Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 22
Capítulo 21 - Sobreviver


Notas iniciais do capítulo

Eee olá =)
Bom, tenho um aviso para aqueles que são sensíveis à cenas violentas e etc e tals. Se meu livro um dia virar filme, só esse capítulo o transformará em +18 o.o'
Esse capítulo tem muita mutilação e sangue. Muito sangue. Vocês viram que o Nick é forte, certo? Então, estão avisados!
Bom, escutei duas músicas enquanto escrevia este sanguinário capítulo: The Red Carpet Day Rose Version da banda japonesa Versailles, caso não goste de j-rock, escutei tmb Scaretale do Nightwish. Bom, até o próximo cap!



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Seus olhos se arregalaram e ela praticamente gritou.

– Não!

– Se você descer por esse caminho, vai estar a salvo, eu vou continuar aqui em cima e o levarei para outro lugar. – continuei, era estranho, depois de tanto tempo, falar aquilo chegava a doer.

– Não! Eu quero continuar com você!

– Raquel! Ele vai sentir a minha Aura, vai me seguir por onde eu vá! Não temos muito tempo, você tem que ir! – Falei exasperado. A Aura dele estava entrando na floresta, numa velocidade assustadora, diga-se de passagem. Era quase tão rápido quanto Hideo, não demoraria mais de... No máximo sete minutos para nos alcançar.

– Não! Se você morrer ou se a gente não se encontrar de novo, eu não vou aguentar! – gritou para mim, as lágrimas já estavam correndo por seu rosto. – Eu não tenho ninguém aqui, você me salvou e me deixou te seguir! Eu não tenho para nenhum lugar por onde ir!

Eu a puxei e a abracei. Com força. Eu também gostava dela, demais, eu me apegara a ela. Era verdade que se Nicholas me atacasse eu possuía mais chances de morrer do que sobreviver, e sabia que ele ia me atacar. Mas não ia deixar ela morrer, não, não ia. Soltei Raquel e falei:

– Eu não vou morrer, eu te prometo. Eu vou viver, até te encontrar de novo. Se mantenha viva até lá. Temos que nos manter vivos.

Ela começou a soluçar e me abraçou com força, e mordi meu lábio inferior com tanta força que senti o gosto de sangue, então me soltou e começou a correr pelo caminho da descida enquanto chorava.

Suspirei e me forcei a correr. Corri, minhas pernas ainda doíam diante os cortes feitos por Nicholas, mas me obriguei a ir até uma clareira, parando ali, pois tudo terminava naquele local, era à beira do penhasco, e sob ele passava-se um rio furioso, sentia que Nicholas estava prestes a me alcançar.

Nesse momento, Nicholas chegou, sem nenhum arranhão. Ele olhou para os lados e sorriu.

– Você se livrou da garota. – riu. – Você é bem lento se for pensar em seu número... Ou é culpa desses cortes?

Apenas trinquei os dentes, conseguia ver, eu não era páreo para ele, e quando vi, sua Aura aumentou de modo disparado, seus olhos se tornaram negros, elevando-a em apenas 10%, mas era tanta energia que eu chegava até mesmo a sentir minhas mãos tremerem.

Mas eu ia sobreviver. Eu tinha prometido isso.

– Me desculpe... – começou. – Mas como eu acabei de lutar, eu ainda estou um pouco descontrolado... – Sorriu, seus caninos brancos eram verdadeiras presas. – Eu quero cortar Despertados... Mas você serve...

Peguei minha espada e suprimi totalmente minha Aura para que eu conseguisse prever os movimentos dele sem interferência da minha. Comecei a controlar meus batimentos cardíacos para não perder muito sangue, pois sabia que iria me ferir bastante. Não que fosse pessimismo, mas um cara que acaba sozinho com um Despertado em menos de dez minutos não é exatamente fraco.

– Você suprimiu sua Aura. – bufou. – Que tédio.

