Entrelinhas escrita por ariiuu


Capítulo 15
Você não mudou nada... - Mediano Ilha dos Tritões


Notas iniciais do capítulo

E aeee galereee ^/
Desculpem mais uma vez a demora. Fiquei o mês passado inteiro e este também em fase de transições da minha vida e espero que me perdoem mais uma vez pelo atraso.
Bem... Este mês a fic completa 1 ANO DE VIDA!!! Uhuuuu!!! Me pergunto como consegui demorar tanto tempo pra escrever!? Mas vocês me perdoam, não é mesmo?? 8D
E nesta data tão especial, gostaria de agradecer todos os leitores. Até mesmo os fantasmas que leem e não deixam reviews e também os que favoritam e não deixam review! ^^/ Em especial quero agradecer alguns leitores fieis e que simplesmente AMO seus reviews: May, Franzn, Tify, Kuchiki Saya e iTzWeehk Este que vive mudando de nick do nada :B
Então, mais uma vez obrigada a todos e espero que continuem acompanhando, pois nessa fase após dois anos as coisas começam a esquentar muito entre o casal briguento :D
Neste teremos: Ruivas encapuzadas e irritadas, bêbadas, revoltadas e vingativas. Além de muita roupa suja sendo lavada e toques físicos ainda mais ousados do que há dois anos... As emoções estão fortes, muahahahaaha (risada maléfica)
Divirtam-se!



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Entrelinhas 15 – Você não mudou nada... – [Mediano Ilha dos Tritões]


A navegadora estava sinistra.
O espadachim estava contente.

Ela queria beber.
Ele queria pescar.

Nami resplandecia nebulosidade.
Zoro abrandava serenidade.

O dia em que ambos perguntaram a si mesmos, um sobre o outro.
 


– Ahahaha haahaha hahaaha e o que você fez com ele!?

– Ele simplesmente curtiu a ressaca enquanto desfilava nu pelo navio. Naquele dia ele aprendeu a não mexer com a mulher errada.

– Nossa... Você é bem pior do que eu... Você podia me dar aulas de como disciplinar um homem.

– Eu não posso dar aulas para a Gata Ladra. Você é quem deve me ensinar mais sobre furtos!

– Imagine... Isso tudo foi fruto de anos trabalhando para aquele maldito do Arlong. – Nami se encontrava no balcão de um bar junto de uma caçadora de recompensas. As duas compartilhavam entre si, experiências adquiridas ao longo de suas jornadas. Como ambas tinham muito em comum, a ruiva resolveu revelar sua identidade para a garota, que mesmo procurando por cabeças valiosas, viu na navegadora uma companhia para beber.

Estava quase amanhecendo e o bar estava cheio. Muitos piratas bebiam e cantavam ali. Na verdade, todos os bares do Arquipélago estavam lotados de bandidos, já que o QG da marinha havia mudado de lugar.

Nami havia sido a terceira a chegar, porém, procurou ficar entre as árvores mais afastadas, movimentadas e repletas de comércios. Ali ela não precisaria correr o risco de se encontrar com Zoro, que foi o primeiro a chegar ao Arquipélago. Luffy e os outros ainda não haviam desembarcado, então ela não precisava ter a obrigação de se encontrar com ninguém da tripulação desnecessariamente. Nami estava de mau humor e sem paciência, prova disso eram seus trajes. Vestia um biquíni estampado, calça jeans, sandálias e um sobretudo de veludo preto, onde cobria a cabeça com o capuz. Embora estivesse ali, preferiu fazer compras e beber, pois só assim conseguiria jogar para fora qualquer resquício de sentimento reprimido em relação à separação da tripulação.

– Uhh... Nossa... Mais que Deus grego é aquele ali...? – A caçadora de recompensas dizia enquanto reparava em alguém que adentrava no bar. A ruiva não se virou para ver quem era o tal ‘Deus grego’. Tudo o que ela queria era beber e descontrair da melhor forma possível, ainda que seu mau humor atingisse violentamente os piratas bêbados que tentavam se aproximar da mesma por causa de sua aparência sublime, porém tenebrosa por causa de seu semblante assombroso.

O tal Deus grego se aproximou do balcão e se sentou ao lado da ruiva. O mesmo foi breve em seu pedido.

– Quero uma garrafa do seu melhor sakê.

Naquele momento a navegadora sentiu como se o tempo parasse, o ambiente ficasse preto e branco e silencioso. Ela podia reconhecer aquele timbre a metros... Seus olhos acenderam mais do que o comum e sua postura se tornou institivamente rija, pois ele estava ali e sentado bem ao seu lado.

– Hey, o que foi...? – A garota que acompanhava Nami nas bebidas estranhava a reação de assombro da ruiva, ainda mais depois de a mesma se virar lentamente de costas para o rapaz de cabelos esverdeados, como se não quisesse que ele a visse.

– Não é nada... Eu preciso ir agora... – Nami respondia a garota com um tom de voz mais grave que o habitual. Ela correu rapidamente para a porta, deixando-a com um ponto de interrogação na face.

– Hey gracinha...! Você já vai...? Por que não fica aqui e bebe um pouco com o papai...!? – Um homem barbado com roupas encardidas e um chapéu onde estava estampado um símbolo pirata cercava a ruiva. Ela sorriu de canto no mesmo momento.

– Creio que não vá aguentar mais um caneco de sakê... – Nami dizia tal frase de forma tenebrosa. O tal pirata não entendia o sentido da passagem.

– Por que não aguentaria...? Está subestimando minha capacidade em beber, docinho...?

– Não. Simplesmente acho que você não conseguiria se manter de pé depois disso.

– O quê...?-

– O homem não teve nem tempo de raciocinar sobre a afirmação da navegadora. Ela já havia pegado rapidamente uma garrafa, quebrado na cabeça do mesmo, lhe dando uma rasteira logo em seguida. O sujeito derrapou em uma das mesas, quebrando-a no meio e indo ao chão em seguida.

Todos do bar começaram a rir como loucos.

