Polícia escrita por judy harrison


Capítulo 8
Ainda Doi


Notas iniciais do capítulo

Betsy tinha uma vida solitária e havia se esquecido de como era ser feliz com outra pessoa. Por isso relutava em aceitar Laurence.



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Dentro de outro quarto uma mulher indecisa andava de um lado para outro, pensando se saia ou não para falar com Laurence.

Ainda estava chocada com o que viu, não por se tratar de uma mulher na cama de um homem solteiro e livre, mas por achar que seria a única em sua vida, mas ela sabia que era um pensamento egoísta, e decidiu sair.

_ Bom dia, Laurie. – disse com seu olhar tristonho.

_ Betsy! – ele se levantou sorridente – Eu queria muito...

_ Vou fazer o café primeiro, - disse interrompendo-o - então agente pode conversar.

_ Não posso esperar pelo café.

_ Ela está com pressa que chegue? – ironizou indo para a cozinha.

Mas ele foi atrás dela. Como disse Bruce, aquilo não atrapalharia a amizade deles, se fosse só amizade.

_ Aquela pessoa não era ninguém, eu nem sei por onde anda, e nem quero saber. – ele se colocou entre Betsy e a pia – Me escute, por favor!

Ela parou com a chaleira na mão.

_ Se me deixar colocar água para ferver, talvez eu escute você!

Ele lhe deu passagem, e sentou-se à mesa. Depois de colocar a água e acender o fogo, Betsy sentou-se também e ficou a encará-lo de modo engraçado, com os cotovelos na mesa e apoiando o queixo nas mãos.

Aquela atitude fez com que Laurence sorrisse com carinho. Para ele, Betsy era linda, mesmo com seus olhos sonolentos, mesmo com os cabelos meio arrepiados, ela era tudo que ele queria em sua vida.

_ Pode falar! – ela disse.

_ Faz isso só para me provocar, não é?

Ela sorriu. Fora sua declaração de que aquela mulher não era nada para ele que a deixou mais tranquila. Seu sorriso se desfez, e ela se postou normalmente.

_ Eu sou o que sou.

_ E a pessoa que você é foi fazer o quê em meu apartamento ontem?

_ Eu... – ela estava indecisa novamente – Eu fui pedir desculpas a você pelo tapa que lhe dei. Não sabia que você ficaria tão chateado. Até Bruce sentiu sua ausência aqui.

_ Achei que ia cumprir com sua palavra de um ano atrás, quando me disse que ia pensar em minha proposta, e que se decidisse ia pessoalmente me contar.

_ Acha que eu faria isso, vendo uma mulher em sua cama?

_ Foi lá pra isso? – ele perguntou com seriedade na voz – Me diga, Betsy! Não acha que eu me satisfaço sexualmente com uma boneca de plástico, não é.

_ Eu não quero saber de sua vida pervertida, Laurie!

_ Eu não sou um pervertido, mas se a mulher que eu amo não está ao meu lado, tenho que me virar. Não sei ser como você. Será que é tão ingênua assim?

_ Não. Mas uma coisa é eu saber e outra é eu ver.

_ Se não me aceita, por que te incomoda tanto?

_ Por que eu gosto de você, droga! – suas lágrimas desceram dos olhos e ela se levantou.

Laurence também, mas daquela vez foi prudente.

_ Não me bata de novo, Betsy! – ele se aproximou como da outra vez, e a tomou nos braços, suas lágrimas ainda estavam no rosto dela e ela se deixou abraçar, ele a fitou bem de perto, mas não a beijou – Eu sei que me ama, sei que me quer. Vou espera-la hoje às três horas em meu apartamento, e quando você me disser “Sim”, será a única a pisar lá e a me tocar até a eternidade!

Laurence beijou levemente os lábios de Betsy, sentia como ela havia soltado seu corpo aos braços dele. Mas tinha coisas para resolver, não podia ficar.

Ele saiu, foi embora, e Betsy ficou na cadeira, atônita. Seu mundo de solidão havia dado a ela uma alma mesquinha, sem brilho e sem emoção. Não era aquela vida que ela queria. Até mesmo a mulher cujo rosto ela não viu, deitada na cama de Laurence devia ser mais feliz do que ela.

