AVISO:

Antes de me matarem, tenham certeza de ter lido as notas finais do cap, ok? Aí sim vocês podem me matar!

O-*-O

Nesse exato momento, eu me encontro olhando para três expressões extremamente incrédulas. A primeira que eu vejo é a de Grace, que na verdade chega a ser engraçada de tão surpresa que ela está, a segunda é a de Ian, que também é muito engraçada pelo fato de ele estar com os olhos esbugalhados e a cara mais pálida que um fantasma, e a terceira é a de Jean, que também seria engraçada, se ele não a tivesse substituído rapidamente por uma máscara sem expressão, que logo foi seguida por uma que parecia ter um pouco de inveja.

- Ahn... O que eu fiz foi tão estranho assim? – eu pergunto.

- Ahn... c-como... mas.. isso... o que? – pergunta Grace, totalmente fora dos seus sentidos.

- M-mas... isso... ela não... S-só ele... Como? – agora é Ian que se pronuncia, tão estupefato quanto Grace.

-Ela chama um Stryx e vocês se surpreendem só com isso? Tá, grande coisa... – fala Jean. Eu já estou perdendo a paciência com esse cara... Finalmente eu faço algo que preste e ele me vem com essa...

- M-mas ela não devia ser capaz de fazer isso! E você sabe! Como pode estar tão calmo numa situação dessas?! – Grace sai rapidamente do choque e fala – Até mesmo Tathrian, o grande Tathrian!, demorou, no mínimo, dois stoks para conseguir fazer isso!

- Tá! E daí?! Aquele idiota do Tathrian não conseguir convocar um Stryx em menos de dois stoks só quer dizer que ele é um gastok!

- Idiota?! Gastok?! Olhe como fala de Tathrian, seu...

- Ei! – eu tento chamar a atenção deles... – EI! VOCÊS DOIS! EI! – ... mas sou completamente ignorada.

Eu ainda tento chamar a atenção deles mais algumas vezes, mas continuo sendo totalmente ignorada. Grito mais algumas vezes com os dois e até tento dar um chute na perna deles, mas não ganho resposta. Como alguém pode estar tão absorto em uma briga a ponto de não sentir um chute?

- Não se preocupe com eles. Provavelmente os dois ainda vão brigar por um longo tempo. É sempre assim quando o assinto é Tathrian.

- Quem é Tathrian? – ele já começa a responder, mas eu o interrompo – Não, esquece, depois eu pergunto pra algum dos dois ali, mais importante: como eu consegui fazer aquilo com as sombras?! – eu pergunto surpreendida, já que é bem difícil eu fazer algo da maneira correta, principalmente se esse algo for uma coisa que alguém que é aparentemente importante ou forte não conseguiu fazer em um curto período de tempo.

- Sinceramente... Eu não faço a menor ideia. É simplesmente como a Grace disse, nem Tathrian conseguiu fazer isso em menos de dois stoks de treino.

- O que nos leva a mais algumas perguntas: quem é Thatrian? E o que diabos é um stok?

- Bem, digamos que Tathrian é alguém influente e forte no nosso, hum... país. E na nossa língua, um stok quer dizer um ano, ou algo aproximado disso.

- Nossa, falando assim parece que vocês vieram de outro planeta... Mas, fala aí, como é que a Grace sabe essa língua se ela é americana assim como eu?

- Ah, é que, sabe... bem, ela...

- OLHA AQUI SEU RETARDADO MENTAL, OUSE JOGAR UM LIVRO DE NOVO NA MINHA CARA E EU TE PARTO EM DOIS COM A YAGGRULL, OUVIU, ROCKNIVARAN? – a Grace fala, já não conseguindo mais conter as ameaças de morte.

- Ei, Ian, - eu chamo a atenção do moreno que está ao meu lado observando a briga – o que é yaggrull, rocknivaran e gastok?

- Rocknivaran é desgraçado, gastok é retardado e yaggrull-

- COMO SE EU TIVESSE MEDO DESSA LÂMINA DE BARBEAR QUE VOCÊ CHAMA DE ESPADA!

- O que?! A Grace tem uma espada?! Mas ela me disse que era sensível para coisas como sangue!

- Aquela garota ser sensível a sangue? Boa piada! E ela não só tem uma espada como deu o nome de Yaggrull a ela!

- LAMINA DE BARBEAR O CARALHO! CUIDADO COM O QUE TU FALA, AOHITO DESGRAÇADO, POR QUE ESSA LÂMINA DE BARBEAR JÁ CORTOU O TEU BRAÇO UMA VEZ, SE VOCÊ NÃO LEMBRA!

- AOHITO É A MÃE! MEU NOME É JE’AUNT PRA SUA INFORMAÇÃO, Ô GRACEGAR IDOTA!

- O que-

- Aohito é azulzinho, azulado, cara azul... essas coisas, mas também significa estressado ou infantil e quanto a gracegar, é a junção do nome da Grace com egar, que quer dizer idiota.

- Ah, entendo. Mas me diz uma coisa, eles sempre passam todo esse tempo brigando? – eu pergunto, por que, na boa, os dois já deviam estar brigando faz uns quarenta minutos.

- Geralmente mais, mas, devido às nossas “circunstancias especiais”, essa briga deles vai levar um pouco menos de tempo. O que é um alívio, já que quando eles passam mais de uma hora brigando – como alguém consegue passar mais de uma hora brigando?! – a Grace fica tão estressada que desembainha a Yaggrull e parte pra cima da pessoa com a qual ela está brigando.