Quando Zoro se virou para ver o motivo da algazarra, Nami já havia batido a porta do bar com força pelo lado de fora.

Após o ocorrido, a ruiva respirou fundo e rapidamente se retirou do local, dando passos longos e rápidos.

O sol já estava nascendo e um semblante confuso e melancólico tomou conta do rosto dela. Os raios solares que invadiam suavemente as vistas da ruiva mostravam o quanto aquela realidade dura havia finalmente chegado. Por dois anos ela tentou imaginar como seria seu reencontro com o espadachim, e por mais que tivesse se preparado psicologicamente, não era fácil quando teve de vivenciar a situação. Ela não tinha ideia de como ele estava, pois sequer o olhou. Mas apenas o timbre firme de sua voz lhe convenceu que talvez muitas coisas nele não haviam mudado.

Depois de pensar sobre tal, naquele momento ela decidiu ir para o bar de Shakky.





– Por que não me disse que o Zoro estava perto das árvores onde EU estava!?

– Ora... Por que chegou aqui com tanta pressa e ainda se referindo ao Zoro-Chan dessa forma...? – Nami ficou surpresa com a pergunta. Aquela mulher era mil vezes pior que Robin.

– Bem... Não precisa responder... Eu já sei. – Shakky afirmava com tranquilidade.

– Já sabe? O que você já sabe!? - Não acredito que estou fazendo papel de idiota na frente de todos por causa dele! – Ela pensava confusa. - Eu só queria saber por que não me disse que ele estava perto de onde EU estava. – Nami tentava desconversar de modo embaraçoso, porém transparecendo arrogância e altivez. Shaky entendia tudo.

– Hmmmmm.... – A morena esbanjava um sorriso malicioso.

– Shakky pare de sorrir dessa forma!

– Seja como for, te aconselho sobre algo...

– Sobre o quê...?

– Sempre ouça o que seu coração... Não lhe falar...

– O quê? Mas que conselho mais sem sentido é esse? Não quis dizer para sempre ouvir o que meu coração me falar?

– Não, porque se você ouvi-lo, provavelmente vai fazer tudo errado. Pare, se acalme, e raciocine bem o que você quer, caso contrário, vai estragar tudo.

– Não estou entendendo o que você quer dizer com isso... – A navegadora continuava a manter uma pose arrogante e desentendida.

– Sim, você está entendendo sim! Pare de tentar me enganar... Sou muito mais experiente que você nisso... – Shakky ascendia um cigarro.

– Eu não sei o que você está pensando, mas, por favor, não seja equivocada... – A ruiva sentava em uma das cadeiras em frente ao balcão.

Shaky começou a sorrir.

– Você devia estar feliz por revê-lo, não acha...?

– E eu estou. Mas acho que o reencontro deve acontecer quando todos estiverem presentes... – Nami tentava desconversar mais uma vez, mas Shakky parecia entender muito bem aonde a ruiva queria chegar.

– O que há de errado em se encontrar com um companheiro antes da chegada dos outros? Por acaso você está evitando o Zoro-Chan?

– Não... Eu não estou o evitando... Só não estou me sentindo muito bem com isso, afinal... A separação de todos foi muito trágica... Sou um pouco sensível com esses detalhes...

– Hmm... – A morena que acabara de soltar a fumaça do cigarro, atentava para o rosto da garota que transluzia melancolia. Ela chegava à conclusão que era obvio que a navegadora e o espadachim tiveram algo. Apenas pelas reações da mesma, Shakky pôde chegar a tal conclusão, porém, resolveu não dizer nada e nem dar a entender que tinha sacado alguma coisa.

– Seja como for, acho melhor descansar um pouco. Logo os outros chegam e você está com um semblante abatido.

– Estou?

– Sim.

– Bem... Ainda preciso passar em algumas lojas. Mas acho que vou aceitar sua sugestão. – A navegadora sorria simpaticamente, pois se tinha algo que amava fazer além de comprar era pechinchar.







– Sua trapaceira! Como você consegue ser tão rápida na hora de-

– Cala a boca seu idiota! Ele vai escutar... – Nami tapava a boca do atirador que observava a mesma jogar contra um dos piratas amadores numa mesa de apostas, porém sem querer pensou em voz alta. Usopp já estava servindo de carregador de sacolas há três dias desde que se reencontraram num bar no Arquipélago.

O pirata que apostava na mesa com a navegadora, passou a encará-la com cólera. Era óbvio que ele havia escutado o que o atirador disse e percebendo isso, Nami tentou enrolá-lo.

– Ohohohohoho, não leve em conta o que esse idiota diz... Estamos num jogo justo, esqueceu...?

– Você... Eu me lembro de ter visto seu rosto em algum lugar...

Usopp e Nami arregalaram os olhos. A ruiva ainda trajava as mesmas roupas e o sobretudo de veludo que cobria a cabeleira laranja.

– Acho que está enganado senhor... Faz poucos dias que cheguei ao Arquipélago e...-

– Não... Eu te conheço... Sei que já vi uma foto sua em algum lugar, mas faz muito tempo...

– Ahá ahahahaha ahaha, o senhor deve estar confundindo a minha amiga com alguma dessas modelos de revista! Ela nunca esteve na Grandline antes e agora está aqui no Arquipélago pela primeira vez a passeio!

Enquanto Usopp tentava distrair o pirata, Nami havia tirado uma parte do Clima Tact do cinto e soltado algumas bolhas de eletricidade que passaram despercebidas aos olhos de todos do bar.

Vários piratas encaravam a dupla com olhos ferozes. Era nítido que qualquer movimento que os dois fizessem soava arriscado e então com certeza todos que estavam ali atacariam de uma vez.

– Eu sei que te conheço... Preciso forçar minha memória... – Mais uma vez o pirata insistia e o mesmo passou a se aproximar lentamente de Nami que se encontrava encurralada entre o balcão e as mesas.

– Não... O senhor não me conhece por que sou uma simples civil... – A ruiva dizia enquanto cautelosamente olhava para os lados. Usopp já estava cercado de vários outros piratas sinistros.

