Entrelinhas escrita por ariiuu


Capítulo 16
Mais um motivo pra te odiar. - Epílogo Punk Hazard


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal ^/
Havia prometido esse capítulo só depois do dia 14, mas aqui estou eu adiantada e PELA PRIMEIRA VEZ! Iupiiiiiii, estou tão feliz. Isso nunca aconteceu antes xDD E aqui está o capítulo de Punk Hazard. Êis que a história dá um giro de 180 graus. Novos planos, alianças, impressões, ameaças, desventuras e situações inesperadas... Tudo isso se encontra nesse capítulo.
Queria já avisar que a partir de agora usarei fanarts nas capas dos capítulos. Espero que não se importem ;)

Divirtam-se.



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Entrelinhas 16 – Mais um motivo pra te odiar... – [Epílogo Punk Hazard]


– Hey, esse pedaço de costela é meu!!!

– Eu não tô achando seu nome escrito nele!!!

– Você comeu muito mais do que eu!!!

– E daí!? Desde quando você está fazendo contagem do que como!!?

– CALEM A BOCA AGORA SEUS IDIOTAS!!! – Tashigi dava uma bofetada na cabeça dos dois marinheiros que brigavam incansavelmente pela comida da festa. Os dois obedeceram na mesma hora.

– D-Desculpe Tashigi-Chan... Não faremos mais isso...

– É Capitã-Chan... Nos perdoe...

– Francamente! Onde estão suas posturas de marinheiros!? Qual é o exemplo que vocês podem dar para esses piratas se estão se igualando à eles!?

– Pra mim parece mais é que eles são piores do que a gente...

– NÃO ME LEMBRO DE TER INCLUÍDO VOCÊ NA CONVERSA, RORONOA ZORO!!! – A fúria da capitã era notável e Zoro continuava comendo e bebendo tranquilamente mesmo com as repreensões da mesma.

– Como vocês conseguem aguentar essa mulher todos os dias? – O espadachim que bebia uma garrafa de sakê, apontava para a morena de óculos que se sentia intimidada com as provocações do mesmo.

Os dois marinheiros se encararam e sorriram um para o outro na mesma hora.

– A Capitã é a pessoa mais admirável da base! Sem ela, provavelmente estaríamos mortos!

– Isso mesmo! Ela é bonita, talentosa e dedicada! Um verdadeiro incentivo para todos nós!

– P-Parem já c-com isso! Vocês não estão aqui para me elogiar, mas para trabalharem seriamente em nome da justiça! – O rosto da garota corava violentamente.

– Hmm... Acho que em vez de mandá-los trabalhar, você devia se esforçar mais em seus próprios treinos, não acha...? – Após a frase, Zoro passou a delibar todo o sakê da garrafa sem parar. Uma típica forma de deboche, mostrar que não se importava com o que a moça dizia enquanto comia e bebia de forma desajeitada.

– Como ousa falar dessa forma!? Você por acaso sabe como funciona o processo de treinamento da marinha!?

– Não. Mas tenho certeza que deve ser ruim.

– O-Oquê!?? Não posso admitir que-

– POR QUE VOCÊ APENAS NÃO COME DE BOCA FECHADA, SEU MAL EDUCADO! – Nami chegava ao local dando um soco na cara do espadachim, que cuspiu a comida e bebida inteira com o baque.

– POR QUE FEZ ISSO, SUA BRUXA!!? – O moreno que antes se encontrava sentado, se levantou do chão e ficou frente a frente com a ruiva para expressar sua indignação com o ocorrido.

– Eles já são nossos maiores inimigos e quando podemos ficar todos em paz ao menos uma vez, você tem a audácia de arrumar confusão!?

– Aah, não se preocupe com isso. Eu não estou tão brava com ele... – A morena de óculos tentava consertar a situação.

– Por favor, desculpe a forma mal educada desse cavalo. Você é uma marinheira muito boazinha e não podia deixa-lo falar com tanta grosseira. – A navegadora sorria docemente para a garota. Já Zoro mostrava uma enorme carranca por não entender aonde Nami queria chegar defendendo aquela marinheira.

– Posso saber por que raios você está defendendo ela!!?

– Por que ela é uma pessoa de bem. Diferente de você. – Nami sorria.

– O quê!!?

Agora cala essa boca. – Nami continuava sorrindo.

– O quê!?? Por que está falando comigo desse jeito na frente dessa aí!!?

Por que você merece... – O olhar assombroso e terrorista da ruiva fazia com que o espadachim entendesse tudo. Provavelmente era mais uma das formas de se vingar dele. Já Tashigi não entendia nada e sorria de forma embaraçosa.

– Então, Tashigi-Chan... É você mesma quem treina todos esses marinheiros barbados?

– Hey Nee-Chan! Mais respeito! – Um dos marinheiros protestava indignado.

– De certa forma sim. Eles podem ser uns idiotas, mas tem bom coração. – A capitã sorria.

– Eu imagino que sim. – Nami sorria de volta.

Todo aquele brilho ao redor das duas que pareciam terem se simpatizado uma com a outra tão rapidamente causava asco no espadachim. Tudo por que Tashigi se responsabilizou em cuidar das crianças e seu gesto conquistou de forma certeira a ruiva.

– É melhor beber em outro lugar, ou corro o risco de ser socado mais uma vez por essa bruxa... – O espadachim resmungava enquanto pegava duas garrafas de sakê.

– Esse termo é pesado demais para você chamar sua companheira! Você não tem vergonha!?

– O que é!? Você também vai se unir a essa bruxa para me atacar!? – Zoro bradava com fúria.

– Por que você é tão grosso com as mulheres!? Por acaso tem ódio delas!?

– Tenho sim!!! Ódio de mulheres que me torram a paciência, como você e essa mulherzinha mesquinha!!! – Zoro e Tashigi estavam frente a frente e enquanto se encaravam, vários raios saiam dos olhos de ambos.

Nami atentava para os dois que se afrontavam com desprezo. Sua expressão havia mudado drasticamente, pois sentiu um forte aperto no peito e um incômodo com aquela cena. Ela não se recordava de o companheiro se desentender daquela forma com nenhuma outra mulher que não fosse ela. Algo estava errado.

