Conselho Estudantil escrita por XXX


Capítulo 10
Cores


Notas iniciais do capítulo

HAHAH, só digo uma coisa:
Esse capítulo promete ♥
Boa leitura~!



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Capítulo 10: CORES


Sasuke entrou no colégio, silencioso. Os passos lentos doíam desde a briga que tivera com Gaara. Aquilo e as cerejeiras espalhadas pelo pátio o lembravam de Sakura e o modo que estavam agindo recentemente:

Ele a via, e fingia que não tinha visto. Pouco depois ela o via, e o ficava olhando até que ele não resistia e seus olhares se encontravam por instantes. E eles desviavam. E, por fim, não dava um minuto, ela o estava torturando novamente. O olhando, ferida e machucada. Como se esperasse um pedido de desculpas ou um “não foi isso que eu quis dizer”. Mesmo que na cabeça dela estivesse bem claro que aquilo não bastava.

Mesmo com todo o show, tudo era um disfarce.

E de nada adiantava. Era como uma neblina; um sonho. Sakura não notava os olhares cuidadosos de Sasuke sobre ela e não entendia a troca de informações nos olhos dos dois, ao olharem um para o outro, como algo significativo. Porque Sasuke só a olhava quando estava dizendo algo para alguém, então parecia apenas que não havia onde fitar.

– Com licença – ele murmurou, entreabrindo a porta de Tsunade.

A loira olhou para ele, surpresa.

– Ah, olá – disse – Sasuke Uchiha. Chegou mais cedo.

– Não, não cheguei.

Ele se sentou. Tsunade o encarava, discretamente indignada por alguns instantes. Virou-se para conferir o horário de seu relógio de pulso dourado no relógio do colégio. Tinha absoluta certeza de que estava certo, então voltou-se para ele novamente, sem a menor intenção de mudar de assunto.

– Sim, chegou, sim – fez de idiota, embora seu tom não fosse nem um pouco confuso. Sasuke não olhava para ela. O sol da tarde realçava seus olhos profundos. – O que foi?

Então ele olhou.

– Hm?

– Aconteceu alguma coisa? – ele ainda estava sério.

– Não. – respondeu, simplesmente. Ela deitou a cabeça para o lado levemente, abrindo um sorrisinho de ternura.

– E por quê está aqui?

Ele ficou em silêncio, olhando a diretora nos olhos.

– Preciso falar com você sobre Gaara. – Os olhos de Tsunade ficaram surpresos – Sabaku no’ Gaara.

– O aluno com quem você brigou? – Sasuke assentiu.

– Quero que faça algo por mim em relação a ele.

Tsunade balançou a cabeça, quase em um riso espontâneo. Tirou os papéis de sua frente na mesa de madeira e apoiou os cotovelos lá.

– Não posso me meter nisso agora. O seu caso já foi enviado a...

– Só quero que faça uma coisa – ele interrompeu.

A diretora o analisou por instantes. Sabia que se arrependeria, mas a curiosidade a matava acima de tudo e, em um impulso, ela perguntou:

– O que é?

O silêncio foi amargurado.

– Não deixe ele chegar perto da Sakura.

A frase deixou Tsunade mais curiosa ainda. “Sakura... a minha Sakura?”. Mas não conhecia outra Sakura no colégio e, apesar de ser desligada e ser plenamente possível haver qualquer outra Sakura que ela jamais tivesse ouvido falar, a diretora sabia – por boatos e pelas fofocas que Ino a contava – que Sasuke e sua Sakura já se conheciam e era possível que ele estivesse falando dela.

– O que a Sakura tem a ver com isso? – ela perguntou. Ele não respondeu.

– Pode fazer isso? – questionou, depois de minutos em silêncio. – Pode fazer alguma coisa? Expulsá-lo, avisar os professores...? Pode dizer a ela? – Tsunade o encarava. Seu cérebro raciocinava além do jogo. Até que sorriu de um jeito puro, que ele não esperava.

– Por que você não diz?

Sasuke soltou um sorrisinho de canto. Discretamente triste.

– Porque ela não acreditaria em mim.

Tsunade delineou o topo do copo de vidro que descansava sobre sua mesa, fingindo desinteresse.