O pirata que cercava Nami arregalou os olhos instantes depois e passou a gritar.

– AGORA EU ME LEMBRO!!! VOCÊ É A GAT-



– Desde quando velhos que fedem a tabaco e sakê barato se lembram de algo...?



Todos do bar arregalaram os olhos e ficaram parados em silêncio. O pirata que estava na frente de Nami estava perplexo e completamente nocauteado com uma lâmina escura que emitia um brilho horripilante em seu pescoço.

Nami permaneceu imóvel e sobressaltada... Completamente sobressaltada...

– ZO... ZORO!!? – Usopp gritava em exclamação, pois ele não acreditava que o companheiro que não via a mais de dois anos e o primeiro que foi atacado por Kuma estava ali. Zoro não havia reconhecido Usopp.

Por mais que Nami não acreditasse que aquela situação estava mesmo acontecendo, seu olhar se desviou para o teto. A técnica estava quase no ponto e só mais uma bolha faria o estrago que a mesma tanto queria.

O atirador que ainda estava surpreso por rever o companheiro tentou entender o que o moreno estava fazendo ali.

– Hey, o que você está fazendo aqu-

– Thunder... Bolt... – Ela dizia de forma sussurrada com um tom de voz mais grave.

As nuvens negras no teto choveram fortes trovoadas e todos que antes estavam cercando o atirador e a navegadora caíram no chão. O pirata que estava na frente da ruiva caia inconsciente aos seus pés, completamente eletrocutado. Zoro arqueou uma sobrancelha ao tentar entender o que uma mulher vestida com um sobretudo preto e com a cabeça coberta por um capuz incidia uma técnica muito parecida com a de sua companheira.

– Eu agradeço que queira me defender, mas... Isso não será mais necessário. – Nami deixou o capuz deslizar por suas mechas até seus ombros, descobrindo seu rosto e finalmente se revelando para o espadachim. Ela esbanjou uma expressão luxuosa e soberba, mas discretamente observou a atual aparência do moreno, impressionada com o quanto ele havia mudado e principalmente... – O que aconteceu com seu olho...? – Pensava ela.

Era evidente que o olhar dele se estendeu pela visão exclusiva que tinha de sua companheira. Aquela definitivamente não parecia nada com a Nami que estava acostumado a ver todos os dias. Ela estava totalmente diferente. Misteriosamente diferente de uma forma em que aos poucos seus olhos tentavam descobrir o que concebiam quando manteve os mesmos fixados no rosto dela. Era impressão dele, ou o cabelo dela estava mais ondulado? Não pôde deduzir o comprimento por que o mesmo estava por dentro do capuz.

– Nami...

– Zoro... – A ruiva mostrava um sorriso cínico. Zoro se recordava de ter visto aquele mesmo sorriso quando ela havia revelado no East Blue que era uma pirata e que fazia parte do bando de Arlong. Um tanto nostálgico aquela sensação.

– ZOROOOOOOOO!!! – E um Usopp frenético e desesperado caia em cima do espadachim na mesma hora. Ambos foram ao chão.

– Hey, saia de cima de mim!!!

– Cara, é ótimo saber que você está vivo!!!

– Usopp... Não é hora de ficar matando as saudades. Espere todos se reunirem. Agora pegue as minhas sacolas e vamos para a árvore 36 por que tem uma liquidação lá... – Nami dizia em tom imperioso, desdenhando da cena ridícula onde Usopp abraçava incansavelmente o espadachim. Naquela hora, Zoro finalmente se tocava que aquele era o atirador.

– Usopp!? Seu idiota!!! Por que não disse desde o começo que era você!? – O moreno ria satisfeito por reencontrar com o companheiro.

– Você não me reconheceu!? O que achou da nova aparência do grande guerreiro Uso-

– A única coisa que mudou de verdade em você foi o seu nariz que está mais comprido. Agora vamos indo para as lojas... – Nami segurava o nariz do companheiro e passou a arrastá-lo rumo à porta, ignorando totalmente o espadachim.

– Espera aí Nami!!! Eu quero ficar aqui pra conversar com o Zoro!!! – Usopp que era arrastado pelo nariz, gritava em tom de protesto, mas teve sua exclamação ignorada pela navegadora que continuou lhe arrastando contra sua vontade.

Embora moreno estivesse contente em rever os amigos, admitiu pra si mesmo que não esperava ver a ruiva daquela forma. Ela parecia estar bem e isso bastava para ele. Tudo o que haviam passado antes de se separarem em dois anos era doloroso demais para relembrar. Mas desta vez ele estava disposto a se comportar de modo civilizado perto dela. Não haveria mais vestígios de qualquer aproximação afetuosa. Ele a trataria apenas como uma... Companheira.





A tripulação do Chapéu de Palha finalmente se reuniu. Todos estavam eufóricos com o reencontro, porém alguns navios da marinha estavam cercando a ilha, justamente a procura deles.

Em meio à baderna que todos faziam depois de dois anos, havia duas pessoas que em pequenos intervalos se encararam, porém sem dizer nada um ao outro. Por muito tempo foi assim, antes e depois de zarparem.

Quando a navegadora se permitiu encarar ligeiramente o espadachim, finalmente observou com cuidado tudo o que ele aparentemente havia se tornado. O aspecto muito mais imponente e extasiante do mesmo não pôde deixar de causar algumas reações emocionais nela, tais como a ardente atração que ainda sentira por ele, que pareceu se mostrar ainda mais intensa e potente do que há dois anos. Aquilo fez com que a mesma se odiasse internamente, mas era inevitável e ela sabia bem disso. Já havia domado seu coração para que suas reações não mostrassem o quanto ele ainda a balançava. Nami havia vestido completamente a máscara da dissimulação excessiva.