Ele me atacou de frente e bloqueei seu ataque, então tentou pelo lado e novamente o bloqueei, conseguindo prever seus movimentos ainda melhor diante sua Aura elevada. Cada ataque tinha tanta força que a cada golpe que parecia que quando eu aparava cada golpe ressoava em meus ossos e os trincava por dentro, mas me mantive firme. Os golpes ficavam cada vez mais difíceis de aparar devido à força e velocidade que aumentavam gradativamente, quando ele reparou que havia algo errado e começou a rir enquanto atacava.

– Você está suprimindo sua Aura para poder prever meus movimentos, que esperto! Retiro o que disse antes!

Ele reprimiu sua Aura completamente, impedindo-me de continuar a prever seus ataques, mas algo gritou dentro de mim no exato momento que senti algo como escamas roçarem por meu tronco e saltei para trás do exato momento em que ele dava um golpe. O problema é que me aproximei demais da beira do penhasco e por pouco não perdi o equilíbrio. Deve ter sido uma cena patética, com direito a eu ter de balançar os braços.

– Ora... Você tem uma ótima intuição. – falou. – Acho que vou te dar uma chance. – Um sorriso sagaz apareceu. – Por favor, não morra tão rápido para a diversão não acabar tão cedo...

Senti sua Aura voltar e ela iria se direcionar para meu ombro esquerdo, mas quando fui bloquear, ele mudou de direção tão rápido que atingiu de baixo para cima, meu ombro esquerdo. Trinquei os dentes com mais força diante da dor, mas me ombro não sangrou muito devido ao fato de eu estar controlando meus batimentos cardíacos. Ele atacou novamente e mudou de direção, atingindo um pouco acima de meu peito, o que doeu insuportavelmente. Não, espera...

Ele me atacou de novo e olhei com atenção, algo... No momento em que ele me atacou em direção ao meu ombro direito, algo subiu em alta velocidade por sua espada e foi em direção ao meu ombro esquerdo. Bati nela com o punho da espada antes que me atingisse e ela rapidamente desapareceu. Ele recuou praticamente lançando-se vários metros para trás, permitindo que eu pudesse sair da beira do penhasco.

– Ah... Você conseguiu ver, meus parabéns, embora não conseguisse ver claramente o que era, conseguiu bloquear.

Ouvi um sibilo e olhei para baixo e meu coração quase parou. A cobra que ele usava enrolada em sua coxa direita.

Estava viva.

Os olhos de pedra brilharam, ganhando vida, e ela arrastou-se pela perna de Nicholas até o chão. Os olhos negros me encararam e suas escamas eram brilhantes como ferro. Sua língua bifurcada saía ocasionalmente de sua boca e ela arreganhou as presas. Eram feitas de ferro, mas um arranhão era claramente o suficiente para fazerem aqueles cortes.

– Esta é Vouivre. – anunciou – Ela não é muito conhecida sabe...

A cobra começou a avançar contra mim numa velocidade assustadora e desviei por pouco de seu bote. Senti as gotas do veneno caírem em meu rosto.

– Ela não muito conhecida porque todos que a viram estão mortos.

Como? A cobra era um objeto inanimado, como ele conseguira fazê-la tornar-se algo vivo? Ela não exalava nenhuma Aura, não era algo que conseguia prever os movimentos. Ela enrolou-se no braço direito de Nicholas e pousou sua cabeça nas costas de sua mão.

– Essa é minha afinidade. – disse. – Eu insiro minha Aura em certos objetos e eles ganham vida. Quer continuar a lutar e ver se tem alguma chance?

Minha vontade foi de responder que fora ele que começara a luta e que nunca tivera uma grande chance. Mas em resposta, decidi apenas elevar minha Aura a 25%, as tatuagens surgindo novamente em meu rosto. Investi contra ele, mas aumentei mais minha velocidade e fui para trás dele, só que Vouivre foi rápida. Mordeu meu braço um pouco acima do cotovelo e praticamente levou a mão de Nicholas junto.