– Sakura tem o coração mais mole que conheço. E... – a diretora deu de ombros – bem, você é um rapaz bonito. Aposto que o que quer que seja, ela não vai ignorar. – Mas Sasuke apenas bufou meio baixo:

– Você não sabe de nada. Não sabe do que está falando.

E Tsunade tirou os olhos do vidro.

– Ah – e deu uma pausa – e você sabe?



Eu sou o pássaro, você é o gavião.

Por que você não me protege? ┼

Indecisão é quando você sabe exatamente o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa. Haha, você entende isso, não é, Sasuke? Sim. Ah, não foi legal quando você me deixou vazia, e sozinha para salvar a mim mesma. Não foi.


Sakura acordou aos prantos. Estava suada e sabia que tinha tido um pesadelo. Do qual, aliás, ela não se lembrava. Mas ainda estava dentro dele; sentia que, mesmo estando aliviada, não tinha o direito de estar. Porque ainda estava em apuros, ainda tinha que fugir de algo.

Mas era plena manhã e logo as situações começaram a reaparecer.

Começou com o despertador, que a remeteu à noite anterior, quando tinha ficado até tarde estudando. “Álgebra, heh...”, ela coçou o pescoço “a prova do último tempo... peso dois”. Balançou a cabeça, suspirando. “As pencas de anotações dos alunos e os contratos de relatórios do Conselho não me deixaram estudar antes...”. Sakura não demorou para concluir que estava muito cansada.

Depois, com o bilhete na cabeceira da cama – “Filha, saí mais cedo hoje. Desculpe. Estou de volta às oito” – e o celular tocando.

Sakura – era Temari – sabe se tem que levar todo o material hoje?

– Hm? – foi só o que ela disse, meio intolerante.

Ué, hoje não é a entrega dos armários? – Sakura chegou a fazer um ‘pec’ de susto quando quase tombou da cama.

– Isso, isso – berrou ela – Desculpe, Temari.

A loira riu do outro lado da linha. Um riso meio seco.

– Sim, é hoje. E acho que é bom levar todo o material logo, pra deixar lá de uma vez, não é? Quer dizer, como você vai fazer?

Bem, só estou perguntando se é obrigatório porque, se não for, eu vou colocar aos poucos, só o material que eu for levando cada dia. – Ela explicou – Sabe, minha mochila é pequena e eu morro de dor usando. Ela mata as minhas costas.

Sakura sorriu.

– Ah, não. Acho que você pode fazer como quiser.

Bem legal, essa ideia dos armários – a Sabaku comentou, séria – Foi sua?

A Haruno piscou várias vezes, até cair a ficha.

– Oh, não. Foi do Shikamaru. Ele deu a ideia ano passado, mas só agora o colégio conseguiu fundos para colocar em prática em todos os anos.

Temari ficou extremamente sem graça, sem muito motivo, no ponto de vista de Sakura. A loira soltou um risinho e rapidamente arrumou uma desculpa para se despedir. Mas quando estava quase desligando, Sakura chamou novamente:

– Ei, Temari – a menina, pelo acaso, ainda não tinha desligado. E voltou o celular à orelha, curiosa: “Hm?” – E o seu irmão?

O suspiro foi longo, mas ela não demorou para responder.

Talvez estivessem repetindo aquela pergunta várias vezes para ela, porque Temari tinha a resposta na ponta da língua:

Acho que hoje ele aparece por aí. Mas não se preocupe, Sakura. É um sem vergonha. Nem se machucou muito. Estava quase na mesma situação que Sasuke e dizem que ele já está indo na aula faz uns três dias, não é?

– Hm... – Sakura teve vontade de chorar – Eu tento não reparar.

Eu sinceramente acho que é pura preguiça. – ela continuou, parecendo nunca ter esperado resposta – O Gaara é muito mimado. Sabe, parece que não conseguiu uma garota e por isso está se trancando no quarto há umas duas semanas. Você não imagina o cheiro daquilo. Eu não passo mais lá; nem pelo corredor.

Foi a vez de Sakura suspirar.

– De qualquer forma, diga a ele que eu mandei melhoras.

Pode deixar. Até mais.

