Naquele momento, com aquele beijo, Amy se esqueceu de tudo.

Esqueceu seu nome, sua idade, seu livro favorito, seu segundo livro favorito e acredite, se tratando da Amy, isso é um caso muito sério.

Mas quando se tratava de Ian, o lógico deixou de existir.

Porém logo suas memórias voltaram a florescer.

Será que ela deveria confiar no traidor? No Cobra? No filho da assassina de seus pais?

Metade de seu ser dizia: Sim, ele mudou.

Mas e a outra metade gritava.

Opa, não era só a outra metade de Amy.

Os dois se separaram e deram de cara com Natalie.

Logo depois do choque, a menina deu um sorriso aos dois.

-Natalie eu... - tenta Amy.

-Vocês não tem nada a explicar, - diz ela aumentando o sorriso. - Bem, to sobrando aqui.

Os dois se levantaram depressa.

-Natalie,volta aqui.- ordena Ian.

Ela cruza os braços.

-O que foi meu querido irmão?

-Você não viu o que aconteceu aqui.- diz Amy.

-Por que não?- pergunta ela.

-Porque... porque...- Amy tenta, porém sua fala é impedida pelo choro.- Por que isso não vai mais acontecer.

O menino se volta a ela.

-Mas Amy...

-Não Ian, eu não quero me machucar outra vez. - lagrimas surgem de seus olhos.

-E você acha que eu não sofri?- pergunta ele também com lagrimas no rosto. – Eu deveria ter enfrentado Isabel. Deveria ter falado alguma coisa. Deveria ter feito algo.

-Deveria ter feito, - diz ela.- Mas não fez.  E seu eu não conseguisse sair daquela caverna? E se não tivesse sobrevivido ao incêndio? E se o Hamilton não tivesse me salvado?São muitos “E se” Ian.

-Amy, por favor, acredite em mim.- ele olhou bem pra ela.- Por favor.

-Ian,- disse ela.- Eu não posso. Eu não consigo.

Natalie da um grito, o que faz todos lembrarem que ela ainda esta ali.

-Aí, assim eu não resisto!- disse a menina. - Diz logo que vocês vão ficar juntos, aí eu posso esfregar isso eternamente na cara do Dan.

- Esfregar o que na minha cara?- diz o menino aparecendo do nada.

-Aff, que susto garoto!- diz ela.

-Não respondeu a minha pergunta.

O nervosismo tomou conta de Amy. O irmão dela odiava Ian, e ele estava certo, por que ela não conseguia odia-lo também?

-Esfregar na sua cara que a Katniss e o Peeta vão ficar juntos no final.- responde Natalie rapidamente.

-Quem?

-Ó SER SEM CULTURA!!- diz ela olhando para ele como se fosse um alien.- Katniss Everdeen e Peeta Mellark, de Jogos Vorazes, uma história épica de uma sociedade pós apocalíptica em que...

OK,pensou Amy,Essa menina tem o dom da mentira.

-Natalie,- diz Dan.- Eu não quero saber do livro.

-Você que quis saber, agora aguenta neném.

-Amy, o que você fez? – pergunta Dan.- Sequestrou a Natalie verdadeira e a trocou por um clone que lê?Lê livros grosso?

Tanto Amy como Ian se recompuseram.

-Me desculpe Dan,- disse ela.- Mas não é minha culpa se Natalie decidiu ler algum livro descente.

-Nhééé.- disse ele.- Isso me lembra o por que eu vim aqui. CARACA, A GENTE GANHOU UM CARRO!!!! E NÃO SÓ UM CARRO, É O CARRO!!

-Calma Daniel,- exclama Ian.- Vamos do começo.

- Ok,- ele respirou fundo.- Tipo, eu e a Nellie, a gente ia sair pra comprar sorvete, daí quando a gente saiu, vê na garagem o carro.

 Praticamente empurrados pelo menino, todos saíram da praia e encontraram na garagem da casa um conversível amarelo, com a au pair jogada nos bancos de couro.

-É, eu posso me acostumar com isso. - diz Nellie.- Presentinho do Fiske.

-Nossa Daniel, - exclama Natalie.- Esse  é o seu super automóvel?

-Acho que papai tem uns três desse. - exclama Ian.

- Não liga pra eles, Albert. - disse ele acariciando o carro.

-Você batizou o carro de Albert?- pergunta Amy.

-Albert, o conversível. - diz ele.- Não soa bem?É claro que sim, não é mesmo Albert?

-Ok, depois dessa quase nada em relação aos Cahill me surpreende. - diz Natalie.

De repente um rock pesado começou a tocar, e Nellie atende o telefone.

-Alô?-diz ela.- Ah, é você. Aham claro, até por que eu estou de férias no Havaí. Aham, te espero.

Todos voltaram a ela um olhar suspeito.

-Nellie, quem era no telefone?- pergunta Amy.

-Ah, ninguém.- responde ela.

-E que história é essa de estar de férias no Havaí?- pergunta Dan.

-Tecnicamente é verdade.- responde a au pair.

-E quem você esta esperando?- pergunta Natalie.

-OK, VOCÊS VENCERAM!- diz ela.- A verdade é que meu ex-namorado acha que essa é a minha super casa de praia, e esta vindo pra cá. E ele nem desconfia que eu sou babá de quatro adolescentes chatos e irritantes.

-Correção,- diz Dan.- Você é a au pair de quatro adolescentes chatos e irritantes.

-Ta, tanto faz.- diz ela.- Mas vocês tem mais ou menos uns dez minutos para pegar suas coisas e sumir com elas e esse carrão daqui.

Ela pegou uma caneta e um bloquinho e rabiscou um endereço, que entregou a Ian junto com as chaves do carro e um mapa.

-Tomem, aqui nesse endereço tem uma galera que vocês já conhecem e eu tenho certeza que acolherão vocês.Agora sumam!

Todos correram para pegar suas coisas.Quando já estavam todos colocando as malas no porta malas, Dan fala:

-Ei, Ian, me da aí as chaves.

O menino riu.

-Nem pensar Daniel.

-Por que não?- pergunta ele com uma carinha Saladin quando queria salmão.

-Deixa eu ver,- disse Amy surgindo ao seu lado.- Por que você não tem carteira, e com certeza iríamos ser expulsos do Havaí de fizermos isso.E você sabe que eu tenho razão.

-AMY!! Foi você que dirigiu o Tiny Tim na Russia!

-Quem é Tiny Tim?- pergunta Ian.

-É um carro que dirigimos na Russia.- diz Amy, e depois apertando as bochechas de Dan diz:-  Olha pelo lado bom, pelo menos o Albert não é azul.

Dan odiava quando ela fazia isso, então se sentou inerte no banco de trás do carro.