Ele estava diferente do que antes. Os cabelos estavam um pouco maiores e jogados para trás, mostrando-se muito mais viril e esbanjando seu charme peculiar que se encontrava ainda mais esmerado. A cicatriz no olho direito causou certa preocupação na navegadora que se perguntava internamente o que poderia ter acontecido, porém mesmo assim, o olhar inflexível parecia estar ainda mais gélido do que antes, o que a fez pensar que o mesmo poderia ter se tornado um verdadeiro homem endurecido e invulnerável a qualquer coisa. Se isso realmente fosse verdade, ela não precisaria temer por nada que ele pudesse fazer. Não estava esperando que ele tomasse qualquer atitude à respeito do que tiveram a dois anos.


– Nami-San, você poderia fazer uma lista do que precisamos saber sobre o revestimento, antes que eles façam algo idiota?

Nami foi tirada de seus devaneios com a pergunta do cozinheiro. E esclarecer sobre o revestimento era algo que podia fazer facilmente.

– Claro Sanji-Kun. Rayleigh me deu algumas anotações... Certo, pessoal, deixe-me explicar!

LINDA...!!! – Sanji não resistiu e passou a ter hemorragia nasal, voando quase para fora do navio.


Enquanto todos socorriam o cozinheiro, Zoro se atrevia a direcionar o olhar rapidamente para a companheira de cabelos alaranjados. Estes que agora estavam muito mais longos e airosos. O porte físico da mesma estava muito diferente de dois anos. Seu rosto estava mais refinado e delineado. A roupa que a mesma trajava, mostrava o quanto seu corpo havia se aperfeiçoado. As curvas mais desenvolvidas e esguias, os seios mais refertos e alcantilados. O olhar tão expressivo e penetrante que transparecia firmeza e uma ousadia desigual. Uma beleza que embora fosse eminente há dois anos mostrava-se muito mais apurada. Zoro se perguntava que tipo de treinamento a ruiva havia feito para revelar-se tão mais bela do que antes, a ponto de se perder naquele mar de encantos em que a mesma esbanjava inconscientemente.

Enquanto Sanji era socorrido pelos companheiros que logo começaram a discutir sobre o revestimento, a navegadora passava a explicar sobre tal assunto que o mesmo não entendia nem um pouco, mas apenas o fato de ouvir a voz dela, despertara uma ansiedade que mentalmente tentava controlar. Ele concluía que foi tempo demais longe da ruiva, mas que logo voltaria a se acostumar com a presença dela. E tal conclusão lhe fazia instantaneamente a cair no erro de achar que poderia fazer uma competição de caça com Luffy, onde o alvo era um cardume de peixes que deslizava pelas águas do oceano.






A luta contra o bando de Hody Jones havia finalmente acabado e todos estavam ocupados com a festa no palácio Ryuugu.

Nami e o príncipe Fukaboshi bebiam juntos. A ruiva ria indiscretamente, mostrando o que o álcool já havia lhe causado.

– Hey, vocês não acham que a Nami está bebendo mais que o normal? Ela já está com o rosto super vermelho. – Usopp indagava enquanto observava a companheira perdendo a compostura diante dos demais.

– Ora, acho que nunca cheguei a ver qual era o limite dela há dois anos. – Robin sorria e sabia que provavelmente a navegadora estava fazendo alguma competição de bebida com o príncipe.

– Agora que você falou... Há outra pessoa que parece ter passado dos limites também... – O atirador olhava incrédulo para o espadachim, que estava cercado de dezenas de garrafas de sakê.

– Como esses dois conseguem beber tanto...? – Usopp perguntava perplexo.

Franky lançou um olhar suspeito para a arqueóloga, e os dois sorriram logo em seguida.

– E então... O que acha de bebermos num lugar mais reservado...? – A ruiva esbanjava um sorriso significativo. O irmão de Shirahoshi arqueava uma sobrancelha em resposta. Ele já havia passado por inúmeras situações parecidas, mas com algumas sereias de sua ilha.

– Não acho uma boa ideia. Você já está bêbada. Acho melhor pararmos de-

– Nada disso! Ainda consigo beber muito mais!

– Eu acho que não...

– Qual é o seu problema!? Só falta me dizer que prefere sereias do que humanas!

– Você é uma bela mulher, no entanto não tenho interesse em humanas. Espero que me perdoe por isso. – O príncipe respondia suavemente com um sorriso no rosto.

– Unf... – Nami esbanjava uma carranca detestável em resposta, mas seu acompanhante já esperava por isso.

– Nami-San vamos dançar juntos!!! – Sanji que interrompia repentinamente a tal competição de bebida entre o príncipe e a companheira, passou a rodeá-la freneticamente, lhe convidando para uma dança.

– Sanji-Kun... PARE COM ESSA DANÇA RIDÍCULA!!! É CONSTRANGEDOR!!! – A navegadora bradava exaltada.

Zoro observava tudo em silêncio. Ele não sabia por que o simples fato da companheira estar bem diferente lhe incomodava tanto. Ela estava coincidentemente com a mesma aparência do sonho que tivera em Skypiea dois anos atrás e continuou se questionando por que se sentia inquieto por dentro toda vez que a encarava e se perdia naquela beleza tão hipnotizadora.

– Vamos Nami-San!!! É uma música lenta!

– Por que você não vai se realizar com todas essas sereias ao seu redor!? Por que precisa me incomodar no auge da minha bebedeira!? – A navegadora dizia de forma irritada enquanto delibava de uma vez toda a bebida de seu caneco.

– Todas essas mulheres são lindas... Mas você é mais bela de todas. – O tom galante do loiro fez com que a ruiva arregalasse os olhos em resposta. O príncipe Fukaboshi sorriu com a cena.

– Por que não dá uma chance ao rapaz? Ele está sendo muito educado e lisonjeiro com você.

– Haa...? Até você!? Esse idiota aí dá em cima de todas as mulheres que existem! Não quero ser mais uma na lista dele! – A navegadora ainda usava um tom indelicado para recusar o convite do companheiro.

– Mas Nami-San...-

– Sanji, já que a Nami não quer, por que não dança comigo? – Repentinamente Robin se achegou à conversa, propondo que o cozinheiro lhe tirasse para dançar. O plano de Robin era apaziguar a situação onde Nami parecia estar descontrolada.

– Aah... ROBIN-CHWAN!!! É CLARO QUE SIM!!!