O vice-almirante Smoker observava a cena em silêncio. Ele havia reparado no semblante da ruiva que se manteve calada assistindo os dois em debate sem parar em sua frente. Ele percebeu algo estranho, porém, aquilo sequer era de sua conta. Mas se ele não fizesse nada, talvez os dois espadachins barulhentos ficassem horas discutindo.

– Tashigi. Chega.

– Smoker-San...?

– Eu já te disse antes... Não é bom para a saúde mental de ninguém discutir com os chapéus de palha. – O vice-almirante acendia um charuto enquanto olhava a bagunça ao redor.

– Você tem razão... – Enfim derrotada, a jovem capitã apenas avistava o espadachim se ausentar do local pisando duro. Nami estreitou o olhar após o ocorrido.

– Então... Por que ele te odeia tanto assim...? – A ruiva indagava animada, tentando dispersar os pensamentos de dúvida.

– Eu não tenho ideia. Quando nos encontramos pela primeira vez em Loguetown pensei que ele fosse um simples espadachim, mas ele era o temível caçador de piratas Roronoa Zoro.

– Você deve ter levado um susto e tanto...

– Sim. E depois quando descobri que ele era um pirata, nos confrontamos, e ele me disse que eu era muito parecida com uma companheira antiga... Eu não entendi muito bem sobre isso... – A morena dizia enquanto ajeitava os óculos.

Nami mais uma vez se sentiu surpreendida internamente. A única companheira antiga que Zoro podia ter era a tal que Usopp havia falado anteriormente como sendo uma garota que treinava no mesmo dojô do moreno. Ela se perguntava qual era o tipo de ligação que Zoro tinha com a companheira antiga.

– Tudo bem com você...? – Tashigi estranhava o rosto cabisbaixo da ruiva.

– Aah, sim...! Mas esse barulho está começando a me incomodar. Acho que vou procurar um lugar mais silencioso.

A ruiva saia do local de forma imponderável. Parecia estar marchando para algum funeral. A capitã não conseguia deduzir o que se passava na cabeça da ruiva naquele momento.






Já fazia tempo que Law estava andando pelas laterais do navio de guerra. Aquela festa ridícula e improvisada lhe tirara do sério e então resolveu fazer algo melhor, apenas para não continuar naquela bagunça. Quando por fim se dirigiu à popa e também por que o barulho se tornava imperceptível por lá.

Enquanto caminhava lentamente para aquela extremidade, avistou uma pessoa, cujos cabelos balançavam levemente no ritmo do vento. Aquele ambiente gélido que paradoxalmente entrava em harmonia com a feição candente daquela ruiva. - A navegadora deles...

O rosto dela, ainda que de lado, incidia uma espécie de delicadeza majestosa. Ela trajava uma túnica negra e os cabelos cor de fogo resplandeciam vivacidade com um toque de melancolia. Nem mesmo alguns pequenos flocos de neve unidos à brisa álgida congelariam aquele semblante cáustico. Nem mesmo o calor da ilha mais quente da Grandline derreteria aquela feição congelada e impenetrável. E ele chegava à conclusão de que aquela garota mostrava uma aparência abrasadoramente gélida.

Law era bastante observador, e notou muitos detalhes na navegadora que parecia ter uma personalidade completamente normal e um gênio nada atrativo, pelo que havia constatado de perto quando a mesma ainda estava no corpo do ciborgue. Era somente uma garotinha que reclamava de tudo e uma típica medrosa que preferia estar sempre longe do perigo... Se escorando em todos os membros fortes da tripulação... Tentando convencer seu inocente capitão sobre os riscos de tudo e ao mesmo tempo se deixando ser protegida por ele... Ainda que tenha mostrado uma postura inversa depois, ao revelar técnicas impressionantes em conjunto com o atirador da tripulação. Ela parecia manipular o tempo com muita maestria.

Mas ainda assim...

Ele se perguntava por que ela estava ali, olhando para o oceano, como se quisesse alcançar o horizonte, ainda que a neve ofuscasse suas vistas. Aquele recente aspecto não parecia ser da mesma pessoa que mostrou aquela postura ridícula em Punk Hazard.

Era irônico, mas aquela garota mostrava duas faces completamente distintas... E ele sentiu como se sua rara indiscrição fizesse seus pés terem vida própria. Ainda que ela não tivesse nada que pudesse ser privilegiado, inconscientemente transparecia mistério. E o cirurgião desejava averiguar até onde aquele dito mistério iria. E assim que tivesse o que queria, rapidamente aquele enigma desabaria e ela mostraria seu real caráter.



O ponto de partida seria ali.



– Tentando pegar o melhor da festa pra si mesma...? – A pergunta soava irônica, pois o melhor da festa era justamente se manter longe dela.

Embora Nami tivesse ouvido a pergunta, ela não se deu ao trabalho de virar para respondê-la. Apenas se perguntou internamente o que aquele cara estava fazendo ali, lhe fazendo uma pergunta como aquela.

– Pensei em aproveitar esse clima sozinha. Tem muito barulho lá na frente e faz com que me desconcentre na hora em que vejo a neve cair...

– Você não parece ser o tipo de pessoa que gosta do frio... – Indagava de forma óbvia.

Nami se virou para encará-lo e estreitou o olhar. Ela queria entender por que aquele Shichibukai misterioso estava ali puxando conversa com ela. Aquilo era um pouco irônico e irreal.

– Você está enganado. Eu gosto do inverno. É uma estação melancólica e... Misteriosa...

Law franziu o cenho. Aquela resposta foi um pouco inesperada.

– Pensei que as mulheres achassem o inverno uma estação romântica. Isso é típico da maioria delas...

