Morning Light escrita por Dani


Capítulo 24
XXI - Traces of memories and new faces


Notas iniciais do capítulo

Oi tributos, perdoem o atraso, mas fiz arrumei esse cap três vezes e tudo que podia dar errado dava errado. Imagina se eu estou com raiva...Mas ok, espero que gostem. BOA LEITURA!
OBS. Esse capítulo tava muito grande então dividi ele em dois.
OBS2. Para ouvir a música do capítulo sem interromper a leitura da fic recomendo que clique no link com o lado direito do mouse e clique em abrir link em outra guia ou janela.
OBS3. Se quiserem 3 capítulos semana que vem outra vez mandem muuuitos reviews, senão serão apenas dois :)



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         Ao chegarmos à Capital, nos ofereceram uma bebida doce que disseram ser a bebida favorita deles. Era amarga no começo e doce no final. Não parecia alcoólica. Mas minha visão se embaçou de inicio quando senti seu sabor.

          - Meu nome é Mist. Sou residente da Capital desde que nasci e vice-presidente da OPP, Organização pela Paz de Panem, mas durante sua estadia na Capital eu ficarei cuidando da segurança de vocês. – uma loira alta e esbelta, com cabelos brilhantes e olhos muito azuis, falou assim que chegamos ao enorme prédio luxuoso em que ficaríamos enquanto estivéssemos na Capital. O problema é que ela falou “da segurança de vocês” com uma ironia assustadora. - Tudo bem. Em ordem, de Distrito em Distrito, chamarei seus nomes. Dêem um passo a frente quando eu falar seus nomes e eu encaminharei vocês para seus respectivos quartos.

         Ficamos todos calados a olhando, provavelmente intimidados pela confiança que sua voz exalava.

         Os viajantes que tiveram contato direto com os Jogos foram diretamente para onde ficam de costume, mas os descentes, os mais jovens, estão todos aqui esperando as ordens de Mist.

         - Distrito 1. – ela começou chamando os nomes. Nomes dos mais variados e estranhos. Vênus era provavelmente o mais normal deles. – E por último, a filha do prefeito do Distrito 1. – Mist deu um sorriso forçado a Vênus. – Vênus Reed.

         - Distrito 2. Lori LeeBurn... - ela começou e foi assim até que falou o nome de Lucca. Prestei uma atenção exacerbada à localização do quarto de Lucca. Minha prioridade no momento era falar com ele.

         Todos os nomes foram falados e restou apenas eu e meu irmão. Os únicos do Distrito 12.

         - Filhos dos Rebeldes. – ela disse se aproximando. – É um prazer conhecê-los. Primrose Rue Everdeen Mellark. – ela disse falando meu nome completo, olhando nos papéis que carregava em suas mãos magras de unhas longas. – Você parece um tanto com sua mãe. Espero que seja um pouco mais... Civilizada do que a Sra. Everdeen. – ela fala me entregando um pequeno mapa que me leva ao meu quarto.

         Nem me importo com o que Mist falou, quero encontrar Lucca logo. Apenas isso.

         Se minha memória não me falha, como tem feito ultimamente, chego à frente do quarto de Lucca em poucos minutos. Quando bato na porta ninguém responde. Bato outra vez.

         Vênus a abre.

         - Olá, Prim. – ela diz sorrindo, mas vai embora antes que eu possa perguntar o que ela faz ali.

         - O que você está fazendo aqui? – um Lucca deitado a cama, vestindo apenas uma calça branca, me pergunta.

         - Preciso falar com você.

         - Isso é realmente necessário? – a frieza em sua voz quase me impede de entrar no quarto, mas ao invés de ficar magoada, uma pequena fúria aparece em minha voz quando respondo.

         - Pare de me tratar assim, Lucca. Deixe-me falar. – digo batendo a porta do quarto. Sento-me ao seu lado na cama e ele se senta. – O que aconteceu nessas duas últimas semanas?

         Essa pergunta provavelmente o pegou de surpresa, ele me olha com os olhos desconfiados, mas cede e me olha mais calmamente.