Ao desligar o telefone, Sakura já sabia exatamente quem era, onde estava e pelo que estava passando. E tinha ideia do que tinha que fazer. Tudo parecia mais claro e ela sentia como se estivesse parando para respirar depois de um bom tempo debaixo d’água. Embora estivesse exausta.

Ficou encarando o uniforme por um tempo.

“O que me trouxe até aqui, agora?”, ela pensou, em paz “Será que se eu faltar aula hoje, eu vou perder alguma coisa?”. Mas, conforme se arrumava para ir, a pergunta foi se modificando. E terminou em “Por quê estou indo?”.

– Esses têm sido dias tão sem valor pra mim, tão sem propósito... O que será que vai acontecer hoje? – ela cantarolava, enquanto trançava o cabelo. E, antes que pudesse notar, a canção se resumiu em um nome – Sasuke, Sasuke... Hey, Sasuke. Ho, Sasuke. Hey, ho, hey, ho. Sa-Sasuke.



– Não acredito que você se esqueceu que hoje começa a maratona da pintura.

Sakura batia a cabeça na parede, tentando fazer voltar todo o otimismo da manhã. Mas todo o cansaço e a ansiedade pesavam sobre suas costas.

– Sakura-chan, pare com isso! – Naruto a chacoalhou – Vamos dar nosso melhor e vamos conseguir! – sorriu ele, de orelha a orelha. “Mas que merda”, foi só que a rosada murmurou. – Pensei que ela fosse o exemplo dos exemplos... – o loiro coçou a cabeça, comentando. Ino bateu a mão na testa e empurrou Naruto da frente, ficando olho a olho com a Haruno.

– Fala sério, só depois de nos meter na roubada é que você nota o tamanho da roubada em que nos meteu?! – a loira berrou – Sua testuda egoísta!

Kiba balançou a cabeça, resolvendo ignorar. Shikamaru revirou os olhos enquanto discutia algo em uma planta do ginásio com alguém. Temari gritou para que ele ajudasse e ele só murmurou: “É da natureza de problemáticos resolverem problemas”. E, quando ela ficou vermelha de raiva, ele finalizou: “Vá em frente”.

– O problema não é pintar. É que eu tinha esquecido completamente – Sakura suspirou enquanto Temari voava na cara de Shikamaru, que começou a gritar. – Vou pegar aquele quadro branco e usar como tabela para me organizar. E isso não vai mais acontecer. Graças a Deus eu não fiquei responsável pelas tintas... – ela sorriu aparentemente morta, desabando em uma cadeira. Aquela atitude fez a Haruno soar simplesmente mais Tsunade do que Sakura aos olhos de Hinata, que riu baixinho. – Deus, o que está acontecendo?

Mas ela sabia.

O problema é que Sasuke ainda não tinha olhado nos olhos dela naquele dia. E aquilo a estava matando e queimando sua animação completamente.

Francamente. – Sakura levantou os olhos assim que ouviu a voz, completamente arrepiada. A voz ecoou na sala quando todos ficaram em silêncio para ouvi-la – O nome do Conselho Estudantil só é vangloriado como um conjunto por quem não conhece vocês. Quando o chefe do grupo não faz tudo vocês já não sabem o que fazer? Quanta união. Quanta parceria – todos os olhares estavam direcionados para a porta, onde Gaara passava o dedo no creme do cupcake de baunilha que tinha nas mãos, encarando-o como se quisesse aproveitar cada pedaço. O coração de Sakura quase parou. Quando ela julgou estar sentindo a pior sensação do mundo, Sasuke entrou na sala, silencioso, segurando uma caixa grande de madeira, logo atrás do ruivo, e o coração dela descongelou completamente e, mais rápido do que ela esperava, começou a queimar, deixando seus batimentos a mil. Sem dúvida, aquilo era pior do que quando estava quase parando de bater – Francamente – ele repetiu, agora em um tom mais baixo – o que faríamos sem você, flor de cerejeira? – ele passou a fitar a Haruno bruscamente, lambendo o creme das mãos, como um gato.

Ela levou um susto, virando o rosto para Gaara. Imaginava que ele ainda não a tinha notado; ou, ao menos, que não iria falar com ela. Muito menos olhar para ela na frente de todo mundo. Sasuke Uchiha, então, penetrou a rosada com seu olhar cortante e deprimido de uma vez por todas. A mesma quase sentiu conforto naquele rosto gelado.