Nami arqueou uma sobrancelha. Desde quando aquele cara entendia sobre mulheres? E o pior, que raio de conversa era aquela? Aquilo deu um nó na cabeça da ruiva. Aquele Shichibukai lhe dava medo. A aparência dele era um tanto peculiar. Mas ele era... Misteriosamente atraente... Suas expressões eram inermes e era completamente difícil percebê-las. Transpareciam enigmas cada vez que ele fitava algo em sua frente. Seu olhar lhe aterrorizava. Seus gestos eram bem precisos, típicos de um espadachim. Ela sabia que mesmo Luffy formando uma aliança com ele, forçando o bando a abriga-lo e ver o mesmo transitando livremente entre todos, seu instinto lhe dizia que o sujeito não era confiável. Mas era nítido que por hora ele não faria nada. Portanto a mesma deixaria o diálogo e a convivência com o mesmo se estender, para ver até onde ele poderia ir. Qualquer movimento suspeito seria facilmente perceptível para ela, afinal... Sua alcunha já deixava claro que espécie de mulher ela era...

Ainda que a navegadora tivesse rapidamente feito todas essas observações, ela tentaria levar o diálogo estranho da forma mais natural possível.

– Acho que a maioria das mulheres acredita que o inverno é romântico por que podem ser aquecidas nos braços de um homem... E isso desperta os instintos de afeto e a sensação de se estarem protegidas... – Após o término da frase, Nami abaixou o olhar ao chão e se recordou dos momentos em que se sentira desprezada por Zoro. Aquilo fazia com que se sentisse ainda mais patética.

Law ficou em silêncio, observando-a cautelosamente. A ruiva concluiu sua opinião sobre o assunto.

– Seja como for, o inverno não é uma estação romântica pra mim e prefiro acreditar que todos os homens mais inteligentes também pensem assim... – Ela sorriu ternamente. O Shichibukai notava tudo atentamente, mantendo a expressão sólida.

– É... Acho que o Ex Caçador de Piratas deve pensar dessa forma também... – O moreno tentava adivinhar quem daquele navio parecia ser perspicaz o suficiente para levar em conta as recentes palavras da navegadora.

Internamente Nami sentiu uma pequena constrição no estômago. Por que ele havia citado Zoro na conversa? Ela desconfiava se aquilo estava se tornando suspeito ou o cirurgião estava dizendo aquilo na inocência.

– É claro que aquele idiota pensa assim... Ele não é nem um pouco romântico... E também pertence à classe machista perita em estripar os sentimentos alheios... – Quando a navegadora deu por si, já havia falado. Suas palavras apenas expressavam o que seu coração estava reprimindo, e ainda que aquilo mais parecesse um desabafo insurgente, ela não estava mais nem aí caso alguém percebesse algo, mesmo que se arrependesse depois. Ela estava farta de sufocar suas dores internas. – Mais um motivo pra te odiar... – Pensava ela.

Law estreitou os olhos e era nítido que havia algo nas entrelinhas. Ele sorriu de canto logo em seguida.

– Qualquer mulher desprezada que se guie pelo que sente, com certeza tentaria se vingar de um homem assim...

Nami arregalou levemente os olhos em resposta. Era óbvio que ele havia entendido tudo, afinal, ele era sagaz demais, porém o mais surpreendente era por que aquele cara estava mostrando um repentino interesse por aquele assunto sem importância.

Antes de dizer qualquer coisa, Nami sorriu e se aproximou do mesmo, ficando a alguns poucos centímetros dele. Lançou lhe um olhar desconfiado e debochado ao mesmo tempo. O moreno arqueou uma sobrancelha, não entendo a expressão da ruiva.

– Você está se oferecendo para me ajudar a se vingar do Zoro...? – Ela continuou sorrindo. Já ele, mostrou uma forte expressão de perplexidade.

– Por acaso você é louca...? Não estou me oferecendo para te ajudar. – Rebatia de forma fria e ofensiva.

– Então por que disse isso? Se você não estivesse interessado, não estaríamos conversando sobre esse assunto até agora, e... Eu não imaginava que um tipo como você se interessasse por assuntos triviais...

– E você está certa. Não me interesso e não estou me oferecendo para te ajudar.

– Jura? Mas não tem importância! Por que acabei de decidir que você vai me ajudar assim mesmo! – Nami sorriu docemente, transparecendo seu egoísmo exorbitante, pouco se importando se ele iria retrucar ou não, afinal, o shichibukai era inteligente demais e talvez as ideias do mesmo pudessem render algo que ferisse o espadachim de cabelos esverdeados de forma letal. E ela não estava interessada se Law estivesse usando Luffy para seus desígnios. Se isso acontecesse, seu capitão daria um jeito depois, então por que não usá-lo também? Quando a navegadora chegou a tal conclusão, percebia que tê-lo como comparsa cairia com uma luva naquele jogo em que ela estava disposta a ganhar do estúpido marimo.

Law estava descobrindo traços mesquinhos de personalidade nela e concluía que se envolver naquela situação lhe renderia problemas no futuro.

– Eu não pretendo ser usado por uma mulher como você, muito menos por algo tão irrelevante como isso. Se aquele cara acabou com seus sentimentos, este é um problema apenas de vocês dois. Não ache que alguém tem alguma obrigação de ajuda-la. – A voz resplandecendo frieza e desprezo não parecia incomodar a navegadora que já estava cantarolando enquanto voltava a encarar o oceano congelado e a neve caindo de forma oscilatória.

– Você deu sua opinião e resolvi aceitar. O que tem demais em me ajudar a dar uma lição nele...? Prometo que você não vai ter o mínimo de trabalho com isso.

– Eu já disse que não vou-

– Escute! Você não acha triste que uma mulher como eu tenha transformado o inverno numa estação triste e melancólica? Por que não dar um jeito no autor desse estrago...? O que me diz...? – Nami sorria entusiasmada.

Uma gota surgia involuntariamente na testa do cirurgião. E finalmente a navegadora pôde ver uma expressão de verdade naquele rostinho bonito e misterioso.

– Como você consegue ser tão desavergonhada a ponto de dizer sobre seus problemas sentimentais com um estranho...?

– Achei que isso estivesse óbvio desde o começo, pois você parece mais uma estátua do que um humano. – Rebatia sarcasticamente.

Law continuou a encarando de forma repreensiva.

– Você deve estar ciente de que estamos entrando numa missão cujo objetivo é derrubar um Yonkou. O que faz você pensar que teremos tempo para essas futilidades sem sentido?