Betsy decidiu que voltaria ao apartamento de Laurence e agarraria sua felicidade, se estava com ele.

Já eram duas horas da tarde quando Bruce se levantou.

Mesmo com seu corpo estranho, com aquelas dores e o braço inchado ele foi para a sala. Encontrou sua mãe muito bonita, sem seus vestidos floridos que iam até a canela, ou o antigo prendedor segurando seus cabelos. Ela estava de calças e com uma blusa muito feminina, decotada e com os braços à mostra.

Seus cabelos caídos nos ombros a deixavam mais jovem, quase escondendo sua verdadeira identidade, pois ela nunca soltava os cabelos. Seu corpo era torneado, não como de uma jovem, mas bonito para seus 35 anos.

_ A senhora viu minha mãe? – ele brincou.

Betsy sorriu para ele.

_ Olá, meu filho! Eu quase fui acordá-lo. Você dormiu muito hoje! Como foi no trabalho? Chegou cedo e eu nem o vi.

Ele contou brevemente o que houve. Preocupada, ela disse que falaria com Laurence, mas ele não queria.

_ Eu conheço os riscos que tem essa profissão, mamãe. Se eu não sirvo para ela tenho que abandonar o posto.

_ Está bem, mas tome cuidado da próxima vez, e volte a descansar, eu vou levar o seu lanche...

_ Não, mãe, eu preciso sair. Tenho um relatório para preencher. Laurence vai me levar.

_ Que estranho, eu marquei com ele... –deixou escapar.

Bruce sorriu.

_ A senhora vai se encontrar com ele? Por isso está arrumada assim? – ela riu – Eu só irei para lá depois das quatro horas. Pode ficar tranquila.

Betsy sentiu-se um pouco envergonhada, mas sabia que Bruce ficaria feliz se Laurence e ela se entendessem.

Depois de se alimentar, Bruce voltou para seu quarto. A ansiedade de rever Grace e dizer tudo que estava preso em sua garganta só não era maior do que o amor que um dia ele sentiu por ela.

Com uma roupa Sport Classic, ele se perfumou e penteou os cabelos com um creme cheiroso.

Sua mãe o observou saindo para a varanda, e quando ele voltou, ela sorriu.

_ Você está muito bonito, filho! Se parece com...

Ele esperou que ela terminasse a frase, mas ela findou com um balançar de cabeça desaprovando o que pensou.

_ Com meu pai? Ainda se lembra dele?

Ambos se sentaram, iam sair na mesma hora, e ainda faltava meia hora. E para Betsy, responder àquela pergunta não era fácil.

_ Seu pai era Willy, querido!

_ Sabe que não é dele que estou falando. – falava como um adolescente – Nunca me disse como ele era.

_ Bruce, seu pai não gosta que eu fale dele... – ela disse no presente, sem perceber.

Bruce ficou preocupado.

_ Mãe, quando é que a senhora vai aceitar o que houve? Willy nunca deixou de ser meu pai, e eu o amava também, mas ele se foi!

Bruce não fazia ideia de como aquelas palavras doíam em Betsy.

_ É diferente, não sabe o que eu passei... – tinha a voz trêmula.

_ A senhora me criou com sacrifício, eu sei disso e sabe que eu valorizo cada noite sem dormir, cada lágrima que derramou por meus fracassos, mas não faz nada por si mesma. – ele foi sentar-se ao lado dela, ao ver que a fez chorar – Me desculpe mãe, mas tenho estado preocupado com a senhora. Se algo me acontecer, a senhora vai ficar sozinha?

_ Não fale assim!

Desatando em prantos, ela o abraçou. Bruce só queria ser realista, mas nem imaginava quão frágil ela ficava ainda ao falar da ausência de Willy. Betsy o deixou e foi para seu quarto. Desistiu de sair e de buscar sua felicidade.

Arrependido, Bruce ligou para Laurence e pediu que ele fosse até lá, pois sabia que ela nem sairia do quarto por algumas horas.

Somente quando Laurence chegou ele saiu, recomendando paciência com sua mãe.

A caminho da cidade em um taxi, Bruce estava ansioso em acabar logo com aquele encontro. 


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