todos? – perguntei, embora que, por dentro, já soubesse a resposta.

             - Quase zero. – respondeu automaticamente.

             Parei, então deixei que um suspiro pesado saísse de meus pulmões. Não havia modo de que todos sobrevivessem? Peguei um saco que me pareceram grãos, que estavam em um canto, e pensei: Metade da Ordem está sendo mandada para a morte? Hideo ficou tenso em minha mente, e perguntei novamente.

             - Anita, você não acha estranho o fato de que mandaram metade da Ordem para uma missão suicida?

             - Claro que sim. – disse secamente.

             - Deve haver algo que possa ajudar. – falei, saindo da casa, pensando nas possibilidades. Depois de algum tempo, lembrei repentinamente do que Lionel dissera na Terra. – Se tivéssemos Transfiguradores e Supressores, eu teria uma ideia. – suspirei.

             - Mas temos. – Anita disse, me assustando.

             - Temos?

             - Na minha sacola, assim como a de todos do meu grupo ao menos, veio um pequeno saco com cinco pílulas em cada um, talvez para caso quisermos fugir. – bufou.

             Beleza! – Hideo exclamou.

             Voltei para o porão e desci as escadas do porão e vi alguns híbridos lá. Apesar de ter ali várias coisas de provavelmente toda a cidade, só estava cheio até a metade. Pus as coisas ali e vi Raquel e Susana colocando algumas roupas ali. Pisquei ao ver que havia coisas de couro e ferro.

             - Onde vocês conseguiram isso? – perguntei e Raquel deu um salto, assustada.

             - Na sede do governo. – Susana disse. – Tinha isso lá, acho que era para... Sei lá, os guardas, ou caçadores.

             Antes que eu falasse algo, ela saiu de lá e subiu as escadas rapidamente. Eu conseguia escutar o coração disparado de Raquel e ela estava demorando demais para por apenas duas botas de ferro e uma muda de roupa no chão. Não sabia se era impressão minha, mas seu rosto estava vermelho.

             - Você se assustou? – perguntei.

             - Eu só... Não esperava que... – Raquel balançou a cabeça. – Deixa pra lá.              

             - Não esperava o quê? – questionei.

             - Nada! – exclamou, parecendo estar sem graça.

             Claro que aquilo não me convenceu, mas resolvi deixar para lá.

             Depois de que tive certeza de tudo estava debaixo da terra, comecei a sentir as quatro Auras cada vez mais próximas. E não somente eu. Sem exceção, todos correram para pegar suas armaduras e vesti-las.

             Quando tirei a minha da sacola, vi que era completamente negra com alguns traços azuis. Bufei ao ver que o capacete tinha os traços dispostos a parecerem uma coroa. Não havia necessidade para aquilo. Mas ainda assim eu a vesti, já que era a única armadura que eu possuía...

             No fundo da sacola haviam os pequenos pacotes com Supressores e Transfiguradores. Encarei-os, para então colocá-los dentro da mochila.

              - Yudai, estou com medo desse seu novo símbolo. – Hideo riu, ainda sem capacete, pegando a pulseira. Era de ouro e prata e sofisticada demais para mim.

              Peguei a pulseira e experimentei transformá-la em uma claymore.

              Hideo começou a rir.

              Bufei ao ver que a espada era tão decorada que se não fosse por meu símbolo gravado em sua lâmina, eu juraria que seria mais uma espada ornamental do que qualquer outra coisa. Seu punho era feito com o que parecia ser cristais esverdeados e arredondados, sem falar que fizeram o favor de fazer floreios justo no símbolo!

              - Estou ansioso para vê-lo lutar com essa espada, senhor número 1. – Hideo disse num tom falsamente educado.

              - Cala a boca. – grunhi e só coloquei aquela pulseira por cima da armadura, então peguei meu símbolo normal. – O outro só será para casos extremos. Só a armadura já basta.

              - Ah... – Hideo lamentou.

              Saí de dentro da casa, e vi quase todos os híbridos já do lado de fora. Pus o capacete, e verifiquei as Auras.

              Dentro de alguns minutos elas iriam chegar, e logo os vi, os quatro Despertados.

              - Os quatro grupos, se separem. – Ordenei. – Cada um ficará com um Despertado.

              - Boa sorte para todo mundo. – Hideo acrescentou.

              Ouvi murmúrios de todos os trinta e dois restantes.

              A Guerra do Norte iria começar.      


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Notas finais do capítulo

Oito capítulos. É isso que falta gente, oito capítulos! Uhhullll *fica animada rapidinho*
Bom, até o próximo cap, e dessa vez, sem nenhuma curiosidade!



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