         - O que você quer dizer com isso? – ele pergunta.

         - Não me lembro de nada que aconteceu ou que fiz nessas duas últimas semanas. – começo a falar, mesmo parecendo ser apenas uma desculpa para o que quer que seja que fiz com ele. – Acordei hoje e enquanto conversava com Annelys, ela me disse que já se passaram duas semanas desde aquele dia no Distrito 4. Mas para mim é como se tudo aquilo tivesse acontecido ontem. – Eu paro de repente de falar, respiro e coloco a cabeça entre as mãos, como se aquela verdade parecesse tanto uma mentira, mesmo aos meus ouvidos, que me deixasse sem ar e cansada. – Estou tão confusa.

         - Primrose, eu prefiro desculpas a você dizer que simplesmente esqueceu o que você fez. – ele fala sério. – Eu não esqueci. Não posso te olhar, que relembro de tudo.

         Sinto minha garganta se fechando.

         - Você não acredita em mim? – me sinto tão fraca quando ele nada responde e meus olhos começam a arder, mas não quero chorar em sua frente.  – Você sempre diz que eu devo acreditar em mim, que eu não posso me perder. E agora você... Logo você, não acredita em mim?

         Ele abaixa a cabeça e não me olha.

         - Eu acredito no que vi Primrose. – ele finaliza.

         - Você poderia ao menos me dizer...  – eu começo, mas minha voz se torna um ruído agudo e sufocado a cada palavra que digo. -... O que viu?

         Ele olha para o lado, ainda se negando a me olhar.

         - Você e Dean. E um beijo. – ele fala com mágoa na voz.

         - Quando? – digo querendo não acreditar naquilo.

         - No baile do Distrito 3.

         - Não. – começo a andar pelo quarto, provavelmente parecendo uma maluca, com as mãos na cabeça. Forçando a mim mesma a me lembrar, tentando voltar a esta lembrança.

         - Quando eu era mais novo eu adorava voltar da escola e ficar olhando o céu antes de dormir. Escuro, misterioso, brilhante. Cheio de estrelas.

         Assenti sorrindo fazendo meus cachos escuros dançarem.

         - Eu era completamente apaixonado por apenas olhar as estrelas, admirar seu brilho e então, aquele dia, em que nós nos trombamos, no Distrito 8. Eu vi o mesmo brilho, mas não era noite e eu nem precisava esperar o sol ir embora para vê-lo.

         Vejo-me ficando com as bochechas rosadas e Dean coloca a mão em minha face.

         - Vi o mesmo brilho em seus olhos, Prim. – ele termina e fica tímido, abaixando os olhos.

         Vejo a cena toda panoramicamente, como se eu estivesse assistindo um filme. Como se a garota que está levemente rosada não fosse eu.

         De repente tudo acontece.

         Estamos em um pequeno cômodo, uma biblioteca. A porta se abre um pouco e olhos muito azuis, como as águas do Distrito 4, olham a garota que está em um curto vestido azul claro. Assim que a garota - que sou eu - o vê ela faz o impensável.

         Ele beija Dean. Eu beijo Dean.

         O beijo acontece e Lucca vê tudo. A garota – eu – vemos Lucca ver tudo, pois ela executa o beijo com os olhos abertos. É possível ver um misto de dor e raiva naqueles belos olhos azuis e então um estrondo.

         Lucca bate a porta da biblioteca e Dean pergunta o que acabou de acontecer.

         Enquanto a garota, no belo e inocente vestido azul, apenas olha para Dean e diz sorrindo:

- Nada muito importante.

         - Não pode ser. – quando me vejo estou sentada no chão do quarto de Lucca ao lado de sua cama.

         - Foi o que eu pensei quando vi. – Lucca diz. – Primrose, você olhou em meus olhos e continuou a beijá-lo. Eu fui traído uma vez. – ele diz se referindo ao infeliz fim que seu relacionamento com Vênus teve. – Mas nunca esperaria isso de você.

         - Lucca, quando você olhou em meus olhos, você tinha certeza de que era eu? – pergunto a ele.