– Não se preocupe. Eu não pretendo interromper seus planos e os planos do meu capitão. Se estamos juntos nessa missão, então é obrigação sua colaborar com minhas missões pessoais também, não acha...? – Nami estava usando de cinismo. Ela costumava fazer o mesmo com Zoro quando estavam no começo da jornada. Isso era muito nostálgico para ela.

Law manteve a feição de perplexidade por mais tempo. Aquela mulher era manipuladora e cínica demais para suportar. Atributos aos quais ele mais odiara. Ele não estava disposto a fazer parte daquele plano ridículo e colocaria um fim naquilo.

– Vamos deixar claro, garota... Eu não vou me unir a você para dar o troco naquele cara, portanto não conte comigo. - O Shichibukai deu as costas para a ruiva e rumou direção ao lado das escadas, porém, o barulho de rápidos passos que incidiam violentamente contra o assoalho foram o suficiente para perceber que Nami havia se aproximado dele, onde o mesmo pôde a gola de seu sobretudo se estreitar em seu pescoço logo depois, pois as mãos da mesma haviam feito com que o ele desse um giro de 180 graus e ficasse frente a frente com ela.

– Escute aqui... Eu não me encontro nos meus melhores dias, sabe...? Então acho melhor você colaborar comigo, senão... – A ruiva deu uma pausa sombria. Seu rosto queimava em fúria e seu olhar cintilava cólera em demasia. Ela estava o ameaçando audaciosamente. Suas mãos se mantiveram segurando firmemente a gola alta do sobretudo dele.

Law riu cinicamente em resposta.

– Senão o quê...? Pretende me atacar...? Não acho que seria uma escolha inteligente... – O cirurgião estava achando hilário o fato de aquela mulher lhe encarar tão firmemente e audaciosamente. Ela era louca por provoca-lo, já que poderia acabar com a mesma num instante.

– Você se acha tão bom assim, Trafalgar Law...? – A ruiva havia estreitado o olhar e seus olhos mostravam um fulgor terrorista. O moreno não entendia o porquê daquilo, já que ela era um dos membros mais covardes do bando. Por que se arriscaria tanto assim?

– Você não deveria me ameaçar dessa forma, garota... – Ironizava. Queria ver até onde ela iria.

– Você deve saber muito bem que os companheiros do Luffy são tudo pra ele... Então... O que te faz achar que eu não poderia fazer com que ele acredite que você está apenas o enganando...? Ou então... Como seria se o Zoro soubesse que você poderia ter tentado algo comigo...?

– Você está tentando me acusar para o cara que quer se vingar...? Vejo que dignidade não é muito seu forte... – E mais uma vez ele sorriu de modo cínico e arrogante.

– Você não está lidando com uma pirata qualquer... – Nami sorriu da mesma forma de volta.

Law encarou-a seriamente dessa vez. Se perguntava por que não a cortou em pedaços. Mas havia algo nela que o mantinha imóvel. Talvez fosse a vontade de observar ainda mais de perto suas atitudes ousadas. O cirurgião continuou parado e em silêncio. Nami quebrou o clima instantes depois.

– E então...? O que me diz...? Você sabe que não tem escolha...



– Eu aceito.



A ruiva encarou-o atônita e surpresa com a resposta. Ela soltou a gola do sobretudo logo em seguida.

– O quê!?-

– Já que é isso que você tanto quer, eu aceito... Mas quero deixar claro que...

Law enganchou os pulsos da ruiva e a afrontou intimamente naquele momento. O olhar dele acendeu um pouco mais e ela pode atentar para seus orbes com mais facilidade. Aquele olhar frio queimava intensamente. E antes que pudesse continuar encarando aquele par de olhos assombrosamente hipnotizadores, ele rapidamente sacou sua espada e direcionou a lâmina no pescoço dela, fazendo pressão no local logo em seguida. Nami sentiu um impetuoso frio na espinha.

– Se você fizer qualquer coisa que arruíne meus planos com o chapéu de palha... Vou ter o imenso prazer de fazer uma cirurgia fatal nesse seu corpinho... – O rosto dele estava tão próximo ao dela que foi fácil sentir o hálito de hortelã acariciar sua face. Nami pressentiu que o fio da lâmina afiada em seu pescoço era o bastante para entender que o cirurgião não estava brincando. Aquilo lhe causara aversão e ela sentiu que não deveria provoca-lo daquela forma, pois a mesma desconhecia suas reais intenções.

– Eu não serei retalhada tão facilmente... Então poupe suas forças... – A voz da navegadora estava um pouco trêmula. O moreno sorriu de modo ousado e levou sua espada de volta para a bainha. Nami suspirou de alívio logo em seguida.

– Bem... Então temos um acordo...?

– Me diga qual é o seu plano.

– Hã...? O quê...?

– Você é surda? Quero saber o que você tem em mente pra nocautear o cara.

– E-eu não tenho nada planejado... – Respondia um pouco inibida.

– Então quando tiver um plano me diga. – O Shichibukai saia de perto da ruiva e rumava mais uma vez para as escadas.

– Espera! Nós precisamos pensar em algo e-

– Você disse que eu não teria trabalho algum com isso. Então pense sozinha. - Quando Law chegou às escadas do navio, deu de cara com Nico Robin.

– Robin! – Nami chamava a amiga que tinha acabado de cruzar com o cirurgião nas escadas. Os dois se encararam seriamente e de forma enigmática por um tempo significativo. A ruiva não entendia, já que ela era péssima com contatos visuais se tratando de pessoas emblemáticas como a companheira e o cirurgião.

– Ora, Nami... Vejo que finalmente perdeu o medo do nosso mais novo aliado. – Robin sorriu carinhosamente. Law sentiu uma veia pipocando em sua testa.

– Claro que não Robin! Você acha que eu me aproximaria dele!? Esse cara é sinistro! – Nami tentava disfarçar, mas a arqueóloga não estava acreditando.

– Se as duas me dão licença, estou voltando para baixo.