– O quê!? Há poucos segundos, você estava implorando para dançar comigo e agora que a Robin se ofereceu para me substituir você fica todo assanhado!? Até quando você vai bancar esse mulherengo de quinta categoria!? Você é baixo e desprezível!

– Nami-San... Por favor, não me interprete mal... Eu apenas...-

– Para com isso! Eu não quero ouvir suas humilhações! Eu não quero continuar vivenciando isso! Por que já estou farta de não conseguir te tirar da minha mente e arrumar uma desculpa pra não olhar pra essa sua cara... Por que eu não consigo mais... Por que eu...

– Nami-San...? O que você está dizendo...? Eu não estou entendendo...

NÃO ME INTERROMPA! Até quando você continuar agindo assim!? Como se nada tivesse acontecido!? Toda vez que olho pra essa sua cara cínica e desprezível, me recordo do quanto você é um homem estúpido e infeliz! Eu não passei dois anos treinando pra chegar aqui e ter que passar por essa inconveniência! Eu te odeio! Te odeio mais do que tudo Zo-

Naquele momento a navegadora sentiu uma onda de choque percorrer por todo o seu corpo. Os músicos haviam parado de tocar e as sereias de dançar. Todos ali presentes pararam após os gritos escandalosos da garota. A maioria deles ficou com um ponto de interrogação estampado na face. Robin e Franky deduziram que o excesso de bebida estava fazendo a ruiva delirar e jogar para fora o que estava escondido no lado mais obscuro de seu coração.

Zoro sabia que a indireta era para ele e uma expressão impaciente tomou conta de sua face.

Enquanto todos encaravam Nami completamente confusos, a mesma abaixou o rosto em resposta, pois sabia que estava perdendo o controle de si mesma.

– Eu... Vou voltar para o navio...







Mesmo com a insistência do príncipe, Nami não quis descansar no palácio. Ela queria ir para o seu canto particular. O seu quarto. Queria se trancar nele, se enfiar de baixo da cama, cobrir sua cabeça com um travesseiro e nunca mais sair. Horas depois do ocorrido, sua cabeça doía... E muito mais a vergonha que estava sentindo por perder a compostura na frente dos companheiros e do palácio inteiro. Ela se perguntava se não havia conseguido apagar a mácula que Zoro havia feito em seu coração. Se perguntava quando aquele pesadelo iria acabar, sendo que mal haviam voltado para suas jornadas. Será que os dois anos em que ficou treinando não foram suficientes para se recuperar de todo aquele choque? Por que aquela mágoa? Por quê? Sua mente andava em círculos e ela não conseguia mais continuar deitada em sua cama.

A primeira coisa que fez foi trocar de roupa. Ela basicamente havia colocado o mesmo estilo que estava vestida antes. Um biquíni com estampa, calça jeans e sandálias. Além do Clima Tact preso no cinto. Ela só queria se distrair com algo. Ela só precisava fazer algo para espairecer.








Quando Nami abriu a porta que dava ao convés, se surpreendeu com a quantidade de raios solares ofuscantes que realçavam a paisagem de onde o navio estava. Era lindo... Aquela ilha era mesmo muito bonita e misteriosa.

Se aproximou da balaustrada e ficou fitando o ambiente. Encostou os cotovelos na borda e apoiou o peso do corpo sobre os balaústres de madeira. O clima estava fresco e o vento oscilante. Ela permaneceu imóvel por bastante tempo, apenas sentindo um sopro refrescante lhe acariciar a face. Uma sensação de paz lhe invadia, fazendo com que a mesma parecesse estar vivendo algum tipo de fantasia. E aos poucos ela se desvencilhou da realidade e elevou seus pensamentos a algo quimérico, como se até mesmo tivesse parado de existir.

O som de lentos passos passou a ser audível aos poucos. Apesar de estar em transe, Nami não havia deixado seu estado atual de serenidade ser desfeito por causa daquilo. Quem quer que esteja ao seu lado naquele momento, não a tiraria daquele mar de sensações de tranquilidade.

O vento passou a soprar forte naquele instante. Nami estava de costas para a pessoa que havia acabado de chegar ao local. Seus cabelos esvoaçavam-se onduladamente, condescendendo ainda mais a cor vivaz das madeixas.

Zoro, a tal pessoa que acabara de chegar ao local, observava a cena sentia-se deslumbrado. O vento parecia estar aliciando as mexas ruivas de modo esplêndido. Por mais que tentasse se controlar perto dela depois de dois longos anos, não houve resistência após contemplar a companheira daquela forma. Sentia-se vulnerável por não conseguir ter o autocontrole que tanto precisava naquele momento. Depois de muito hesitar, relutantemente se aproximou.

Quanto mais assistia aquela cena, mas se sentia ferido e atraído. Toda aquela beleza estava lhe matando.

Nami sabia exatamente que a pessoa atrás de si era o espadachim de cabelos esverdeados, porém, continuou presa naquele momento de sossego extremo. Um tanto irônico para quem estava a prestes a explodir por conta da mácula que ainda ardia violentamente. Ela tentou incansavelmente reduzir a nada o que sentia por ele. Mas tudo o que conseguiu foi apenas manter os sentimentos no mesmo lugar. Se fosse possível, teria arrancado seu coração e deixado um imenso buraco tomar conta de tudo. Mas como isso não era possível, estava prontamente disposta a esmagar seu coração e não demonstrar nenhum vestígio de sentimento.

Zoro já estava perto o suficiente e a ruiva continuou ignorando a presença dele. Os milésimos de segundo foram passando, e então os centésimos se transformaram em segundos, e os segundos passaram a se tornar longos. Poucos segundos que mudaram a real duração de tempo e duraram uma eternidade por parte da nova sensação que ela passou a sentir. Seus olhos acederam mais que o normal. Zoro estava atrás de si, bem próximo e havia pegado uma de suas mexas ruivas mais longas para sentir o perfume inebriante que emanava da mesma. As madeixas ainda voavam de forma oscilante, mas aquela em que ele fez questão de segurar estava justamente lhe servindo como uma forma de matar as saudades que sentira por ela e a curiosidade em descobrir se a mesma parecia tão macia e sedosa quando esbanjava seu brilho.

