(Cam)

No dia seguinte tudo voltaria ao "normal", teria aula, professores, Callie...

Me vesti e desci para a primeira aula que seria de Biologia, consegui mexer uns pauzinhos e fiz meus tempos serem iguais ao da Callie, quanto mais tempo eu passasse com ela, melhor pra mim. Quer dizer... melhor para o plano, claro.

Eu vi quando ela entrou na sala de aula, estava linda naquele jeans, seus cabelos caiam com uma naturalidade incrível em seu corpo, ela como sempre sentava na frente em um lugar centralizado na sala, comecei a sentar na fileira que dava pra vê-la do meu lugar para o dela sem que ninguém percebesse.

A aula foi um saco como sempre, não sei porque depois de tanto tempo, eu ainda passo meu tempo nesse lugar quando eu poderia estar me divertindo ou fazendo qualquer outra coisa, porque de tanto que eu já fui na escola, poderia dar aula no lugar desses caras.

Um bilhete veio parar na minha mesa, começou...

Cam precisamos conversar, você está agindo estranho comigo, o que eu te fiz? você não me deseja mais?

Virgínia E.

Fala sério, tanta coisa pra eu me preocupar e Virgínia agora querendo explicações. Resolvi ignorá-la e me manter longe de confusão, aquele tal de Josh ainda me olhava feio então era melhor eu ficar na minha, antes que eu ficasse com uma péssima reputação, ou uma reputação pior...

Acaba a aula, e teríamos educação física, e melhor de tudo estaríamos longe da Virgínia. Vou para a quadra quando me deparo com Callie com uma aparência triste e escuto quando ela fala para o treinador:

–Posso ficar no banco hoje, tô muito indisposta

–Não quero saber da sua indisposição srta. Callie, agora cuide de correr pra dentro da quadra!

–Mas...

–Sem delongas, ande!

Callie realmente parecia cansada, como se não tivesse dormido mas eu a vi... ela estava tão serena...

As meninas estavam no outro lado da quadra, enquanto eu e os outros caras ficávamos correndo de um lado para o outro em aquecimento. Na boa, Educação Física é a pior matéria escolar, porque eu sou o que mais tenho disposição, e não adianta obrigar esses mortais a correr de um lado pro outro se quando crescerem vão continuar ou obter bundas gordas.

Mas voltando ao foco, Callie era a garota mais graciosa de todas mesmo parecendo cansada, as garotas estavam fazendo algum exercício de alongamento, com certeza mais leve, de repente, não mais que de repente, Virgínia aparece e enfia a língua dela na minha boca, e então todo mundo nos olhou e curtiram com aquela situação.

A treinadora aparece e diz:

– Srta Virginia e Sr. Cam, pra detenção

– Mas, só foi um beijo. Disse Virgínia.

– Ela que me atacou. Eu disse indignado.

– Treinadora Swamps?

– Sim Callie?

–Posso me retirar? ou eu vou ter que vomitar aqui na frente de todos? Callie disse com lágrimas nos olhos.

–S-saia querida... A velha rabujenta disse quando viu que Callie estava chorando.

Callie correu, tenho certeza que aquilo era uma desculpa e que ela ficou magoada com o que Virgínia tinha acabado de fazer, me virei para a garota e a olhei como se eu fosse a espancar, ela apenas me olhou com uma carinha inocente como se fosse uma santa, ela saiu da quadra, eu esperei ela sair para ir, quando escutei um choro saindo do banheiro femino, não sei o que deu em mim, eu abri a porta e entrei, me escondi atrás da parede e pude ver Callie em frente a pia se olhando no espelho tentando se maquiar, esconder o rosto triste, não sei o que houve comigo, aqueles olhos tristes e vermelhos atormentaram minha cabeça, sai dali imediatamente.

-Droga, estraguei tudo. Disse pra mim mesmo.

