(Callie)

-O que você faz acordada até uma hora dessas linda? Apenas Dylan falava assim comigo.

-Tenho passado tanto tempo com o Cam, que não ando estudando muito, essa é a hora que ele vai descansar e eu resolvi vim para a biblioteca, e você, o que faz aqui?

-Pensar um pouco. Respondeu calmamente.

-Sobre...?

-Qualquer coisa, mas enquanto a você, vai deixar esse cara te dominar?

Ele não está me dominando, a gente apenas se ama.

-Certo, ele sabe qual é a sua música favorita, sua comida favorita, sua cor favorita e você sabe os hobbies dele?

-Dylan você está parecendo o Josh. Retruquei.

-Cruzes. Ele disse se retorcendo.

-Haha, eu e Cam não temos muito em comum, nem sabemos muito sobre o outro, mas tem algo, uma força, sei lá parece que acontece algum efeito atrativo quando estamos juntos.

Ele apenas olhou ceticamente para meus olhos. 

-Então, o que está estudando?

-Arte Renascentista.

-Ok, vou dormir. Dylan respondeu brincando.

-Obrigada pela consideração.

-Não é por mim, é por ele... Dylan apontou para minhas costas, abri um sorriso automático por achar que fosse Cam, mas não era, era apenas Liam.

-Já vai? Tão cedo, que pena. Liam chegou dizendo.

-Dylan, fica por favor. Implorei pra ele, sabia que Liam era problema onde quer que eu fosse.

-Não dá Callie... eu preciso ir. Dylan saiu como se estivesse com medo de algo, medo de Liam.

-Então sobrou eu e você. Liam disse com um ar de segundas intenções.

-Não, só sobrou você. Peguei os livros e fechei apressadamente.

Sabia que ficar perto de Liam era mais encrenca que qualquer outra pessoa.

-Qual é o problema? Por que me evita? Ele disse segurando meu braço.

-Não gosto de você. Respondi me soltando de Liam.

-Você nem me conhece.

-Nem quero obrigada. Disse saindo, mas novamente ele agarrou meu braço e me empurrou contra a prateleira.

-Que mocinha mais mal educada.

-Me solta por favor. Disse nervosamente.

-Liam chega, vamos embora lá vem encrenca. Ouvi a voz feminina... era Genevive.

-Ouviu sua irmãzinha, solte-a ou arrebento você agora mesmo. Era Cam puxando Liam para longe de mim.

-Calma cara. Liam encarou fixamente Cam, eles eram como Fogo e Fogo.

-Liam, não vou dizer de novo. Genevive conseguia ser pacífica até em um momento como aquele.

-Vamos embora Cam. Puxei-o pelo braço.

Enquanto saíamos dali, percebi que a voz feminina de Genevive era a voz do ginásio, mas a masculina não era de Liam, era um pouco mais rouca, como se fosse de um homem de 30 anos.

-Ele tocou em você? Cam parou-me no meio das escadas e tinha uma expressão nervosa.

-Não, ele apenas falou comigo calma, você está muito bravo. Eu tentei acalmá-lo.

-Eu não permitiria que nada te fizesse mal Callie, tenho vontade de ir atrás dele e bater e...

-Cam eu estou bem. O alertei.

Imediatamente o abracei e afaguei seu cabelo com o intuito de acalma-lo.

-Dorme comigo hoje. Pedi em um tom romântico.

Ele suavizou seu rosto e respondeu: -Sempre que você pedir, só não quero mais esse cara perto de você e porque você saiu sozinha...

-C-A-L-M-A, você está pegando minhas crises de loucura? Tentei imitar seu sarcasmo, uma tentativa o tanto quanto fracassada, mas pelo menos Cam sorria, ele não respondeu nada, apenas formos para o quarto.

-Callie, você percebeu que depois daquela noite, nunca mais tocamos no assunto... Ele disse enquanto estávamos sentados lado a lado na cama.

-Sim, você quer falar algo? Eu fiz alguma coisa errada naquela noite? Não foi bom? Perguntei envergonhadamente nervosa.

-Não não, foi tudo maravilhoso, você é maravilhosa na cama Callie. Ele respondeu-me confiante.

Ouve uma pausa.

-O que foi? Cam pergunta.

-Me senti envergonhada, e pensei que você não tinha gostado já que você já fez tantas vezes e eu estava tendo a minha primeira.

-Na verdade essa foi a primeira vez que eu fiz amor com alguém, não fiz sexo com você, fiz amor, podem dizer o que quiser mas não acho que seja pecado, porque foi a sensação mais celestial que eu já tive.

-Eu amo você.

-E eu amo você Callie, de todas as formas.

Eu me aproximei dele, para mais um beijo e uma carícia, mas fui surpreendida quando ele tirou minhas mãos do corpo dele.