– Ok, tchauzinho! – Nami acenava para o moreno enquanto sorria, tentando disfarçar a gota que insistia em escorrer de sua testa.







Algum tempo depois, Zoro e Tashigi trombaram um no outro, antes da tripulação partir.

– Hey, antes de partir quero verificar algo com você. – Zoro a afrontava de forma grosseira.

– Verificar algo? Por acaso está propondo uma luta aqui e agora!?

– Tsc... Mas é claro que não! Eu não desafiaria alguém que perderia de mim tão facilmente...

Tashigi o encarou com raiva e desprezo. Ela odiava a forma como lhe tratava, como se ela fosse tão mísera e inferior a ele.

– Me desculpe... Ex-Caçador de Piratas Roronoa Zoro, mas por acaso isso é pessoal? Por que desde que nos encontramos, você sempre desconta sua raiva como se eu fosse sua tal companheira antiga... Então é melhor resolvermos esse problema de uma vez ou-

– Você vai mesmo tomar conta dessas malditas crianças?

Tashigi por um tempo o encarou perplexa. Aquela repentina frase não tinha nada a ver com o que ela dizia no momento.

– Ora, por que está me perguntando isso!? Mas é claro que vou! É meu dever cuidar de todas elas nem que isso custe a minha vida!

– Tire os óculos.

– Hã??

– Tire a porcaria desses óculos e prometa isso pra mim, olhando nos meus olhos.

– Aah... Certo... – A morena retirava os óculos rapidamente. Ela não conseguia enxergar nitidamente o rosto do espadachim. Tudo estava desfocado. Mas seu senso de justiça apelava para atender ao pedido do pirata em meio aquela situação.

– Prometa. – Exigia de forma incivil.

– Eu prometo que cuidarei de todas elas, nem que perca minha vida. – O tom era de convicção e Zoro viu firmeza no olhar e nas recentes palavras da espadachim.

– Ótimo. Assim eu não preciso me sentir culpado pelas decisões malucas daquela bruxa. – Ele virou de costas para ela e encarou o oceano. O vento soprava oscilante e a neve não parava de cair.

A capitã teve uma ligeira surpresa. Então ele estava preocupado com o fato de todo o esforço de Nami ser em vão e queria se certificar se as crianças estavam mesmo nas mãos certas?

Tashigi sorriu.

– Vocês não precisam se preocupar. Nós a levaremos para o centro de tratamento da marinha e logo depois todas estarão de volta aos seus lares com seus pais.

Zoro também correspondeu ao sorriso dela. De alguma forma, mesmo sendo inimigos e Tashigi parecendo assombrosamente com sua finada companheira, ele sentia-se confortável com aquelas palavras tão sólidas. De certa forma, ela era uma boa pessoa.

– Hmm...!? – Zoro notava algo que lhe chamava a atenção. Então passou a averiguar cautelosamente.

Enquanto Tashigi aproveitava o momento para limpar os óculos com um lenço, ela sentiu seu coque sendo desfeito e os cabelos compridos se soltarem rapidamente. Zoro havia tirado o objeto que os prendia.

– O que você-

– Nossa... Eles estão bem mais compridos do que a última vez que nos vimos. – Dizia cínico e impressionado.

A morena o encarou com furor. O que ele estava fazendo afinal? Era outro tipo de afronta? Ela se questionava, enquanto o confrontava com seu olhar intransigente.

– Por que você sempre me provoca desse jeito? Eu queria que antes de partir você me tirasse essa dúvida!!!

– Não é nada pessoal... Só acho que cabelos compridos atrapalhariam seu desempenho como espadachim. Seria muito melhor se você os cortasse.

– Cabe somente a mim decidir o comprimento do meu cabelo!

– Certo... Você é quem sabe... Mas até que... – Deu uma pausa considerável.



– Eles são bonitos...



O elogio dele causava uma sensação diferente nela. O que era aquilo afinal?

– O-O que quer dizer com isso!? Uma hora diz que deveria cortar e agora-

Esqueça o que eu disse. Você é uma mulher e cabelos compridos expressam a verdadeira feminilidade. Não corte. – Ele respondia ríspido, mas de certa forma aquela frase firme e direta mostrava o quanto Zoro era um homem diferente dos outros aos quais ela conviveu. Ele era infantilmente sincero... Um atributo muito raro num pirata.

Daquele momento em diante, ela passou a admirar aquele lado puro do espadachim.






A tripulação havia finalmente saído de Punk Hazard, porém, Luffy mais uma vez inventava uma de suas diversões fora de hora, com direito a pizza e música ao vivo. Obviamente todos participavam, com exceção de duas pessoas.

– Sanji!!! Moe passaa maiiiis um pdaçoo daa pizzzaaa!!!

– COMA DE BOCA FECHADA, SEU SEM EDUCAÇÃO!!! – O cozinheiro acertava um vigoroso chute na cabeça do capitão que comia incansavelmente vários pedaços de pizza.

Usopp e Chopper se chocavam com a cena.

– A Nami não vai descer? – Franky perguntava à arqueóloga que degustava delicadamente um pedaço da pizza de quatro queijos.

– Ela disse que não queria comer. Iria tomar um copo de leite e logo depois ir para a cama.

– Hmm... Acho que a experiência de ficar presa algumas horas no meu corpo não fez muito bem a ela. – O ciborgue esbanjava um sorriso debochado.

– Não acho que seja isso. Ela estava escrevendo tranquilamente algumas anotações no diário de bordo.

– E...?

– Você ainda não percebeu...? – Robin cochichava discretamente no intuito de somente o ciborgue ouvir.

– O quê está acontecendo...? – Ele perguntava com a voz mais baixa que o comum, aproveitando a melodia alta que Brook majestosamente tocava em seu violino.

– Ela e Zoro estão se evitando desde que saímos da ilha dos tritões...

– Hmm... Isso já era esperado. Os dois provavelmente se estranharam após o reencontro.

– Seja como for... Algo está estranho... Você por acaso viu o Law por aqui...?

– Não. Ele saiu da roda há bastante tempo. – Franky olhava para os lados no ímpeto de que ninguém suspeitasse do diálogo que tinha com a morena.