– Pensei que você não vinha, Gaara – Temari deu alguns tapinhas na saia, para disfarçar, automaticamente deixando o clima menos tenso. – Você disse que não vinha – Shikamaru só o encarava.

– Eu não sabia que Sakura estaria aqui – ele sorriu, sedutor, em resposta.

Sakura alongou o pescoço e rebateu:

– Eu estou sempre aqui, Gaara. Todas as manhãs e a maioria das tardes. – O sorriso dele parecia não se desmanchar por nada; como um escudo – Não entendi por que vir hoje.

– Eu tinha que vir, não é, princesa? – Gaara lambeu os lábios depois de morder o bolinho – Eu sei que você ficaria extremamente decepcionada caso eu não viesse.

Sakura arqueou o cenho, sem entender.

– Eu ficaria?

O Conselho e todos da sala a encararam.

– Fomos castigados, caso tenha se esquecido – o ruivo passou o braço ao redor dos ombros do Uchiha. – O mínimo que eu podia fazer era obedecer à Presidente. Além disso, você me mandou ‘melhoras’. Eu tinha que vir.

Sakura levou um choque grande. Quando desejou melhoras estava se referindo ao que quer que tivesse acontecido que tivesse deixado Gaara tão mal; mas não sabia que ele tinha se metido em uma briga. Não na briga de Sasuke. “O Sasuke brigou... com você?”, ela se esforçou para não sussurrar.

– Não entendi a surpresa. Eu te disse, Sakura – Temari protestou, olhando para ela, meio chocada. De repente o olho levemente roxo do Sabaku ficou muito mais visível – Que estava quase tão mal quando Sasuke, mas que já estava bem. E que Gaara ia nos ajudar a pintar como castigo. – “a prestação de serviços comunitários também será exigida, quando necessária”. Sim.

“Foi com... o Gaara”. Ela queria se atirar na frente de um trem.

– Meu Deus – murmurou a Haruno, assombrada – Sim, você... haha, nossa, tem razão Temari-san. É que... – ela riu, sem humor – eu nem me toquei... – Temari a encarava, meio desconfortável por ela. A que nunca errava, tinha errado duas vezes naquele dia.

A rosada de repente lançou um olhar suplicante para Sasuke, esquecendo-se de tudo por um instante. De repente, a vontade de saber a respeito daquilo era maior do que a dor que se abria em seu peito todas as vezes que ouvia qualquer coisa sobre Sasuke Uchiha. Então o encarou.

“Por quê?”

Ele desviou o olhar e Sakura não soube distinguir o gesto dele. Tinha sido mais ou menos como “depois te digo”, mais ou menos como “não quero falar sobre isso”. Mas ela ainda temia a possibilidade de ser “não quero falar com você”.

– Por que vocês brigaram, mesmo? – Shikamaru perguntou, curioso, falando pela Haruno.

– Não se preocupe; não vai acontecer de novo – Tsunade entrou na sala, sentindo-se na liberdade de segurar a nuca de Sasuke como se ele fosse um filhote de leão. O Uchiha colocou a caixa no chão e as mãos nos bolsos da calça. Gaara sorria. – Agora, vamos ao trabalho. As tintas já estão lá.

– Como vai ser? – Ino questionou, meio tagarela. Sakura tinha certeza que a águia tinha encontrado a oportunidade perfeita para se aparecer – Vamos fazer turnos?

– Mas é claro que não! – a diretora apressou-se em dizer. – Se todos começarem juntos, terminaremos bem mais rápido. E ninguém ficará sem serviço – “Brilhante”, Shikamaru revirou os olhos “todos vão cansar bem mais rápido”. – Agora, podemos começar!

Calmamente, o Nara suspirou, como se sua vida estivesse arruinada.


Não havia duas horas que estavam pintando e já estavam sentados na sombra de uma árvore próxima da pista de atletismo, acabando com o tanque de água da tarde. Hinata tinha ido embora. Sakura conversava com Ino e Naruto de um lado da roda que haviam feito. Mas, na verdade, ela não falava muito.

