Morning Light escrita por Dani


Capítulo 26
XXIII - Wrong place, wrong time


Notas iniciais do capítulo

Olá tributos, aqui está mais um capítulo, ontem eu terminei de escrever toda a terceira parte(Breath of Life) e ela terá no total 6 capítulos, esse é o terceiro então se vocês comentarem muito(como eu pedi no cap passado) eu posto o próximo sexta. E eu queria agradecer muuuuito as leitoras: Ruth Faraga e Kat Mellark pelas recomendações, de verdade meninas, eu amei *-* Agora...BOA LEITURA!



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Fico olhando a cidade ganhar vida. Luzes por todos os lados... É tanto brilho que não consigo pensar em como Annelys ficaria encantada com a visão que tenho de meu quarto, em que uma das paredes é transparente, tendo toda a Capital ao alcance dos meus olhos.


Octavia passou as últimas horas tentando apagar as olheiras de meus olhos e me deixando apresentável, ou com uma aparência um pouco mais saudável.


Tenho tentado não dormir e me alimentado mal. Não consigo parar de pensar em meus sonhos ou em Annelys, naquele maldito Pensatório. Ou na visão que eu e ela tivemos ao chegar à Capital.


Se ela precisa da “ajuda” deles porque viu o pai morto andando por aí, imagine a mim que além de também ter visto seu pai, perco todo o controle de mim quando durmo, chegando até mesmo a me machucar e ouvir vozes ao acordar?


Se ela está maluca, sanidade é uma palavra que não existe em meu dicionário.


Lembro-me do olhar preocupado que minha mãe me lançou quando voltávamos do Pensatório.


- Mãe, quando estávamos dormindo, eu fiz alguma coisa? – eu perguntara a ela finalmente. Mas o que eu queria realmente saber era se havia tentado machucá-la ou por qual motivo ela me levara ao hospital quando eu ainda estava dormindo.


Ela negou insegura. Muito quieta.


- Você me contou sobre não se lembrar do que fez nos últimos dias, fiquei preocupada. – ela se explicara. – Belo soco. – ela dissera sorrindo pela primeira vez desde que saímos do lugar.


Olhei para minha mão dolorida. Um hematoma roxo começava a se formar nas juntas dos meus dedos. Como Mist é tão forte?


- Tentei socá-la, mas parece que quem ficou mais dolorida no final das contas, fui eu. – disse aos meus pais. Estávamos nós três no banco traseiro de um enorme carro flutuante e luxuoso da Capital, de volta ao hotel. – Qual o problema de Mist?


Meus pais se entreolharam.


- Ela é apenas uma pirralha ambiciosa. – minha mãe dissera, eu e meu pai olhamos para ela de forma engraçada. Ela nunca falava assim de ninguém.


- É provavelmente de família. – meu pai completara e então eu senti saudades do Distrito 12. No 12 tínhamos momentos assim o tempo todo. Eu, mamãe e papai. Finn estava sempre brincando, correndo, ou caçando, ou nadando. Mas eu sempre estava com pelo menos um dos meus pais. Eram tempos mais fáceis.



Olho meu reflexo no espelho tentando me sentir tão cheia de vida como meu vestido vermelho e minha maquiagem brilhante aparenta.


Ouço batidas rápidas na porta.


- Ah, Huggo. – dou um sorriso fraco ao cavaleiro. Ele não parece feliz.


- Como está, Pequeno Tordo? – quando ele fala, lembro ainda mais de minha amiga.


- Tão bem quanto alguém que viu a melhor amiga ser nocauteada pode estar. – digo honesta e ele abaixa os olhos.


- Eu vim aqui pedir permissão para te acompanhar em segurança até o baile. – ele diz educado.


- Claro. – digo e coloco minha mão em seu braço, me sentindo em um dos filmes antigos os quais Annelys tanto gosta.


Andamos pelos corredores silenciosos, ambos calados.


- E você, como está? – pergunto.


Ele dá de ombros.


- Sinto falta dela o tempo todo. – ele diz. – Pretendo visitá-la, mas querem segurança máxima enquanto a senhorita estiver na Capital.


Odeio isso. Tanta segurança para mim como se eu fosse tudo que importasse, como se o mundo todo estivesse prestes a me massacrar.


Infelizmente, eu estava começando a acreditar nisto.


- Quando eu for visitá-la, você pode me acompanhar. Para minha “segurança”. – digo fazendo aspas no ar como Annelys.


- Ela não mentiu sobre você. – o Cavaleiro diz sorrindo. – O que houve com sua mão?


Olho para minha mão direita onde há um pequeno curativo. Octavia deu gritos histéricos ao ver o estado de minha mão. Ela disse que eu sempre estou suja, machucada ou com o cabelo parecendo um bolo de feno. A estilista mais doce de toda a Panem.


