Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 23
Capítulo 22 - Inutilizado


Notas iniciais do capítulo

Eee obrigada pelos reviews, cara, eu ri muito com uma x)
Esse e o próximo capítulo trarão alguma luz aos mistérios de Lúcio e Sophia.
É, e também trará luz diante do que ocorreu anterior mente.



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A primeira coisa que senti quando acordei foi a falta de meu braço direito.

A segunda era que estava em uma cama.

Pisquei, ainda com a mente nublada. Eu... Estava numa cabana de madeira? É, estava. Era uma cabana bastante rústica e pobre, só tinham ali alguns cestos e uma cadeira além da cama onde estava deitado. Olhei para meu braço, ele latejava, mas não doía como antes. Quer dizer, o que restava dele não doía como antes.

Senti a decepção começar a me inundar. Droga... Eu havia perdido meu braço e minha mão esquerda, mas, se eu estava ali, onde estava Nicholas? Ele não iria me deixar antes de me matar, e também não iria me levar até ali, obviamente. Se ele causara todo aquele pesadelo em uma luta, não seria ele a me salvar.

Espera... Minha mão esquerda?

Tirei meu braço esquerdo de dentro do lençol, e vi que minha mão estava no lugar. Como? Sentei, e vi que o ferimento em meu peito também estava curado, a única coisa que denunciava que ele estivera ali era o corte transversal em minha camisa, suja de sangue. Fiquei sem entender o que ocorrera, tirando meu braço perdido, eu estava praticamente curado.

E quanto tempo eu ficara apagado?! Eu teria ainda que ir atrás de Raquel para ajudá-la o quanto antes!

- Ah, você acordou... – um homem disse enquanto abria a porta.

Eu já tinha escutado aquela voz antes... Mesmo que brevemente

Olhei para o lado e vi um híbrido que aparentava ter uns vinte anos. Ele usava uma capa sem mangas marrom amarrada em seu pescoço e o seu cabelo era muito longo, chegava a sua cintura. Seu rosto era um pouco anguloso e seus olhos eram ligeiramente puxados. Em sua única mão a mostra ele carregava muitas frutas e um pedaço de pão. Esse cara...

- Você... É Rusé? – falei embasbacado. – Você não tinha...

Ele jogou toda a comida a minha frente na cama. Tinha uma garrafa de vidro tampada ali, e onde ele a arranjara ou o que era, eu sinceramente não sabia.

- Coma primeiro, perguntas depois. – falou sério. – Você não come nem bebe nada há uma semana.

- O quê?! Uma semana?! – exclamei e comecei a me levantar, mas ele me empurrou com força de volta a cama, prendendo-me pelo pescoço. – Eu...! – comecei com dificuldade.

- Você teve uma luta extremamente difícil e teve ferimentos graves. – disse num tom duro. – Você esteve de maneira extremamente perigosa à beira da morte, mais da metade de seu cabelo estava vermelho quando lhe salvei, então tem de se recuperar. Eu que fixei sua mão no lugar.

Eu não falei nada. Chegara tão próximo da morte? Quando híbridos morrem seus cabelos e olhos se tornam da cor que de quando eram quando humanos, e se... Meu cabelo estava ficando vermelho, eu já deveria até estar pondo meus pés no limbo.

- Aquele rapaz que tentou te matar ainda está vivo, eu o apaguei para te salvar. – continuou. – Mas ele com certeza irá atrás de você. Você perdeu o braço que empunha a espada, então terá de aprender a usar seu braço esquerdo, pois no momento você não está apto para matar sequer um monstro normal.

Eu não podia discordar, eu não sabia usar minha mão esquerda, e não podia fazer nada contra nada. Eu estava com raiva de mim mesmo por não conseguir fazer nada contra Nicholas, nem mesmo um arranhão, enquanto eu acabara saindo aleijado. Rusé saiu da casa e senti sua Aura de maçã pegando algo. Suspirei, ainda com raiva e peguei uma fruta, mordiscando a ponta, então percebi que parecia que estava com um buraco no estômago, então comecei a devorar toda a comida que ele me dera, ainda estava um pouco difícil por causa de meu braço perdido.

Yudai? – Hideo chamou em minha mente, desviando minha atenção. – Por tudo o que existe, o que aconteceu?! Você me deixou louco por uma semana! Ainda está com o complexo de desaparecimento da Filadélfia?!

Hm... Oi, Hideo. – falei hesitante enquanto comia o pão. – Eu acabei de sair de outra missão... Que deu errado. – suspirei pesadamente. – Me mandaram em missão justamente com Nicholas, o número 2, e ele é completamente obcecado por matar Despertados... Eu ainda estava com o cheiro de um e... Ele é um tremendo psicopata.

E ele te atacou? Assim do nada? Perguntou, preocupado.

Bom... Sim. – suspirei. – Ele destruiu meu braço direito, estou maneta agora. Fez cortes em ambos meus ombros, um atravessando meu tronco e arrancou minha mão esquerda. Quer que eu continue?

