(Callie)

Naquela noite tive vários pesadelos comigo, Liam e Cam inserido neles, acordei com os dentes cerrados e minha cabeça estava latejando.

–Preciso de paz. Levantei ligando o abajur e indo pegar um pouco de água na minha garrafa térmica.

Estava chovendo e para piorar, era uma tempestade daquelas, no segundo relâmpago que deu vi uma sombra refletida na porta, sombra de algo na parte de fora da janela, Cam.

Suas asas douradas batiam encharcadas de água, e ele estava lá fora me observando enquanto eu aqui dentro não conseguia mover nenhum centímetro do meu corpo.

–Só queria te ver. Ele disse batendo as asas com maior velocidade e flutuando acima da minha janela. Afinal de contas, o que Cam Briel queria de mim? Ele era um demônio que provavelmente me usou e agora quer me usar mais ainda como um bichinho, porém agora tem Liam e essa história de que ele é um ser que cai do céu...

Fechei as cortinas caso Cam voltasse ou quem sabe até mesmo Liam.

De repente escuto um som de um trovão seguido de um raio que clareou até mesmo dentre minhas cortinas e de repente a escuridão e o silêncio total, tinha ido embora a luz e eu não sabia onde tinha deixado meu maldito celular.

–Callie, Callie venha comigo por favor a escola está em perigo! Era Liam bradando do lado de fora, ele não estava com medo de ser pego na ala das moças? Prendi minha respiração e fingi que não estava lá, fechei os olhos e comecei a pensar na minha infância e no meu ursinho Ted que tinha ganho de minha tia avó paterna. E então ele cessou, passou mais um tempo e ele também se foi.

–Callie vamos dar o fora daqui, encontraram todas as figuras autoritárias da Dover mortos. Essa era a voz de Dylan, corri para abrir a porta e então ele me iluminou com o celular.

–C-c-mo isso aconteceu Dylan?!

–O porteiro foi deixar uma ata na ala dos diretores e ele só encontrou sangue, ele saiu correndo pelos quatro ventos dizendo pra irmos embora que isso é solo de satã! Mais um trovão soou.

–Algo está errado, Dylan que horas são? Meu deus...

–São 3:47 am, Callie pegue seu celular e vamos nos esconder.

Balancei a cabeça em positivo enquanto Dylan ligava para o meu celular, meu corpo todo tremia de pavor e angústia, quando achei meu celular coloquei um jeans velho meu moletom verde escuro e meu velho all star preto, saímos correndo em silêncio.

–Dylan eu não entendo, como você veio me ajudar e por que? Perguntei confusa.

–Querida eu escutei, anjos, hm... isso aqui tudo é por você, parece ser um começo de um ‘grand finale”e eu realmente não sinto que isso vai ser bom.

–Então pra onde vamos?

–Lá pra fora, pra velha cabana.

–Tem certeza que estaremos seguros? Perguntei enquanto andávamos e ele apenas balançou a cabeça confiante.

Saímos floresta adentro, senti um aperto no coração quando vi vários alunos correndo apavorados, tentando ligar para alguém, mas a tempestade deixou todos os telefones sem sinal, parecíamos ratinhos dentro de uma caixa correndo em círculos. Onde estava Cam, Liam e Genevive? Só podiam ter sido eles, algum deles...

–Callie vem! Dylan me puxava floresta adentro enquanto eu pensava nos inocentes que podiam morrer no meio de toda aquela confusão.

–Não consigo ver nada, está muito escuro e não podemos usar nosso celular ou podemos atrair mais raios do que todas essas árvores. Dylan apertava os olhos enquanto tentava nos guiar.

Olhei rapidamente pelo visor do meu celular e já estávamos distantes da Dover, não escutava mais ninguém, nenhum grito de medo, agora só restava eu e Dylan no meio daquele caos, a chuva finalmente começa a nos dar uma trégua e o Sol logo logo iria aparecer.

–É oficial desculpe.

–O quê Dylan? Disse me apoiando com a mão nos joelhos ofegante.

–Nos perdemos, eu perdi você, agora nós dois estamos em perigo. Era tudo que eu não precisava ouvir.

–Dylan vamos parar por aqui então, acho que é melhor não andarmos mais até amanhecer, depois podemos procurar algum lago, as cabanas ficavam por perto.

–Ok, estou cansado demais também, cruzes! Dylan acabou adormecendo encostado em uma árvore, sorte dele, mesmo tendo noção do que podia acontecer conseguia pregar os olhos, e eu continuei parada olhando pra copa das árvores, sempre que ouvia um galho quebrar me apertava mais ainda entre Dylan e meu corpo.

Quando finalmente a floresta foi tocada pelos raios solares acordei Dylan para que procurássemos o lago. Passado um tempo meu estômago pedia comida mas tentei ignorar até que Dylan reclamou também: -Meu deus o que eu não daria por um leite desnatado, e eu odeio leite desnatado Callie!

–Eu sei, eu sei, mas temos que nos esconder na cabana, lá tem sinal esqueceu?

–Claro que não, ou você acha que eu seria idiota de nos meter no meio de uma floresta pra ficarmos a relva... ops. Dylan respondeu desapontado e eu dei um tapinha no seu ombro. –Estraguei todo o meu plano.

–Vamos encontrar. Respondi fingindo esperança.

Precisávamos muito comer, e parece que minha sorte ou seja lá o que for atendeu nosso pedido, achamos uma macieira carregada, Dylan fez escadinha enquanto eu as colhia.

–Minha nossa, essas são simplesmente as melhores maçãs que eu já comi! Dylan parecia ele de novo depois de algumas maças suculentas, enfiei umas 6 maçãs no bolso do meu moletom e Dylan pegou mais 6 no seu bolso.

–Callie escuta. Dylan sussurou.

Ouvimos passos e alguns sussurros vindo da nossa frente, engoli a seco enquanto começávamos a andar na direção oposta, mas os passos continuavam mais apressados, logo nos ouviriam se corrêssemos, estávamos em uma grande emboscada, Dylan e eu nos entreolhamos tentando achar uma solução no fundo dos olhos um do outro, mas não conseguimos nada, então continuamos andando com cuidado e depois quem sabe, se os passos continuassem rápido em nossa direção correríamos.

–Aonde vocês estão indo? Eu e Dylan congelamos nesse momento.