- Tentei socar Mist. – digo.


Pela primeira vez vejo Huggo rir.


- Ela pode ser magricela, mas é forte. – digo lembrando-me de como Mist apertou com força minha mão e eu senti meus ossos deslocando-se enquanto ela me olhava com superioridade.


- Os Snow são todos muito preparados, tanto psicologicamente quanto fisicamente. – Huggo me conta.


- Os Snow? – pergunto.


- Você não sabe muito sobre a história de Panem, Pequeno Tordo. – ele comenta. – Em outrora, na época dos Jogos, os vulgos Dias Escuros, a família Snow estava no controle de toda a Panem. Agora os Snow trabalham para o presidente atual de Panem. Mist De La Snow é a única neta legítima de Coriolanus Snow. O presidente dos Dias Escuros. – ele me conta detalhadamente.


Continuo prestando atenção sem demonstrar todo o interesse que estou sentindo.


- As más línguas dizem que os Snow nunca realmente superaram a perca do poder. Por isso são todos são fortes, ameaçadores e digamos... Mal-humorados. – ele continua.


- Então é comum achar que toda vez que Mist me vê ela está me matando mentalmente?


- Completamente comum. – ele responde bem humorado.


- Mas se eles parecem não ter superado essa perca de poder, porque trabalham para o presidente? – pergunto.


- Quando os Dias Escuros acabaram, bem, Panem ruiu. A economia ia de mal a pior, a organização dos Distritos era deplorável. Famílias de Distritos Carreiristas passavam fome, imagine o estado nos Distritos mais pobres. – ele fala gesticulando. – Apenas um grupo de pessoas conhecia Panem bem o bastante para fazê-la voltar ao normal: os Snow. Eles são incrivelmente eficientes no que fazem e nunca tentaram tomar o poder, então nosso presidente, Louix, acha prudente que eles continuem trabalhando pela paz de Panem enquanto fizerem isso direito.


Chegamos ao andar que vai acontecer o baile e Huggo me leva até a entrada. Mas antes que eu possa procurar alguém para conversar, Lucca aparece sorridente e por mais que tudo esteja parecendo ruim, dou um sorriso de volta. Um sorriso involuntário.


- Huggo.


- Lucca.


Eles se cumprimentam e Lucca beija minha mão como um cavaleiro também.


Provavelmente a presença de todos esses homens bem vestidos, educados e que vivem cercados de belas mulheres, vulgos Cavaleiros de Panem, tem afetado o ego de Lucca, já que ele parece estar bem mais elegante que de costume.


- Belo vestido. – ele comenta me levando a pista de dança.


- Belo traje. – respondo de volta.


- Soube que você deu um belo soco em Mist. – ele diz sorrindo. – Ou ao menos tentou. – concluiu olhando para minha mão. – Mas quando eu ouvi isso tudo que eu pensei foi: essa é minha garota.


Reviro os olhos. Mas começo a corar sem querer.


- Sinto muito por Annelys. – ele fala sério agora. – Podemos visitá-la pela manhã.


Dou de ombros.


- Se Mist permitir.


- Não se intimide por ela. Ela apenas é uma garotinha rancorosa. – ele diz. – Esse ano seria o que ela se tornaria presidente, por hereditariedade, de Panem. – começa de repente a olhar em meus olhos, sei que falará algo mais sério. – Como estão os sonhos?


- Não tive nenhum ainda. – disse.


- As dores de cabeça?


- Também não. – digo, percebendo que essa calmaria provavelmente é uma previsão de algo pior. Assim como quando tudo está perfeito, tão perfeito como receber um beijo no Distrito mais belo de Panem, e tudo se torna péssimo, tão péssimo como acordar sem se lembrar de nada que aconteceu em 14 dias.


Enquanto eu e Lucca dançamos quase parados, distraídos demais em nossos sussurros baixos, já que ele mesmo me contou que na Capital um pouco de discrição e cuidado nunca é demais, vejo alguém me olhando por trás dos cabelos dourados de Lucca.


- Preciso falar com alguém. – digo a ele apontando Dean com a cabeça.


- Tudo bem. – Lucca responde.


Dou alguns passos na pista de dança e vejo um Haymitch e uma Johanna bêbados gritando para que Gale entre na pista.


Pobre Gale.


- Prim, mostre a Gale como se faz. – Johanna grita para mim e ando ainda mais rápido antes que ela me faça dançar ali no meio dela e de tio Haymitch.


Aproximo-me de Dean e todas as palavras que planejei dizer a ele somem de minha cabeça.


Xingo em silêncio quando ficamos nos olhando calados.