Nami não podia ver, mas podia sentir que ele estava ali, segurando uma mecha de seu cabelo. Aquele toque era inocentemente delicioso e ela estava a prestes a se entregar ainda mais aquele efeito doce.

Mas uma voz dentro de si gritou intensamente. Aquela era a sua razão. Ela a mandou se afastar.

Zoro se abismou com a reação agressiva que a ruiva demonstrou naquele momento. Antes que pudesse pensar em algo, ela já havia se virado abruptamente. Seu semblante queimava em cólera.

– O que você está fazendo aqui!?

O espadachim a fitou com seriedade e continuou em silêncio por um tempo. Ele sabia muito bem que não poderia discutir com ela. Com certeza Nami havia desenvolvidos várias teorias do por que ele nunca deveria tê-la afastado há dois daquela forma.

– Por que ousou se aproximar de mim de novo!?

O moreno abaixou o rosto e permaneceu em silêncio. Nami teve a impressão de que talvez ele tivesse se arrependido e quisesse se desculpar. Que outro motivo ele teria para estar ali e se aproximar daquela maneira?



Zoro permaneceu em silêncio.


Nami continuou sem respostas.




– Por que está calado!? Diga alguma cois-

– Você continua a mesma... – Quando o espadachim ergueu o rosto para encará-la, um sorriso terno, caloroso e atraente surgiu em seus lábios. A ruiva se admirou com as recém-palavras. Uma sensação familiar lhe invadiu impetuosamente. O timbre dele... O olhar... O sorriso... Foram essenciais para lhe trazer de volta uma realidade dura e ao mesmo tempo agradável.

Nami ficou sem fala. Era como se ele tivesse ganhado aquela batalha sem ter lutado. Aquilo era injusto e imperdoável.

– Idiota... É claro que mudei... É só você olhar para mim, por que está nítido...

– Sim. Você está ainda melhor do que antes...

– O quê!? Mas você disse que não mudei nada! Por acaso você é idiota!?

Zoro sorriu mais uma vez e Nami se sentiu ofendida. Ele parecia estar caçoando dela.

– Quer saber...? Eu desisto. Você continua idiota e imprevisível demais. Quem não mudou nada foi você... – A ruiva se virava de costas e cruzava os braços, irritada.

– Você não precisava ter se embebedado para jogar para fora o ódio que sente por mim. E na verdade... Eu quero consertar as últimas coisas que aconteceram entre nós...

A navegadora arqueou uma sobrancelha. Ele por acaso estava sendo sarcástico? Aquela era a piada do ano. Zoro nunca foi do tipo que quisesse se desgastar para resolver algum problema como aquele.

– Desculpe, mas não estou entendendo... Por que você teria o trabalho de resolver algo do qual não se importa...?

– Eu não acho certo continuarmos nessa situação. Não podemos prosseguir nessa jornada sem acertarmos essas questões pessoais...

A voz dele embora fosse grave, era suave. Algo estava errado e quanto mais a ruiva tentava entender, mas desconfiava e mais aquilo lhe irritava.

– Você por acaso está brincando!? Achei que você tivesse resolvido isso quando disse que estava atrapalhando suas ambições e-

– Nami-

– Eu ainda não acabei, então não me interrompa como se tivesse algum direito! Você disse que não me queria em seu coração! Tem noção do quão doloroso foi pra mim!? O que você pensou que eu fosse!? Um robô!?

Zoro suspirou impaciente e ela continuou falando.

– Você sequer perguntou a minha opinião! Tudo ficou claro demais! O que eu pensava ou sentia não fazia a menor diferença pra você!

– Isso não é verdade-

– Eu ainda não terminei! Então se não quiser que eu grite ainda mais e que minha voz chegue até o palácio é bom você ficar quieto!

Paciência tinha limite e Zoro havia ultrapassado a dele, porém, tudo o que o mesmo fez foi se calar enquanto sentia uma veia saltando em sua testa. Ele a deixaria fazer como queria, mas apenas por que queria resolver aquele problema que poderia atrapalhá-los durante a ida para o Novo Mundo. Não por que queria vê-la e talvez sentí-la perto de si...

Nami suspirou irritada. Queria achar as palavras certas, então se calou durante alguns segundos e logo depois voltou a dizer tudo o que estava entalado durante dois longos anos.

– Sabe... Depois de refletir muito eu... Cheguei à conclusão que você estava certo... Não daria certo entre nós... Eu não poderia... – A longa pausa da navegadora não foi o bastante para expressar toda a sua revolta. Seu olhar mostrou algo que ele não esperava ver. Uma expressão sombria que sorria de tristeza.

– Eu não poderia estar com uma pessoa egoísta e covarde como você... Cedo ou tarde você me faria sofrer...

As últimas palavras da ruiva causaram um aspecto alarmante no espadachim. Aquilo foi pesado demais. Era como se ela tivesse acertado uma parte vital de seu corpo... De sua essência... Pela primeira vez Nami havia dito algo que ele nunca preveria.

– Egoísta e covarde...? É isso que pensa sobre mim...? – O olhar nebuloso e letal que Zoro apresentava, parecia não causar mais nenhum tipo de dano sobre a ruiva. Ela se sentia aliviada por constatar aquilo.

– Isso mesmo. Você é um egoísta, covarde, baixo, inescrupuloso, desonesto... E se for para aumentar os atributos desta lista, eu poderia ficar aqui por horas apenas dizendo o quanto você é sórdido e desprezível...

O olhar de Zoro cintilou de forma violenta. Naquele momento Nami não pôde prever como ele conseguiu ser tão veloz a ponto de pegá-la pelos pulsos e afrontá-la intensivamente.

Diga isso apropriadamente olhando em meus olhos, Nami.

Por um momento, a ruiva se sentiu assustada, mas tudo não passava de apenas um toque físico hostil, então ela passou a afrontá-lo de forma ofensiva.