– A Nami também saiu do quarto a um tempo... E os dois coincidentemente foram para a mesma direção... E até agora não voltaram.

Franky arregalou os olhos em resposta.

– Não me diga que...-

– Os dois com certeza estão se encontrando às escondidas. – Robin afirmava com convicção.

Franky ficou em silêncio por um tempo. A expressão dele mostrava seriedade.

– Cara... As coisas daqui pra frente vão ficar ainda mais complicadas...

– Sim. Mas nós estaremos de olho, caso algo saia das estribeiras. – Robin sorriu ternamente.

– É... Vamos ficar atentos às maluquices da Nami, por que não sabemos as reais intenções desse cara.

–Hey, vocês! Seus idiotas!

Robin e Franky viraram o rosto na direção de onde vinha aquela voz frenética.

– Não pensem que podem esconder esse diálogo de mim! Os outros não perceberam, mas eu ouvi tudo que disseram!

Caesar havia se intrometido na conversa, porém a arqueóloga e o ciborgue observaram desinteressados.

– Seja como for, vamos continuar de olho nela. – Franky completava.

– Sim. – A morena sorria.

– Mmmmnghh!!! – Duas mãos taparam a boca e os ouvidos do cientista bisbilhoteiro. Robin havia feito o intrometido calar a boca, pois com certeza ele não havia ouvido nada. Era só um blefe.







Como Robin e Franky haviam previsto, Nami se encontrava próxima à popa do navio. Ela e Law já estavam ali por bastante tempo, e como sempre, o diálogo entre ambos rendia muitas diferenças. Mesmo tentando fugir, o cirurgião não conseguia se desvencilhar das perguntas inconvenientes e fúteis da ruiva.

– Háh... Será que todo esse tempo na Grandline você não se interessou por nenhuma mulher?

Law demorou em responder.

– Não. – E finalizou com seu tom de voz frio e desinteressado.

– Você demorou três segundos pra responder. Um homem que demora mais que isso é por que no fundo está escondendo algo. – A ruiva sorria cinicamente.

Law franziu o cenho, um tanto intrigado com o que a navegadora dizia.

– Eu não teria tanta certeza.

– Por quê!? Você é um cara tão desafeiçoado assim? – A navegadora indagava de forma debochada.

– Talvez... Depende do ponto de vista de cada um... – O Shichibukai respondia desinteressadamente. Nami continuou o observando de modo cuidadoso.

– Isso é um tanto estranho para uma pessoa que deve ter uma tripulação grande...

Law sorriu de modo cínico e misterioso e olhou firmemente nos olhos dela.

– O que faz você pensar que o elo de uma tripulação pirata é feito por meio de afeições...?

– Bem... Se esse não é o seu caso, então você no mínimo deveria estar bem preparado para uma futura rebelião. – Nami sorriu ternamente, porém o sorriso confino também mostrava cinismo demasiado.

Law fitou a ruiva de modo bem peculiar durante um tempo, sem responder nada por longos segundos. Nami se sentia incomodada.

– Por que está me olhando assim?

Ele soltou um riso abafado. A ruiva se questionava sobre aquilo, porém ele definiu a questão logo em seguida.

– Pensei que a única mulher interessante desse navio fosse o demônio de Ohara, mas vejo que me enganei...

A navegadora arqueou uma sobrancelha. Ele estava insinuando que ela não parecia interessante quando se viram pela primeira vez, antes e depois de dois anos?

– Você é um cara muito grosso! Pare de ficar mandando essas frases de duplo sentido! – Ela virou o rosto em reprovação.

Após a última frase, Law lentamente passou a encurtar a distância entre ambos e consequentemente lhe lançou um olhar mais enigmático que a história do século perdido.

O vento estava vibrante naquela noite e era notável os fios alaranjados balançarem livremente, principalmente do lado contrário onde a mesma se encontrava enquanto permanecia encostada na borda do navio. Aquela cena era um tanto agradável.

Você... É realmente interessante... – A voz dele soava mais baixa e rouca e aquilo definitivamente estava ficando estranho, pois ele estava invadindo o limite de espaço que todos os homens, exceto Zoro, haviam ultrapassado. E como se não bastasse a repentina aproximação, um movimento audaz e arriscado transformou a situação em algo muito mais problemático.

Lá estava Law, erguendo o queixo da ruiva, fazendo-a olhar diretamente nos olhos dele, sem qualquer resquício de escapatória. Aquele par de olhos tão intensos e magnetizadores estavam aos poucos lhe causando um forte torpor. Efemeramente ele passou a falar coisas quase inaudíveis, e a palavra ‘Interessante’ apareceu mais uma vez.



– Você é tão patética que chega a ser interessante.



Patética.


Nami arregalou os olhos em resposta.

– O que você pensa que está dizendo!!? – Ela o empurrou violentamente para longe dela. Sua expressão mostrava indignação. Já ele, ria discretamente.

– Não precisa se exaltar por tão pouco... Mulheres tão impulsivas como você não são nem um pouco elegantes...

Nami lançou um olhar de repulsa e sanha.

– Se essa é a visão que você tem sobre elegância, sinto muito por te decepcionar, mas não sou obrigada a fingir o tempo todo apenas para erguer uma barreira diante dos meus amigos e inimigos. – O tom de voz da navegadora havia ficado instantaneamente mais grave, e Law notou uma semelhança entre ela e uma certa pessoa a qual havia cruzado há algum tempo no Arquipélago. O fato de a atual frase ter lhe surpreendido apenas que um pouco, lhe fez repensar sobre as conclusões de antes. Nami tinha algo distinto e claro, ele não diria de novo que ela realmente era interessante de verdade, mas de um modo bem singular e hilário. Talvez fosse a pose imperiosa unida aos gestos infantis e a refinada aparência, afinal, a navegadora era extremamente atraente.

– Eu não costumo fingir na frente de ninguém. Sou muito verdadeiro com qualquer um à minha volta.

– Heh... – Nami esbanjava um sorriso de escárnio unido a um olhar sombrio, e mesmo que sendo raro, Law não entendeu, mas ela continuou logo depois.