E ele cortou fora o meu braço na altura do cotovelo.

Gritei de dor, meus olhos lagrimaram, enquanto o meu braço que ainda segurava a espada caiu ao chão. Não saiu quase nada de sangue do ferimento, mas doía, como se tivesse uma placa de metal quente encostado no ferimento. Era uma dor extremamente tenaz, era horrível, e junto com ela a sensação de... Gelo. Tão frio que parecia queimar, talvez fosse pela picada da cobra, mas os dois juntos...

– Credo, que chato. – Nicholas disse desgostoso. – Acho que chegou a hora de você morrer.

Peguei meu braço com a espada no exato momento em que ele fez um corte que ia de meu ombro esquerdo até abaixo de minhas costelas na parte direita do corpo. Cuspi sangue, e nesse momento, pisei em falso e caí de cima do penhasco, em direção ao rio. Era uma altura extremamente alta, mas não soltei meu braço durante a queda, e o bater na água fora quase como queda em concreto, minha sorte fora que eu caíra numa parte funda, mas fui levado pela correnteza.

Não conseguia emergir para respirar, mesmo que eu aguentasse mais tempo debaixo da água, eu ainda precisava respirar. Eu tinha e queria sobreviver. Eu não iria quebrar uma promessa.

A água gelada aumentava a dor do ferimento no que restara de meu braço direito e o de meu tronco, fazendo-o arder insuportavelmente, de modo que, se eu não estivesse na água, provavelmente gritaria, e gritaria muito. Parecia mais álcool na ferida do que água, e saí quando a corredeira me levou até águas mais calmas. Com apenas a mão esquerda, pus o antebraço de meu braço direito na boca e segurei a espada com a esquerda. Era estranho, se fosse Hideo, não teria problemas, mas eu era destro, não conseguia usar meu braço esquerdo, ou melhor, não sabia.

Nadei até a superfície e cravei minha espada no primeiro pedaço de terra que achei, com dificuldade por esta desacostumado ao braço esquerdo e me icei para fora da água. Praticamente cuspi meu braço direito no chão e cuspi uma mistura de água e sangue, engasgado.

Com um pouco de sorte, Nicholas pensara que eu morrera devido ao profundo corte em meu peito, agora era somente fixá-lo no lugar e teria meu braço direito de volta.

– É só fixá-lo no lugar e pronto! Está novinho em folha! – a voz de Nicholas veio até a mim. – Ou ao menos, é o que você pensa, né?

Olhei para trás e ele estava do outro lado do rio, que não era tão largo assim, encostado em uma árvore. Vouivre voltara a ser uma cobra inanimada em sua coxa, só que dessa vez, na esquerda.

– Você quase me enganou. – continuou. – Com um profundo corte em seu peito, e sem o seu braço, caindo daquela altura, era perfeito, se não fosse uma coisa. – ele ergueu o dedo indicador. – Você não desistiu de seu braço direito, continuou segurando-o com força, e vi você apertando-o. Foi isso que te entregou.

Rosnei decepcionado comigo mesmo. Como eu não conseguira... Realmente, era a chance perfeita para enganá-lo!

– Sabe... Há algumas pessoas que são do tipo regenerativo. – comentou. – Mas depende de suas personalidades, e pelo pouco que vi, você não é desse tipo! – novamente, o sorriso diabólico e os olhos sedentos por sangue apareceram e então disse em um tom baixo, praticamente sussurrando, um sibilo. – Não ache que irei ficar parado enquanto você fixa o seu braço.

Praticamente corri até meu braço, mas ele cravou sua espada nele e o atirou no ar, e com golpes rápidos, cortou-o em pedaços extremamente pequenos, agora eram apenas pedaços avulsos de carne.

Eu não poderia fixar aquilo...

– Que pena... Você perdeu o braço que maneja a espada!