– Eu não tenho medo de você, Zoro... Não pense que pode me intimidar com sua brutalidade agressiva...

Os dois se encararam de forma colérica, desvairada e enfurecida. O olhar de ambos ardia em fúria, como se fossem se matar em instantes. Todo aquele dito ódio pulsava intensamente dentro dos dois. Um sentimento profundamente mútuo e possante.



Um sentimento veemente e agudo que os feria de forma violenta e selvagem.



– Você com certeza é a mulher mais ufana, vaidosa e mesquinha que existe...

– Heh... Isso foi apenas no que você me transformou... – Nami sorriu atraentemente orgulhosa. Isso só mostrava o quanto ela havia conseguido o golpear.

– E quando você vai parar com esse teatro...?

Ainda com os pulsos engatados pelas mãos dele, ela virou o rosto, fechou os olhos e respondeu segundos depois.

– Até você me pagar...– E disse num tom mais agudo e irritante. Aquilo foi o limite para ele. Precisava acabar com os planos dela antes que a mesma colocasse a relação de ambos novamente em perigo.

– Te pagar...? Quer tanto assim se vingar de mim...?

– Isso mesmo... Eu não posso simplesmente apagar a marca que você me fez...

Os dois continuaram naquela posição por longos segundos. Nami sentia seus pulsos latejarem, porém não bancaria a garotinha fraca como há dois anos. Não usaria de dramatismo, sentimentalismo barato e futilidades para resolver seus problemas com ele.

Depois de algum tempo, ela voltou a encará-lo e tudo o que encontrou lhe tirou do sério novamente.

Zoro estava sorrindo cinicamente.

Apesar de tudo, ele gostava daquele jeito audacioso e obstinado dela. Aquelas palavras interessantes haviam despertado algo dentro de si que ansiava em ver até onde ela podia ir... Então se ela queria jogar, ele apostaria TUDO em sua vitória, passando por cima até mesmo da decisão que antes havia tomado. Ele jogaria. E jogaria para vencer.

– Se não consegue curar a ferida que lhe fiz... Vou reabri-la da pior forma possível...

Nami abriu os olhos mais que o comum.

– O que quer dizer com iss-

Repentinamente e de forma habilidosa como um ardiloso espadachim que era, ele facilmente a envolveu pela cintura e audaciosamente atraiu os lábios dela aos dele, como um engenhoso ladrão. A reação dela foi de espanto profundo, pois além de veloz, Zoro era forte. Ela não conseguiria se livrar do enlace dele tão facilmente. Tudo o que a mesma pôde fazer foi receber com muita hesitação, ódio e orgulho ferido os lábios quentes e temerários sugarem com ímpeto os dela. A ruiva sentia vontade de agredi-lo com todas as suas forças, mas não conseguia. A raiva por se sentir uma presa tão fácil para ele e por se ver na cena onde o mesmo esfregava em sua cara que ele ainda poderia ter o controle de tudo, fazia com que tentasse se equiparar a ele em matéria de retaliação.

Ela ainda hesitava e tentava manter os lábios resistentes, mas... Quem ela estava enganando? Por mais vergonhoso e indigno que fosse, estava amando...

Não somente seus lábios, mas seu corpo, sua mente, seu coração pedia desesperadamente e sedentamente por ele. Ela tentava correr contra a correnteza, mas se via presa naquela corrente vigorosa e possante. Aquela forte sensação onde queria se arriscar e se afogar ainda mais.

Ela não resistiu.

Se permitiu cingi-lo com seus braços, onde uma de suas mãos percorria suavemente a nuca, enquanto a outra ousava repousar no peito másculo envolto do sobretudo verde escuro que o mesmo trajava. Aquele toque despertava ainda mais o lado viril do moreno que atreveu-se aos poucos se afastar dos lábios macios da ruiva e percorrer o pescoço feminino tão atrativo e suculento aos seus olhos e instintos lascivos.

Enquanto alastrava beijos pelo pescoço dela, as mãos dele se sentiam livres para afagar os cabelos longos e sedosos. Ele se sentia ainda mais seduzido por aquela beleza inigualável quando os fios ruivos deslizavam facilmente por toda a extensão do pescoço dela, pois sua pele era macia e escorregadia. Aquela vista lhe tirava o fôlego. A navegadora era fascinante demais para suportar e ele não sabia se conseguiria manter o controle de seus impulsos libidinosos.

Nami soltou um suspiro sensualmente doce. Aquele toque tão extasiante lhe entorpecia demasiadamente. Era como se quisesse tê-lo por inteiro de forma que pudesse se misturar a ele e aprofundar ainda mais o que ambos sentiam.

O espadachim fazia agora o caminho inverso. Do pescoço, passou a percorrer para o queixo e ali lançou novos beijos. As mãos dele apalpavam os ombros femininos tão sedutores. O toque de porcelana da pele dela juntamente com o perfume cítrico e tão particular lhe narcotizavam.

Enquanto sentia os suspiros constantes dela, as mãos dele cercaram o pescoço dela. Ele ainda tinha como alvo o queixo dela. Sentir o hálito da ruiva bater em seu rosto, era instigante. Ele sabia que não era apenas química e física... Havia coisas muito mais profundas ali. Coisas que ele sabia exatamente o que significavam, e que para ela eram preciosas. Foi quando ele ousou dizer coisas que lhe tiraram as forças.

– Você ainda me ama...

Nami abriu os olhos e os manteve semicerrados. O encarou com ousadia e precisão. A forma como ele alegava aquilo mexia demais com seu íntimo. Aquilo drenava suas forças e lhe causava reações intensas. Mas ela não poderia ceder. Ele precisava ter o que merecia de uma vez por todas.

– Que eu saiba... Nunca disse que te amava... – A ruiva dizia em forma de suspiro, enquanto as mãos dela estavam envolta da nuca dele.

– Você é uma péssima mentirosa...

– E você é um maldito convencido...

Ambos continuaram com as carícias por mais tempo. E quanto mais ele a seduzia, mas ela sentia vontade de retribuir. E foi o que seus impulsos pediram.