– Eu não pensei que você levaria isso pra si. Mas vejo que esse pode mesmo ser o seu caso... Então me desculpe por ser tão indiscreta. – Nami sorriu marotamente e Law se sentiu um tanto perplexo internamente. Naquele momento ele dizia pra si mesmo que ela havia sido bastante perspicaz, lhe fazendo parecer ridículo e vestindo a carapuça da frase.

– Que seja... Mas isso não tem o mínimo de relevância... – A voz gelada e sem emoção soava como música para os ouvidos dela.

– Bem... Eu vou indo dormir, por que já está tarde... Não sei quando essa bagunça improvisada que o Luffy arrumou lá embaixo vai acabar...

Um segundo, dois... Três... Quatro e cinco passaram. Um silêncio esmagador pairou ao redor de ambos e uma veia pipocou na testa da ruiva.

– Não vai me desejar boa noite!? – Interrogava exaltada.

– Por que eu deveria...?

Definitivamente, aquele maldito Shichibukai conseguia tirar gradativamente a paciência da navegadora. Ela achava que o ser mais irritante e sem educação se chamava Roronoa Zoro, mas aquele cirurgião havia ganhado o primeiro lugar no pódio, porém, ela não mostraria o que ele facilmente iria deduzir, mas sim algo inverso.

– Ok... Se não quer me desejar boa noite, tudo bem... Mas como não sou mal educada... – Repentinamente a ruiva se aproximou do moreno.

O sopro que batia contra as costas dela, instantaneamente fazia com que florescesse o perfume inebriante das longas madeixas ruivas. E ele podia facilmente sentir aquele aroma agridoce.

Ainda que não esperasse e se sentisse um tanto paralisado pela beleza simétrica e os encantos inconscientes da navegadora, sua postura permaneceu resistente.

Quando por fim ela elevou o rosto na altura desejada, conduziu os lábios diretamente ao seu rosto, depositando um sereno beijo de boa noite na bochecha dele.

Boa noite, Traffal-Kun! – A garota deu uma piscadela e sorriu logo em seguida. Já ele, franziu o cenho e continuou a mirando com seu típico olhar gélido, porém um pouco desacreditado.

Ainda o encarando, ela pôde mais uma vez constatar a cor dos olhos dele, que pareciam estar ainda mais reluzentes durante a noite.

Segundos depois, ela se afastou, dando as costas. Law a observava descendo as escadas, um tanto intrigado, pois todas aquelas cenas fizeram com que se recordasse de um diálogo onde episódios nostálgicos reapareceram.


*Law flashback*

Ele estava numa das salas de pesquisa de Caesar junto com Monet. Mais uma vez a harpia insinuava encontros fora de hora com o mesmo.

– E então...? Até quando pretende fugir de mim...?

Ele nem se deu ao trabalho de olhar para ela. Aquela cena era ridícula e ele a colocaria no lugar mais uma vez.

– Eu já te disse antes... Desista dessa ideia idiota de que pode sair comigo só por que trabalhamos juntos.

– Você é muito grosseiro, Law... – Monet havia deixado a caneta que antes usara para escrever em cima da prancheta. Agora ela estava disposta a se empenhar mais uma vez a quebrar aquela barreira de gelo que ele próprio colocara entre os dois. Lentamente ela voou para perto dele, ficando a poucos centímetros de distância.

– Será que não sou atraente o suficiente ou... – Ela sussurrou palavras em seu ouvido. – Será que é por que você ainda tem esperanças de reencontrar aquela garota de longos cabelos rosados...?

O silêncio pairou ao redor de ambos, mas ele logo respondeu.

– Se não estiver a fim de morrer hoje, eu sugiro que você cale essa boca... – Dizia incivil com seu olhar penetrante e álgido.

– Aaaah... Assim você me deixa triste... Vejo que ainda não conseguiu esquecê-la... Você devia desistir, pois nem sabe o paradeiro dela... – Monet continuava a sussurrar tais palavras de modo provocativo. Ela sabia exatamente onde machuca-lo.

Law sabia que se a ignorasse, ela perderia pelo cansaço, mas aquilo estava se tornando cada vez mais irritante.

– Eu já te disse antes... Se não quiser ter seus membros cortados e jogados no mar... Pare de interromper minhas tarefas com essa conversa inútil. – A voz dele ainda se mantinha álgida e suave, porém ele estava por um fio de desenfrear seus instintos assassinos.

– Como pode...? Você consegue ser mais frio do que eu, que sou uma Logia da neve... Isso é um tanto irônico, não acha...? – A garota de cabelos esverdeados sorria de forma confina e meiga. Ele a encarou firmemente.

– Eu não sou o único ser do sexo masculino em Punk Hazard. Lá fora há muitos que se aproximam da sua espécie, então eu sugiro que você faça seu ritual de acasalamento bem longe daqui, ou o Caesar pode se aborrecer.

– Ahahahaha, seu senso de humor é realmente inacreditável, Law. É por isso que não posso simplesmente desistir de você... – A harpia se distanciou do cirurgião e abriu a porta do laboratório logo em seguida. Mas antes de sair, ela o afrontou mais uma vez.

– Se um dia você resolver esquecê-la... Estarei aqui para te ajudar...

Tudo o que Law pôde ouvir depois foi o som da porta se batendo.

Aquela maldita Monet sabia mais do que o necessário e jogaria tudo em sua cara até que ela conseguisse o que queria.


Um encontro com ele.


Seu capítulo com aquela novata glutã havia vazado para alguns deles, especialmente Joker. Aquele jogava indiretas ainda piores e até estava disposto a caçar Jewelry Bonney para ele. Porém, o paradeiro da mesma ainda era um mistério.

Ainda que fosse por diversão, atração, inclinação ou mesmo uma missão... Ele se arrependia por ter se aproximado daquela devoradora feroz.


*Fim do Flashback*











Nami havia passado pela bagunça e via que alguns deles ainda permaneciam ali. Sanji estava recolhendo pratos e copos do local, Brook tocava, Luffy ainda comia e os outros também participavam de algum jeito. Os demais foram dormir. Após isso, ela passou a subir as escadas rumo ao seu quarto, quando esbarrou em alguém no caminho. O baque foi notório, mas não proposital.