- Eu ainda não estou conseguindo acreditar que a Grace é violenta. Tá, ela geralmente tem uma aura negra em volta de si mesma, mas ela não conseguiria fazer mal a uma-

POW!

- O que foi isso?!

Eu olho em volta buscando a origem do barulho e avisto uma cena que seria impossível para eu acreditar se eu não estivesse a vendo com os meus próprios olhos:

A Grace está caída por cima do Jean esmurrando a cara dele violentamente, como se quisesse arrancar ela fora, enquanto o alvo da raiva de minha amiga se debate em baixo dela e faz de tudo para retirá-la de cima dele.

- OLHA AQUI, NUNCA MAIS OUSE FALAR DELES, ENTENDEU NUNCA MA- - ela foi interrompida por Jean, que finalmente conseguiu inverter as posições e ficar por cima dela, agarrando seus pulsos e os prendendo contra o chão.

- CALA A BOCA! COMO VOCÊ OUSA AO MENOS TOCAR NO NOME DELA?! VOCÊ SABE QUE NÃO É PERMITIDO FALAR DISSO, PRINCIPALMENTE COM ‘ELA’ AQUI!

- ELA TERIA QUE SABER DISSO MAIS CEDO OU MAIS TARDE! SE VOCÊ NÃO LEMBRA, A VIDA DELA E AS NOSSAS ESTÃO EM PERIGO, E TUDO DEPENDE DELA SAB-

Nesse momento, Jean tampou a boca dela, a impedindo de completar a frase. Ele se aproxima do ouvido da Grace e sussurra bem baixo, para que só ela possa ouvir, ou pelo menos era isso que ele queria, por que eu tenho boa audição e consegui ouvir a conversa deles:

- Você sabe que não podemos deixá-la saber até que seja o momento certo.

Também sussurrando, Grace responde:

- Sim, eu sei, mas prorrogar esse momento não nos levará a nada, não é mesmo?

- Você pode até estar certa, mas a hora de ela saber da verdade ainda não chegou. - e dizendo isso ele se levanta, deixando Grace no chão, e se aproxima de mim, nem imaginando que eu ouvi a conversa inteira.

- Ô ‘garota prodígio’, você não acha que está na hora de ir pra casa, não? Se você é mesmo tudo que eles acham só por que conseguiu controlar uma mera sombra, então acho que não será problema levar todos nós pra casa, não é? Afinal, foi você e toda essa sua inteligência que nos arrastaram pra cá. Uma pena que você é tão idiota... Duvido que consiga ao menos levar uma lasca de unha de volta.

Ah, então você quer provocar? Dois podem jogar esse jogo, amigo.

- Ô Aohitozinho, me desculpe se você é panaca demais pra não conseguir invocar um Stryx – ele faz uma cara incrédula ao ver que eu sei o significado da palavra estrangeira - sozinho pra te levar pra casa, mas a garota aqui não é táxi não. Levar os outros dois eu ainda posso tentar levar, mas você – eu coloco o dedo no peito dele – vai ter que ser bem mais educado se quiser pegar carona comigo. E, se por um milagre de Deus, você conseguir ser educado, coisa que não foi desde que eu cheguei aqui, a ‘garota prodígio’ não sabe de onde você vem, já que nós nos encontramos aqui, sabichão.

- Não. Me chame. De. AOHITO! Meu nome é Je’Aunt, sua lesada!

Ela está reclamando disso? Acho que nem ouvir o resto do discurso ele ouviu.

- Ah, que pena, pensei que o pobre Aohitozinho queria ir pra casa... Ou será que ele gosta mesmo é de ficar aqui, sozinho para sempre? Nossa, Aohito, você devia ser mais educado, sabia Aohito? Ou eu vou te deixar aqui, A-o-hi-to.

Eu juro que estou vendo umas três ou quatro veias pularem de raiva na cabeça dele, mas ele consegue se controlar.

- M-me de... d-desculpe... Garota... V-você poderia, por favor, me levar pra casa?

Ont, que fofo, ele fica meio coradinho falando a última frase. Uma pena que nas duas primeiras parecia que ele estava tentando conter a raiva de um vulcão dentro de si.

- Claro que sim bebezinho. – eu falo como quem está falando com um bebê e aperto as bochechas dele com as duas mãos – Onde fica a casinha do Aohitozinho bonitinho pra titia poder levar ele de volta pro colinho da mamãe?

Mais quatro veias estouram da cabeça dele, porém, provavelmente pressentindo a ameaça eminente, Ian se mete no meio da “conversa” e o impede de dar um soco na minha cara segurando seus pulsos.

- Sabe Jean, você devia se controlar um pouco, considerando que ela é a única maneira de sair daqui.

Muito estressado, o moreno tenta soltar as mãos do Ian de seus braços, mas sem muito sucesso, já que o outro moreno é bem mais forte que ele.

- Quer saber? Tudo bem, eu posso tentar ser educado. – ele fala, desistindo de se soltar das mãos fortes do Ian - Mas se você me chamar de Aohito de novo eu juro que não haverá mais cabeça no seu pescoço.

- Tudo bem, mas é você quem sabe se prefere se controlar ou ficar preso aqui, A-o-hi-to.

Antes que ele possa voar no meu pescoço, eu falo:

- Sombras, levem a mim, Grace, Ian e Jean de volta para a minha casa.

Nada foi muito diferente nessa viajem pelas sombras. Novamente eu vejo as cores amenas passeando em meus olhos (ou seria dentro de minha cabeça que ela faziam essa estranha dança?), novamente a escuridão me engole e eu, novamente, me vejo em um lugar completamente desconhecido.