         - O que quer dizer?

         Balanço a cabeça pensando.

         - Meus olhos. Meus olhos estavam normais, eu estava normal, eu parecia com a garota que está falando com você agora? – levanto-me e forço-o a me olhar nos olhos.

         - Você parecia completamente sã, mas seus olhos não pareciam com os da garota que me beijou um dia antes. – ele diz o que eu esperava ouvir.

         Sento-me novamente ao seu lado na cama e ele não vira o rosto. Entendo isso como um bom sinal.

         - Meus sonhos. – começo e ele assente. – No meu último sonho eu estava... Diferente.

         - Diferente como? – ele pergunta interessado.

         - Eu estava falando coisas estranhas. Eu havia matado minha mãe e eu estava contente por isso.

         Ele arregala os olhos.

         - Você nunca faria isso.

         Sinalizo positivamente com a cabeça.

         - Era como se fisicamente fosse eu, mas...

         - Não fosse realmente você. – ele diz e pega nos meus braços. – Aquela vez em que dormimos juntos após assistirmos os Jogos, eu acordei no meio da noite e você estava se debatendo, se machucando. – ele passa os dedos nos machucados em meus braços. - Não parecia ser algo que você tinha exatamente... Controle. – ele fala franzindo a testa.

         - Hoje quando eu acordei, eu ouvi coisas que Annelys não ouviu. Vozes que eu não conheço, eu... - eu digo, mas ele se levanta da cama e abre uma de suas malas no chão. Joga livros para todos os lados e então, pega um preto e grosso.

         Senta-se ao meu lado. E passa rápido as paginas do livro, procurando certa parte deste.

         - “Um dos efeitos do telessequestro é que a vitima pode cometer ações as quais ela não pode controlar, assim como a perda de memória, confusão mentale, e também o controle auditivo, fazendo a vitima ouvir o que o telesequestrador quiser quando esta  estiver sobre seu domínio.” – ele termina de ler e então nos olhamos horrorizados. – Primrose.

         Uma lágrima involuntária deixa meus olhos, Lucca as seca delicadamente.

         - O que nós faremos agora? – ele pergunta e encosta seus labios com cuidado em minha testa, mas o ato não acalma minha mente.

         - Não posso dormir. – digo a ele. – Tudo acontece enquanto durmo ou após acordar. – continuo falando e ele me olha cada vez mais preocupado. – Não posso adormecer.

---

         Saio do quarto de Lucca quando ele finalmente adormece. Ele queria ficar acordado me esperando dormir, mas estava muito cansado, assim como eu estou agora.

         Estou andando pelos corredores do enorme prédio esperando que ninguém me encontre. Principalmente Mist, já que ela parece ter certa aversão a mim ou a minha mãe. Ou quem sabe a ambas.

         Está silencioso e a noite está quase acabando. Ando sem rumo, já que não faço ideia de onde é meu quarto. Então o elevador abre em um andar que mais parece um enorme jardim, bem no meio do prédio. Penso que isso deve ser comum na Capital.

         É um enorme quadrado, que tem teto, mas nas laterais onde deveria haver paredes há apenas sacadas e é possível ver o brilho da Capital, que parece não apagar as luzes quando dorme.

         - Lindo. – digo olhando a vista. – Assustador.

         Ouço uma risada.

         - Eu sempre pensei a mesma coisa. Assustador. – reconheço a voz na hora. Saio andando por entre as flores procurando sua locutora. Ela está sentada em um banco branco ornado de flores e usa um vestido leve.

         Dou um beijo cuidadoso na face de minha mãe e ela sorri.

         - Você não deveria estar dormindo? – ela me pergunta e em vez de perguntar o mesmo para ela, o cansaço não permite que eu faça minhas ironias, apenas faço um sinal afirmativo com a cabeça.

         - Quando eu durmo coisas ruins acontecem. – digo no meio de um bocejo.

         Minha mãe franze a testa, como sempre faz quando está desconfiada de algo ou interessada. Nesse momento, provavelmente, os dois.

         - Os sonhos e os machucados? – ela pergunta.