Perguntava-se se apenas ela tinha notado que nem Gaara, nem Sasuke estavam ali. O ruivo pedira licença havia uns seis minutos e, logo depois, Sasuke se retirara.

– E a chapa, Sak-chan? – o loiro começou a brincar com o cabelo cor-de-rosa. Ela afastou a mão dele. Era a oportunidade perfeita.

– As chapas! Sim, claro – comentou inutilmente a princípio – Eu deixei os papeis no armário. – Olhou para a diretora, que tirou os óculos de sol e se ajeitou na cadeira de bronzear – Tsunade-sama, posso ir lá pegar? É rápido. E eu também tenho que te mostrar.

– Volte logo. Já, já, vamos voltar ao trabalho – ela virou de bruços.

Uma gota quase apareceu na testa de Sakura. “Realmente... você parece muito determinada”. O mesmo pensamento transpareceu no rosto dos outros.

– Ah, e tente encontrar os meninos. Chame os dois e diga que precisamos deles – ela ainda fez questão de murmurar, quase cochilando. “É...”, foi aí que a Haruno se levantou e cortou o ginásio até as escadas, “É o que eu pretendo”.

No caminho até a sala de aula, ela espiou banheiros, bebedouros e becos.

Nada. De nenhum dos dois. “Provavelmente estão juntos”, ela pensou, apressando o passo. Quando entrou no pátio, viu Gaara e seus olhos manchados saindo do corredor que ela ia pegar. Seus olhares se encontraram.

Ele parou de andar, sorrindo.

– Ficou feliz em me ver, flor de cerejeira? – resolveu se aproximar dela, soando meio sexy – Senti sua falta.

– É mentira – ela tirou os dedos dele de perto de seu rosto, já que eles ameaçavam tocá-lo.

Gaara pareceu estranhar.

– Qual o problema?

– Nenhum. Tsunade está te chamando. Você tem muito o que fazer – ela desviou dele, seguindo para o corredor. Mas ele puxou seu braço e a virou para si.

– Eu não vou a lugar nenhum – ele murmurou.

Ela pôde sentir seu halito quente colar em sua pele. Até que, aproveitando-se da boca já entreaberta, perguntou:

– P-Por que vocês brigaram, Gaara?

Ele a encarou por instantes, até que sorriu. Era mesmo linda.

– Pergunta errada – disse, simplesmente. E se livrou dela facilmente, dando as costas. – Sugiro que você corra, se quiser perguntar a ele.

Ela piscou.

– Ele...? – ela virou para as salas e não se virou para Gaara novamente. Apenas encarou o corredor vazio, com uma esperança nos olhos e, antes que pensasse em desistir, correu. Sabia o que ele queria dizer. Os cabelos voavam e as pernas tremiam. Gaara sabia de tudo. Ela arfava enquanto os passos, famintos por algo, qualquer coisa vinda dele, seguiam para o X.

Porque Sasuke era o X. E, no fundo de seu coração, ela sabia.

Ela o conhecia sem nem mesmo conhecê-lo. Ela sabia, ela sabia. Podia sentir a chama queimando dentro dele quando se sentia irritado. E tinha certeza que, se fosse com ela, ela não conseguiria controlar. Era completamente o oposto dela.

Completamente, completamente.

Ela passou por portas fechadas, escuras e acesas. Até que, entre um tanto de portas abertas, encontrou a sua. Parou na porta, exausta. E, ao subir o olhar, ela se lembrou do sonho que tivera com clareza.

Em um flash apareceu, em um flash se foi.

Sasuke Uchiha estava parado de frente para a janela, de costas para a porta. O cabelo rebelde dançava com o vento e com a camiseta, todos no mesmo ritmo. O jeito charmoso e o cheiro de vida fizeram o coração de Sakura acelerar. Em movimentos lentos, ela se levantou, já recuperada da corrida.

E o observou.

Na hora de dizer algo foi que ela notou que não tinha pensado em nada para dizer. Na verdade, não saberia o que fazer caso ele a tivesse notado ao entrar.

– S-Sa – ela gaguejou baixo, sem terminar.

Ele moveu os ombros.

– O que está fazendo aqui? – foi só o que murmurou, aparentemente bem relaxado. Ela suspirou.