Não! Mas você não é destro? E como você está bem agora?!

Parece que o Rusé está vivo... Você sabe quem é. Ele me salvou. – respondi. – Mas eu passei uma semana apagado!

E a Raquel? Onde você a deixou?

Trinquei os dentes quando lembrei dela chorando enquanto fugia, machucada, e Hideo imediatamente entendeu. Apenas suspirou e passou para mim a sensação de calma, aquilo era melhor que do que qualquer consolo. Por um momento desejei que ele estivesse ali, e peguei a garrafa, abrindo-a com os dentes e quando a bebi, quase engasguei ao constatar que era... Cerveja. Onde ele arranjara aquilo?

Suspirei e então decidi beber tudo antes de sentir o gosto. Bebi tudo quase que em um gole e minha cabeça girou. Balancei a cabeça, tentando não sentir o gosto, mas foi difícil. Fingi que não estava sentindo nada e controlei meu organismo para não absorver o álcool.

Logo depois levantei, pois havia terminado de comer e abri a porta enquanto Rusé simplesmente olhava para uma árvore e houve uma explosão de sua Aura, então ela se partiu em pedaços do nada.

- Já terminou?

- Sim. – respondi. – Obrigado, eu percebi quanto estava faminto quando pus a comida na boca.

Ele apenas deu de ombros e perguntou:

- Eu te ajudei por que achei que já havia sentindo sua Aura antes. – disse. – E você sabe meu nome. Qual o seu nome?

- Yudai. – respondi. – Caso isso te ajude, eu tenho um irmão gêmeo.

Suas sobrancelhas se ergueram.

- Você é um dos gêmeos que acompanhavam Sophia. – falou. – E aluno de Lúcio.

- Sim. – respondi. – Sophia quebrou as regras máximas da Ordem e matou humanos, então os números 2 a 5 foram convocados para eliminá-la. Mas mandaram um rapaz que recentemente adquirira seu símbolo, mas era tão forte que somente o chamaram de “candidato a número 1”. Ele era Lúcio, que ensinou a mim e a meu irmão a lutar.

- Você e seu irmão assistiram toda a luta. – falou. – E viram quando ele Despertou.

- Ele matou os números 1, 3, 4 e 5 e então arrancou seu braço esquerdo... E o devorou. – respondi baixando o olhar. – Quando ele te atacou depois, acreditei que você havia morrido.

Ele tirou a capa, mostrando que usava roupas feitas de couro, mas não tinha seu braço esquerdo, sequer o toco. Sabia muito bem como e quando aquilo havia acontecido.

- Em apenas um momento, ele já havia arrancado meu braço esquerdo. – disse. – Ele foi a coisa mais poderosa que eu pude pensar que poderia encontrar em minha vida.

Continuei olhando para o chão, Hideo também não disse nada em minha mente. Aquilo com certeza era uma das coisas que ficaram marcadas em minha mente.

- Depois daquele dia, me fingi de morto, parei de ser um guerreiro. – continuou. – Só consegui sair vivo daquela confusão por sorte. Reprimi minha Aura por tanto tempo que nem mesmo outros guerreiros poderiam sentir. Senti medo, e esse medo ainda não me abandonou.

- Mas você voltou a usar sua Aura. – falei. – Ela está fluindo normalmente agora.

- Isso aconteceu quando lhe salvei. – retorquiu. – Eu tinha uma técnica pela qual eu era conhecido. Eu dava forma a minha Aura, podendo transformá-la em uma arma ou em qualquer coisa que poderia me ser útil. Eu me utilizei disso para salvá-lo.

Ele pegou minha espada, encostada na parede de sua casa e a atirou para mim. Peguei-a um pouco sem jeito com a mão esquerda.

- Vi que você tem um motivo para se manter vivo. O qual, eu não sei. – disse. – Então, vou treinar você para que consiga usar seu braço esquerdo com o máximo de velocidade quanto o possível, então eu ensinarei para você a técnica do Corte Imaginário.

Pisquei surpreso para ele, então apontou sua espada para mim.

Eu lembrava-me de quando conhecera Sophia, lembrava daquele dia como se ainda estivesse vivendo-o. Cada detalhe, tudo.

Inclusive sua morte



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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo, flashback!
~Curiosidades 3: Raquel ~
A Raquel foi a segunda personagem que imaginei, mas foi uma das que mais demorei para manter a aparência e o próprio nome.
Um dos nomes que mais se firmaram nela foi Cynthia (bem fresquinho, né?). Ela tinha o cabelinho curto tipo "machinho" e sempre usava um vestido de alcinhas lilás e botinas u.u
Aí, sei lá, eu vi a minha irmãzinha Raquel e decidi fazê-la um pouco parecida. Na verdade, o que só muda é a idade e a cor dos olhos. ^^
No começo ela havia ficado tão traumatizada que ela ficou muda, mas foi um trauma superado XD



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