- Dean, eu... - começo dizendo, mas ele coloca o dedo indicador em meus lábios, me silenciando.


- Prim, não se desculpa, a culpa foi toda minha. – ele começa


Fico calada tentando me entender ao que ele se refere.


- Assim que eu vi a maneira que você olhava para Lucca, naquele dia no terraço, eu deveria ter me afastado. – ele diz com alguma emoção na voz, mágoa provavelmente.


- Mas eu te beijei. – digo, lembrando-me com dificuldade do ato. – Eu estava fora de mim, coisas estranhas têm acontecido comigo.


Ele faz o sinal positivo com a cabeça, concordando comigo. Não detecto nenhum ironia no ato.


- Lori me falou que você tem enfrentado algumas coisas. – ele diz.


- Lori? – tento me lembrar se contei algo a Lori. Não me lembro de nada.


- Ela e Lucca são como irmãos, contam tudo um ao outro. – ele diz e por algum motivo isso me afeta. Não como se fosse algo errado, mas algo que levemente me incomoda. – Eles estão preocupados com você.


- Quem não está? – pergunto cansada. – Desde que a viajem começou, parece que tudo que me dizem é sobre como estão preocupados comigo.


Ele dá um sorriso tímido. O Dean simples e calmo finalmente aparece.


- Isso significa que se importam com você. Não aja como uma criancinha cansada de pais super-protetores. – ele diz revirando os olhos escuros.


Dou um soco de leve no braço dele com a mão que está intacta e uma felicidade me toma por estarmos assim brincando um com o outro.


Passam-se alguns minutos e me vejo dançando com os bêbados Johanna, Haymitch e Octavia e dois sóbrios envergonhados, Gale e Effie.


Vênus e Lucca estão em um canto conversando, mas logo se juntam a nós na pista.


Em algum momento Lucca pega em minha mão e saímos correndo pelas escadas do enorme prédio embriagados pelo momento.


Chegamos ao terraço.


- Você se lembra? – Lucca me pergunta. – Nosso quase primeiro beijo, foi exatamente em um terraço. Porém, não seremos interrompidos desta vez. – ele diz abaixando um faixa de metal que fica atrás da porta que leva as escadas. Trancando a passagem.


Vou andando até a sacada, sentindo o vento em meus cabelos.


- Você não é covarde. – digo lembrando-me de repente de meu pesadelo. – É muito corajoso na verdade.


Ficamos frente a frente. Nos olhando.


- E está me lembrando disto por qual motivo?


Dou um sorriso.


- Eu tenho tantos problemas e você sabe de todos eles. – digo. – E ainda não fugiu. Eu fugiria. – digo brincando.


- Não se você tivesse vivido toda sua vida cercado de pessoas superficiais e finalmente conhecesse alguém... Diferente. – ele fala colocando um cabelo atrás de minha orelha.


Nos beijamos em silêncio. Nosso primeiro beijo desde que tudo aconteceu. A despedida do 4, o beijo com Dean, a descoberta sobre meu telessequestro.


O beijo é doce. De início suave, mas torna-se mais rápido e nossas respirações se fundem como uma só. Sinto seu abraço ao meu redor e sinto-me segura.


Quando abrimos nossos olhos, ficamos nos olhando em silêncio. Seus olhos azuis são tão intensos e belos. Eu me perco neles até que ele volta a falar.


- Eu queria que existissem apenas momentos assim, em que tudo, por poucos minutos, parece bem, e viver neles.


Acaricio sua face.


- Eu também. – concordo.


Voltamos ao prédio e eu o puxo até o meu quarto. Não quero ficar sozinha. Não quero me distanciar dele. Não quero fazer algo enquanto durmo e depois me arrepender. Não quero magoá-lo outra vez.


Quero que ele fique ao meu lado. Sempre.


Nos deitamos calados em minha cama e entrelaçamos nossos dedos. Nos beijamos, nos abraçamos e então caímos no sono. Ele promete que ficará atento a mim e que não deixará que eu me machuque esta noite.


Mas tenho mais medo de machucá-lo, como fiz no Distrito 3, e perdê-lo. Mal posso suportar pensar nesta ideia.


- Tudo bem. – aceito dormir e dou-lhe um beijo tímido nos lábios.


Ficamos abraçados até que em um daqueles momentos, em que não sei se estou acordada ou presa em meus sonhos, acontecem.


Vejo homens vestido de branco em meu quarto. Eles usam máscaras, eles pegam Lucca. Eles levam Lucca.


Então os olhos tão azuis quanto o mar de Lucca vêem a minha mente.


Dou um sorriso para eles e me perco nos devaneios.