         - E as vozes e o sangue. – eu digo me sentindo zonza, um pouco fora de mim, como se o sono estivesse me puxando lentamente para seu mundo de devaneios.

         - Vozes?

         - Elas falam coisas más. – faço o sinal negativo com a cabeça. – Não quero ouvi-las.

         Minha mãe decide não falar sobre isso. Ela diz que tudo terá fim quando formos ao tal médico. Duvido muito, mas fico calada.

         - Mãe, o que você acha de gostar de alguém? – pergunto a ela. As palavras parecem estar saindo da minha boca antes que eu ao menos pense se devo emiti-las. Estou falando sem conseguir controlar meus pensamentos.

         - Eu gosto de muitas pessoas, Primrose. O que quer dizer?

         - Quando você começou a gostar do papai, como foi? – pergunto enquanto penso porque nunca a perguntei nada sobre isso.

         - Ah, sim. – pela primeira vez vejo a face de minha mãe levemente rubra. – Eu e seu pai começamos a nos... Importarmos um com o outro durante os Jogos e a Rebelião. Eu nunca realmente parei para pensar nos meus sentimentos sobre ele, até que a guerra havia acabado e eu sentia que... Havia perdido tudo. – ela fala procurando as palavras. – Eu achava que não havia razão mais para viver, até que pela primeira vez olhei para seu pai de uma forma que nunca havia olhado antes. Apenas quando não havia mais guerra ou outras vidas em jogo, que eu realmente compreendi o significado dele para mim. – há um sorriso tímido nos seus lábios. – Ele me fez acreditar que eu podia ser feliz de novo, mesmo com todas aquelas perdas, eu sentia que podia se feliz... Por causa dele.

         Ela olha nos meus olhos e depois olha para o horizonte.

         - Quando me dei conta disto, isso me assustou como nunca. Nem parecia que eu havia lutado contra bestantes. Quando percebi a intensidade de meus sentimentos por Peeta, isso me tirou do chão. Eu nunca havia me sentido tão fraca e forte ao mesmo tempo. Segura e frágil. Invencível e vulnerável. – ela concluiu.

         - Eu tenho medo. – digo a ela.

         - Lucca é um bom garoto. – arregalo os olhos quando ela diz isso. O que será que ela sabe sobre mim e Lucca?

         - Talvez eu não seja boa para ele.

         Minha mãe franze a testa.

         - Você é doce e honesta. Porque não seria boa para ele?

         - Lucca passou por tanta coisa, tão novo. Ter crescido sem o pai, depois ter que cuidar desde criança da mãe, todas essas coisas e agora eu. Com todos esses problemas, sempre colocando ele no meio de mais e mais problemas. – digo.

         - Mesmo se você fosse a garota mais comum de Panem, você teria seus problemas. E se você gosta de alguém e este alguém gosta de você, vocês enfrentarão os problemas lado a lado. Como eu e seu pai. – ela começa. – Se fosse Lucca, com todas essas dores de cabeça, os pesadelos, as... Vozes. Você ficaria do lado dele ou se afastaria porque são muitos problemas?

         Olho para ela pensando nisto. Sei que nós duas sabemos a resposta, mas ficamos caladas e então decido contar tudo a ela.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Essa loira no primeiro banner não é nem Annelys nem Lori, é Mist a personagem nova, que também está no trailer. Sobre o trailer, vocês gostaram? *-* foi o primeiro trailer que fiz e gostei bastante do resultado. E sobre algumas confusões que podem ser feitas: A loira que aparece no banco é Annelys, e a loira que aparece chorando e depois na praia é Lori. Se houver confusões em relação ao elenco lembrem-se do capítulo especial, apenas sobre os personagens, que eu fiz>>>> https://www.fanfiction.com.br/historia/203020/Morning_Light/capitulo/14 logo logo, quando eu postar os capítulos que falam mais da Mist, acrescento ela neste cap tb. Espero que gostem. E ps. Born to die é uma das minhas músicas favoritas *-* KISSES FROM DISTRICT 2 ♥