-Melhor você ir dormir, e eu também, estou digamos que cansado. Ele foi se deitando e se cobrindo de uma forma evasiva.

-Você me deu um fora? Eu perguntei.

-Não, apenas estou cansado demais pra isso hoje. Ele disse com uma voz preguiçosa.

-Cam...?

-Sim? Ele perguntou pousando as suas duas mãos na barriga.

-Como você... dorme? Perguntei querendo ter voltado atrás.

-Eu não sou um vampiro, meu corpo cansa também, com uma pequena frequência o que faz eu querer dormir se ou quando eu quiser, agora você bem que poderia vim aqui para os meus braços e descansar um pouco não acha.

-Claro... Deitei-me no seu lado e ele me envolveu com seu braço esquerdo, dormi ouvindo o doce som do seu coração batendo.

Quando eu acordei, estava novamente sozinha, por que ele sempre saía antes das 7:00 am? 

Ouvi uma batida na porta, abri um sorriso espontâneo achando que era Cam.

-Olá. A garota do lado de fora sorriu de volta pra mim.

-Oi...? Respondi desconfiada.

-Desculpa, eu não conheço ninguém aqui praticamente, sou Wendy. Ela sorriu com os olhos e esticou a mão para um aperto formal.

Wendy parecia uma personagem de anime, sempre com seu cabelo em uma trança, usava sempre saias e blusas formais, sempre parecia elegante, ao contrário do que eu pude notar da sua irmã.

-Seu nome é Callie não é? 

-Sim, sou eu, como eu posso ajudar?

-Disseram-me que para qualquer informação sobre o horário das aulas era para vir com a representante geral da turma, e mencionaram que era você então. Ela deu uma pausa para respirar, pois falava depressa. –Eu gostaria de saber como eu faço para me inscrever nas aulas extras, tipo música, teatro...

Pedi para que ela esperasse enquanto pegava um dos folhetos que a Diretora tinha me dado no final do ano letivo anterior.

-Aqui está, todas as informações estão aí, esse folheto é bem mais útil do que eu falando. Respondi.

-Obrigada senhorita. Ela novamente sorriu simpaticamente e saiu andando formidavelmente como se fosse uma princesa.

Eu ia fechando a porta do quarto novamente, ainda estava de pijamas e precisa me arrumar logo, mas alguém interrompe minha quase saída da frente do corredor.

-Me desculpa por ontem Callie, é que eu não me dei bem com o Liam... Era Dylan com uma expressão nervosa.

-Mas o que o Liam te fez Dylan? Eu perguntei.

-Nada... apenas me desculpa por ter te deixado ficar lá com ele, mas fui eu que avisei pro Cam que você estava sozinha com ele na biblioteca.

-Obrigada, eu acho. Fechei a porta meio chateada com o Dylan, o Dylan que eu conhecia não iria me deixar sozinha com um idiota cheio de segundas e até terceiras intenções, tinha algo estranho acontecendo com todo mundo ou estava ficando neurótica com a situação?

Naquele dia coloquei uma roupa qualquer, estava cansada e até mesmo atordoada com todas essas mudanças na escola.

As aulas como sempre eram monótonas, naquele dia não vi Cam pelas 5 primeiras aulas, o que fez eu me enterrar na cadeira durante esse período, e assim ficar.

Na hora do almoço sentei com Dylan e Vivien, uma garota da aula de canto, ela não tinha nada demais, apenas o dom da música, além de ser uma garota baixinha de cabelos encaracolados num tom castanho-acobreado quase único, Vivien era apenas uma adolescente normal frequentando uma escola aparentemente normal.

-Oi. Senti uma baforada quente na minha orelha esquerda.

-Por qual motivo você não veio para as primeiras aulas matinais?

-Sabe, pessoal. Ele disse olhando desconfiado para Vivien e Dylan.

-Olha eu não vou sair daqui. Disse Dylan em forma de protesto

-Bom, foi um prazer ficar aqui com vocês, porém tenho que praticar meu dó, e um pouco de violino... Disse Vivien timidamente.

Cam ignorou-os e me puxou para fora da mesa.

-Você parece tenso, o que foi?

-Apenas coisas... Respondeu passando a língua pelos lábios.

-Por que vocês nunca nos contam nada? Disse indignada.

-Vocês... Nós, como assim? Cam olhou me duvidosamente.

-Assunto de anjo, mortais nunca podem saber de nada ou morrem, ou pior. Sussurrei.

-Por favor Callie, é para o seu bem.

-Clichê.

-Acha que eu querer o seu bem é clichê, por que você está desse jeito?

-Que jeito? Perguntei.

Cam me deu as costas e saiu. E pior, eu nem sei o porque de tê-lo tratado assim.