–---


- Bom dia, raio de sol. – ouço uma voz dizer. Mas não é a voz que eu esperava.

- Lucca? – pergunto ainda zonza.

- Infelizmente não é ele. – ouço a voz brincalhona de Annelys.

Olho-a. Toco-a. Encaro-a.

Ela me olha confusa e coloca um papelzinho ao lado de minha mão antes de voltar a conversar.

- Você está bem, Primmie? – ela pergunta.

- Ann, você está no Pensatório de Panem. – conto a ela.

- Eles pegaram Lucca. – ela diz e começa a rir, coloca o dedo indicador nos lábios pedindo para que eu guarde segredo.

- Eles quem?

Ela nega com a cabeça e começa a pular na cama.

- Eles querem te pegar, Primmie. – ela diz e cai em cima de mim, quando vou gritar de dor percebo que não sinto dor alguma. – E então quando te pegarem ficaremos todos juntos.

–--


Levanto assustada da cama.


Olho-me nos espelhos espelhados pelo enorme quarto, há uma gota de suor em minha testa e estou sozinha no quarto.


O travesseiro ao lado do meu me conta que Lucca realmente esteve ali. Deve estar tomando café agora.


Percebo que não sei o lugar em que devemos tomar café na Capital.


Coloco um vestido e saio andando pelo prédio. Encontro com tio Haymitch.


- Bom dia, docinho. – ele fala.


- Bom dia. – respondo. – Você viu Lucca?


Ele dá de ombros.


- Como vou saber? Você que está o tempo todo com ele, não eu. – ele diz escondendo alguma coisa na voz. Ciúmes?


Então quando chegamos ao lugar onde está sendo servido o café, vejo Huggo e vou falar com ele.


- Tudo pronto para o passeio, Tordo? – ele me pergunta sério após me cumprimentar.


- Ah, sim. – digo lembrando-se do compromisso que marcamos ontem. – Assim que Lucca aparecer podemos ir.


- Sr. Odair foi antes. Queria ver umas coisas com os médicos da mãe dele. – Huggo me conta olhando para os lados como se não quisesse ser pego falando algo que não devia.


- Ah, claro. – digo insegura. Após aquele devaneio, aquela visão de que Lucca foi pego, e então aquela outra cena com Annelys, tudo que quero fazer é ver ambos. E quero ver ambos logo.


Ao chegarmos ao Pensatório, nos dividimos. Meu pai e minha mãe também vieram conversar com o médico que me fez todas aquelas perguntas aquele dia. Mas eu e Huggo vamos diretamente para o quarto de Annelys que está dormindo.


- Ela está bem. – digo aliviada ao vê-la.


Huggo sorri e se retira em busca do café-da-manhã de Annelys.


- Um cavaleiro, literalmente. – solto e ouço uma risadinha. - Você está acordada? – digo sentando-me na beirada da cama de Ann. Ela me responde com um abraço.


- Como você está? Já conseguiu falar com alguém? – ela me pergunta séria com os olhinhos arregalados.


- Sobre o que?


Ela põe a mão em meus ombros e me sacode.


- Primmie, eu te disse em código no bilhete que mandei Huggo te entregar durante a madrugada. – ela diz impaciente. – Primmie, eles pegaram Lucca no seu lugar.


Olho para ela, então, vendo toda a cena na frente de meus olhos. Todas as peças finalmente se encaixando.


Estávamos dormindo quando alguns homens entraram em meu quarto e pegaram um Lucca inconsciente. Quando ele abriu os olhos, olhei nos dele e adormeci imaginando que estava sonhando. Então novamente acordei e havia um papel sobre a cama. O bilhete.


Havia desenhos nele, códigos que eu e Annelys inventamos quando tínhamos dez anos, para nos comunicar.


Eu li eles e entendi o que dizia. Voltei a dormir e sonhei com a Annelys me dizendo pessoalmente todas aquelas coisas.


E quando acordei imaginara que tudo havia sido um sonho.


- Você deveria estar sozinha, mas ele estava lá, então pegaram ele. Ele aparentemente estava no lugar errado, na hora errada – Annelys continua falando mas não quero acreditar. Deixo a cabeça cair entre as mãos enquanto Annelys me abraça em silêncio, mas na minha cabeça uma frase continua se repetindo como um disco arranhado sem melodia alguma: - Primmie, eles pegaram Lucca no seu lugar.




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Notas finais do capítulo

Então tributos? Quem leu e gostou/odiou/está me matando mentalmente por favor comentar kkkkk E eu queria agradecerminha letter, que é a pessoinha linda que inspirou a personagem Annelys, por mandar cada review, um mais lindo que o outro...May the odds be ever in your favor ♥ KISSES FROM D-2!