A decepção gritou ainda mais forte dentro de mim, não, não! Eu não poderia perder meu braço direito, não agora! Peguei minha espada com a mão esquerda, então fiz a única coisa que me restava: Fugi. Corri para a floresta e adentrei nela, no máximo de velocidade que consegui, mas Nicholas passou por mim e parou em minha frente, fechando o caminho, então virei para o lado oposto e continuei correndo. Meus ferimentos doíam, o do braço havia se tornado um problema, latejando insuportavelmente, mas o de meu peito não me deixava respirar direito, e quando vi, Nicholas apareceu novamente a minha frente, me acertou um chute no estômago que convenientemente – para ele – era bem encima do corte que ele fizera. Bati na árvore atrás de mim e senti tanta dor que sequer gritar eu conseguiria. Tudo girou vertiginosamente, mas me esforcei para manter os olhos abertos.

– Ainda não viu que não há como fugir, senhor número 9? – perguntou com um sorriso.

Saltei acima dele e cortei as árvores de que estavam ao seu redor, fazendo-as cair sobre ele, então parei encima de um galho, ofegante. Meu coração, por mais que eu tentasse, estava disparado, o sangue começava a fluir, descendo quente de meus ombros e de meu tronco por minha camisa e minha calça, manchando-as, o sangue em meu braço começava a pingar, eu estava começando a ficar tonto. Só então galho balançou, e Nicholas disse em meu ouvido:

– Que gracinha... Você está agindo como um animalzinho encurralado. Mas deve ver que tudo isso é em vão...

Ele me chutou de cima da árvore e bati primeiro com a cabeça no chão, o que doeu pra caramba, e depois o resto do meu corpo acompanhou. Tudo queria que eu continuasse no chão, esperando para morrer, pois doía, tudo doía. Mas me sentei, não vou morrer agora. Eu estava ferido, molhado e cansado, ofegava, estava atingindo o limite de minha resistência.

– Sabe, quando ficamos muito cansados, nossos corpos perdem a força e velocidades sobre-humanas, então o híbrido se torna momentaneamente um mero humano, precisando descansar para recuperar suas forças. – ditou. – É nesse estado em que você está agora. Por que não desiste? É uma promessa que fez para aquela garotinha? Você quer proteger ela?

Ergui a mão até minha espada, mas tinha algo errado, estava pesada, não conseguia erguê-la com uma mão apenas. O que ele disse era verdade?! Não! Eu tinha que conseguir, tinha que continuar vivo. Nicholas ia me matar se eu não fizesse nada. Senti algo se romper em minha mente ao mesmo tempo em que Nicholas falava:

– A ideia de que você não pode morrer ainda para proteger algo é a mais estúpida coisa que você pode pensar.

Yudai?! – Hideo exclamou em minha mente.

Eu ainda segurava minha espada e antes que eu formulasse algo para dizer a Hideo, Nicholas cortou minha mão esquerda fora. Gritei, aquilo doera mais ainda, ele cortou todos os quatro dedos, deixando-me apenas com meu polegar. Dessa vez não aguentei, as lágrimas de dor começaram a escorrer por meu rosto e minha visão começou a escurecer.

Tentei lutar contra ela, mas a escuridão era deveras tentadora. Não havia dor ali...

– E agora? Como você vai se defender?! Onde está sua força como um dígito único?! – Gargalhou. – Bom, foi divertido enquanto durou!

Hideo entrou em estado de alerta em minha mente, mas ele nãopodia fazer nada, estava muito longe...

Por favor, que Raquel fique bem.

Essa foi a última coisa que consegui pensar quando mergulhei na escuridão.



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Notas finais do capítulo

Cat, meu amigo psicopata - Jena_Swan -----> Nick, meu híbrido psicopata ------> meu! XD
Bom, não se desesperem, não o Yudai sofre mas não morre!
Esse é o Nicholas... Não consegui terminar o desenho dele com cara de psicopata, ficou perturbador demais para mim... Mas essa cara de garota dele é fofa ;-; *não bate bem da cabeça*
Ok, chega de papo... Reviews?