O que estava havendo comigo? eu nunca me comovi com um simples acontecimento adolescente, muito menos quando era a culpa minha. Callie no banheiro disfarçando a sua tristeza com maquiagem, o seu olhar no espelho refletiu o que eu não queria mais enxergar.

3 dias depois.

(Callie)

Estava sofrendo pelo Cam, eu sabia que ele não tinha mudado, sabia que ele continuaria me magoando, eu não sei porque eu continuei perto dele, foi 1 dia Callie, 1 dia de ação de graças maldito pra fazer tudo mudar, eu sinceramente. Depois daquele dia eu voltei pra casa, fiquei doente, é até bom, prefiro vomitar do que ver o rosto cínico do Cam de novo, quem sabe quando eu voltar eu possa acordar, fingir que foi tudo um sonho que virou pesado, a Luce vai estar lá, vai me abraçar, vamos rir, ela vai dividir o quarto comigo novamente... Não, isso nunca mais vai acontecer.

–Filha tem um garoto aqui querendo ver você, a propósito, ele é muito bonito... Minha mãe disse entrando no meu quarto sorrateiramente.

–Não deixa ninguém entrar mãe! Eu já tinha ideia de quem era... e isso me desesperava.

–Han... eu já subi, desculpa Callie, sua mãe deixou... Cam disse fazendo uma careta.

Eu estava assustada, com certeza meu quarto fedia a vômito, porque eu peguei uma intoxicação alimentar, minha aparência estava bastante horrível também, e enquanto Cam continuava lindo e com um brilho só dele, um brilho celestial.

–Então, crianças vou deixar vocês mais avontade, deixem a porta aberta por qualquer coisa. Minha mãe disse. Cam apenas fez um sinal simpaticamente de positivo com a cabeça e eu continuava sem entender nada, ele deixou minha mãe se distanciar do quarto para voltar-se a mim e começar a dizer, novamente com uma expressão "azeda."

–Callie... trouxe chocolate pra você, tem avelã acho que você gosta de chocolate com avelã, porque todo mundo...

Eu virei meu rosto pra janela, não conseguia olhar pra ele, e disse:

–Na verdade, eu não posso comer chocolate se estou me recuperando do estômago, mas foi bastante, legal. Disse ironicamente

–É, você não está sendo nada simpática eu fugi da Dover pra vim aqui e você nem olha pra mim, queria saber o que eu fiz pra isso. Ele disse com o tom um pouco mais alto e um pouco mais indignado.

–Olha, se você fugiu o problema foi seu, eu não pedi pra ninguém vim aqui me fazer uma visita.

–O que foi que eu te fiz? Ele disse sentando no meu lado.

–Nada.

Ele tocou em meu queixo fazendo-me virar e olhá-lo nos olhos, nesse momento meu coração palpitava mais que qualquer coisa.

– Você beijou a Virgínia, não deveria estar com ela agora? Continuei a dizer, nesse momento eu percebi que deixei o meu ciúmes escapar, que tinha entregado o jogo.

–Eu não a beijei, ela que me beijou e eu nunca mais a vi, se quer saber, agora mesmo sabendo disso, eu vim aqui pra dizer que estou com saudades da sua companhia, mesmo que ela seja de longe. Ele me disse chegando um pouco mais perto, dessa vez já podia sentir seu hálito fresco que tinha cheiro de canela.

–Cam, obrigada, mas acho que você devia ir embor...

Fui interrompida pelos lábios dele que se encontravam com o meu, ele me segurava pela cintura, nem sabia se estava com um gosto ruim na boca, mas mesmo assim ele me beijou sem se importar, o beijo do Cam era tão calmo e aconchegante e tinha o mesmo gosto de canela que eu sentia do seu hálito, ele me trazia para colar em seu corpo, segurei-o pela nuca e passei meus dedos por seus cabelos, foi um momento único, foi o melhor beijo da minha vida.

–Droga. Ele disse me olhando sério e saindo de imediato do meu quarto.

Que merda foi essa? Por que ele me beijou? Por que ele saiu? Por que... eu estou aqui?