Morning Light escrita por Dani


Capítulo 3
II - Something blue


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito feliz com os últimos reviews, e aqui está mais um capítulo *-* Boa leitura!



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Uma vez quando eu era garotinha meu pai me levou para a padaria dele, que ele havia reconstruído dos destroços. Ela estava fechada, era bem cedinho e era domingo. Ele me contou algumas coisas sobre meus avós, sobre como minha avó era severa, mas meu avó bem sensível e calado. Meu pai me contou que nunca viu em seu pai muita coisa quando este estava vivo, mas após perdê-lo percebera o quanto eles eram parecidos e a enorme influência que meu avô teve sobre ele.

Nesse mesmo dia meu pai e eu fizemos nossa primeira torta juntos, diz ele, mas me lembro que a única coisa que fiz foi comer todos os morangos que ele não havia usado enquanto a torta assava no fogão.

Naquele momento em que meu pai me contou aquelas coisas que pareciam tão difíceis para ele foi o nosso primeiro momento juntos, eu me senti tão feliz e segura, coisa que eu quase não sentia quando estava fora de casa – já que a paisagem dos Distrito 12 sempre me perturbou. Muitos destroços, prédios abandonados, galpões queimados. – Mas ali estava eu me sentindo feliz e bem fora de casa.

Enquanto ele se concentrava na torta eu me sentei em uma mesinha perto da janela e fiquei observando a parte reconstruída do Distrito e pela primeira vez não o achei medonho.

Minha mãe às vezes tenta me explicar o que sente quando caça, ela diz sentir certa calma, como se ela se desligasse do mundo e pudesse ser ela mesma. Creio que é assim que meu pai se sente quando pinta ou faz alguma coisa na padaria.

E bem, pela primeira vez eu me senti assim quando estava ali perto da janela sentindo o vento nos meus cabelos.

E o que estava acontecendo agora era completamente o oposto.

Acho que Effie nota porque logo ela me oferece um comprimido, que deve ser um calmante ou semelhante, ela sempre dá um desses para minha mãe quando ela vai a alguma aparição publica e está nervosa ou com dor de cabeça, então aceito e o tomo sem água mesmo.

Quando o trem chega na estação percebo que não somos os primeiros a embarcar, pelos vários rostos sorridentes e acenando, e alguns mal-humorados e sonolentos que vejo pela janela.

– Porque não fomos os primeiros a embarcar? – pergunto baixinho ao tio Haymitch assim que entramos no vagão exclusivo do Distrito 12.

– Temos que ter todos os sobreviventes ou os descendentes deles reunidos antes de começarmos a visitar cada distrito. – ele responde naturalmente e se distancia de mim para falar com Effie. A espalhafatosa Effie. Ainda descubro o que rola entre esses dois.

– Ai meu Deus do céu. – uma criatura esverdeada com os olhos cheios esbugalhados grita e todos no vagão se calam.

Eu não havia percebido, mas quando entramos em nosso vagão-sala já haviam três pessoas ali. Uma mulher bem velha com umas tatuagens bizarras e enrugadas ao redor dos olhos, um homem de trinta e poucos anos com os cabelos cheios de caixinhos azul bebê e essa mulher com a pele levemente esverdeada cheia de enfeites cor-de-rosa no cabelo.

– Katniss é ela? – a garota falou quase gritando.

Minha mãe me olhou como quem se desculpava por aquilo e respondeu afirmativamente.

Foi como um sinal, após minha mãe afirmar os três correram ao redor de mim e começaram a me olhar de forma muito assustadora.

– Os olhos dela, os olhos dela. – a esverdeada falou quase sem voz.

– Não, o cabelo. Olha o cabelo. – o homem disse colocando bem devagar a mãe no meu cabelo, como se eu estivesse prestes a quebrar ou desaparecer a qualquer momento.

– Vocês estão assustando a menina. – disse a mulher mais velha enquanto me analisava com um olhar quase clinico.

– Você se lembra do nome deles? – meu pai diz calmamente e depois se vira para eles falando mais alto: - Primrose tem uma memória muito boa, eu descrevi vocês para ela apenas uma vez mas...

Aponto para cada uma deles e digo seus respectivos nomes, esperando não ter sido enganada por minha memória.

Minha mãe me olha com aquela cara dizendo “Não seja exibida”, mas seu sorriso não me reprova.

– Está faltando Portia. – digo para a completa satisfação dos três.

A cara deles foi quase como “além de tudo, ela fala”.

Mas ouço uma tosse seca num canto escuro da sala e sei quem está ali, a estilista de meu pai nos Jogos Vorazes. Uma fraca e bem velha Portia me olha de longe e apenas acena, como se o esforço da fala fosse algo difícil demais para ela.

Vejo uma sombra de tristeza nos olhos de meu pai. Ele sente muito por todos. Ás vezes sou muito semelhante a ele em relação a isto e não gosto nenhum pouco.

– Tudo bem, tudo bem. Vamos parar com esse circo de horrores. – tio Haymitch diz e logo um olhar ofendido surge em cada um dos membros da antiga equipe de preparação de minha mãe.

Eu acho engraçado.

Effie finalmente abre sua boca cor-de-rosa e diz: - Seu quarto é a ultima porta neste corredor.

Ela aponta para um corredor do lado direito do trem.

Me despeço de meus pais com um abraço, coisa que sempre fazemos quando vamos nos separar, dou um beijo na testa de meu irmão, que ficou calado o caminho inteiro por ainda estar sonolento, e sigo o caminho apontado pelas unhas coloridas de Effie.

– Não se assuste com eles, eles apenas são grandes fãs de seus pais. – Effie diz baixinho quando passo por ela e me despeço.

– Quem não é? – respondo baixinho enquanto sigo por um estreito corredor.

É um corredor pequeno, as paredes são claras e há um carpete macio no chão.

Me sinto tonta. Mal preguei os olhos essa noite, e esse veículo se movimentando sobre os meus pés não ajuda nem um pouco.

Estou quase no meio do enorme corredor quando pouco a pouco sinto tudo ficando preto, não sinto mais meus pés. Eu acho que...que estou caindo.

– Ei, cuidado. – uma voz diz e ela vem acompanhada de braços fortes que agora me seguram.

Olho pra cima. Estou olhando para algo azul, mas não consigo focalizar nada.

– Dizem que quando você ingere bebidas alcoólicas não é recomendável sair cambaleando sozinha por corredores de trens que estão a uma alta velocidade. – ouço a mesma voz dizendo. – Mas é só o que dizem.

Tento olhar de novo, mas meus olhos se fecham e nem com todos os meus esforços consigo abri-los.




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Notas finais do capítulo

Escrevi esse sem muitos problemas, a fic em si tem sido muito fácil de escrever, mais fácil que uma outra fic de JV que iniciei e acabei cancelando, e eu tenho adorado ficar na pele da minha Primrose *-* Mal posso esperar para que vocês conheçam mais personagens de minha criação ;) Um beijão, não esqueçam dos reviews, pois eles me ajudam e estimulam muito. xo.