– É a minha sala.

Ele virou para ela. “Oh, Deus”, ela pensou. Quando a Haruno pensava que Sasuke não podia ser mais perfeito, ele fazia algo e a surpreendia ao extremo. Naquele momento, a luz que entrava pela janela deixava seu rosto mais branco, os olhos mais claros. Um preto pacífico. E a sombra que havia abaixo dos lábios deixou o sistema nervoso dela atento.

O que tinha vontade de fazer era dizer para ele o quanto não se importava em ser usada como uma simples boneca por ele. Mas, não. Ela se sentia realmente boa demais para aquilo. Talvez Ino pudesse dizer algo do tipo, mas ela não.

– Não estamos em aula – disse ele, sereno.

– Esqueci uma coisa no meu armário – a voz dela era suave, porém pesada, como se estivesse envergonhada por algo que não tinha feito. Caminhou até a porta de metal 206, sem pensar. Tirou as chaves do bolso e o único barulho que se ouviu foi o bater do chaveiro nelas, em um “tlink, tlink”ameaçador.

Os olhos dele a acompanhavam.

“Vai falar comigo normalmente, não é?”, ela sugeriu no pensamento, “Como se mal me conhecesse, como se nada tivesse realmente acontecido para você”. “Como se não importasse, como se fosse comum”. A Haruno abaixou a cabeça, fingindo procurar a pasta que queria na área mais baixa do armário. “Talvez seja”, ela finalizou, ouvindo o sapato dele bater no chão, em passos curtos.

Ao encontrar o documento com as chapas, Sakura olhou em volta e ele não estava mais lá.

Suspirou pesadamente, fechou o armário e sentiu as lágrimas nos olhos. Realmente, era muito chorona. Kiba tinha razão. Todos tinham. Quando ela fora se inscrever, Shizune dissera-lhe: “Não, Sakura. Presidente? Ah, não, não. É muito trabalho para uma moça como você. Vai ficar extremamente sobrecarregada e estressada. Pode começar a ir mal nas provas, pode deixar o trabalho todo de lado. Além de quê, vai ser difícil você parar depois que começou. Você estará praticamente reatando um clube se resolver se inscrever. Acho que você pode não dar conta de tudo isso nas costas”. Ela tinha razão. Não apenas sobre o estresse. Talvez ela não desse conta, realmente.

“Que mentira”, ela sorriu, sentindo as lágrimas escorrerem pelas bochechas até o queixo “Eu sei que não é isso”. “Não é estresse por causa do Conselho”.

– Eu não aguento mais – ela sussurrou, parada de pé no meio da sala. Andou decidida até a porta, onde se apoiou, quase que fraca, colocando as mãos sobre o rosto e dando um soluço curto – Eu preciso de você...

Sasuke descolou as costas da parede no lado de fora e, dando um passo para dentro da sala, agarrou firme o pulso da rosada, que soltou um ‘heh’ desprevenido.

– Então – disse ele, com um rosto sério perante os olhos perplexos dela – por que você não me perdoa?

Ela prendeu a respiração, sem reação.

– Se realmente precisa de mim – continuou ele – por que não admite?

– Você não merece saber – murmurou ela, meio irritada. Ele continuou com os olhos colados nela, embora ela tivesse desviado o olhar. Sasuke esperava por isso. Ela estava machucada.

– E você? – ele disse, e ela voltou a fitá-lo – merecia ter que esconder?

Sua garganta ficou seca e seu coração acelerou. As pernas começaram a querer tremer de novo, mas ela colocou uma das mãos na coxa, apertando forte e impedindo que acontecesse. A boca se entreabriu novamente.

– O qu...

– “E você encontrará um ponto de vida, em um mundo de morte” – Sasuke sussurrou baixo, de olhos fechados, como se fizesse uma oração. O ‘ponto de vida’, ao qual ele se referia, fitava-o, meio surpreso, meio receoso em se aproximar. Foi quando Sasuke abriu os olhos e viu seus raios de pureza.

E logo depois, inclinou o rosto para beijá-lo.


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Notas finais do capítulo


Vish. Pena que eu sinto que ainda não acabou... q
Até o próximo capítulo, mil beijos *-*



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