– Qual o motivo de estar tão distraída assim?

Ah sim... Aquele timbre que fazia tudo ficar tão mais complicado e hipotético do que já estava. A última coisa que a ruiva queria era esbarrar num Zoro impaciente. Apenas pela expressão dele era possível notar tal.

– Não tem motivos... Agora sai da minha frente por que quero ir pro meu quarto...

Ele não se moveu um milímetro. E pronto. Estava dado o início da milionésima discórdia trivial entre ambos. De fato Nami não sentia vontade de discutir com ele naquele momento. Havia gastado todas as forças com Trafalgar Law minutos atrás.

– Se todos vão ficar de vigia, por que ainda está acordada?

– Por que estava sem sono, papai... – A ruiva virava o rosto por impaciência, ironizando o espadachim com o intuito de que o mesmo estava fazendo pose de pai zeloso.

– O que você tanto conversa com aquele Shichibukai? Você devia saber melhor do que ninguém que esse cara não é digno de confiança e-

– Tudo o que você está dizendo eu já sei. Agora se for pra extravasar com seus nervos de aço, sugiro que faça isso com outra pessoa, por que estou com sono e sem paciência nenhuma pra discutir. – Ela se perguntava como ele havia percebido que ela estava com Law, se ambos foram discretos quando se encontraram perto da popa. Mas ele era perspicaz. Teria de calcular melhor seus passos para que ele não descobrisse sobre seus planos com o cirurgião.

Por um momento Zoro pensou em retrucar o que ela havia dito, mas decidiu por não fazê-lo. Desde que se reencontraram e deram início a um jogo em que ambos não tinham ideia quem seria o vencedor, ele sentia que Nami estava muito estranha. Ainda mais depois da chegada do tal Shichibukai ao navio. Mas por ora ele não diria nada. Apenas continuaria observando qualquer movimento suspeito.

– Vai sair ou não da minha frente...?

– Quem sabe se você pedir com educação.

Nami franziu o cenho em resposta. Se questionou se havia mesmo ouvido Zoro falar sobre educação.

– Um mal educado exigindo cortesia de outra pessoa... Mas eu estou com tanto sono que não consigo nem rir... – Nami abaixava as pálpebras que estavam pesadas. De fato seu ânimo em discutir com Zoro havia se esgotado.

Aquelas picuinhas não tinham muito efeito com o espadachim. O que mais lhe incomodava era o fato da navegadora não estar com disposição para discutir e nem mesmo mostrar o dito ódio que exibiu dias antes. Algo não estava muito claro... Porém ele estava disposto a descobrir o quanto antes.

A ruiva mostrava fortes sinais de cansaço. Quando disse que estava com sono não estava mentindo. Naquele momento, um impulso tomou conta do espadachim e ele a pegou rapidamente no colo. Nami despertou na hora.

– O que você está fazendo!?

– Te levando pra cama, não está vendo?

– O-O-O quê!? Eu não me lembro de ter te dado permissão pra isso!!! – O rosto dela havia corado mais do que o normal, semelhante a um pimentão.

– Não é o que você está pensando, sua idiota! Eu vou te deixar no seu quarto e vou sair!

– Aah... – Nami ficou sem fala. Por um instante ela pensou em algo além do sentido da frase.

– Você é mesmo uma garotinha cheia de si... Eu não estou caidinho por você a ponto de força-la a algo.

– Ah é!? Não foi isso que você mostrou uns dias atrás!

– Eu não faria nada com uma mulher tão mesquinha como você!

– E nem eu deixaria que um cavalo como você tocasse um dedo em mim!

– Cala essa boca! Vai chamar a atenção dos outros!

– Eu quero ver quem é que vai calar!

Os dois estavam discutindo como loucos no corredor e os brados de ambos podiam ser escutados do lado de fora.

Law já havia subido a escada, mas a gritaria do casal briguento o fez parar atrás da porta. De lá, era possível ver os dois brigando como duas crianças. Uma cena típica, porém muito anormal. Ele ficou observando tudo calado, tentando entender que tipo de relação aqueles dois possuía, pois pareciam dois inimigos num campo de batalha.

– Isso é o que dá tentar ser bonzinho com uma garotinha tão irritante como você!

– Não seja por isso, pode me colocar no chão agora!

– Não quero...

– O quê!? Eu já mandei você me colocar no chão!!! – Nami deu um violento soco na cara do espadachim e ele sentiu o baque dos punhos da ruiva lhe causar uma dor descomunal, a ponto de revirar os olhos em resposta e cair no chão logo em seguida.

Nami o pegou pelo colarinho e socou a cabeça do moreno no chão dezenas de vezes enquanto gritava obscenidades.

Law arregalou os olhos mais que o normal. Se questionou o quão psicopata a ruiva podia ser.


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Notas finais do capítulo

Desculpem por sempre usar esse espaço para chamar a atenção dos leitores que não deixam review, mas eu realmente preciso fazer isso. Acho uma pena quando aprecem novos leitores que nos enche de expectativas e logo depois desaparecem como fumaça... Leitores que são escritores: Pensem nisso. Creio que para vocês um review deixado em suas fics é muito importante. E você que é leitor e aprecia esta fic: Deixe seu comentário e sua sugestão. Isso é muito importante para o futuro da história. Parece até que estou implorando reviews, mas não é bem assim, até por que, qualidade é muito mais importante do que quantidade e estou imensamente satisfeita com meus reviews bíblia dos leitores mais fieis, porém, eu gostaria muito de ter a participação de todos os que leem e gostam da fic.
Tenho que dizer que escrevi muitas cenas boas e situações distintas, jamais descritas até agora. Quero muito reproduzi-las na fic, porém o arco atual da série está me impedindo de prosseguir com a história, pois não sou vidente e não tenho a mínima ideia do que o Oda vai aprontar. Enquanto isso, deixem suas sugestões, pois no momento eu não tenho a mínima ideia em como prosseguir com a fic.
Até lá.