Suas mãos rapidamente alargaram a parte de cima do sobretudo e lhe deram a visão majestosa do peito torneado. A panorâmica perfeita do homem atraente que ele havia se tornado depois de anos.

Aos poucos, os dedos finos passaram a percorrer suavemente o contorno do peitoral malhado enquanto a mesma o encarava com exatidão, transpassando o quanto estava satisfeita pelo bom treinamento que o mesmo havia dado ao seu corpo.

Nami ficou sem dizer nada. Nem mesmo ele disse mais nada. A ruiva apenas continuou deslizando os dedos pelos músculos bem trabalhados e pela imensa cicatriz diagonal do local. Os olhos dela diziam muito e era tudo significativo. Mas nem mesmo Zoro esperava pelo que ela faria em seguida.

Nami não conseguiu resistir. Precisava provar um pouco mais daquela extensão do corpo dele de uma forma diferente. O rosto dela inclinou. E tudo o que ele pôde sentir foi os lábios dela pressionarem o local por onde seus dedos deslizaram. Zoro sentiu um impetuoso frio percorrer por todo o corpo ao perceber que Nami estava distribuindo beijos cálidos por toda a dimensão de seu peito. E o que ela teve de recompensa foi os suspiros satisfeitos dele. Aquilo lhe instigava a querer brincar ainda mais, afinal... Ele era homem, e o sexo masculino possuía mais necessidades libertinas do que as mulheres, porém...

Ela havia sacado o jogo dele.

E por ora pararia por ali.

Nami parou repentinamente com as carícias e se desvencilhou rapidamente do moreno. Ele franziu o cenho e esbanjou uma expressão zangada e confusa.

– Me perdoe, mas... Você nunca mais me terá facilmente...

– O quê-

– Eu não pertenço a você, Zoro. Então você não pode sair tocando o meu corpo quando bem entende...

Zoro estranhou as recentes palavras da ruiva e achava o cúmulo, pois ela também havia feito mesmo com ele.

– É engraçado ouvir isso de uma pessoa que há poucos segundos estava completamente derretida nos meus braços...

A ruiva lançou um olhar debochado para o espadachim e ficou em silêncio por um tempo. Tempo considerável até dizer coisas que ele não compreenderia.

– Foi ótimo matar as saudades... E você se tornou um homem ainda mais charmoso... Mas... Não temos nada a ver um com o outro, portanto, tire essa ideia maluca da sua cabeça de que tenho sentimentos amorosos por você, por que... – Ela se aproximou lentamente e um olhar cínico germinou nos olhos castanhos no mesmo instante.

– O único sentimento que tenho por você é mágoa.

Zoro continuou estranhando aquelas confissões, mas ele sabia que no fundo não era verdade. Nami não podia ter deixado de sentir o que sentia por ele. Se aquilo não fosse cena, então o alerta de perigo estaria piscando.

– Bem... Você está certa. Mas seja como for, é muito fácil prever os joguinhos de uma mulher amargurada e vingativa, então...

Ele também se aproximou ainda mais dela e sussurrou coisas quase inaudíveis em seu ouvido.

– Saiba que quando for me atacar, estarei pronto para revidar logo em seguida...

Nami arqueou uma sobrancelha. Então ele estava disposto a entrar naquela competição e jogar para valer? Se esse era o caso, ela faria seu primeiro movimento naquele exato momento.

– Você é mesmo um homem pretencioso, Zoro... Mas...

Ligeiramente a ruiva incidiu uma das partes do Clima Tact sobre o peito do moreno, que ainda se encontrava despido. Zoro sentiu uma forte corrente de eletricidade lhe nocautear de forma certeira. O resultado disso foi a forma como seu corpo reagiu, pois o mesmo caiu de joelhos ao chão. Ele sentiu todos os músculos e nervos de seu corpo formigarem, e consequentemente perderem suas forças. E internamente ele se perguntava que técnica tão audaz e potente era aquela.

– O que você...-

Antes que terminasse a frase, Nami o golpeou no mesmo local, fazendo com que caísse de costas no chão e seu rosto atentasse para o dela. Naquele momento, ela alocou o pé por cima do peito esquerdo e pressionou o salto meia prata da sandália no local. Um sorriso cinicamente macabro brotava nos lábios dela.

– Não me subestime... A menos que você queira ter seu coração retalhado em pedaços, assim como fez com o meu... – Nami passou a apertar ainda mais a ponta do salto no local, fazendo com que o espadachim entendesse que seria ele quem teria o coração perfurado pelos reais desígnios dela.

Mesmo lanceado no chão e sentindo os membros de seu corpo dormentes, ele sorriu. Aquela com certeza era uma Nami difícil de domar, porém ele estava disposto a correr esse risco e encararia o desafio.

Ainda sorrindo, ele a encarou fixamente, e ela entendeu que ele estava deixando claro que a partir daquele exato momento, faria o jogo dela.

– Que fique claro, Nami... Que não pretendo perder...

– Não se preocupe... Sou uma adversária à sua altura...



E assim ambos firmaram o pacto.


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Notas finais do capítulo

Não, eu não desisti... LEITORES FANTASMAS, SAIAM DE SUAS ZONAS DE CONFORTO E DEIXEM REVIEWS!!! Também quero a presença dos leitores antigos... Se vocês não aparecerem aqui nesse capítulo, no próximo vou postar o nick de vocês, então poupem a vergonha, tá? u____u
Brincadeiras à parte, não é nada pessoal. Só sinto MUITAS saudades dos leitores antigos que deixavam review. Vocês são tão especiais quanto os que citei os nomes lá em cima.
Ok cambada. O próximo capítulo estará surpreendente. Vão por mim. Porém, ele será postado só no meiado do mês que vem. Não se preocupem por que considero um crime não surpreender meus leitores, então... Se preparem por que quem vai entrar em cena daqui pra frente vai agradar a maioria de vocês (principalmente as garotas). Acho que tá muito na cara, então não vou ficar comentando muito sobre isso aqui xD
Nos vemos no próximo ^/